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Massacre de São Bonifácio

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A Guerra de São Bonifácio ou Guerra da Ponte foi um conflito que ocorreu em 29 de dezembro de 1987 na cidade de Marabá, entre os garimpeiros de Serra Pelada e a Polícia Militar do Pará com o auxílio do Exército Brasileiro. A manifestação que gerou o conflito bloqueou o acesso à Ponte Mista de Marabá e pedia a reabertura do garimpo de Serra Pelada.

O conflito tem características muito semelantes aos do massacre dos sem-terra em Eldorado dos Carajás, em 1996. Contudo este ocorreu dez anos antes, na ponte sobre o Rio Tocantins, no caminho das locomotivas que transportam minério de Carajás para Itaqui, no Maranhão.

A Guerra de São Bonifácio foi nomeada dessa forma por ter ocorrido no dia do santo Bonifácio, ou ainda, como Guerra da Ponte.

Antecedentes

As prováveis causas do surgimento de tal conflito foram a desativação da Serra Pelada e a insatisfação dos garimpeiros pela falta de condições de trabalho no garimpo. A manifestação, portanto - em primeiro momento pacífica - era uma forma de chamar a atenção das autoridades nacionais para a questão do garimpo.

De fato, entretanto, a revolta começou no ano anterior, quando o garimpeiro João Edson Borges foi espancado e morto por um policial. Em reação, um policial foi morto e a Polícia Militar acabou expulsa de Serra Pelada. Dali em diante, os garimpeiros receberam ameaças de vingança.

Protestos

Os garimpeiros se organizaram em dezembro de 1987 e foram para Marabá para solucionar tal impasse. Os garimpeiros haviam deixado Serra Pelada na madrugada do dia anterior. Queriam o rebaixamento da cava do garimpo. Após percorrerem de ônibus e caminhões 160 quilômetros eles acamparam na cidade, contudo não houve movimento político para resolução ou negociação das reivindicações. Então aproximadamente mil garimpeiros se deslocaram até a Ponte Mista de Marabá - trecho da PA-150 a mesma estrada onde ocorreu mais tarde o massacre de Eldorado dos Carajás - e bloquearam o acesso de veículos, pessoas e das locomotivas que circulavam na Estrada de Ferro Carajás (que também atravessa a ponte), a fim de chamar atenção para sua manifestação. A ponte bloqueada é a principal ligação entre os distritos periféricos e o centro da cidade, além de fazer a ligação rodoviária e ferroviária de Marabá com a costa norte do Brasil. Na serra, sob o comando de Victor Hugo Rosa, permaneceram dez mil “formigas” (garimpeiros) em assembléia, acompanhando colegas e recolhendo comida para os revoltosos.

Conflito

O então governador Hélio Gueiros deu ordem para que a Polícia Militar desobstruisse a ponte. O grupo da ponte liderado por Jane Resende – primeira líder feminina de um garimpo –, colocou uma carcaça de caminhonete e britas nos trilhos da ponte. Quinhentos soldados do 4º batalhão da Polícia Militar do Pará encurralaram os garimpeiros e avançaram por uma das cabeceiras da ponte, atirando na multidão, enquanto o Exército fechava o acesso na outra cabeceira. Os policiais atiraram durante 15 minutos com metralhadoras e fuzis. Muitos garimpeiros se jogaram do vão de 76 metros da ponte.

Mortes

O governo informou inicialmente que duas pessoas morreram, depois acresceu esse número para nove, contudo há registros que constam que houveram setenta e nove (79) garimpeiros desaparecidos em decorrência do conflito. Por parte das tropas da Polícia e do Exército não houve registros de baixas.

Um garimpeiro de prenome Francisco, que disse ter visto oito cadáveres, foi assassinado a pauladas por um grupo desconhecido, no centro de Marabá, um dia depois de dar entrevista à TV Liberal. A morte de Francisco amedrontou outras testemunhas do conflito e silenciou-as por mais de vinte anos.

Ligações externas

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