Bardas: diferenças entre revisões
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Revisão das 00h04min de 8 de agosto de 2020
Bardas | |
---|---|
César do Império Bizantino | |
César | 862—866 |
Coroação | 22 de abril de 862 |
Morte | 21 de abril de 866 |
Cesarissa | Esposa de nome desconhecido Teodósia |
Descendência | Com a primeira esposa: Antígono Irene Menino de nome desconhecido Menina de nome desconhecido |
Casa | Dinastia frígia |
Pai | Marino |
Mãe | Teoctista |
Bardas (em grego: Βάρδας; m. 21 de abril de 866) foi um nobre que ocupou diversas posições importantes no Império Bizantino. Como irmão da imperatriz bizantina Teodora, ele ascendeu rapidamente durante o reinado de Teófilo (r. 829–842), seu cunhado. Depois da morte deste imperador, apesar de relegado para segundo plano por Teodora e Teoctisto em 855, Bardas armou a morte deste último, afastou a imperatriz e se tornou o regente de facto de seu sobrinho, Miguel III (r. 842–867).
Na posição de césar, ele efetivamente governou o império pelos dez anos seguintes, um período de grandes sucessos militares, de renovada atividade diplomática e missionária e de importante reavivamento da cultura bizantina, que prenunciou o chamado "Renascimento macedônio". Bardas foi assassinado em 866 por ordens do novo favorito de Miguel III, Basílio, o Macedônio, que, no ano seguinte, usurpar-lhe-ia o trono iniciando a sua própria dinastia.
Primeiros anos
Bardas era filho do drungário Marino com sua esposa Teoctista e era irmão mais velho da imperatriz Teodora, a esposa do imperador Teófilo, e do general Petronas. Teófanes Continuado menciona mais três outras irmãs, Maria, Sofia e Irene.[1] A família toda era de origem armênia e vinha da Paflagônia.[2] Alguns genealogistas modernos, incluindo Cyril Toumanoff e Nicholas Adontz, sugeriram uma ligação da família de Bardas com o clã nobre armênio dos Mamicônios. De acordo com Nina Garsoïan, do Oxford Dictionary of Byzantium, porém, "apesar de atrativa, não é possível provar esta tese por falta de fontes".[3]
Em 837, Teófilo concedeu-lhe a dignidade de patrício e o enviou, juntamente com o general Teófobo, numa campanha contra os abasgos que terminou derrotada.[2] [4] Com a morte de Teófilo, o jovem Miguel III ascendeu ao trono, mas, como ele tinha apenas dois anos de idade, um conselho de regentes foi organizado e liderado por Teodora. Bardas, Petronas e Sérgio Nicetiata, também parente, eram membros, mas foi o logóteta Teoctisto que rapidamente se estabeleceu como principal conselheiro da imperatriz-mãe.[5] Nos primeiros dias da regência, Bardas teve um papel mais ativo: encorajou a imperatriz a abandonar de vez o Iconoclasma e tomou parte nas investigações que levaram à deposição do patriarca iconoclasta João VII Gramático, o que resultou no chamado "Triunfo da Ortodoxia" e na restauração da veneração dos ícones em 843. No ano seguinte, porém, Teoctisto culpou Bardas pelas deserções que levaram à derrota bizantina na Batalha de Mauropótamo contra os abássidas, apesar de ter sido ele próprio o general responsável, e conseguiu que a imperatriz o exilasse da corte em Constantinopla.[4] [6]
Depois do exílio de Bardas e da morte de Sérgio, Teoctisto reinou supremo ao lado de Teodora por uma década.[7] Em 855, Miguel fez quinze anos e se tornou oficialmente maior de idade. Teodora e Teoctisto arranjaram-lhe um desfile de noivas e selecionaram Eudóxia Decapolitissa, desconsiderando completamente o imperador, que preferia sua amante, Eudóxia Ingerina. Bardas aproveitou-se do ressentimento de Miguel e começou conspirar com ele contra a regência. Com o apoio do imperador, Bardas foi autorizado a retornar para a capital e, em 20 de novembro de 855, Teoctisto foi assassinado.[8] O crime foi possivelmente ordenado pelo imperador, pois diz-se que Bardas preferia remover seu rival de forma mais "elegante".[4]
Ascensão e queda
Com a morte de Teoctisto, a regência estava condenada; no início de 856, Miguel assumiu o poder completamente e, no ano seguinte, Teodora foi obrigada a se retirar para o Mosteiro de Gastria. Mesmo assim, como o imperador estava mais interessado nos prazeres da vida na corte e no seu romance com Eudóxia Ingerina, Bardas se tornou o regente de facto do império.[4] [9] Por volta de 858, foi promovido às funções mais importantes do estado bizantino (magistro, doméstico das escolas, cartulário do canícula), tornou-se também um curopalata logo depois — segundo Simeão Logóteta, esta última promoção ocorreu depois que Teodora tentou, sem sucesso, matá-lo — e, finalmente, em 22 (ou 26) de abril de 862, foi feito césar.[2] [10] Petronas também saiu da obscuridade na mesma época e se tornou o estratego do Tema Tracesiano, liderando diversas campanhas vitoriosas contra os abássidas.[9]
Na mesma época, Bardas depôs o patriarca Inácio de Constantinopla e nomeou Fócio, um leigo erudito, em seu lugar. Crônicas posteriores relatam que Inácio teria excluído da comunhão por conta de sua relação incestuosa com uma de suas enteadas, mas a razão real foi, provavelmente, a teimosia do patriarca, que se recusou a tonsurar a imperatriz Teodora à força como ele queria.[4] A elevação irregular de Fócio, porém, irritou o papa Nicolau I, que se recusou a reconhecê-lo. Numa época de competição entre Roma e Constantinopla sobre as atividades missionárias na Morávia e na Bulgária, as relações com o papado permaneceram tensas.[11]
Embora as fontes posteriores tenham sido críticas em relação a Bardas, descrevendo-o como vaidoso, avarento e ambicioso,[12] suas habilidades como administrador foram amplamente reconhecidas. Atribui-se a Bardas a fundação da Escola da Magnaura, com cadeiras de filosofia, gramática, astronomia e matemática; e com docentes do porte de Leão, o Matemático. Ele também promoveu as atividades missionárias dos irmãos e santos Cirilo e Metódio na Grande Morávia e forçou a cristianização da Bulgária enviando missionários bizantinos. Além disso, Bardas também conseguiu diversas vitórias contra os árabes no oriente, que culminaram na decisiva batalha de Lalacão em 863.[2][4] [13] A "Pátria de Constantinopla" elogia-o também por suas construções, mas, com exceção de uma igreja dedicada a São Demétrio fora da cidade, a maior parte dos edifícios atribuídos a ele foram provavelmente construídos por Basílio I, o Macedônio (r. 867–886).[12]
Apesar de sua grande autoridade, o controle de Bardas sobre o sobrinho não era absoluto: depois de conseguir convencê-lo a despedir seu antigo camareiro (paracemomeno), Miguel não nomeou para o posto o preferido de Bardas, mas um dos seus, o ambicioso Basílio.[12] A posição de Bardas se enfraqueceu ainda mais em 866, quando Miguel soube que Eudóxia Ingerina estava grávida e produziria finalmente um herdeiro aparente, o futuro Leão VI, o Sábio (r. 886–912). Até então, Bardas era o herdeiro presuntivo e sucederia o imperador no trono caso algo lhe acontecesse. Porém, Miguel, ao invés de divorciar-se de sua esposa, Eudóxia Decapolitissa, para se casar com a amante de longa data, ele casou-a com Basílio, que se divorciou de sua própria esposa. Finalmente, na primavera de 866, Bardas iniciou os preparativos para uma campanha em grande escala contra o bastião sarraceno de Creta. Acompanhado por Miguel, Basílio e toda a corte, Bardas seguiu para Mileto, onde o exército estava se concentrando e lá, em 21 de abril, foi assassinado por Basílio, que o acusou de estar tramando contra o imperador.[12] [14] A campanha foi abandonada e Miguel e Basílio voltaram para Constantinopla, onde Miguel adotou-o e o fez coimperador. Em setembro de 867, Basílio mandou matar Miguel III também encerrando a dinastia amoriana e inaugurando sua própria, a dinastia macedônica.[15]
Família
Bardas se casou duas vezes. De sua primeira esposa, de nome desconhecido e que morreu antes de 855, ele teve um filho chamado Antígono, uma menina chamada Irene, um filho de nome desconhecido e outra filha que se casou com o logóteta Simbácio, embora seja possível que esta seja a mesma Irene.[16] Por volta de 855, Bardas se casou de novo, desta vez com Teodósia, de quem se divorciou em 862.[2]
Antígono foi nomeado doméstico das escolas quando era ainda um garoto e ainda estava no posto quando o pai foi morto.[17] O outro filho, do qual não se sabe o nome, casou-se, em 858, com uma amante descartada por Bardas para que ele pudesse se casar com Teodósia e recebeu o título de monoestratego dos temas europeus como recompensa.[16] A quarta filha (Irene?) de Bardas se casou com o patrício e logóteta Simbácio, que participou do plano para assassinar Bardas na esperança de sucedê-lo. Ele se revoltou quando Basílio se tornou coimperador, mas foi derrotado, mutilado e exilado.[18]
Referências
- ↑ Winkelmann 1999, p. 261.
- ↑ a b c d e Kazhdan 1991, p. 255.
- ↑ Kazhdan 1991, p. 1279.
- ↑ a b c d e f Winkelmann 1999, p. 262.
- ↑ Treadgold 1997, p. 446.
- ↑ Treadgold 1997, p. 447.
- ↑ Treadgold 1997, p. 447–450.
- ↑ Treadgold 1997, p. 450.
- ↑ a b Treadgold 1997, p. 450–451.
- ↑ Winkelmann 1999, p. 262–263.
- ↑ Treadgold 1997, p. 451–454.
- ↑ a b c d Winkelmann 1999, p. 263.
- ↑ Treadgold 1997, p. 451–453.
- ↑ Treadgold 1997, p. 453.
- ↑ Treadgold 1997, p. 453–455.
- ↑ a b Winkelmann 1999, p. 261, 266.
- ↑ Winkelmann 1999, p. 160.
- ↑ Winkelmann 2001, p. 287.
- Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Bardas», especificamente desta versão.
Bibliografia
- Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium (em inglês). Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8
- Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2
- Winkelmann, Friedhelm; Ralph-Johannes Lilie; Claudia Ludwig; Thomas Pratsch; Ilse Rochow (1999). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit: I. Abteilung (641–867), 1. Band: Aaron (#1) – Georgios (#2182) (em alemão). Berlim e Nova Iorque: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-015179-4
- Winkelmann, Friedhelm; Ralph-Johannes Lilie; Claudia Ludwig; Thomas Pratsch; Ilse Rochow (2001). Prosopographie der mittelbyzantinischen Zeit: I. Abteilung (641–867), 4. Band: Platon (#6266) – Theophylaktos (#8345) (em alemão). Berlim e Nova Iorque: Walter de Gruyter. ISBN 978-3-11-016674-3