Saltar para o conteúdo

Lactarius indigo: diferenças entre revisões

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
M.a.salgado11 (discussão | contribs)
 
(Há 41 revisões intermédias de 12 utilizadores que não estão a ser apresentadas)
Linha 1: Linha 1:
{{título em itálico}}
{{Info/Taxonomia
{{Info/Taxonomia
| cor =
| cor =
| nome = ''Lactarius indigo''
| nome = ''Lactarius indigo''
| imagem = Lactarius indigo 48568 edit.jpg
| imagem = Lactarius indigo 48568 edit.jpg
| imagem_legenda =
| imagem_legenda = Face inferior do chapéu de espécime jovem.
| reino = [[Fungi]]
| reino = [[Fungi]]
| divisão = [[Basidiomycota]]
| divisão = [[Basidiomycota]]
Linha 13: Linha 12:
| espécie = '''''L. indigo'''''
| espécie = '''''L. indigo'''''
| binomial = ''Lactarius indigo''
| binomial = ''Lactarius indigo''
| binomial_autoridade =
| binomial_autoridade = ([[Lewis David von Schweinitz|Schwein.]]) [[Elias Magnus Fries|Fr.]] (1838)
| sinónimos =
| sinónimos = ''Agaricus indigo'' <small>Schwein. (1822)</small><br>
''Lactarius canadensis'' <small>Winder (1871)</small><ref name="urlRussulalesNews"/><br />
''Lactifluus indigo'' <small>(Schwein.) [[Otto Kuntze|Kuntze]] (1891)</small><ref name=Kuntze1891/>
}}
}}
'''''Lactarius indigo''''' é um [[fungo]] da família de [[cogumelo]]s [[Russulaceae]]. Pode ser facilmente distinguido dos outros integrantes do [[gênero (biologia)|gênero]] devido a sua característica cor azul. A espécie forma [[corpos de frutificação]] cujo [[estipe (micologia)|tronco]] mede até 6&nbsp;cm de altura. O [[píleo (micologia)|píleo]], o "chapéu" do cogumelo, é inicialmente convexo e com as margens enroladas para baixo, mas quando o fungo amadurece ele adquire um formato semelhante a um funil. Pode atingir 15&nbsp;cm de diâmetro e sua superfície, pegajosa ao toque, tem faixas concêntricas com diferentes tons de azul. A face inferior do chapéu apresenta as [[lamela (micologia)|lamelas]]. Inicialmente azuis, com o passar do tempo ficam mais pálidas e manchadas de verde pelo [[látex]] que escorre quando são danificadas.
'''''Lactarius indigo''''' é um [[fungo]] que pertence ao [[Gênero (biologia)|gênero]] de [[cogumelo]]s ''[[Lactarius]]'', da [[Ordem (biologia)|ordem]] [[Russulales]].<ref>{{citar web|url=http://www.mycobank.org/MycoTaxo.aspx?Link=T&Rec=220303 |título=Lactarius indigo (Schwein.) Fr. 1838 |lingua2=en |autor=|data=|publicado=mycobank.org |acessodata= }}</ref>

A espécie foi descrita pela primeira vez em [[1822]] por [[Lewis David von Schweinitz|Lewis von Schweinitz]]. A princípio batizada de ''Agaricus indigo'', teve seu nome modificado para o atual em [[1838]] pelo sueco [[Elias Magnus Fries]], considerado o "pai da [[micologia]]". O [[epíteto específico]] "indigo" é derivado da palavra [[língua latina|latina]] que significa "azul índigo", uma referência à cor predominante do cogumelo. Vários nomes populares do fungo também remetem a esta característica, a exemplo de ''blue milk mushroom'' em inglês, e ''hongo azul'' em espanhol. A cor lhe é conferida pela presença do pigmento [[azuleno]].

''L. indigo'' é um [[cogumelo comestível]], mas devido à textura granular da [[carne (micologia)|carne]] e sabor um pouco amargo e picante, sua qualidade gastronômica é considerada por alguns especialistas como "medíocre". Ainda assim, é um dos fungos mais tradicionais utilizados na [[culinária mexicana]]. Fica melhor preparado quando o cogumelo é cortado em fatias finas, e espécimes com grandes quantidades de látex podem ser usados para dar cor a [[marinada]]s. A cor azul desaparece com o cozimento e o fungo se torna acinzentado.

Na natureza, pode ser encontrado em todo o sul e leste da [[América do Norte]], mas é mais comum ao longo da [[Costa do Golfo dos Estados Unidos]], [[México]] e [[Guatemala]]. Também já foi coletado na [[China]], [[Índia]] e [[França]]. Tal como um típico fungo [[micorriza|micorrízico]], forma uma [[simbiose|relação simbiótica]] com várias espécies de árvores, especialmente [[Betulaceae|betuláceas]] e [[Pinaceae|pinheiros]]. Os cogumelos crescem sobre o solo de florestas, espalhados ou em grupos. Também são comumente vistos em áreas de planícies inundadas.


== Taxonomia e nomenclatura ==
== Taxonomia e nomenclatura ==
A espécie conhecida atualmente como ''Lactarius indigo'' foi originalmente descrita pelo [[micologista]] norte-americano [[Lewis David von Schweinitz]] em uma publicação de [[1822]]. Na época, o cogumelo recebeu o nome de ''Agaricus indigo''.<ref name=Schweinitz1822/> O fungo foi posteriormente transferido para o gênero ''[[Lactarius]]'', em [[1838]], pelo cientista sueco [[Elias Magnus Fries]], formando assim a [[nomenclatura binominal]] aceita atualmente.<ref name=Fries1836/> O botânico alemão [[Otto Kuntze]] ainda viria a chamar a espécie de ''Lactifluus indigo'' no tratado ''[[Revisio Generum Plantarum]]'' de 1891, mas a mudança de nome sugerida não foi adotada por outros especialistas.<ref name=Kuntze1891/>
A primeira descrição científica da espécie conhecida atualmente como ''Lactarius indigo'' foi feita pelo [[micologista]] norte-americano [[Lewis David von Schweinitz]], numa publicação de [[1822]]. Na época, o cogumelo recebeu o nome de ''Agaricus indigo''.<ref name=Schweinitz1822/> O fungo foi posteriormente transferido para o gênero ''[[Lactarius]]'', em [[1838]], pelo cientista sueco [[Elias Magnus Fries]], formando assim a [[nomenclatura binominal]] aceita na atualidade.<ref name=Fries1836/> O botânico alemão [[Otto Kuntze]] ainda viria a chamar a espécie de ''Lactifluus indigo'' no tratado ''[[Revisio Generum Plantarum]]'' de 1891, mas a mudança de nome sugerida não foi adotada por outros especialistas, sendo hoje considerado um sinônimo.<ref name=Kuntze1891/>


Os norte-americanos [[Lexemuel Ray Hesler|Hesler]] e [[Alexander Hanchett Smith|Smith]], em seu estudo de 1960 sobre as espécies de ''Lactarius'' da [[América do Norte]], definiram ''L. indigo'' como a [[espécie-tipo]] da subseção ''Caerulei'', um grupo caracterizado por ter [[Estipe (micologia)|tronco]], [[látex]] e [[Píleo (micologia)|chapéu]] azuis.<ref name=Hesler1960/> Em 1979, eles revisaram suas opiniões acerca da organização das subdivisões do gênero ''Lactarius'', e decidiram classificar ''L. indigo'' no subgênero ''Lactarius'', utilizando como critério a cor do látex e sua mudança de tonalidade observada após a exposição ao ar ambiente.<ref>Hesler and Smith (1979), p. 66.</ref> Eles explicaram que "o desenvolvimento gradual da pigmentação azul para violeta, como um processo de espécie a espécie, é um fenômeno interessante que merece um estudo mais aprofundado. O clímax é atingido em ''L. indigo'', que é todo azul. ''[[Lactarius chelidonium|L. chelidonium]]'' e sua variedade ''chelidonioides'', ''[[Lactarius|L. paradoxus]]'', e ''[[Lactarius hemicyaneus|L. hemicyaneus]]'' podem ser considerado como pontos intermediários ao longo do caminho até o ''L. indigo''.<ref>Hesler and Smith (1979), p. 7.</ref>
Os norte-americanos [[Lexemuel Ray Hesler|Hesler]] e [[Alexander Hanchett Smith|Smith]], em seu estudo de 1960 sobre as espécies de ''Lactarius'' da [[América do Norte]], definiram ''L. indigo'' como a [[espécie-tipo]] da subseção ''Caerulei'', um grupo caracterizado por ter [[Estipe (micologia)|tronco]], [[látex]] e [[Píleo (micologia)|chapéu]] azuis.<ref name=Hesler1960/> Em 1979, eles revisaram suas opiniões acerca da organização das subdivisões do gênero ''Lactarius'', e decidiram classificar ''L. indigo'' no subgênero ''Lactarius'', utilizando como critério a cor do látex e sua mudança de tonalidade observada após a exposição ao ar ambiente.<ref>{{Harvnb|Hesler|1979|p=66}}</ref> Eles explicaram que "o desenvolvimento gradual da pigmentação azul para violeta, como um processo de espécie a espécie, é um fenômeno interessante que merece um estudo mais aprofundado. O clímax é atingido em ''L. indigo'', que é todo azul. ''[[Lactarius chelidonium|L. chelidonium]]'' e sua [[Variedade (biologia)|variedade]] ''chelidonioides'', ''[[Lactarius paradoxus|L. paradoxus]]'', e ''[[Lactarius hemicyaneus|L. hemicyaneus]]'' podem ser considerados como estágios intermediários ao longo do processo que culminou com o ''L. indigo''".<ref>{{Harvnb|Hesler|1979|p=7}}</ref><ref group="nota" name="n1">Tradução livre de: "''The gradual development of blue to violet pigmentation as one progresses from species to species is an interesting phenomenon deserving further study. The climax is reached in ''L.&nbsp;indigo'' which is blue throughout. ''L. chelidonium'' and its variety ''chelidonioides'', ''L. paradoxus'', and ''L. hemicyaneus'' may be considered as mileposts along the road to ''L. indigo''".</ref>


O [[epíteto específico]] "indigo" é derivado da palavra [[Língua latina|latina]] que significa "indigo blue".<ref name=Roody2003/> Seus nomes populares em língua inglesa incluem "indigo milk cap",<ref name=Arora69/> "indigo Lactarius",<ref name=Roody2003/> "blue milk mushroom",<ref name=Russell2006/> e "blue Lactarius".<ref name=Fergus2003/> Na região central do México, é conhecida como ''añil'', ''azul'', ''hongo azul'', ''zuin'', e ''zuine''; também é chamdo de ''quexque'' (que significa "azul") nos estados de [[Veracruz]] e [[Puebla]].<ref name=Montoya1996/>
O [[epíteto específico]] "indigo" é derivado da palavra [[Língua latina|latina]] que significa "azul índigo".<ref name=Roody2003/> Seus nomes populares em [[língua inglesa]] incluem ''indigo milk cap'',<ref name="Arora1986p69" /> ''indigo Lactarius'',<ref name=Roody2003/> ''blue milk mushroom'',<ref name=Russell2006/> e ''blue Lactarius''.<ref name=Fergus2003/> Na região central do [[México]], é conhecido como ''añil'', ''azul'', ''hongo azul'', ''zuin'', e ''zuine''; também é chamado de ''quexque'' (que significa "azul") nos estados de [[Veracruz]] e [[Puebla (estado)|Puebla]].<ref name=Montoya1996/>


== Descrição ==
== Descrição ==
{{imagem múltipla
Como muitos outros cogumelos, ''Lactarius indigo'' se desenvolve a partir de um nódulo ou cabeça de alfinete que se forma dentro de um [[micélio]], uma massa de células fúngicas filamentosas chamadas de [[hifa]]s e que constituem a maior parte do organismo. Sob condições ambientais adequadas de temperatura, umidade e disponibilidade de nutrientes, as estruturas reprodutivas visíveis, os [[corpos frutíferos]], são formados. O [[píleo (micologia)|píleo]] ou "chapéu" do corpo frutífero, mede entre 5 e 15 cm de diâmetro, é inicialmente convexo e depois desenvolve uma depressão central; com o passar do tempo a região central se afunda ainda mais, assumindo quase que a forma de funil, como as bordas do chapéu levantadas para cima.<ref>Hesler and Smith (1979), p. 27.</ref> A margem do píleo é enrolada para dentro quando jovem, mas se desenrola e se eleva à medida que o fungo amadurece. A superfície do píleo é azul índigo quando fresco, mas depois se desbota e fica cinzento-prateado pálido ou azul, ocasionalmente com manchas esverdeadas. Muitas vezes possui zonas, com linhas concêntricas alternando tonalidades mais pálidas e mais escuras, e o chapéu pode ter manchas em azul escuro, especialmente na margem. Píleos jovens são pegajosos ao toque.<ref name=Bessette1992/>
| align = left
| direction = vertical
| width = 200
| image1 = Lactarius indigo 54015.jpg
| caption1 = O chapéu, que tem uma depressão no centro, pode ter faixas concêntricas com diferentes tons de azul.
| image2 = Lactarius indigo 48609.jpg
| caption2 = As margens do chapéu de espécimes jovens são enroladas para dentro.
}}
Como muitos outros cogumelos, ''Lactarius indigo'' se desenvolve a partir de um nódulo ou cabeça de alfinete que se forma dentro de um [[micélio]], uma massa de células fúngicas filamentosas chamadas de [[hifa]]s e que constituem a maior parte do organismo. Sob condições ambientais adequadas de temperatura, umidade e disponibilidade de nutrientes, as estruturas reprodutivas visíveis, os [[corpos frutíferos]], são formados. O [[píleo (micologia)|píleo]] ou "chapéu" do corpo frutífero, mede entre 5 e 15&nbsp;cm de diâmetro, é inicialmente convexo e depois desenvolve uma depressão central; com o passar do tempo a região central se afunda ainda mais, assumindo quase que a forma de funil, com as bordas do chapéu voltadas para cima.<ref>{{Harvnb|Hesler|1979|p=27}}</ref> A margem do píleo é enrolada para dentro quando jovem, mas se desenrola e se eleva à medida que o fungo amadurece. A superfície do píleo é azul índigo quando fresco, mas depois se desbota e fica cinzento-prateado pálido ou azul, ocasionalmente com manchas esverdeadas. Muitas vezes possui zonas, com linhas concêntricas alternando tonalidades mais pálidas e mais escuras, e o chapéu pode ter manchas em azul escuro, especialmente na margem. Píleos jovens são pegajosos ao toque.<ref name=Bessette1992/>


A [[carne (micologia)|carne]] tem cor azul pálido, ficando lentamente esverdeada depois de ser exposta ao ar ambiente; seu sabor é suave a levemente acre. A carne do cogumelo inteiro é frágil, e o tronco se quebra se encurvado o suficiente.<ref name=Arora1991/> O [[látex]] exsudado a partir do tecido lesado é azul indigo, e o tecido danificado fica manchado com um tom esverdeado; como a carne, o látex tem uma sabor suave.<ref name=Roody2003/> ''Lactarius indigo'' é conhecido por não produzir tanto látex como outras espécies de ''[[Lactarius]]'' o fazem, e espécimes mais velhos podem ser demasiados secos para produzir sequer uma quantidade mínima de látex.<ref name=Metzler1992/>
A [[carne (micologia)|carne]] tem cor azul pálido, ficando lentamente esverdeada depois de exposta ao ar ambiente; seu sabor é suave a levemente acre. A carne do cogumelo inteiro é frágil, e o tronco se quebra se encurvado o suficiente.<ref name=Arora1991/> O [[látex]] exsudado a partir do tecido lesado é azul índigo, e o tecido danificado fica manchado com um tom esverdeado; tal como a carne, o látex tem uma sabor suave.<ref name=Roody2003/> ''Lactarius indigo'' é conhecido por não produzir látex em abundância, diferente do que acontece com muitas outras espécies de ''[[Lactarius]]'',<ref name="urlFoTM"/> e espécimes mais velhos podem ser demasiados secos por produzir uma quantidade mínima de substância leitosa.<ref name=Metzler1992/>


As lamelas da gama de cogumelos a partir de adnatas (diretamente ligado à haste) a ligeiramente decorrentes (correndo o comprimento do tronco), e bastante próximas umas das outras. Sua cor é um azul índigo, tornando-se mais pálida com a idade ou verde coloração com danos. O tronco é de 2 s 6 cm de altura por 1 s 2,5 cm de espessura, e com o mesmo diâmetro em todo ou às vezes mais estreito na base. Sua cor é azul índigo ao azul-prateado ou cinzento. O interior do tronco é sólido e firme, inicialmente, mas desenvolve uma cavidade com a idade. Como o píleo, é inicialmente pegajosa ou viscosa ao toque quando seca jovens, mas logo fora. Seu apego ao chapéu geralmente é em uma posição central, embora possa também ser fora do centro. Os [[corpos de frutificação]] ''L. indigo'' não tem odor distinto.
As [[lamela (micologia)|lamelas]] do cogumelo variam de adnatas (diretamente ligadas ao tronco) a ligeiramente decorrentes (prolongando-se para baixo do comprimento da estipe), e estão dispostas bastante próximas umas das outras. Sua cor é azul índigo, ficando mais pálidas com o passar do tempo ou se manchando de verde quando danificadas. O tronco mede de 2 a 6&nbsp;cm de altura por 1 a 2,5&nbsp;cm de espessura, com o mesmo diâmetro em todo o seu comprimento ou às vezes mais estreito na base. Sua cor é azul índigo ao azul-prateado ou cinzento. O interior do tronco é sólido e firme inicialmente, mas desenvolve uma cavidade com a idade.<ref name="Arora1986p69" /> Assim como o píleo, o tronco do cogumelo jovem é pegajoso ou viscoso ao toque, mas logo torna-se seco.<ref name=expert/> Geralmente o tronco se liga ao chapéu na região central deste, embora essa junção possa também estar levemente deslocada lateralmente.<ref>{{Harvnb|Hesler|1979|p=68-9}}</ref> Os [[corpos de frutificação]] ''L. indigo'' não têm um odor distinguível.<ref name=Miller2006/>


[[Ficheiro:Lactarius indigo 7283.jpg|miniaturadaimagem|Quando danificado, o cogumelo libera um látex de cor azul.]]
''Lactarius indigo'' var. ''diminutivus'' (o "smaller indigo milk cap") é uma variante menor do cogumelo, com um diâmetro de chapéu entre 3 a 7 cm, e uma estipe que mede 1,5 a 4 cm de comprimento e 0,3 a 1 cm de espessura. Muitas vezes, é visto na [[Virginia]]. Hesler e Smith, que primeiro descreveu a variante com base em espécimes encontrados em Brazoria County, Texas, descreveu seu habitat típico como "ao lado de um fosso lamacento com gramíneas e ervas daninhas, [com] pinheiro nas proximidades".
''Lactarius indigo'' var. ''diminutivus'' é uma [[Variedade (biologia)|variedade]] menor do cogumelo, com um diâmetro de chapéu entre 3 a 7&nbsp;cm, e uma estipe mais baixa e mais fina, medindo 1,5 a 4&nbsp;cm de comprimento e 0,3 a 1&nbsp;cm de espessura.<ref name=Bessette2007/> É frequentemente encontrado no estado norte-americano da [[Virgínia]].<ref name=Miller2006/> Hesler e Smith foram os primeiros a descrever esta variedade, com base em espécimes coletados no [[condado de Brazoria]], [[Texas]]. Eles descreveram seu habitat típico como "ao lado de um fosso lamacento sob gramíneas e ervas daninhas, [com] pinheiros nas proximidades".<ref>{{Harvnb|Hesler|1979|p=70}}</ref>


=== Características microscópicas ===
=== Características microscópicas ===
Quando vistos em massa, como numa [[impressão de esporos]] (técnica usada na identificação de fungos), os [[esporo]]s aparecem de cor creme a amarela.<ref name=Roody2003/><ref name=Arora69>Arora (1986), p. 69.</ref> Ao [[microscópio óptico]], os esporos são translúcidos (hialinos), elípticos ou quase esféricos, com verrugas [[amiloide]]s, e tem dimensões de 7 a 9 por 5,5 a 7,5 [[Micrometro (unidade de medida)|micrometros]] (µm).<ref name=Roody2003/> A [[microscópio eletrônico de varredura|microscopia eletrônica de varredura]] revela reticulações na superfície dos esporos.<ref name=Montoya1996/> O [[himênio]] é a camada de tecido do [[corpo de frutificação]] que produz os esporos, e é composto por [[hifa]]s que se estendem para as [[lamela (micologia)|lamelas]] e acabam como células terminais. Vários tipos de células podem ser observadas no himênio, e elas possuem características microscópicas que podem ser usadas ​​para ajudar a identificar o cogumelo ou diferenciar espécies nos casos em que os caracteres macroscópicos sejam ambíguos. Os [[basídio]]s, as células portadoras de esporos, possuem quatro esporos cada e medem 37 a 45 µm de comprimento por 80 a 10 µm de largura no ponto mais largo.<ref>Hesler and Smith (1979), p. 68.</ref> Os [[cistídio]]s são as células terminais das [[hifa]]s do himênio que não produzem esporos, e sua função é ajudar na dispersão dos esporos, além de manter a umidade favorável ​​em torno dos esporos em desenvolvimento.<ref name=Watling1977/> Os pleurocistídios são os cistídios encontrados na face de uma lamela, medem 40 a 56 por 6,4 a 8 µm, e tem aproximadamente a forma de fuso e um ápice constrito. Os queilocistídios, localizados na borda das lamelas, são abundantes e medem 40 a 45,6 por 5,6 a 7,2 µm.<ref name=Montoya1996/>
Quando vistos em massa, como numa [[impressão de esporos]] (técnica usada na identificação de fungos), os [[esporo]]s aparecem de cor creme a amarela.<ref name=Roody2003/><ref name="Arora1986p69" /> Ao [[microscópio óptico]], os esporos são translúcidos (hialinos), elípticos ou quase esféricos, com verrugas [[amiloide]]s, e têm dimensões de 7 a 9 por 5,5 a 7,5 [[Micrometro (unidade de medida)|micrometros]] (µm).<ref name=Roody2003/> A [[microscópio eletrônico de varredura|microscopia eletrônica de varredura]] revela reticulações na superfície dos esporos.<ref name=Montoya1996/> O [[himênio]] é a camada de tecido do [[corpo de frutificação]] que produz os esporos, e é composto por [[hifa]]s que se estendem para as [[lamela (micologia)|lamelas]] e acabam como células terminais. Vários tipos de células podem ser observadas no himênio, e elas possuem características microscópicas que podem ser usadas ​​para ajudar a identificar o cogumelo ou diferenciar espécies nos casos em que os caracteres macroscópicos sejam ambíguos. Os [[basídio]]s, as células portadoras de esporos, possuem quatro esporos cada e medem 37 a 45&nbsp;µm de comprimento por 80 a 10&nbsp;µm de largura no ponto mais largo.<ref>{{Harvnb|Hesler|1979|p=68}}</ref> Os [[cistídio]]s são as células terminais das [[hifa]]s do himênio que não produzem esporos, e sua função é ajudar na dispersão dos esporos, além de manter a umidade favorável ​​em torno dos esporos em desenvolvimento.<ref name=Watling1977/> Os pleurocistídios são os cistídios encontrados na face de uma lamela, medem 40 a 56 por 6,4 a 8&nbsp;µm, e têm aproximadamente a forma de fuso e um ápice constrito. Os queilocistídios, localizados na borda das lamelas, são abundantes e medem 40 a 45,6 por 5,6 a 7,2&nbsp;µm.<ref name=Montoya1996/>


=== Espécies similares ===
=== Espécies similares ===
A cor azul característica do [[corpo de frutificação]] e do [[látex]] faz com que esta espécie seja facilmente reconhecível. Mas outros cogumelos do gênero ''[[Lactarius]]'' também possuem, pelo menos em parte ou em algum momento do seu estágio de desenvolvimento, uma tonalidade azulada. A exemplo do ''[[Lactarius paradoxus|L. paradoxus]]'', um fungo encontrado no leste da [[América do Norte]],<ref name=Miller2006/> que possui um chapéu azul-acinzentado quando jovem, mas cujo látex e lamelas tem cor castanho-avermelhado ao roxo-marrom. ''[[Lactarius chelidonium|L. chelidonium]]'' tem um chapéu amarelado a cinza-azulado e látex amarelado a marrom. A [[carne (micologia)|carne]] do [[píleo (micologia)|píleo]] de ''[[Lactarius quieticolor|L. quieticolor]]'' tem cor azul, mas no nível da base do tronco ela é laranja a vermelho-alaranjada.<ref name=Arora69/> Apesar dos especialistas acreditarem que a coloração azul de ''L. indigo'' seja extremamente rara no gênero ''Lactarius'', em 2007, cinco novas espécies com carne ou látex azulados foram relatadas a partir de espécimes encontrados na parte peninsular da [[Malásia]], incluindo ''[[Lactarius cyanescens|L. cyanescens]]'', ''[[Lactarius lazulinus|L. lazulinus]]'', ''[[Lactarius mirabilis|L. mirabilis]]'', e mais duas espécies ainda não identificadas.<ref name=Stubbe2007/>
A cor azul característica do [[corpo de frutificação]] e do [[látex]] faz com que esta espécie seja facilmente reconhecível. Mas outros cogumelos do gênero ''[[Lactarius]]'' também possuem, pelo menos em parte ou em algum momento do seu estágio de desenvolvimento, uma tonalidade azulada. A exemplo do ''[[Lactarius paradoxus|L. paradoxus]]'', um fungo encontrado no leste da [[América do Norte]],<ref name=Miller2006/> que possui um chapéu azul-acinzentado quando jovem, mas cujo látex e lamelas têm cor castanho-avermelhado ao roxo-marrom. ''[[Lactarius chelidonium|L. chelidonium]]'' tem um chapéu amarelado a cinza-azulado e látex amarelado a marrom. A [[carne (micologia)|carne]] do [[píleo (micologia)|píleo]] de ''[[Lactarius quieticolor|L. quieticolor]]'' tem cor azul, mas no nível da base do tronco ela é laranja a vermelho-alaranjada.<ref name="Arora1986p69" /> Apesar dos especialistas acreditarem que a coloração azul de ''L. indigo'' seja extremamente rara no gênero ''Lactarius'', em 2007, cinco novas espécies com carne ou látex azulados foram relatadas a partir de espécimes encontrados na parte peninsular da [[Malásia]], incluindo ''[[Lactarius cyanescens|L. cyanescens]]'', ''[[Lactarius lazulinus|L. lazulinus]]'', ''[[Lactarius mirabilis|L. mirabilis]]'', e mais duas espécies ainda não nomeadas.<ref name=Stubbe2007/>


== Comestibilidade ==
== Comestibilidade ==
[[Ficheiro:Lactarius indigo 19700.jpg|miniaturadaimagem|Vários cogumelos coletados em [[Jalisco]], México.]]
Embora ''Lactarius indigo'' seja bastante conhecida como uma espécie de [[cogumelo comestível]], as opiniões dos especialistas variam quanto a conveniência de seu consumo. Por exemplo, o micologista norte-americano [[David Arora]] a considera de excelente comestibilidade,<ref name=Arora69/> enquanto que um guia de campo sobre fungos do [[Kansas]] traz a espécie como "medíocre em termos de qualidade".<ref name=Abel1993>{{citar livro |autor=Abel D, Horn B, Kay R.|titulo=A Guide to Kansas Mushrooms |publicado=University Press of Kansas |local=Lawrence, KS |idioma=inglês |ano=1993 |páginas=63 |isbn=0-7006-0571-1}}</ref> ''L. indigo'' pode ser um pouco amargo ou ter um gosto [[pimenta|picante]],<ref name=Hall2003>{{citar livro |autor=Hall IR.|titulo=Edible and Poisonous Mushrooms of the World |editora=Timber Press |local=Portland, OR |ano=2003 |páginas=153 |isbn=0-88192-586-1}}</ref><ref name=McKnight1987>{{citar livro |autor=McKnight VB, McKnight KH.|titulo=A Field Guide to Mushrooms, North America |editora=Houghton Mifflin |local=Boston, MA |idioma=inglês |ano=1987 |páginas=41 |isbn=0-395-91090-0|url=http://books.google.com/?id=kSdA3V7Z9WcC&pg=RA1-PA192&dq=Lactarius+indigo#v=onepage&q=Lactarius%20indigo|acessodata=24/09/2009 }}</ref> às vezes descrito simplesmente como "suave",<ref>{{citar web|url=http://www.elporvenir.com.mx/notas.asp?nota_id=88544 |título=Hongo Azul: Tradición ancestral |data=01/10/2006 |publicado=El Porvenir |lingua=espanhol |acessodata=21/10/2011 }}</ref> e sua textura é grosseiramente granulada.<ref name=Roody2003/><ref name=Abel1993/> A [[carne (micologia)|carne]], de característica firme, fica melhor preparada cortando o cogumelo em fatias finas. A cor azul desaparece com o cozimento e o fungo se torna acinzentado. Por causa da textura granular da carne, ela não se presta bem à secagem. Espécimes com grandes quantidades de [[látex]] podem ser usadas para dar cor a [[marinada]]s.<ref name=Sicard2005>{{citar livro |titulo=Connaître, cueillir et cuisiner: Les champignons sauvages du Québec |autor= Sicard M, Lamoureux Y.|ano=2005 |editora=Éditions Fides |local= |isbn=2-7621-2617-7 |url=http://books.google.com/?id=NJ8164vllNIC&lpg=PA251&dq=Lactarius%20indigo&pg=PA252#v=onepage&q=Lactarius%20indigo |acessodata=14/11/2009 |idioma=francês }}</ref>
Embora o ''Lactarius indigo'' seja bastante conhecido como uma espécie de [[cogumelo comestível]], as opiniões dos especialistas variam quanto a conveniência de seu consumo. Por exemplo, o micologista norte-americano [[David Arora]] o considera de excelente comestibilidade,<ref name="Arora1986p69" /> enquanto que um guia de campo sobre fungos do [[Kansas]] classifica a espécie como de qualidade gastronômica medíocre.<ref name=Abel1993/> Tem textura grosseiramente granulada,<ref name=Roody2003/><ref name=Abel1993/> e o seu sabor é descrito como sendo um pouco amargo ou mesmo [[pimenta|picante]],<ref name=Hall2003/><ref name=McKnight1987/> mas às vezes é referido simplesmente como "suave".<ref name="elporvenir" /> A [[carne (micologia)|carne]], de consistência firme, fica melhor preparada cortando o cogumelo em fatias finas. A cor azul desaparece com o cozimento e o fungo torna-se acinzentado. Por causa da textura granular da sua carne, o cogumelo não se presta bem à secagem. Espécimes com grandes quantidades de [[látex]] podem ser usados para dar cor a [[marinada]]s.<ref name=Sicard2005/>


No [[México]], cogumelos silvestres de ''L. indigo'' são colhidos para serem vendidos em feiras de produtos agrícolas, geralmente de junho a novembro;<ref name=Montoya1996/> , é considerada uma espécie de "segunda classe" para consumo,<ref>{{citar livro |autor=Bandala VM, Montoya L, Chapela IH.|editor=Palm ME, Chapela IH |capítulo=Wild edible mushrooms in Mexico: A challenge and opportunity for sustainable development |titulo=Mycology in Sustainable Development: Expanding Concepts, Vanishing Borders |editora=Parkway Publishers |local= |ano=1997 |páginas=62 |isbn=978-1-887905-01-5 |url=http://books.google.com/?id=P4LXG3p9MwwC&pg=PA77&dq=Lactarius+indigo&q=Lactarius%20indigo|accessdate=2009-09-24}}</ref> embora seja um dos fungos mais tradicionais utilizados na [[culinária mexicana]].<ref>{{citar web|url=http://comida.ig.com.br/pelomundo/mexico/centro/m1237863584959.html |título= Comida pelo Mundo - México |publicado=Portal Ig |acessodata=21/10/2011 }}</ref> O ''L. indigo'' também é vendido em mercados da [[Guatemala]], de maio a outubro.<ref name=Flores2005>{{citar periódico |autor=Flores R, Díaz G, Honrubia M.|ano=2005 |titulo=Mycorrhizal synthesis of ''Lactarius indigo'' (Schw.) Fr. with five Neotropical pine species|jornal=Mycorrhiza |volume=15 |número=8 |páginas=563–70 |pmid=16133250 |doi= 10.1007/s00572-005-0004-y}}</ref> É uma das treze espécies de ''[[Lactarius]]'' vendidas em mercados rurais na província de [[Yunnan]], no sudoeste da [[China]].<ref name=Wang2000/>
No [[México]], cogumelos silvestres de ''L. indigo'' são colhidos para serem vendidos em feiras de produtos agrícolas, geralmente entre os meses de junho a novembro;<ref name=Montoya1996/> naquele país, é considerada uma espécie de "segunda classe" para consumo,<ref name=Bandala1997/> embora seja um dos fungos mais tradicionais utilizados na [[culinária mexicana]].<ref name="portalig" /> O cogumelo também é vendido em mercados da [[Guatemala]], de maio a outubro,<ref name=Flores2005/> e é uma das treze espécies de ''[[Lactarius]]'' vendidas em mercados rurais na província de [[Yunnan]], no sudoeste da [[China]].<ref name=Wang2000/>


=== Composição química ===
=== Composição química ===
[[Ficheiro:Lactarius azulene.png|miniaturadaimagem|A molécula do pigmento [[azuleno]] possui uma porção (''em destaque'') que lhe confere a cor azul característica.]]
A análise química de espécimes coletados no México mostrou que ''L. indigo'' possui 95,1% de água, 4,3 mg de [[lipídios]] por grama de cogumelo (mg/g) e 13,4 mg/g de [[proteína]]. Há 18,7 mg/g de fibra dietética, quantidade muito maior em relação ao [[champignon]], que contém 6,6 mg/g. Em comparação com as outras três espécies de cogumelos comestíveis silvestres analisadas no estudo (''[[Amanita rubescens]]'', ''[[Boletus frostii]]'' e ''[[Ramaria flava]]''), ''L. indigo'' continha o mais alto teor de [[ácidos graxos saturados]], incluindo o [[ácido esteárico]] com 32,1 mg/g; pouco mais da metade do teor total de [[ácidos graxos]] livres.<ref>{{citar periódico |autor=León-Guzmán MF, Silva I, López MG. |ano=1997 |titulo=Proximate chemical composition, free amino acid contents, and free fatty acid contents of some wild edible mushrooms from Querétaro, México |jornal=Journal of Agricultural and Food Chemistry |volume=45 |numero=11 |páginas=4329–32|issn=0021-8561 |doi=10.1021/jf970640u|accessdate=2009-11-14}}</ref>
A análise química de espécimes coletados no [[México]] mostrou que ''L. indigo'' tem em sua composição 95,1% de água, 4,3&nbsp;mg de [[lipídios]] por grama de cogumelo (mg/g) e 13,4&nbsp;mg/g de [[proteína]]s. Há 18,7&nbsp;mg/g de [[fibra dietética]], quantidade muito maior em relação ao ''[[champignon]]'', que contém 6,6&nbsp;mg/g. Em comparação com outras três espécies de [[cogumelo comestível|cogumelos comestíveis]] silvestres analisadas num mesmo estudo (''[[Amanita rubescens]]'', ''[[Boletus frostii]]'' e ''[[Ramaria flava]]''), ''L. indigo'' apresentou o mais alto teor de [[ácidos graxos saturados]], incluindo 32,1&nbsp;mg/g de [[ácido esteárico]]; pouco mais da metade do teor total de [[ácidos graxos]] livres.<ref name=LeonGuzman1997/>


A cor azul do ''Lactarius indigo'' é devido ao (7-isopropenil-4-metilazuleno-1-il)metil estearato, um composto orgânico conhecido como [[azuleno]]. É exclusivo para esta espécie, mas semelhante a uma substância encontrada no ''[[Lactarius deliciosus|L. deliciosus]]''.<ref>{{citar periódico |autor=Harmon AD, Weisgraber KH, Weiss U. |ano=1979 |titulo=Preformed azulene pigments of ''Lactarius indigo'' (Schw.) Fries (Russulaceae, Basidiomycetes) |jornal=Cellular and Molecular Life Sciences |volume=36 |numero=1 |páginas=54–56|issn=1420-682X |doi=10.1007/BF02003967}}</ref>
A cor azul do ''L. indigo'' é dada pelo (7-isopropenil-4-metilazuleno-1-il)metil estearato, um composto orgânico conhecido como [[azuleno]]. É exclusivo desta espécie, mas semelhante a uma substância encontrada no ''[[Lactarius deliciosus|L. deliciosus]]''.<ref name=Harmon1979/>
{{limpar}}


== Distribuição, habitat e ecologia ==
== Distribuição, habitat e ecologia ==
[[Ficheiro:Lactarius indigo, Guatemala.jpg|miniaturadaimagem|Dois espécimes numa floresta da Guatemala.]]
''Lactarius indigo'' está distribuído em todo o sul e leste da [[América do Norte]], mas é mais comum ao longo da costa do Golfo e no [[México]]. Sua freqüência de aparecimento nos Apalaches dos [[Estados Unidos]] tem sido descrito como "ocasionais a localmente comum". O micologista [[David Arora]] observa que nos Estados Unidos, a espécie é encontrada com o pinho ponderosa no [[Arizona]], mas está ausente nas florestas de pinheiros ponderosa da [[Califórnia]]. Também tem sido recolhidos da China, na [[Índia]], [[Guatemala]] e [[Costa Rica]] (em florestas dominadas por carvalho). Na Europa, até agora só foram encontrados no sul da França. Um estudo sobre o aparecimento sazonal de corpos de frutificação na floresta subtropical de Xalapa, México, confirmou que a produção máxima coincide com a estação chuvosa, entre os meses de junho e setembro.
''Lactarius indigo'' está distribuído em todo o sul e leste da [[América do Norte]], mas é mais comum ao longo da [[Costa do Golfo dos Estados Unidos]], [[México]] e [[Guatemala]]. Sua frequência de aparecimento nos [[Apalaches]] é descrita como "ocasional a localmente comum".<ref name=Roody2003/> O micologista [[David Arora]] ressalta que a espécie é encontrada associada ao pinheiro ''[[Pinus ponderosa]]'' no estado do [[Arizona]], mas está ausente nas florestas desse tipo de árvore na [[Califórnia]].<ref name=Arora1986p35/> O cogumelo também foi coletado na [[China]],<ref name=Wang2000/> [[Índia]],<ref name=Sharma2002/><ref name=Upadhyay2004/> [[Guatemala]] e [[Costa Rica]] (em florestas dominadas por [[carvalho]]s).<ref name=Morales2002/><ref name=Mueller2006/> Na [[Europa]], até agora só foram encontrados no sul da França.<ref name=Marcel1988/> Um estudo sobre o aparecimento sazonal de corpos de frutificação na floresta subtropical de [[Xalapa]], no México, confirmou que a produção máxima coincide com a estação chuvosa, entre os meses de junho e setembro.<ref name=Chacon1995/>


''Lactarius indigo'' é um fungo [[micorrízico]], e, como tal, estabelece uma relação mutualística com as raízes de certas árvores ("hosts"), na qual os fungos trocam minerais e aminoácidos extraídos do solo com o carbono fixado a partir do vegetal. As hifas subterrâneas do fungo crescem com uma bainha de tecido ao redor das radículas de uma ampla gama de espécies de árvores, formando os chamados ectomicorrizas, uma associação íntima, que é especialmente benéfica ao hospedeiro, como o fungo produz enzimas que mineralizam compostos orgânicos e facilitam a transferência de nutrientes para a árvore.
Ecologicamente, é um fungo [[micorrízico]], assim como todas as espécies do gênero ''[[Lactarius]]''. O cogumelo estabelece portanto uma [[Simbiose|associação simbiótica]] mutuamente benéfica com várias espécies de [[Plantae|plantas]]. As [[hifa]]s subterrâneas do fungo crescem com uma bainha de tecido ao redor das radículas de alguns tipos de árvores, formando as chamadas ectomicorrizas, uma associação íntima que garante ao cogumelo compostos orgânicos importantes para a sua sobrevivência oriundos da [[fotossíntese]] do vegetal. Em troca, o vegetal é beneficiado por um aumento da absorção de água e outras substâncias, pois o fungo produz enzimas que mineralizam compostos orgânicos e facilitam a transferência de nutrientes para a árvore.<ref name=Nasholm1998/>


Refletindo suas relações estreitas com as árvores, os [[corpos frutíferos]] do ''L. indigo'' são normalmente encontrados crescendo no solo, espalhados ou em grupos, em ambas as florestas decíduas e de coníferas. Eles também são comumente encontrados em áreas de várzea que foram recentemente submersas. No México, as associações têm sido observadas com ''[[Alnus jorullensis]]'', ''[[Carpinus caroliniana]]'', ''[[Ostrya virginiana]]'' e ''[[Liquidambar macrophylla]]'', enquanto que na Guatemala o cogumelo se associa com com ''[[Pinus pseudostrobus]]'' e outras espécies de pinheiros e carvalhos. Na Costa Rica, as formas das espécies associações com vários carvalhos nativos dp gênero ''[[Quercus]]''. Sob condições controladas de laboratório, ''L. indigo'' mostrou-se capaz de formar associações ectomicorrízicas com as espécies de pinheiros neotropicais ''[[Pinus ayacahuite]]'', ''[[Pinus hartwegii]]'', ''[[Pinus oocarpa]]'', ''[[Pinus pseudostrobus]]'', e também com a pinheiros da Eurásia como ''[[Pinus halepensis]]'', [[pinheiro-larício]], [[pinheiro-bravo]] e ''[[Pinus sylvestris]]''.
Como reflexo de sua estreita relação com as árvores, os [[corpos frutíferos]] do ''L. indigo'' são normalmente encontrados crescendo sobre o solo, espalhados ou em grupos, tanto em florestas de [[Caducifólia|decíduas]] como de [[conífera]]s.<ref name= Healy2008/> Eles também são comumente vistos em áreas de planícies que foram recentemente [[Planície de inundação|inundadas]].<ref name=Metzler1992/> No México, constatou-se que o cogumelo se associa com árvores da família das [[Betulaceae|Betuláceas]] tais como ''[[Alnus jorullensis]]'', ''[[Carpinus caroliniana]]'', ''[[Ostrya virginiana]]'' e ''[[Liquidambar macrophylla]]'',<ref name=Montoya1996/> enquanto que na Guatemala está relacionado com ''[[Pinus pseudostrobus]]'' e outras espécies de pinheiros e carvalhos.<ref name=Morales2002/> Na [[Costa Rica]], a espécie se associa com vários carvalhos nativos do gênero ''[[Quercus]]''.<ref name="urlHalling"/> Sob condições controladas de laboratório, ''L. indigo'' mostrou-se capaz de formar associações ectomicorrízicas com as espécies de pinheiros [[Região neotropical|neotropicais]] ''[[Pinus ayacahuite]]'', ''[[Pinus hartwegii|P. hartwegii]]'', ''[[Pinus oocarpa|P. oocarpa]]'', ''[[Pinus pseudostrobus|P. pseudostrobus]]'',<ref name=Flores2005/> e também com alguns pinheiros da Eurásia a exemplo do [[pinheiro-de-alepo]], [[pinheiro-larício]], [[pinheiro-bravo]] e [[pinheiro-da-escócia]].<ref name=Diaz2007/>


== {{Ver também}} ==
== Ver também ==
* [[Anexo:Lista de espécies de Lactarius|Lista de espécies de ''Lactarius'']]
* [[Lista de espécies de Lactarius|Lista de espécies de ''Lactarius'']]


== Notas ==
{{Referências|refs=
<references group="nota" />

{{Referências|col=2|refs=


<ref name=Abel1993>{{citar livro |autor=Abel D, Horn B, Kay R. |titulo=A Guide to Kansas Mushrooms |editora=University Press of Kansas |local=Lawrence, Kansas |ano=1993 |páginas=63 |isbn=0-7006-0571-1}}</ref>
<ref name=Abel1993>{{citar livro |autor=Abel D, Horn B, Kay R. |titulo=A Guide to Kansas Mushrooms |editora=University Press of Kansas |local=Lawrence, Kansas |ano=1993 |páginas=63 |isbn=0-7006-0571-1}}</ref>

<ref name=Arora1986p35>{{Harvnb|Arora|1986|p=35}}</ref>

<ref name=Arora1986p69>{{Harvnb|Arora|1986|p=69}}</ref>


<ref name=Arora1991>{{citar livro |autor=Arora D. |titulo=All that the Rain Promises and More: A Hip Pocket Guide to Western Mushrooms |editora=Ten Speed Press |local=Berkeley, Califórnia |ano=1991 |páginas=18 |isbn=0-89815-388-3 |url=http://books.google.com/books?id=87ct90d4B9gC&pg=PA18}}</ref>
<ref name=Arora1991>{{citar livro |autor=Arora D. |titulo=All that the Rain Promises and More: A Hip Pocket Guide to Western Mushrooms |editora=Ten Speed Press |local=Berkeley, Califórnia |ano=1991 |páginas=18 |isbn=0-89815-388-3 |url=http://books.google.com/books?id=87ct90d4B9gC&pg=PA18}}</ref>
Linha 80: Linha 108:
<ref name=Flores2005>{{citar periódico |autor=Flores R, Díaz G, Honrubia M. |ano=2005 |titulo=Mycorrhizal synthesis of ''Lactarius indigo'' (Schw.) Fr. with five Neotropical pine species |jornal=Mycorrhiza |volume=15 |numero=8 |páginas=563–70 |pmid=16133250 |doi=10.1007/s00572-005-0004-y}}</ref>
<ref name=Flores2005>{{citar periódico |autor=Flores R, Díaz G, Honrubia M. |ano=2005 |titulo=Mycorrhizal synthesis of ''Lactarius indigo'' (Schw.) Fr. with five Neotropical pine species |jornal=Mycorrhiza |volume=15 |numero=8 |páginas=563–70 |pmid=16133250 |doi=10.1007/s00572-005-0004-y}}</ref>


<ref name=Fries1836>{{citar livro |autor=Fries EM. |ano=1836–38 |titulo=Epicrisis Systematis Mycologici |editora=Typographia Academica |local=Uppsala, Suécia |páginas=341 |língua=latim |url=http://books.google.com/books?id=sLQTAAAAQAAJ&pg=RA1-PA341}}</ref>
<ref name=Fries1836>{{citar livro |autor=Fries EM. |ano=1836–1838 |titulo=Epicrisis Systematis Mycologici |editora=Typographia Academica |local=Uppsala, Suécia |páginas=341 |língua=latim |url=http://books.google.com/books?id=sLQTAAAAQAAJ&pg=RA1-PA341}}</ref>


<ref name=Hall2003>{{citar livro |autor=Hall IR. |titulo=Edible and Poisonous Mushrooms of the World |editora=Timber Press |local=Portland, Oregon |ano=2003 |páginas=153 |isbn=0-88192-586-1}}</ref>
<ref name=Hall2003>{{citar livro |autor=Hall IR. |titulo=Edible and Poisonous Mushrooms of the World |editora=Timber Press |local=Portland, Oregon |ano=2003 |páginas=153 |isbn=0-88192-586-1}}</ref>
Linha 88: Linha 116:
<ref name= Healy2008>{{citar livro |autor=Healy RA, Huffman DR, Tiffany LH, Knaphaus G. |titulo=Mushrooms and Other Fungi of the Midcontinental United States (Bur Oak Guide) |editora=University of Iowa Press |local=Iowa City, Iowa |ano=2008 |páginas=103 |isbn=1-58729-627-6 |url=http://books.google.com/books?id=tl2fVAHuej4C&pg=PA103}}</ref>
<ref name= Healy2008>{{citar livro |autor=Healy RA, Huffman DR, Tiffany LH, Knaphaus G. |titulo=Mushrooms and Other Fungi of the Midcontinental United States (Bur Oak Guide) |editora=University of Iowa Press |local=Iowa City, Iowa |ano=2008 |páginas=103 |isbn=1-58729-627-6 |url=http://books.google.com/books?id=tl2fVAHuej4C&pg=PA103}}</ref>


<ref name=Hesler1960>{{citar periódico |autor=Hesler LR, Smith AH. |ano=1960 |titulo=Studies on ''Lactarius''–I: The North American Species of Section ''Lactarius'' |jornal=Brittonia |volume=12 |numero=2 |páginas=119–39 |doi=10.2307/2805213 |jstor=2805213}}</ref>
<ref name=Hesler1960>{{citar periódico |autor=Hesler LR, Smith AH. |ano=1960 |titulo=Studies on Lactarius–I: The North American Species of Section Lactarius |jornal=Brittonia |volume=12 |numero=2 |páginas=119–39 |doi=10.2307/2805213 |jstor=2805213}}</ref>


<ref name=Kuntze1891>{{citar livro |autor=Kuntze O. |titulo=Revisio Generum Plantarum |ano=1891 |editora=A. Felix |local=Leipzig, Alemanha |páginas=857 |lingua=latim |url=http://biodiversitylibrary.org/page/4279}}</ref>
<ref name=Kuntze1891>{{citar livro |autor=Kuntze O. |titulo=Revisio Generum Plantarum |ano=1891 |editora=A. Felix |local=Leipzig, Alemanha |páginas=857 |lingua=latim |url=http://biodiversitylibrary.org/page/4279}}</ref>
Linha 94: Linha 122:
<ref name=LeonGuzman1997>{{citar periódico |autor=León-Guzmán MF, Silva I, López MG. |ano=1997 |titulo=Proximate chemical composition, free amino acid contents, and free fatty acid contents of some wild edible mushrooms from Querétaro, México |jornal=Journal of Agricultural and Food Chemistry |volume=45 |numero=11 |páginas=4329–32 |doi=10.1021/jf970640u}}</ref>
<ref name=LeonGuzman1997>{{citar periódico |autor=León-Guzmán MF, Silva I, López MG. |ano=1997 |titulo=Proximate chemical composition, free amino acid contents, and free fatty acid contents of some wild edible mushrooms from Querétaro, México |jornal=Journal of Agricultural and Food Chemistry |volume=45 |numero=11 |páginas=4329–32 |doi=10.1021/jf970640u}}</ref>


<ref name=Marcel1988>{{citar livro |autor=Marcel B. |titulo=Pareys Buch der Pilze |lingua3=de |editora=Paul Parey |local=Hamburg & Berlin, Alemanha |ano=1988 |páginas=80 |isbn=3-490-19818-2}}</ref>
<ref name=Marcel1988>{{citar livro |autor=Marcel B. |titulo=Pareys Buch der Pilze |língua=de |editora=Paul Parey |local=Hamburg & Berlin, Alemanha |ano=1988 |páginas=80 |isbn=3-490-19818-2}}</ref>


<ref name=McKnight1987>{{citar livro |autor=McKnight VB, McKnight KH. |titulo=A Field Guide to Mushrooms, North America |editora=Houghton Mifflin |local=Boston, Massachusetts |ano=1987 |páginas=41 |isbn=0-395-91090-0 |url=http://books.google.com/books?id=kSdA3V7Z9WcC&pg=RA1-PA192}}</ref>
<ref name=McKnight1987>{{citar livro |autor=McKnight VB, McKnight KH. |titulo=A Field Guide to Mushrooms, North America |editora=Houghton Mifflin |local=Boston, Massachusetts |ano=1987 |páginas=41 |isbn=0-395-91090-0 |url=http://books.google.com/books?id=kSdA3V7Z9WcC&pg=RA1-PA192}}</ref>
Linha 102: Linha 130:
<ref name=Miller2006>{{citar livro |autor=Miller HR, Miller OK. |titulo=North American Mushrooms: A Field Guide to Edible and Inedible Fungi |editora=Falcon Guide |local=Guilford, Connecticut |ano=2006 |páginas=87 |isbn=0-7627-3109-5 |url=http://books.google.com/books?id=zjvXkLpqsEgC&pg=PA87}}</ref>
<ref name=Miller2006>{{citar livro |autor=Miller HR, Miller OK. |titulo=North American Mushrooms: A Field Guide to Edible and Inedible Fungi |editora=Falcon Guide |local=Guilford, Connecticut |ano=2006 |páginas=87 |isbn=0-7627-3109-5 |url=http://books.google.com/books?id=zjvXkLpqsEgC&pg=PA87}}</ref>


<ref name=Montoya1996>{{citar periódico |autor=Montoya L, Bandala VM. |ano=1996 |titulo=Additional new records on ''Lactarius'' from Mexico |jornal=Mycotaxon |volume=57 |páginas=425–50 |url=http://www.cybertruffle.org.uk/cyberliber/59575/0057/0425.htm}}</ref>
<ref name=Montoya1996>{{citar periódico |autor=Montoya L, Bandala VM. |ano=1996 |titulo=Additional new records on ''Lactarius'' from Mexico |jornal=Mycotaxon |volume=57 |páginas=425–50 |url=http://www.cybertruffle.org.uk/cyberliber/59575/0057/0445.htm}}</ref>


<ref name=Morales2002>{{citar periódico |autor=Morales O, Flores R, Samayoa B, Bran MC. |ano= 2002 |titulo=Estudio Etnomicológico de la cabecera municipal de Tecpán Guatemala, Chimaltenango |jornal=USAC-IIQB Revista Científica Guatemala |volume=15 |páginas=10–20 |issn=1534-2581 |lingua3=es }}</ref>
<ref name=Morales2002>{{citar periódico |autor=Morales O, Flores R, Samayoa B, Bran MC. |ano= 2002 |titulo=Estudio Etnomicológico de la cabecera municipal de Tecpán Guatemala, Chimaltenango |jornal=USAC-IIQB Revista Científica Guatemala |volume=15 |páginas=10–20 |issn=1534-2581 |língua=es }}</ref>


<ref name=Mueller2006>{{citar livro |autor=Mueller GM, Halling RE, Carranza J, Mata M, Schmit JP. |editor=Kappelle M |capítulo=Saphrotrophic and ectomycorrhizal macrofungi of Costa Rican oak forests |titulo=Ecology and Conservation of Neotropical Montane Oak Forests |editora=Springer |local=Berlin; Nova Iorque |ano=2006 |páginas=62 |isbn=978-3-540-28908-1 |url=http://books.google.com/books?id=cAmOc428H30C&pg=PA62}}</ref>
<ref name=Mueller2006>{{citar livro |autor=Mueller GM, Halling RE, Carranza J, Mata M, Schmit JP. |editor=Kappelle M |capítulo=Saphrotrophic and ectomycorrhizal macrofungi of Costa Rican oak forests |titulo=Ecology and Conservation of Neotropical Montane Oak Forests |editora=Springer |local=Berlin; Nova Iorque |ano=2006 |páginas=62 |isbn=978-3-540-28908-1 |url=http://books.google.com/books?id=cAmOc428H30C&pg=PA62}}</ref>


<ref name=MushroomExpert>{{citar web |url=http://www.mushroomexpert.com/lactarius_indigo.html |titulo=''Lactarius indigo'' |publicado=MushroomExpert.Com |autor=Kuo M. |ano=março de 2011 |acessodata=13/12/2011 }}</ref>
<ref name=expert>{{citar web |url=http://www.mushroomexpert.com/lactarius_indigo.html |titulo=''Lactarius indigo'' |publicado=MushroomExpert.Com |autor=Kuo M. |data=março de 2011 |acessodata=13-12-2011 }}</ref>


<ref name=Nasholm1998>{{citar periódico |autor=Näsholm T, Ekblad A, Nordin A, Giesler R, Högberg M, Högberg P. |ano=1998 |titulo=Boreal forest plants take up organic nitrogen |jornal=[[Nature (journal)|Nature]] |volume=392 |numero=6679 |páginas=914–6 |doi=10.1038/31921}}</ref>
<ref name=Nasholm1998>{{citar periódico |autor=Näsholm T, Ekblad A, Nordin A, Giesler R, Högberg M, Högberg P. |ano=1998 |titulo=Boreal forest plants take up organic nitrogen |jornal=[[Nature (journal)|Nature]] |volume=392 |numero=6679 |páginas=914–6 |doi=10.1038/31921}}</ref>
Linha 120: Linha 148:
<ref name=Sharma2002>{{citar periódico |autor=Sharma JR, Das K. |ano=2002 |titulo=New records of Russulaceae from India |jornal=Phytotaxonomy |volume=2 |páginas=11–15 |issn=0972-4206}}</ref>
<ref name=Sharma2002>{{citar periódico |autor=Sharma JR, Das K. |ano=2002 |titulo=New records of Russulaceae from India |jornal=Phytotaxonomy |volume=2 |páginas=11–15 |issn=0972-4206}}</ref>


<ref name=Sicard2005>{{citar livro |titulo=Connaître, cueillir et cuisiner: Les champignons sauvages du Québec |autor=Sicard M, Lamoureux Y. |ano=2005 |editora=Éditions Fides |local=Saint-Laurent, Québec |isbn=2-7621-2617-7 |url=http://books.google.com/books?id=NJ8164vllNIC&pg=PA252 |lingua3=fr}}</ref>
<ref name=Sicard2005>{{citar livro |titulo=Connaître, cueillir et cuisiner: Les champignons sauvages du Québec |autor=Sicard M, Lamoureux Y. |ano=2005 |editora=Éditions Fides |local=Saint-Laurent, Québec |isbn=2-7621-2617-7 |url=http://books.google.com/books?id=NJ8164vllNIC&pg=PA252 |língua=fr}}</ref>


<ref name=Stubbe2007>{{citar periódico |autor=Stubbe D, Verbeken A, Watling R. |ano=2007 |titulo=Blue-staining species of ''Lactarius'' subgenus ''Plinthogali'' in Malaysia |jornal=Belgian Journal of Botany |volume=140 |numero=2 |páginas=197–212 |issn=0778-4031}}</ref>
<ref name=Stubbe2007>{{citar periódico |autor=Stubbe D, Verbeken A, Watling R. |ano=2007 |titulo=Blue-staining species of ''Lactarius'' subgenus ''Plinthogali'' in Malaysia |jornal=Belgian Journal of Botany |volume=140 |numero=2 |páginas=197–212 |issn=0778-4031}}</ref>
Linha 126: Linha 154:
<ref name=Upadhyay2004>{{citar periódico |autor=Upadhyay RC, Kaur A. |ano=2004 |titulo=Taxonomic studies on light-spored agarics new to India |jornal=Mushroom Research |volume=13 |numero=1 |páginas=1–6}}</ref>
<ref name=Upadhyay2004>{{citar periódico |autor=Upadhyay RC, Kaur A. |ano=2004 |titulo=Taxonomic studies on light-spored agarics new to India |jornal=Mushroom Research |volume=13 |numero=1 |páginas=1–6}}</ref>


<ref name="urlFoTM">{{citar web |autor=Volk T. |url=http://botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/june2000.html |ano=2000 |titulo=Tom Volk's Fungus of the Month for June 2000 |publicado=Department of Biology, University of Wisconsin-La Crosse |acessodata=13/12/2011 }}</ref>
<ref name="urlFoTM">{{citar web |autor=Volk T. |url=http://botit.botany.wisc.edu/toms_fungi/june2000.html |ano=2000 |titulo=Tom Volk's Fungus of the Month for June 2000 |publicado=Department of Biology, University of Wisconsin-La Crosse |acessodata=13-12-2011 }}</ref>


<ref name="urlHalling">{{citar web |autor=Halling RE |titulo=''Lactarius indigo'' (Schw.) Fries |url=http://www.nybg.org/bsci/res/hall/indigo.html |date= |obra=Macrofungi of Costa Rica |publicado=The New York Botanical Garden |acessodata=24/09/2009 }}</ref>
<ref name="urlHalling">{{citar web |autor=Halling RE |titulo=''Lactarius indigo'' (Schw.) Fries |url=http://www.nybg.org/bsci/res/hall/indigo.html |data= |obra=Macrofungi of Costa Rica |publicado=The New York Botanical Garden |acessodata=24-09-2009 }}</ref>


<ref name="urlRussulalesNews">{{citar web |titulo=Russulales News Nomenclature: ''Lactarius indigo''|url=http://www.mtsn.tn.it/russulales-news/tx_card.asp?index=396 |date=2007 |work= |publicado=The Russulales News Team |acessodata=21/09/2009}}</ref>
<ref name="urlRussulalesNews">{{citar web |titulo=Russulales News Nomenclature: ''Lactarius indigo''|url=http://www2.muse.it/russulales-news/tx_card.asp?index=396 |data=2007 |publicacao= |publicado=The Russulales News Team |acessodata=21-09-2009}}</ref>


<ref name=Wang2000>{{citar periódico |autor=Wang X-H. |ano=2000 |titulo=A taxonomic study on some commercial species in the genus ''Lactarius'' (Agaricales) from Yunnan Province, China |jornal=Acta Botanica Yunnanica |volume=22 |numero=4 |páginas=419–27 |issn=0253-2700}}</ref>
<ref name=Wang2000>{{citar periódico |autor=Wang X-H. |ano=2000 |titulo=A taxonomic study on some commercial species in the genus ''Lactarius'' (Agaricales) from Yunnan Province, China |jornal=Acta Botanica Yunnanica |volume=22 |numero=4 |páginas=419–27 |issn=0253-2700}}</ref>
Linha 136: Linha 164:
<ref name=Watling1977>{{citar livro |autor=Watling R, Largent DL, Johnson DJ. |titulo=How to Identify Mushrooms to Genus III |editora=Mad River Press |local=Eureka, Califórnia |ano=1978 |páginas=71 |isbn=0-916422-09-7}}</ref>
<ref name=Watling1977>{{citar livro |autor=Watling R, Largent DL, Johnson DJ. |titulo=How to Identify Mushrooms to Genus III |editora=Mad River Press |local=Eureka, Califórnia |ano=1978 |páginas=71 |isbn=0-916422-09-7}}</ref>


<ref name=portalig>{{citar web|url=http://comida.ig.com.br/pelomundo/centro/4fd6328063a8bb36eb4185d5.html |título= Comida pelo Mundo - México |publicado=Portal Ig |acessodata=21-10-2011 |língua=pt}}</ref>

<ref name=elporvenir>{{citar web |url=http://elporvenir.mx/273-cocina/82643-hongo-azul-tradicion-ancestral |título=Hongo Azul: Tradición ancestral |data=01/10/2006 |publicado=El Porvenir |língua=es |acessodata=21-10-2011 }}{{Ligação inativa|maio de 2019 }}</ref>
}}
}}


== {{Ligações externas}} ==
== Bibliografia ==
{{Tradução/ref|en|Lactarius indigo|oldid=509279916}}
* {{Citar livro|url=http://books.google.com.br/books?id=86tM01VsFG0C |nome=D |sobrenome=Arora |autorlink=David Arora |título=Mushrooms Demystified |subtítulo=A Comprehensive Guide to the Fleshy Fungi |língua=en |edição=2ª |local=Berkeley |editora=Ten Speed Press |ano=1986 |páginas=959 |isbn=0898151694 |ref=harv}}
* {{Citar livro|url=http://quod.lib.umich.edu/cgi/t/text/text-idx?c=fung1tc;idno=AAC3719.0001.001 |nome=LR |sobrenome=Hesler |autorlink=Lexemuel Ray Hesler |coautor=[[Alexander H. Smith|Smith, AH]] |título=North American Species of Lactarius |língua=en |local=Ann Arbor |editora=University of Michigan Press |ano=1979 |páginas=841 |isbn=0472084402 |ref=harv}}

== Ligações externas ==
{{Commonscat|Lactarius indigo|''Lactarius indigo''}}
*{{IndexFungorum|220303}}
*{{IndexFungorum|220303}}
*[http://mushroomobserver.org/observer/observation_search?_js=on&_new=true&pattern=Lactarius+indigo Fotos] no ''[[Mushroom Observer]]''


{{controle de autoridade}}
{{esboço-fungo}}
{{Portal3|Biologia}}
{{Portal3|Biologia}}


{{título em itálico}}
[[Categoria:Lactarius|indigo]]
{{Artigo destacado}}


[[Categoria:Lactarius|indigo]]
{{Link FA|en}}
[[Categoria:Fungos comestíveis]]
{{Link FA|sl}}
[[Categoria:Fungos descritos em 1822]]

[[be:Lactarius indigo]]
[[bg:Lactarius indigo]]
[[de:Indigo-Reizker]]
[[en:Lactarius indigo]]
[[es:Lactarius indigo]]
[[et:Lactarius indigo]]
[[fa:لاکتاریوس ایندیگو]]
[[fr:Lactarius indigo]]
[[id:Lactarius indigo]]
[[it:Lactarius indigo]]
[[ja:ラクタリウス・インディゴ]]
[[ru:Млечник голубой]]
[[sl:Lactarius indigo]]
[[vi:Lactarius indigo]]
[[zh:藍綠乳菇]]

Edição atual tal como às 00h44min de 22 de janeiro de 2023

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLactarius indigo
Face inferior do chapéu de espécime jovem.
Face inferior do chapéu de espécime jovem.
Classificação científica
Reino: Fungi
Divisão: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Russulales
Família: Russulaceae
Género: Lactarius
Espécie: L. indigo
Nome binomial
Lactarius indigo
(Schwein.) Fr. (1838)
Sinónimos
Agaricus indigo Schwein. (1822)

Lactarius canadensis Winder (1871)[1]
Lactifluus indigo (Schwein.) Kuntze (1891)[2]

Lactarius indigo é um fungo da família de cogumelos Russulaceae. Pode ser facilmente distinguido dos outros integrantes do gênero devido a sua característica cor azul. A espécie forma corpos de frutificação cujo tronco mede até 6 cm de altura. O píleo, o "chapéu" do cogumelo, é inicialmente convexo e com as margens enroladas para baixo, mas quando o fungo amadurece ele adquire um formato semelhante a um funil. Pode atingir 15 cm de diâmetro e sua superfície, pegajosa ao toque, tem faixas concêntricas com diferentes tons de azul. A face inferior do chapéu apresenta as lamelas. Inicialmente azuis, com o passar do tempo ficam mais pálidas e manchadas de verde pelo látex que escorre quando são danificadas.

A espécie foi descrita pela primeira vez em 1822 por Lewis von Schweinitz. A princípio batizada de Agaricus indigo, teve seu nome modificado para o atual em 1838 pelo sueco Elias Magnus Fries, considerado o "pai da micologia". O epíteto específico "indigo" é derivado da palavra latina que significa "azul índigo", uma referência à cor predominante do cogumelo. Vários nomes populares do fungo também remetem a esta característica, a exemplo de blue milk mushroom em inglês, e hongo azul em espanhol. A cor lhe é conferida pela presença do pigmento azuleno.

L. indigo é um cogumelo comestível, mas devido à textura granular da carne e sabor um pouco amargo e picante, sua qualidade gastronômica é considerada por alguns especialistas como "medíocre". Ainda assim, é um dos fungos mais tradicionais utilizados na culinária mexicana. Fica melhor preparado quando o cogumelo é cortado em fatias finas, e espécimes com grandes quantidades de látex podem ser usados para dar cor a marinadas. A cor azul desaparece com o cozimento e o fungo se torna acinzentado.

Na natureza, pode ser encontrado em todo o sul e leste da América do Norte, mas é mais comum ao longo da Costa do Golfo dos Estados Unidos, México e Guatemala. Também já foi coletado na China, Índia e França. Tal como um típico fungo micorrízico, forma uma relação simbiótica com várias espécies de árvores, especialmente betuláceas e pinheiros. Os cogumelos crescem sobre o solo de florestas, espalhados ou em grupos. Também são comumente vistos em áreas de planícies inundadas.

Taxonomia e nomenclatura[editar | editar código-fonte]

A primeira descrição científica da espécie conhecida atualmente como Lactarius indigo foi feita pelo micologista norte-americano Lewis David von Schweinitz, numa publicação de 1822. Na época, o cogumelo recebeu o nome de Agaricus indigo.[3] O fungo foi posteriormente transferido para o gênero Lactarius, em 1838, pelo cientista sueco Elias Magnus Fries, formando assim a nomenclatura binominal aceita na atualidade.[4] O botânico alemão Otto Kuntze ainda viria a chamar a espécie de Lactifluus indigo no tratado Revisio Generum Plantarum de 1891, mas a mudança de nome sugerida não foi adotada por outros especialistas, sendo hoje considerado um sinônimo.[2]

Os norte-americanos Hesler e Smith, em seu estudo de 1960 sobre as espécies de Lactarius da América do Norte, definiram L. indigo como a espécie-tipo da subseção Caerulei, um grupo caracterizado por ter tronco, látex e chapéu azuis.[5] Em 1979, eles revisaram suas opiniões acerca da organização das subdivisões do gênero Lactarius, e decidiram classificar L. indigo no subgênero Lactarius, utilizando como critério a cor do látex e sua mudança de tonalidade observada após a exposição ao ar ambiente.[6] Eles explicaram que "o desenvolvimento gradual da pigmentação azul para violeta, como um processo de espécie a espécie, é um fenômeno interessante que merece um estudo mais aprofundado. O clímax é atingido em L. indigo, que é todo azul. L. chelidonium e sua variedade chelidonioides, L. paradoxus, e L. hemicyaneus podem ser considerados como estágios intermediários ao longo do processo que culminou com o L. indigo".[7][nota 1]

O epíteto específico "indigo" é derivado da palavra latina que significa "azul índigo".[8] Seus nomes populares em língua inglesa incluem indigo milk cap,[9] indigo Lactarius,[8] blue milk mushroom,[10] e blue Lactarius.[11] Na região central do México, é conhecido como añil, azul, hongo azul, zuin, e zuine; também é chamado de quexque (que significa "azul") nos estados de Veracruz e Puebla.[12]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O chapéu, que tem uma depressão no centro, pode ter faixas concêntricas com diferentes tons de azul.
As margens do chapéu de espécimes jovens são enroladas para dentro.

Como muitos outros cogumelos, Lactarius indigo se desenvolve a partir de um nódulo ou cabeça de alfinete que se forma dentro de um micélio, uma massa de células fúngicas filamentosas chamadas de hifas e que constituem a maior parte do organismo. Sob condições ambientais adequadas de temperatura, umidade e disponibilidade de nutrientes, as estruturas reprodutivas visíveis, os corpos frutíferos, são formados. O píleo ou "chapéu" do corpo frutífero, mede entre 5 e 15 cm de diâmetro, é inicialmente convexo e depois desenvolve uma depressão central; com o passar do tempo a região central se afunda ainda mais, assumindo quase que a forma de funil, com as bordas do chapéu voltadas para cima.[13] A margem do píleo é enrolada para dentro quando jovem, mas se desenrola e se eleva à medida que o fungo amadurece. A superfície do píleo é azul índigo quando fresco, mas depois se desbota e fica cinzento-prateado pálido ou azul, ocasionalmente com manchas esverdeadas. Muitas vezes possui zonas, com linhas concêntricas alternando tonalidades mais pálidas e mais escuras, e o chapéu pode ter manchas em azul escuro, especialmente na margem. Píleos jovens são pegajosos ao toque.[14]

A carne tem cor azul pálido, ficando lentamente esverdeada depois de exposta ao ar ambiente; seu sabor é suave a levemente acre. A carne do cogumelo inteiro é frágil, e o tronco se quebra se encurvado o suficiente.[15] O látex exsudado a partir do tecido lesado é azul índigo, e o tecido danificado fica manchado com um tom esverdeado; tal como a carne, o látex tem uma sabor suave.[8] Lactarius indigo é conhecido por não produzir látex em abundância, diferente do que acontece com muitas outras espécies de Lactarius,[16] e espécimes mais velhos podem ser demasiados secos por produzir uma quantidade mínima de substância leitosa.[17]

As lamelas do cogumelo variam de adnatas (diretamente ligadas ao tronco) a ligeiramente decorrentes (prolongando-se para baixo do comprimento da estipe), e estão dispostas bastante próximas umas das outras. Sua cor é azul índigo, ficando mais pálidas com o passar do tempo ou se manchando de verde quando danificadas. O tronco mede de 2 a 6 cm de altura por 1 a 2,5 cm de espessura, com o mesmo diâmetro em todo o seu comprimento ou às vezes mais estreito na base. Sua cor é azul índigo ao azul-prateado ou cinzento. O interior do tronco é sólido e firme inicialmente, mas desenvolve uma cavidade com a idade.[9] Assim como o píleo, o tronco do cogumelo jovem é pegajoso ou viscoso ao toque, mas logo torna-se seco.[18] Geralmente o tronco se liga ao chapéu na região central deste, embora essa junção possa também estar levemente deslocada lateralmente.[19] Os corpos de frutificação L. indigo não têm um odor distinguível.[20]

Quando danificado, o cogumelo libera um látex de cor azul.

Lactarius indigo var. diminutivus é uma variedade menor do cogumelo, com um diâmetro de chapéu entre 3 a 7 cm, e uma estipe mais baixa e mais fina, medindo 1,5 a 4 cm de comprimento e 0,3 a 1 cm de espessura.[21] É frequentemente encontrado no estado norte-americano da Virgínia.[20] Hesler e Smith foram os primeiros a descrever esta variedade, com base em espécimes coletados no condado de Brazoria, Texas. Eles descreveram seu habitat típico como "ao lado de um fosso lamacento sob gramíneas e ervas daninhas, [com] pinheiros nas proximidades".[22]

Características microscópicas[editar | editar código-fonte]

Quando vistos em massa, como numa impressão de esporos (técnica usada na identificação de fungos), os esporos aparecem de cor creme a amarela.[8][9] Ao microscópio óptico, os esporos são translúcidos (hialinos), elípticos ou quase esféricos, com verrugas amiloides, e têm dimensões de 7 a 9 por 5,5 a 7,5 micrometros (µm).[8] A microscopia eletrônica de varredura revela reticulações na superfície dos esporos.[12] O himênio é a camada de tecido do corpo de frutificação que produz os esporos, e é composto por hifas que se estendem para as lamelas e acabam como células terminais. Vários tipos de células podem ser observadas no himênio, e elas possuem características microscópicas que podem ser usadas ​​para ajudar a identificar o cogumelo ou diferenciar espécies nos casos em que os caracteres macroscópicos sejam ambíguos. Os basídios, as células portadoras de esporos, possuem quatro esporos cada e medem 37 a 45 µm de comprimento por 80 a 10 µm de largura no ponto mais largo.[23] Os cistídios são as células terminais das hifas do himênio que não produzem esporos, e sua função é ajudar na dispersão dos esporos, além de manter a umidade favorável ​​em torno dos esporos em desenvolvimento.[24] Os pleurocistídios são os cistídios encontrados na face de uma lamela, medem 40 a 56 por 6,4 a 8 µm, e têm aproximadamente a forma de fuso e um ápice constrito. Os queilocistídios, localizados na borda das lamelas, são abundantes e medem 40 a 45,6 por 5,6 a 7,2 µm.[12]

Espécies similares[editar | editar código-fonte]

A cor azul característica do corpo de frutificação e do látex faz com que esta espécie seja facilmente reconhecível. Mas outros cogumelos do gênero Lactarius também possuem, pelo menos em parte ou em algum momento do seu estágio de desenvolvimento, uma tonalidade azulada. A exemplo do L. paradoxus, um fungo encontrado no leste da América do Norte,[20] que possui um chapéu azul-acinzentado quando jovem, mas cujo látex e lamelas têm cor castanho-avermelhado ao roxo-marrom. L. chelidonium tem um chapéu amarelado a cinza-azulado e látex amarelado a marrom. A carne do píleo de L. quieticolor tem cor azul, mas no nível da base do tronco ela é laranja a vermelho-alaranjada.[9] Apesar dos especialistas acreditarem que a coloração azul de L. indigo seja extremamente rara no gênero Lactarius, em 2007, cinco novas espécies com carne ou látex azulados foram relatadas a partir de espécimes encontrados na parte peninsular da Malásia, incluindo L. cyanescens, L. lazulinus, L. mirabilis, e mais duas espécies ainda não nomeadas.[25]

Comestibilidade[editar | editar código-fonte]

Vários cogumelos coletados em Jalisco, México.

Embora o Lactarius indigo seja bastante conhecido como uma espécie de cogumelo comestível, as opiniões dos especialistas variam quanto a conveniência de seu consumo. Por exemplo, o micologista norte-americano David Arora o considera de excelente comestibilidade,[9] enquanto que um guia de campo sobre fungos do Kansas classifica a espécie como de qualidade gastronômica medíocre.[26] Tem textura grosseiramente granulada,[8][26] e o seu sabor é descrito como sendo um pouco amargo ou mesmo picante,[27][28] mas às vezes é referido simplesmente como "suave".[29] A carne, de consistência firme, fica melhor preparada cortando o cogumelo em fatias finas. A cor azul desaparece com o cozimento e o fungo torna-se acinzentado. Por causa da textura granular da sua carne, o cogumelo não se presta bem à secagem. Espécimes com grandes quantidades de látex podem ser usados para dar cor a marinadas.[30]

No México, cogumelos silvestres de L. indigo são colhidos para serem vendidos em feiras de produtos agrícolas, geralmente entre os meses de junho a novembro;[12] naquele país, é considerada uma espécie de "segunda classe" para consumo,[31] embora seja um dos fungos mais tradicionais utilizados na culinária mexicana.[32] O cogumelo também é vendido em mercados da Guatemala, de maio a outubro,[33] e é uma das treze espécies de Lactarius vendidas em mercados rurais na província de Yunnan, no sudoeste da China.[34]

Composição química[editar | editar código-fonte]

A molécula do pigmento azuleno possui uma porção (em destaque) que lhe confere a cor azul característica.

A análise química de espécimes coletados no México mostrou que L. indigo tem em sua composição 95,1% de água, 4,3 mg de lipídios por grama de cogumelo (mg/g) e 13,4 mg/g de proteínas. Há 18,7 mg/g de fibra dietética, quantidade muito maior em relação ao champignon, que contém 6,6 mg/g. Em comparação com outras três espécies de cogumelos comestíveis silvestres analisadas num mesmo estudo (Amanita rubescens, Boletus frostii e Ramaria flava), L. indigo apresentou o mais alto teor de ácidos graxos saturados, incluindo 32,1 mg/g de ácido esteárico; pouco mais da metade do teor total de ácidos graxos livres.[35]

A cor azul do L. indigo é dada pelo (7-isopropenil-4-metilazuleno-1-il)metil estearato, um composto orgânico conhecido como azuleno. É exclusivo desta espécie, mas semelhante a uma substância encontrada no L. deliciosus.[36]

Distribuição, habitat e ecologia[editar | editar código-fonte]

Dois espécimes numa floresta da Guatemala.

Lactarius indigo está distribuído em todo o sul e leste da América do Norte, mas é mais comum ao longo da Costa do Golfo dos Estados Unidos, México e Guatemala. Sua frequência de aparecimento nos Apalaches é descrita como "ocasional a localmente comum".[8] O micologista David Arora ressalta que a espécie é encontrada associada ao pinheiro Pinus ponderosa no estado do Arizona, mas está ausente nas florestas desse tipo de árvore na Califórnia.[37] O cogumelo também já foi coletado na China,[34] Índia,[38][39] Guatemala e Costa Rica (em florestas dominadas por carvalhos).[40][41] Na Europa, até agora só foram encontrados no sul da França.[42] Um estudo sobre o aparecimento sazonal de corpos de frutificação na floresta subtropical de Xalapa, no México, confirmou que a produção máxima coincide com a estação chuvosa, entre os meses de junho e setembro.[43]

Ecologicamente, é um fungo micorrízico, assim como todas as espécies do gênero Lactarius. O cogumelo estabelece portanto uma associação simbiótica mutuamente benéfica com várias espécies de plantas. As hifas subterrâneas do fungo crescem com uma bainha de tecido ao redor das radículas de alguns tipos de árvores, formando as chamadas ectomicorrizas, uma associação íntima que garante ao cogumelo compostos orgânicos importantes para a sua sobrevivência oriundos da fotossíntese do vegetal. Em troca, o vegetal é beneficiado por um aumento da absorção de água e outras substâncias, pois o fungo produz enzimas que mineralizam compostos orgânicos e facilitam a transferência de nutrientes para a árvore.[44]

Como reflexo de sua estreita relação com as árvores, os corpos frutíferos do L. indigo são normalmente encontrados crescendo sobre o solo, espalhados ou em grupos, tanto em florestas de decíduas como de coníferas.[45] Eles também são comumente vistos em áreas de planícies que foram recentemente inundadas.[17] No México, constatou-se que o cogumelo se associa com árvores da família das Betuláceas tais como Alnus jorullensis, Carpinus caroliniana, Ostrya virginiana e Liquidambar macrophylla,[12] enquanto que na Guatemala está relacionado com Pinus pseudostrobus e outras espécies de pinheiros e carvalhos.[40] Na Costa Rica, a espécie se associa com vários carvalhos nativos do gênero Quercus.[46] Sob condições controladas de laboratório, L. indigo mostrou-se capaz de formar associações ectomicorrízicas com as espécies de pinheiros neotropicais Pinus ayacahuite, P. hartwegii, P. oocarpa, P. pseudostrobus,[33] e também com alguns pinheiros da Eurásia a exemplo do pinheiro-de-alepo, pinheiro-larício, pinheiro-bravo e pinheiro-da-escócia.[47]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]

  1. Tradução livre de: "The gradual development of blue to violet pigmentation as one progresses from species to species is an interesting phenomenon deserving further study. The climax is reached in L. indigo which is blue throughout. L. chelidonium and its variety chelidonioides, L. paradoxus, and L. hemicyaneus may be considered as mileposts along the road to L. indigo".

Referências

  1. «Russulales News Nomenclature: Lactarius indigo». The Russulales News Team. 2007. Consultado em 21 de setembro de 2009 
  2. a b Kuntze O. (1891). Revisio Generum Plantarum (em latim). Leipzig, Alemanha: A. Felix. 857 páginas 
  3. de Schweinitz LD. (1822). «Synopsis fungorum Carolinae superioris». Schriften der naturforschenden Gesellschaft in Leipzig (em latim). 1. 87 páginas 
  4. Fries EM. (1836–1838). Epicrisis Systematis Mycologici (em latim). Uppsala, Suécia: Typographia Academica. 341 páginas 
  5. Hesler LR, Smith AH. (1960). «Studies on Lactarius–I: The North American Species of Section Lactarius». Brittonia. 12 (2): 119–39. JSTOR 2805213. doi:10.2307/2805213 
  6. Hesler 1979, p. 66
  7. Hesler 1979, p. 7
  8. a b c d e f g Roody WC. (2003). Mushrooms of West Virginia and the Central Appalachians. Lexington, Kentucky: University Press of Kentucky. 93 páginas. ISBN 0-8131-9039-8 
  9. a b c d e Arora 1986, p. 69
  10. Russell B. (2006). Field Guide to Wild Mushrooms of Pennsylvania and the Mid-Atlantic. University Park, Pensilvânia: Pennsylvania State University Press. 78 páginas. ISBN 978-0-271-02891-0 
  11. Fergus CL. (2003). Common Edible and Poisonous Mushrooms of the Northeast. Mechanicsburg, Pensilvânia: Stackpole Books. 32 páginas. ISBN 978-0-8117-2641-2 
  12. a b c d e Montoya L, Bandala VM. (1996). «Additional new records on Lactarius from Mexico». Mycotaxon. 57: 425–50 
  13. Hesler 1979, p. 27
  14. Bessette A, Fischer DH. (1992). Edible Wild Mushrooms of North America: A Field-to-Kitchen Guide. Austin, Texas: University of Texas Press. 64 páginas. ISBN 0-292-72080-7 
  15. Arora D. (1991). All that the Rain Promises and More: A Hip Pocket Guide to Western Mushrooms. Berkeley, Califórnia: Ten Speed Press. 18 páginas. ISBN 0-89815-388-3 
  16. Volk T. (2000). «Tom Volk's Fungus of the Month for June 2000». Department of Biology, University of Wisconsin-La Crosse. Consultado em 13 de dezembro de 2011 
  17. a b Metzler V, Metzler S. (1992). Texas Mushrooms: A Field Guide. Austin, Texas: University of Texas Press. 115 páginas. ISBN 0-292-75125-7 
  18. Kuo M. (março de 2011). «Lactarius indigo». MushroomExpert.Com. Consultado em 13 de dezembro de 2011 
  19. Hesler 1979, p. 68-9
  20. a b c Miller HR, Miller OK. (2006). North American Mushrooms: A Field Guide to Edible and Inedible Fungi. Guilford, Connecticut: Falcon Guide. 87 páginas. ISBN 0-7627-3109-5 
  21. Bessette AE, Roody WC, Bessette AR. (2007). Mushrooms of the Southeastern United States. Syracuse, Nova Iorque: Syracuse University Press. 154 páginas. ISBN 978-0-8156-3112-5 
  22. Hesler 1979, p. 70
  23. Hesler 1979, p. 68
  24. Watling R, Largent DL, Johnson DJ. (1978). How to Identify Mushrooms to Genus III. Eureka, Califórnia: Mad River Press. 71 páginas. ISBN 0-916422-09-7 
  25. Stubbe D, Verbeken A, Watling R. (2007). «Blue-staining species of Lactarius subgenus Plinthogali in Malaysia». Belgian Journal of Botany. 140 (2): 197–212. ISSN 0778-4031 
  26. a b Abel D, Horn B, Kay R. (1993). A Guide to Kansas Mushrooms. Lawrence, Kansas: University Press of Kansas. 63 páginas. ISBN 0-7006-0571-1 
  27. Hall IR. (2003). Edible and Poisonous Mushrooms of the World. Portland, Oregon: Timber Press. 153 páginas. ISBN 0-88192-586-1 
  28. McKnight VB, McKnight KH. (1987). A Field Guide to Mushrooms, North America. Boston, Massachusetts: Houghton Mifflin. 41 páginas. ISBN 0-395-91090-0 
  29. «Hongo Azul: Tradición ancestral» (em espanhol). El Porvenir. 1 de outubro de 2006. Consultado em 21 de outubro de 2011 [ligação inativa]
  30. Sicard M, Lamoureux Y. (2005). Connaître, cueillir et cuisiner: Les champignons sauvages du Québec (em francês). Saint-Laurent, Québec: Éditions Fides. ISBN 2-7621-2617-7 
  31. Bandala VM, Montoya L, Chapela IH. (1997). «Wild Edible Mushrooms in Mexico: A Challenge and Opportunity for Sustainable Development». In: Palm ME, Chapela IH. Mycology in Sustainable Development: Expanding Concepts, Vanishing Borders. Boone, Carolina do Norte: Parkway Publishers. 62 páginas. ISBN 978-1-887905-01-5 
  32. «Comida pelo Mundo - México». Portal Ig. Consultado em 21 de outubro de 2011 
  33. a b Flores R, Díaz G, Honrubia M. (2005). «Mycorrhizal synthesis of Lactarius indigo (Schw.) Fr. with five Neotropical pine species». Mycorrhiza. 15 (8): 563–70. PMID 16133250. doi:10.1007/s00572-005-0004-y 
  34. a b Wang X-H. (2000). «A taxonomic study on some commercial species in the genus Lactarius (Agaricales) from Yunnan Province, China». Acta Botanica Yunnanica. 22 (4): 419–27. ISSN 0253-2700 
  35. León-Guzmán MF, Silva I, López MG. (1997). «Proximate chemical composition, free amino acid contents, and free fatty acid contents of some wild edible mushrooms from Querétaro, México». Journal of Agricultural and Food Chemistry. 45 (11): 4329–32. doi:10.1021/jf970640u 
  36. Harmon AD, Weisgraber KH, Weiss U. (1979). «Preformed azulene pigments of Lactarius indigo (Schw.) Fries (Russulaceae, Basidiomycetes)». Cellular and Molecular Life Sciences. 36 (1): 54–6. ISSN 1420-682X. doi:10.1007/BF02003967 
  37. Arora 1986, p. 35
  38. Sharma JR, Das K. (2002). «New records of Russulaceae from India». Phytotaxonomy. 2: 11–15. ISSN 0972-4206 
  39. Upadhyay RC, Kaur A. (2004). «Taxonomic studies on light-spored agarics new to India». Mushroom Research. 13 (1): 1–6 
  40. a b Morales O, Flores R, Samayoa B, Bran MC. (2002). «Estudio Etnomicológico de la cabecera municipal de Tecpán Guatemala, Chimaltenango». USAC-IIQB Revista Científica Guatemala (em espanhol). 15: 10–20. ISSN 1534-2581 
  41. Mueller GM, Halling RE, Carranza J, Mata M, Schmit JP. (2006). «Saphrotrophic and ectomycorrhizal macrofungi of Costa Rican oak forests». In: Kappelle M. Ecology and Conservation of Neotropical Montane Oak Forests. Berlin; Nova Iorque: Springer. 62 páginas. ISBN 978-3-540-28908-1 
  42. Marcel B. (1988). Pareys Buch der Pilze (em alemão). Hamburg & Berlin, Alemanha: Paul Parey. 80 páginas. ISBN 3-490-19818-2 
  43. Chacon S, Guzmán G. (1995). «Observations on the phenology of ten fungal species in the subtropical forests at Xalapa, Mexico». Mycological Research. 99 (1): 54–6. doi:10.1016/S0953-7562(09)80316-X 
  44. Näsholm T, Ekblad A, Nordin A, Giesler R, Högberg M, Högberg P. (1998). «Boreal forest plants take up organic nitrogen». Nature. 392 (6679): 914–6. doi:10.1038/31921 
  45. Healy RA, Huffman DR, Tiffany LH, Knaphaus G. (2008). Mushrooms and Other Fungi of the Midcontinental United States (Bur Oak Guide). Iowa City, Iowa: University of Iowa Press. 103 páginas. ISBN 1-58729-627-6 
  46. Halling RE. «Lactarius indigo (Schw.) Fries». Macrofungi of Costa Rica. The New York Botanical Garden. Consultado em 24 de setembro de 2009 
  47. Diaz G, Flores R, Honrubia M. (2007). «Lactarius indigo and L. deliciosus form mycorrhizae with Eurasian or Neotropical Pinus species». Sydowia. 59 (1): 32–45. ISSN 0082-0598 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Lactarius indigo