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{{Ver desambig|prefixo=Se procura|pela língua da família lingüística, hoje considerada extinta, do tronco macro-jê, falada pelos camacãs|Língua camacã}} |
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[[Ficheiro:Ornamentos, utensílios e armas dos índios Camacãs.png|miniaturadaimagem|250x250px|Ornamentos, utensílios e armas dos Camacãs, por [[Maximilian zu Wied-Neuwied]]. (Original sob a guarda do[[Arquivo Nacional (Brasil)|Arquivo Nacional]])]] |
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[[Imagem:Rugendas - Puri.jpg|thumb|Camacãs (abaixo), por [[Rugendas]].|309x309px]] |
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⚫ | Os '''Camacãs''' são um [[Grupo indígena|grupo indígena brasileiro]] que, no [[século XX]], se fundiu com os antigos [[pataxós-hã-hã-hães]], com os [[baenãs]], os [[mongoiós]], os [[sapuiás-quiriris]] e parte dos [[geréns]] e dos [[tupiniquins]], passando a identificar-se desde então como pataxós-hã-hã-hães.<ref>[https://pib.socioambiental.org/pt/povo/pataxo-ha-ha-hae/919 História dos Pataxós hãhãhãe, Camacãs e outros relacionados, Página oficial do Instituto Socioambiental]</ref> |
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==Ver também== |
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== Vitória da Conquista e os Kamakan == |
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*[[Mongoiós]] |
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O ''Arraial da Conquista'' foi fundado em [[1783]] pelo [[sertanista]] [[português]] [[João Gonçalves da Costa]], nascido em [[Chaves (Portugal)|Chaves]] em [[1720]], no [[Tâmega (sub-região)|Alto Tâmega]], na região de [[Trás-os-Montes e Alto Douro|Trás-os-Montes]] que com dezesseis anos de idade, foi para o Brasil ao serviço de [[D. José I]], Rei de [[Portugal]], com a missão de conquistar as terra ao oeste da costa da Bahia. |
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{{referências}} |
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Anteriormente já havia lutado ao lado do Mestre-de-Campo [[João da Silva Guimarães]], líder da Bandeira responsável pela ocupação territorial do [[Sertão (conceito)|Sertão]], iniciada em [[1752]]. A origem do núcleo populacional está relacionada à busca de ouro, à introdução da atividade pecuária e ao próprio interesse da metrópole portuguesa em criar um aglomerado urbano entre a região litorânea e o interior do Sertão. Portanto, integra-se à expansão do ciclo de colonização dos fins do [[século XVIII]]. |
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== Bibliografia == |
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Através da Lei Provincial N.º 124, de [[19 de maio]] de [[1840]], o Arraial da Conquista foi elevado à Vila e Freguesia, passando a se denominar ''Imperial Vila da Vitória'', com território desmembrado do município de [[Caetité]], verificando-se sua instalação em [[9 de Novembro]] do mesmo ano. Em ato de [[1º de Julho]] de [[1891]], a Imperial Vila da Vitória, passou à categoria de cidade, recebendo, simplesmente, o nome de ''Conquista''. Finalmente, em [[dezembro]] de [[1943]], através da Lei Estadual N.º 141, o nome do Município é modificando para Vitória da Conquista. |
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* {{Citar livro| título = Os camacans - estudos de etnologia|formato=pdf |via= [[Wikimedia Commons]]| url = https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Os_camacans_-_estudos_de_etnologia.pdf|último=Oliveira |primeiro=João Batista de Sá e |data=1890|local=Salvador|editora=Lytho-Typ. de João Gonçalves Tourinho}} |
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*{{citar livro|url=http://books.scielo.org/id/sf4xd/pdf/silva-9788574555287.pdf|título=Ordem imperial e aldeamento indígena: Camacãns, Gueréns e Pataxós do Sul da Bahia|ultimo=Silva|primeiro=Ayalla Oliveira|editora=Editus|ano=2018|local=Ilhéus|páginas=|isbn=9788574555287|via=[[Scielo]]}} |
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Juridicamente, o Município de Vitória da Conquista esteve ligado a Minas do [[Rio Pardo (Bahia)|Rio Pardo]], depois, em [[1842]], ficou sob a jurisdição da Comarca de [[Nazaré (Bahia)|Nazaré]]. Por Decreto N.º 1,392, de [[26 de Abril]] de [[1854]], passou a termo anexo à Comarca de [[Maracás]] e, posteriormente, à Comarca de Santo Antônio da Barra (atual [[Condeúba]]), até [[1882]], quando se transformou em Comarca. |
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Até a década de [[1940]], a base [[economia|econômica]] do município se fundava na [[pecuária]] extensiva. A partir dai, a estrutura econômica e social entraria em um novo estágio, com o [[comércio]] ocupando um lugar de grande destaque na economia local. Em função de sua privilegiada [[localização]] geográfica, com a abertura da estrada Rio-Bahia (atual [[BR-116]]) e da estrada [[Ilhéus]]-[[Lapa]], o município pode integrar-se às outras regiões do estado e ao restante do país; e logo passou a polarizar quase uma centena de municípios do sudoeste da Bahia e [[Mesorregião do Norte de Minas|norte de Minas]]. |
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O território onde hoje está localizado o Município de Vitória da Conquista foi habitado pelos [[povos indígenas]] [[Mongoiós]], subgrupo Camacãs, Ymborés (ou [[Aimorés]]) e em menor escala os [[Pataxós]]. Os [[aldeia|aldeamentos]] se espalhavam por uma extensa faixa, conhecida como [[Sertão da Ressaca]], que vai das margens do alto Rio Pardo até o médio [[Rio das Contas]]. |
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Os índios mongoiós (ou Kamakan), aimorés e pataxós pertenciam ao mesmo tronco: [[Macro-Jê]]. Cada um deles tinha sua [[idioma|língua]] e seus ritos [[religião|religiosos]]. Os mongoiós costumavam fixar-se numa determinada área, enquanto os outros dois povos circulavam mais ao longo do ano. |
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Os aimorés, também conhecidos como [[Botocudos]], tinham pele morena e o hábito de usarem um botoque de madeira nas orelhas e lábios - daí o nome Botocudo. Gostavam de pintar o corpo com extratos de [[urucum]] e [[jenipapo]]. Eram guerreiros temidos, viviam da caça e da pesca e dividiam o trabalho de acordo com o gênero, cabendo às mulheres o cuidado com os alimentos. Os homens ficavam responsáveis pela [[caça]], [[pesca]] e a fabricação dos utensílios a serem utilizados nas [[guerra]]s. |
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Já os pataxós não apresentavam grande porte físico. Fala-se de suas caras largas e feições grosseiras. Não pintavam os [[corpo]]s. A caça era uma de suas principais atividades. Também praticavam a [[agricultura]]. Há pouca informação a respeito dos Pataxós. |
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Os relatos afirmam que os Mongoiós ou Kamakan era donos de uma beleza física e uma elegância nos gestos que os distinguiam dos demais. Tinham o hábito de depilar o corpo e de usar ornamentos feitos de [[pena]]s, como os [[cocar]]es. Praticavam o [[artesanato]], a caça e a agricultura. O trabalho também era divido de acordo com os [[gênero]]s. As mulheres mongoiós eram [[tecelão|tecelãs]]. A [[arte]], com caráter utilitário, tinha importância para esse povo. Eles faziam [[cerâmica]]s, [[bolsa]]s e [[saco]]s de [[fibra]]s de [[palmeira]] que se destacavam pela qualidade. Os mongoiós eram festivos, tinham grande respeito pelos mais velhos e pelos mortos. |
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Aimorés, Pataxós e Mongoiós travaram várias lutas entre si pela ocupação do [[território]]. O sentido dessas [[luta]]s, porém, não estava ligado à questão da propriedade da [[terra]], mas à sobrevivência, já que a área dominada era garantia de [[alimento]] para a [[comunidade]]. |
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=== Os índios e os colonizadores === |
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A ocupação do Sertão da Ressaca foi realizada com a conquista dos povos indígenas. |
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[[Ficheiro:Two Pataxo indians (Brasília, 04 April 2006).jpeg|thumb|esquerda|200px|Índios Pataxó.]] |
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Primeiro, [[João Gonçalves da Costa]] enfrentou o povo [[Aimorés|Ymboré]]. Valentes, resistiram à ocupação do território. Por causa da fama de selvagens, foram escravizados pelos colonizadores. Os [[mongoiós|Mongoyó]] tinham primitivamente naqueles índios os seus principais inimigos por serem eles ferozes e cruéis e por impedir a circulação na região quando saiam em busca de caça. Por isto, se aliaram aos portugueses para derrotá-los. |
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Depois dos Ymboré, foi a vez dos [[Pataxó]]. Eles também resistiram à ocupação estrangeira, mas acabaram se refugiando para o sul da Bahia, onde, em número reduzido, permanecem até hoje, lutando para preservar sua identidade e seus costumes, com o apoio da [[FUNAI]]. |
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Os Kamakan-Mongoyó conseguiram estabelecer relações mais estreitas com os colonizadores a fim de garantir sua manutenção como povo. Ajudaram os portugueses na luta contra os Ymboré. |
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Em 1782, ocorreu a batalha que entrou para a história de Vitória da Conquista como uma das mais importantes. Sabe-se que naquele ano, aconteceu uma fatídica luta entre os soldados de João Gonçalves da Costa e os índios. Os soldados, já fatigados, buscavam forças para continuar o confronto. Na madrugada posterior a uma dia intenso de luta, diante da fraqueza de seus homens, João Gonçalves da Costa teria prometido à Nossa Senhora das Vitórias construir uma igreja naquele local, caso saíssem dali vencedores. |
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Essa promessa foi um estimulante aos soldados que, revigorados, conseguiram cercar e aniquilar o grupo indígena que caiu, no alto da colina, onde foi erguida a antiga igreja, demolida em 1932. Não se sabe ao certo se essa promessa foi realmente feita, mas essa história tem passado de geração em geração. |
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A História nos relata que no período de 1803 e 1806, os colonizadores e os índios nativos viviam momentos de paz e animosidade. |
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Os Mongoyó, sempre valentes guerreiros, continuavam a sofrer e não esqueciam as derrotas passadas perante os colonizadores e preparavam vinganças, mesmo depois de firmar acordo de paz. Passaram então a usar de um artifício para emboscar e matar os colonizadores estabelecidos no povoado. A estratégia consistia em convidar os colonizadores a conhecerem pássaros e animais selvagens nas matas próximas à atual Igreja Matriz, provavelmente as matas do Poço Escuro, atualmente uma reserva florestal. Ao embrenhar na mata o índio então com ajuda de outros, já dentro da mata emboscava e matava o homen branco, desaparecendo com o corpo. Isto de modo sucessivo, até que um colono, após luta corporal, conseguiu fugir e avisar às autoridades estabelecidas e demais colonos qual foi o destino de tantos homens desaparecidos. Do mesmo modo se estabeleceu uma vingança por parte dos colonos contra tamanha ousadia. Foram então os índios chamados a participar de uma festa e quando se entregavam à alegria foram cercados de todos os lados e quase todos mortos. Depois disto os índios embrenharam-se nas matas e o arraial conseguiu repouso e segurança. |
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Este episódio passou a se chamar de o "banquete da morte". |
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Os relatos mais precisos sobre os índios, os colonizadores, a botânica e os animais que aqui viviam no período da colonização, foram feitos pelo [[Princípe Maximiliano de Wied Neuwied]] ou Prinz Maximilian Alexander Philipp von Wied-Neuwied, (ver também [[Maximilian zu Wied-Neuwied]]), naturalista e botânico alemão, no livro "Viagem ao Brasil", no trecho "Viagem das Fronteiras de [[Minas Gerais]] ao Arraial de Conquista", quando aqui passou em março de 1817. |
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Estudos da [[UESB]], afirmam que os índios de Vitória da Conquista se estabeleceram em comunidades próximas à atual cidade, como a do Boqueirão, próxima ao distrito de José Gonçalves e Ribeirão do Paneleiro, perto do bairro Bruno Bacelar. A forma de construir as casas destas comunidades, a plantação de milho e mandioca, a produção de artesanato nos dias atuais são indícios dessa ancestralidade indígena. Identificadas hoje como comunidades negras, na realidade têm origem na miscigenação de índios e negros. |
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Edição atual tal como às 17h41min de 19 de dezembro de 2023
Nota: Se procura pela língua da família lingüística, hoje considerada extinta, do tronco macro-jê, falada pelos camacãs, veja Língua camacã.
Os Camacãs são um grupo indígena brasileiro que, no século XX, se fundiu com os antigos pataxós-hã-hã-hães, com os baenãs, os mongoiós, os sapuiás-quiriris e parte dos geréns e dos tupiniquins, passando a identificar-se desde então como pataxós-hã-hã-hães.[1]
Ver também
[editar | editar código-fonte]Referências
Bibliografia
[editar | editar código-fonte]- Oliveira, João Batista de Sá e (1890). Os camacans - estudos de etnologia (pdf). Salvador: Lytho-Typ. de João Gonçalves Tourinho – via Wikimedia Commons
- Silva, Ayalla Oliveira (2018). Ordem imperial e aldeamento indígena: Camacãns, Gueréns e Pataxós do Sul da Bahia (PDF). Ilhéus: Editus. ISBN 9788574555287 – via Scielo