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Código Internacional de Nomenclatura Botânica: diferenças entre revisões

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O '''''Código Internacional de Nomenclatura para algas, fungos e plantas''''' (conhecido pela sua sigla em inglês, '''ICN''') é o conjunto de regras e recomendações que tratam dos nomes botânicos formais dados a plantas, fungos e alguns outros grupos de organismos, todos aqueles "tradicionalmente tratados como algas, fungos ou plantas".<ref name=":0">{{Citar web |url=http://www.iapt-taxon.org/nomen/main.php |titulo=International Code of Nomenclature for algae, fungi, and plants |acessodata=2021-10-04 |website=www.iapt-taxon.org |lingua=en-GB}}</ref> Era anteriormente denominado '''''Código Internacional de Nomenclatura Botânica''''' ('''ICBN'''); o nome foi mudado no Congresso Internacional de Botânica em Melbourne em julho de 2011 como parte do ''Código de Melbourne''<ref>{{Citar web |url=http://www.iapt-taxon.org/nomen/main.php |titulo=International Code of Nomenclature for algae, fungi, and plants |acessodata=2021-10-04 |website=www.iapt-taxon.org |lingua=en-GB}}</ref> que substituiu o ''Código'' de ''Viena'' de 2005.
O '''Código Internacional de Nomenclatura Botânica''', em geral conhecido pela sua sigla inglesa '''ICBN''', é um conjunto de normas e recomendações que governam a atribuição formal da [[nomenclatura binomial]] às [[espécie]]s no âmbito da [[botânica]] e da [[micologia]]. O Código tem como objectivo assegurar que cada grupo taxonómico ("[[taxon]]", plural "taxa") de [[planta]]s, [[alga]]s, [[cianobactéria]]s e [[fungo]]s tem um único nome, reconhecível e aceite em todo o mundo. Um nome científico é como um rótulo, servindo apenas para identificar uma espécie e não para a descrever, podendo, por si só, nem ser descritivo.


A versão atual do código é o ''Código de Shenzhen'' adotado pelo Congresso Botânico Internacional realizado em [[Shenzhen]], China, em julho de 2017. Assim como os códigos anteriores, ele entrou em vigor assim que foi ratificado pelo congresso (em 29 de julho de 2017), mas a documentação do código em sua forma final não foi publicada até 26 de junho de 2018.
== Princípios e história ==
O ICBN fixa como princípios base da nomenclatura botânica os seguintes:
# A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica e bacteriológica. O ICBN aplica-se sem distinção ao nome de todos os grupos taxonómicos tratados como plantas, mesmo que esses grupos não tenham originalmente sido assim tratados. — Esta provisão justifica a aplicação do Código aos [[fungo]]s e às [[cianobactéria]] apesar de tais grupos não serem tecnicamente plantas (embora historicamente tenham sido objecto de estudo dos botânicos).
# A aplicação de nomes de grupos taxonómicos é determinada de acordo com tipos nomenclaturais.
# A nomenclatura de um grupo taxonómico é baseada na prioridade de publicação.
# Cada grupo taxonómico com uma particular delimitação, posição e nível pode ter apenas um e um só nome correcto, sendo este o primeiro que tenha sido publicado de acordo com o Código, excepto em casos específicos previstos pelo próprio Código.
# Os nomes científicos de grupos taxonómicos são tratados como nomes latinos, independentemente da palavra ou palavras de que sejam derivados.
# As regras de nomenclatura são retroactivas, excepto nos pontos em que tal rectroactividade seja limitada pelo próprio código. — Para a generalidade dos casos, a retroactividade vai a [[1 de Maio]] de [[1753]], referente à publicação da ''[[Species Plantarum]]'' de [[Carolus Linnaeus|Linnaeus]].


O nome do ''Código'' é parcialmente maiúsculo e parcialmente não. A minúscula para "algas, fungos e plantas" indica que esses termos não são nomes formais de clados, mas indicam grupos de organismos que eram historicamente conhecidos por esses nomes e tradicionalmente estudados por [[Ficologia|ficologistas]], [[Micologia|micologistas]] e [[Botânico|botânicos]]. Isso inclui algas verde-azuladas ([[cianobactérias]]); [[Fungi|fungos]], incluindo quitrídeos, oomicetos e fungos viscosos; protistas fotossintéticos e taxonomicamente grupos não fotossintéticos relacionados. Existem disposições especiais no ''ICN'' para alguns desses grupos, assim como para os fósseis.
O princípio fundamental que guia a atribuição de nomes a taxa é a prioridade. O ''ICBN'' estabelece como data formal para início da publicação de nomes de taxa o dia [[1 de Maio]] de [[1753]], coincidente com a publicação da obra ''[[Species Plantarum]]'' de [[Carolus Linnaeus|Linnaeus]], mas estabelece algumas excepções para certos grupos e níveis taxonómicos.


O ''ICN'' só pode ser alterado por um [[Congresso Internacional de Botânica]] (IBC), com a International Association for Plant Taxonomy fornecendo a infraestrutura de apoio. Cada nova edição substitui as edições anteriores e é retroativa a 1753, exceto onde datas de início diferentes são especificadas.<ref name=":0" /><sup>Principle VI</sup> 
Para evitar ambiguidade e permitir resolver eventuais conflitos de identificação, cada nome botânico é ligado a um [[tipo nomenclatural|espécime tipo]], quase sempre uma planta herborizada e arquivada num [[herbário]] de referência. Esses exemplares tipo tem um valor excepcional para a ciência, sendo disponibilizados pelos herbários seus detentores para análise e comparação sempre que surjam dúvidas ou haja necessidade de rever o taxon respectivo. Muitos desses exemplares têm hoje a sua imagem disponível na Internet.


Para a denominação de plantas cultivadas existe um código separado, o ''[[Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas]]'', que fornece regras e recomendações que complementam o ''ICN''.
Apesar da sua importância, o princípio da prioridade admite algumas excepções, regulada no Código para evitar a ''ressurreição'' inopinada de taxa esquecidos, apesar de validamente publicados. Em certas situações, devidamente reguladas pelo Código, é possível manter nomes, mesmo quando não tenham sido os primeiros validamente publicados.


== Princípios ==
O ''ICBN'' pode apenas ser alterado no âmbito de um Congresso Internacional de Botânica, realizado sob a égide da [[International Association for Plant Taxonomy]]. A edição em vigor do Código é conhecida por ''Código de Melbourne'' (2011), por ter sido aprovada no XVIII IBC, realizado em [[Melbourne]] no ano de [[2011|201]][[2005|5]]. Esta revisão do código foi precedida pela de ''Viena'' (2006''), St Louis'' (2000) e pela de ''Tóquio'' (1994), todas disponíveis na Internet. Cada uma das revisões torna obsoleta a anterior, retroagindo a 1753 (excepto quando expressamente nela se excepcionem artigos).


* A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura [[Código Internacional de Nomenclatura Zoológica|zoológica]], [[Código Internacional de Nomenclatura de Bactérias|bacteriológica]] e viral.
O ''ICBN'' aplica-se não apenas às plantas, como elas actualmente são definidas, mas também a outros organismos tradicionalmente estudados pelos botânicos. Entre esses organismos incluem-se as algas azuis (''[[Cyanobacteria]]''); [[fungo]]s, incluindo [[quitrídeo]]s, [[oomiceto]]s e [[bolor]]es; [[protista]]s [[fotossíntese|fotossintéticos]], mesmo quando taxonomicamente relacionados com grupos não fotossintéticos. O ICBN estabelece regras específicas para alguns destes grupos, em particular os que tenham [[anamorfismo]], e para os [[fóssil|fósseis]].
* Um nome botânico é fixado a um táxon por um tipo.<ref name=":0" /><sup>Article 7</sup> Este é quase sempre material vegetal seco e geralmente é depositado e preservado em um herbário, embora também possa ser uma imagem ou uma cultura preservada. Alguns tipos de coleções podem ser consultados online nos sites dos herbários em questão.

* Um princípio orientador na nomenclatura botânica é a prioridade, a primeira publicação de um nome para um táxon.<ref name=":0" /><sup>Principle III</sup> A data formal de início para fins de prioridade é 1º de maio de 1753, a publicação de [[Species Plantarum|''Species Plantarum'']] de Lineu. No entanto, para evitar efeitos indesejáveis ​​(desestabilizadores) da aplicação estrita de prioridade, a conservação de nomes de famílias, gêneros e espécies é possível.
A nomenclatura de plantas cultivadas obedece a um Código separado, designado por ''[[Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas]]'', mais conhecido pelo sigla inglesa ''[[ICNCP]]'', que estabelece regras e recomendações específicas para aquelas plantas.
* A intenção do Código é que cada grupo taxonômico ("[[Taxon|táxon]]", plural "táxons") de plantas tenha apenas um nome correto que é aceito mundialmente, desde que tenha a mesma circunscrição, posição e classificação.<ref name=":0" /><sup>Principle IV</sup>  O valor de um nome científico é que ele é um identificador; não é necessariamente de valor descritivo.
* Os nomes dos táxons são tratados como latinos.
* As regras de nomenclatura são retroativas, a menos que haja uma declaração explícita de que isso não se aplica.


== Versões ==
== Versões ==

Revisão das 13h40min de 4 de outubro de 2021

Página de título de Species Plantarum, 1753

O Código Internacional de Nomenclatura para algas, fungos e plantas (conhecido pela sua sigla em inglês, ICN) é o conjunto de regras e recomendações que tratam dos nomes botânicos formais dados a plantas, fungos e alguns outros grupos de organismos, todos aqueles "tradicionalmente tratados como algas, fungos ou plantas".[1] Era anteriormente denominado Código Internacional de Nomenclatura Botânica (ICBN); o nome foi mudado no Congresso Internacional de Botânica em Melbourne em julho de 2011 como parte do Código de Melbourne[2] que substituiu o Código de Viena de 2005.

A versão atual do código é o Código de Shenzhen adotado pelo Congresso Botânico Internacional realizado em Shenzhen, China, em julho de 2017. Assim como os códigos anteriores, ele entrou em vigor assim que foi ratificado pelo congresso (em 29 de julho de 2017), mas a documentação do código em sua forma final não foi publicada até 26 de junho de 2018.

O nome do Código é parcialmente maiúsculo e parcialmente não. A minúscula para "algas, fungos e plantas" indica que esses termos não são nomes formais de clados, mas indicam grupos de organismos que eram historicamente conhecidos por esses nomes e tradicionalmente estudados por ficologistas, micologistas e botânicos. Isso inclui algas verde-azuladas (cianobactérias); fungos, incluindo quitrídeos, oomicetos e fungos viscosos; protistas fotossintéticos e taxonomicamente grupos não fotossintéticos relacionados. Existem disposições especiais no ICN para alguns desses grupos, assim como para os fósseis.

O ICN só pode ser alterado por um Congresso Internacional de Botânica (IBC), com a International Association for Plant Taxonomy fornecendo a infraestrutura de apoio. Cada nova edição substitui as edições anteriores e é retroativa a 1753, exceto onde datas de início diferentes são especificadas.[1]Principle VI

Para a denominação de plantas cultivadas existe um código separado, o Código Internacional de Nomenclatura de Plantas Cultivadas, que fornece regras e recomendações que complementam o ICN.

Princípios

  • A nomenclatura botânica é independente da nomenclatura zoológica, bacteriológica e viral.
  • Um nome botânico é fixado a um táxon por um tipo.[1]Article 7 Este é quase sempre material vegetal seco e geralmente é depositado e preservado em um herbário, embora também possa ser uma imagem ou uma cultura preservada. Alguns tipos de coleções podem ser consultados online nos sites dos herbários em questão.
  • Um princípio orientador na nomenclatura botânica é a prioridade, a primeira publicação de um nome para um táxon.[1]Principle III A data formal de início para fins de prioridade é 1º de maio de 1753, a publicação de Species Plantarum de Lineu. No entanto, para evitar efeitos indesejáveis ​​(desestabilizadores) da aplicação estrita de prioridade, a conservação de nomes de famílias, gêneros e espécies é possível.
  • A intenção do Código é que cada grupo taxonômico ("táxon", plural "táxons") de plantas tenha apenas um nome correto que é aceito mundialmente, desde que tenha a mesma circunscrição, posição e classificação.[1]Principle IV  O valor de um nome científico é que ele é um identificador; não é necessariamente de valor descritivo.
  • Os nomes dos táxons são tratados como latinos.
  • As regras de nomenclatura são retroativas, a menos que haja uma declaração explícita de que isso não se aplica.

Versões

Todas as versões estão listadas abaixo.

Ano de publicação Nome informal
1867 Laws of botanical nomenclature
1883 Laws of botanical nomenclature, ed. 2
1906 Vienna Rules
1912 Brussels Rules
1935 Cambridge Rules
1950 Amsterdam Code
1952 Stockholm Code
1956 Paris Code
1961 Edinburgh Code
1966 Montreal Code
1972 Seattle Code
1978 Leningrad Code
1983 Sydney Code
1988 Berlin Code
1994 Tokyo Code
2000 St Louis Code, The Black Code
2006 Vienna Code
2012 Melbourne Code
2018 Shenzhen Code (atual, capa azul)

Ver também

Ligações externas

  1. a b c d e «International Code of Nomenclature for algae, fungi, and plants». www.iapt-taxon.org (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2021 
  2. «International Code of Nomenclature for algae, fungi, and plants». www.iapt-taxon.org (em inglês). Consultado em 4 de outubro de 2021