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Happy Birthday, Mr. President: diferenças entre revisões

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===A ausência de Jacqueline Kennedy===
===A ausência de Jacqueline Kennedy===
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Muitos autores registraram que Jackie evitava festas com a presença de Marilyn de propósito, para evitar encontrá-la; um detalhe que eles ignoram é o fato de que não era, de fato, aniversário do Presidente, mas uma antecipação.<ref name=bio3/>
Muitos autores registraram que Jackie evitava festas com a presença de Marilyn de propósito, para evitar encontrá-la; um detalhe que eles ignoram é o fato de que não era, de fato, aniversário do Presidente, mas uma antecipação.<ref name=bio3/>



Revisão das 06h27min de 11 de fevereiro de 2016

Marilyn entrega o casaco a Peter Lawford, cunhado do Presidente.

Happy Birthday, Mr. President (Feliz Aniversário, Sr. Presidente) é como ficou conhecida a performance da atriz Marilyn Monroe da canção Parabéns a Você ocorrida na noite do sábado 19 de maio de 1962, numa festa em homenagem ao presidente dos Estados Unidos John F. Kennedy, e de arrecadação para o Partido Democrata no Madison Square Garden em Nova York, gerando imagens ao mesmo tempo sexy e escatológicas: ela morreria cerca de três meses depois, e JFK em menos de um ano e meio.[1][2] Kennedy somente completaria 45 anos dali a dez dias, em 29 de maio.[3]

A performance (que nos últimos cinquenta anos tem sido analisada, celebrada e parodiada) foi transmitida pela televisão para 40 milhões de americanos,[3] acabou por alimentar boatos de que a grande estrela do cinema tinha um romance secreto com o Presidente.[4]

Antes da festa

Marilyn era amiga do casal Peter Lawford, ator, e Patricia Kennedy Lawford (Pat, irmã do Presidente) - e foi por intermédio desta que recebeu o convite para cantar na festa em homenagem ao Presidente, formulado por ninguém menos do que a esposa dele, Jackie; quando recebeu o convite para ir a Nova York, muitas pessoas questionaram que ela abandonava as filmagens de Something's Got to Give (que restou inacabado e já enfrentava problemas com a instabilidade da saúde da estrela) - Mort Viner, empresário de Dean Martin, chegou a questionar o ator, que contracenava com ela nas filmagens, que a ida de Marilyn a Nova York mostrava que ela não tinha tanto compromisso com o trabalho, ao que o ator teria replicado: "Hei, você não pode culpá-la, Mort. Olha, se Jackie Kennedy me pedisse para cruzar o país e cantar parabéns para ela, eu teria ido."[nota 1][5]

A stand-in de Marilyn, Evelyn Moriarty, relembra que todos no estúdio ficaram chocados com a decisão dela: "Foi muito surpreendente. Todos nós só pensamos que as coisas não poderiam ficar piores. Tudo era muito imprevisível, terrível. Mas ela obteve permissão, mesmo que ficasse longe de tudo."[nota 2][5]

Apesar de todos os problemas, Marilyn deixou Los Angeles rumo a Nova York, no dia 17 de maio; declarou, então, à imprensa: "Avisei o estúdio há seis semanas que estava indo. Considero uma honra comparecer perante o Presidente dos Estados Unidos".[nota 3][5]

Bobby, Marilyn e JFK no Madison Square Garden.

Rumores de um romance entre Marilyn e os irmãos Kennedy - Bobby e John - nunca restaram comprovados - mas além da amizade com Pat, é certo que ambos os irmãos eram muito importantes para ela; pesquisas mais recentes dão conta de que Marilyn estava em conflito e sua decisão não foi tão fácil quanto aparentava; ela se aconselhou com sua amiga Pat K. Lawford, que foi clara respondendo que ela seria uma tola se fosse a Nova York - algo que não deve ter sido fácil para Pat, já que ao ser honesta com a amiga contrariava os interesses do irmão Presidente - mas Marilyn certamente achou que, indo à festa, demonstrava aos Kennedy que se sacrificava por eles - afinal, colocava sua carreira em risco para ser solidária ao Presidente.[6]

A festa, ausência da Primeira Dama

Quinze mil pessoas haviam comparecido à festa de gala no Madison Square Garden em plena primavera novaiorquina quando Marilyn, então com 35 anos de idade, ficou sob os holofotes em um palco escuro, usando um vestido que de tão apertado parecia ter sido costurado sobre seu corpo.[4] Ela causara impacto desde sua chegada, acompanhada pelo ex-sogro Isidore Miller.[6]

Após a apresentação da atriz, Kennedy subiu ao palco e agradeceu, dizendo: "Obrigado a você. Eu agora posso me aposentar da política, depois de ter o 'Feliz Aniversário' cantado para mim de uma forma tão doce, saudável."[nota 4][2]

Em seguida Marilyn, Kennedy e muitas outras pessoas participaram de uma festa em casa de um executivo do cinema; a noite marcou o último encontro público dos dois.[2] Susan Strasberg, biógrafa do então Vice-Presidente Lyndon Johnson (cuja esposa também não acompanhara o marido), contou que ele havia enfiado a mão sob a saia de Marylin, nesta festa posterior, tentando fazê-la sentar-se no seu colo - mas os biógrafos da atriz registram que ninguém a apalpou, naquela noite.[7]

A ausência de Jacqueline Kennedy

Jackie com os filhos e sua paixão: cavalos (1962).

Muitos autores registraram que Jackie evitava festas com a presença de Marilyn de propósito, para evitar encontrá-la; um detalhe que eles ignoram é o fato de que não era, de fato, aniversário do Presidente, mas uma antecipação.[7]

A família tinha alugado uma fazenda de 400 acres chamada "Glen Ora", em Middleburg (Virgínia), conhecida por ser própria para caça à raposa (onde depois compraram uma área de 39 acres, chamada "Wexford" onde construíram uma casa), onde a Primeira Dama praticava esse esporte e exercitava a equitação e sua paixão por cavalos.[7]

No dia da festa Jackie tinha participado de um show equestre no Horse Show Loudoun Hunt, onde montou no cavalo "Minbrene" que era de sua propriedade junto à Srª Paul Fout, e participou de várias competições; alguns então disseram que ela fora ao evento equestre apenas para relaxar sobre o caso amoroso entre o marido e Marilyn - o que seria falso, pois se ela tinha total afinidade com cavalos, o mesmo não se dava com os eventos políticos, que desprezava.[7]

A performance

Marilyn foi apresentada por Peter Lawford como "a atrasada Marilyn Monroe", fazendo piada com o fato de que a atriz era famosa por nunca chegar na hora para os compromissos.[6]

Quando Marilyn subiu ao palco, segundo contou o fotógrafo Bill Ray da Revista Life, provocou um total silêncio na plateia - até então bastante ruidosa: "Não havia nenhum som. Nenhum som. Era como se estivéssemos no espaço sideral."[nota 5] Ele continua a narrativa dizendo que houve essa grande pausa, a atriz tirou o casaco de pele branca "e, finalmente, ela soltou o inacreditavelmente ofegante 'Happy biiiiirthday to youuuu', e todo mundo pareceu desmaiar."[nota 6][4] A história registra que ela cantou tão sedutoramente que era como se só os dois estivessem no edifício.[7]

Em seguida Marilyn parodiou a canção "Thanks for the Memory", nela colocando a seguinte letra:[3][nota 7]

"Obrigado, Sr. Presidente,
Por todas as coisas que conquistou
O modo com que com a U.S. Steel lidou,[nota 8]
E com a tonelada de problemas da gente
Nosso muito obrigado."

As fotografias e filmes em preto-e-branco que registraram o momento revelam uma austera figura feminina, algumas páginas de papel num velho púlpito de madeira, tudo rodeado por um vazio escuro impenetrável e a imagem de Marilyn não reflete apenas a festa, mas a sua solidão da meia-idade, sua necessidade de afeto e de afirmação, e também o isolamento, o efeito destruidor da fama sobre pessoas despreparadas para receber tamanha atenção - segundo analisou o editor da Life, Ben Cosgrove.[1] Para outros, contudo, as imagens parecem mostrá-la um pouco bêbada.[6]

Apesar disto Marilyn, quando questionada em sua volta a Hollywood sobre o que fizera declarou, aumentando as especulações: "Veja o quanto eu posso ser malvada, agora que deixaram".[nota 9][3] Em outro momento declarou: "Eu gostei. Eu gosto de comemorar aniversários. Gosto de saber que estou viva; e você pode sublinhar 'viva'."[nota 10][6]

O vestido

Feito na cor da pele, extremamente justo a ponto de ser escandaloso, era todo coberto por cristais brilhantes.[4] Colado ao corpo, o vestido cintilante fora projetado para que ela parecesse estar nua, e a fez brilhar em seu caminho até o palco.[6]

A reação de Jackie, repercussão e assédio de Monroe

Marilyn e o Presidente: a performance alimentou os boatos de um romance.

Jacqueline Kennedy que, junto à cunhada Patricia, imaginara ser a exibição de Marilyn uma vitória após várias derrotas do governo do marido (a exemplo da malfadada Invasão da Baía dos Porcos), não calculou que em vez de uma sensação localizada o caso ganhasse tanta repercussão, e provocasse tanto impacto em sua vida; uma pessoa menos famosa talvez fizesse o mesmo sem tal efeito, mas a grande celebridade de Marilyn fez acender a ideia de que algo entre ela e o Presidente acontecia, despertando a imaginação popular imediatamente; mesmo a frase de Kennedy após a performance, que era para ser algo meramente engraçado, reforçou a ideia de seriedade, uma vez que ele poderia "se aposentar" depois daquilo.[3]

A colunista teatral sobre a Broadway Dorothy Kilgallen publicou comentário no qual descreveu que a apresentação da atriz fora "como fazer amor com o Presidente, ao vivo e direto para quarenta milhões de americanos";[nota 11][3] Uma senhora de Nevada declarou: "Eu vi a performance na TV e apenas balancei a cabeça, de desgosto. Eu não me considero puritana, longe disso na verdade (...) Mas tem algo nesse tipo de exposição pública que reduz o respeito pela mulher. Que diabos ela estava querendo provar?"[nota 12][6]

A questão maior era porque se, no passado, John e seu controlador pai Joe Kennedy conseguiram abafar os casos extraconjugais dele, a partir daquela apresentação a imprensa encontrara algo substancial e o público, que apenas tinha ouvido falar, adivinhava ou imaginava algo do lado mulherengo do Presidente, agora todos tinham o Madison Square Garden a dar vazão aos rumores; John e Marilyn haviam se encontrado a primeira vez seis meses antes, mas os boatos davam ideia de que tinham uma relacionamento de muitos anos.[3]

No dia seguinte à festa, o Presidente teve uma agenda de eventos na cidade, como um almoço com o prefeito, e finalmente retornou a Washington, e dali indo de helicóptero para a fazenda Glen Ora, retornando à Casa Branca na manhã da segunda-feira - encontrando ali vários recados de Marilyn, que pedia ansiosa um convite para conhecer a residência oficial: ela era conhecida por telefonar durante o dia e a noite, até conseguir o que queria: mas o Presidente não a atendeu; ela continuou a insistir a tal ponto que JFK enviou o procurador Bill Thompson até Los Angeles para tentar apaziguá-la; ela continuou tentando até que desistiu quando não obteve qualquer resposta.[3]

Marilyn retomara as filmagens em Hollywood, e estava triste e cansada pelos acontecimentos - a tal ponto que seu trabalho foi afetado: não fizeram close-ups e a maquiagem procurava esconder sua exaustão.[6]

Jackie adotara a estratégia de sempre: ignorar as rivais e, assim, mostrar-se superior a elas; assim continuou sua programação normal de eventos oficiais - mas não pode evitar as comparações do vestido que usara na recepção ao presidente da Costa do Marfim, Félix Houphouët-Boigny com aquele usado por Marilyn no Madison Garden.[3]

O casal retornou para Glen Ora onde, na terça-feira 29 de maio, ocorreu a festa de aniversário do Presidente em clima familiar.[3]

Notas e referências

Notas

  1. Livre tradução de: "Hey, you can’t blame her, Mort. Look, if Jackie Kennedy had asked me to fly cross country and sing Happy Birthday to her, I woulda gone."
  2. Livre tradução de: "It was very surprising ... We all just felt like things couldn’t get much worse. It was all so unpredictable and awful. But she did have permission, even it they took it away from her."
  3. Livre tradução de: "I told the studio six weeks ago that I was going. I consider it an honor to appear before the President of the United States".
  4. Livre tradução para: "Thank you. I can now retire from polities after having 'Happy Birthday' sung to me in such a sweet, wholesome way."
  5. Livre tradução para: "There was no sound. No sound at all. It was like we were in outer space.
  6. Livre tradução para: "...and finally, she comes out with this unbelievably breathy, ‘Happy biiiiirthday to youuuu,’ and everybody just went into a swoon."
  7. Uma livre tradução para:

    "Thanks, Mr. President,
    For all things that you’ve won,
    The way you deal with U.S. Steel,
    And our problems by the ton.
    We thank you so much."

  8. Em 1962 Kennedy havia pressionado a grande empresa do aço a diminuir seus preços, a fim de controlar a inflação.
  9. Livre tradução para: "See how bad I can be now that you have left me".
  10. Livre tradução do original: "I liked it. I like celebrating birthdays. I enjoy knowing that I’m alive; and you can underline alive"
  11. Livre tradução para: “making love to the President in direct view of forty million Americans”.
  12. Livre tradução do original: "I saw this performance on TV and just shook my head in disgust. I don’t think I’m a prude, far from it actually… But there’s something about this type of public exhibition which lowers the respect for feminity. What in hell was she trying to prove?"

Referências

  1. a b Ben Cosgrove (18 de maio de 2014). «Alone in a Crowd: Marilyn Sings 'Happy Birthday' to JFK, May 19, 1962». revista Time/Life. Consultado em 10 de fevereiro de 2016 
  2. a b c Les Harding (2012). They Knew Marilyn Monroe: Famous Persons in the Life of the Hollywood Icon. [S.l.]: McFarland. p. 87. ISBN 9780786490141 
  3. a b c d e f g h i j Barbara Leaming (2011). Mrs. Kennedy: The Missing History of the Kennedy Years. [S.l.]: Simon and Schuster. p. 199-201. ISBN 9781451678116 
  4. a b c d Ben Cosgrove (30 de abril de 2014). «Behind the Picture: Photos From the Night Marilyn Sang to JFK, 1962». Revista Time/Life. Consultado em 10 de fevereiro de 2016 
  5. a b c J. Randy Taraborrelli (2009). The Secret Life of Marilyn Monroe. [S.l.]: Grand Central Publishing. 576 páginas. ISBN 9780446550956 
  6. a b c d e f g h Michelle Morgan (2013). Marilyn Monroe: Private and Confidential. [S.l.]: Skyhorse Publishing, Inc. 416 páginas. ISBN 9781620874110 
  7. a b c d e Jennifer Jean Miller (2014). Marilyn Monroe & Joe DiMaggio - Love In Japan, Korea & Beyond. [S.l.]: J.J. Avenue Productions. 178 páginas. ISBN 9780991429165