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Entrismo sui generis: diferenças entre revisões

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'''Entrismo sui generis''' é o nome dado a tática política defendida pelo dirigente da [[Quarta Internacional]] [[Michel Pablo]], e aprovada no Congresso Mundial de 1951, que nos anos seguintes desencadeou a maior crise da história da organização. Segundo ele a construção de partidos [[Trotskismo|trotskistas]] ligados à Internacional não estava mais na ordem do dia, pois os chamados [[Estados Operários]] burocratizados ([[URSS]] e [[Leste Europeu]]) e o [[stalinismo]], iriam "inevitavelmente" a uma guerra contra o [[imperialismo]] norte-americano, retomando assim o caráter revolucionário que haviam perdido a partir da política do "socialismo num só país".
'''Entrismo sui generis''' é a tática política defendida pelo dirigente da [[Quarta Internacional]] [[Michel Pablo]], e aprovada no Congresso Mundial de 1951, que nos anos seguintes desencadeou a maior crise da história da organização. Segundo ele, a construção de partidos [[Trotskismo|trotskistas]] ligados à Internacional não estava mais na ordem do dia, pois os chamados Estados operários burocratizados ([[URSS]] e [[Leste Europeu]]) e o [[stalinismo]] iriam "inevitavelmente" a uma guerra contra o [[imperialismo]] norte-americano, retomando assim o caráter revolucionário que haviam perdido a partir da política do "[[socialismo em um só país]]".


Num relatório de fevereiro de [[1952]], Pablo insiste sobre ''a evolução à esquerda'' do ''stalinismo e, inclusive, da [[burocracia]] stalinista; (…) a burocracia soviética é ela própria obrigada – nas novas condições – a esquerdizar a sua política, a fazer apelo às massas, a procurar apoiar-se nelas''. Pablo tira disso uma conclusão prática: os trotskistas devem entrar em massa nos [[Partido Comunista|partidos comunistas]], onde estes forem majoritários, e submeterem-se às direções destes partidos: “as 'astúcias' e as 'capitulações' são não somente admitidas como necessárias”. É o que Michel Pablo chama o ''entrismo sui generis'', que ele distingue evidentemente da táctica proposta por [[Trotsky]], em 1935 – o “entrismo” no [[Partido Socialista]] – o qual esboçava então um “passo à esquerda” depressa parado.
Num relatório de fevereiro de [[1952]], Pablo insiste sobre ''a evolução à esquerda'' do ''stalinismo e, inclusive, da [[burocracia]] stalinista; (…) a burocracia soviética é ela própria obrigada – nas novas condições – a esquerdizar a sua política, a fazer apelo às massas, a procurar apoiar-se nelas''. Pablo tira disso uma conclusão prática: os trotskistas devem entrar em massa nos [[Partido Comunista|partidos comunistas]], onde estes forem majoritários, e submeterem-se às direções destes partidos: “as 'astúcias' e as 'capitulações' são não somente admitidas como necessárias”. É o que Michel Pablo chama o ''entrismo sui generis'', que ele distingue evidentemente da táctica proposta por [[Trotsky]], em 1935 – o “entrismo” no [[Partido Socialista]] – o qual esboçava então um “passo à esquerda” depressa parado.


Várias de suas seções, entre elas a argentina ([[Partido Socialista de los Trabajadores|PST]], que depois tornar-se-ia o [[Movimiento al Socialismo (argentina)|MAS]]), a francesa [[Parti Comuniste Internationaliste|PCI]] e a norte-americana [[Partido Socialista dos Trabalhadores (EUA)|SWP]] (que depois romperia com o trotsquismo), negaram-se a adotar a política de Michel Pablo, que conduzia as seções da Internacional a se diluirem nos [[partido]]s [[comunista]]s ou movimentos nacionalistas dos diversos países. Ao final desse processo, Internacional se fragmentou em duas organizações, que se reunificaram majoritariamente 10 anos depois.
Várias de suas seções, entre elas a argentina ([[Partido Socialista dos Trabalhadores (Argentina)|PST]], que depois tornar-se-ia o [[Movimento Al Socialismo (Argentina)|MAS]]), a francesa [[Partido Comunista Internacionalista (França)|PCI]] e a norte-americana [[Partido Socialista dos Trabalhadores (EUA)|SWP]] (que depois romperia com o trotsquismo), negaram-se a adotar a política de Michel Pablo, que conduzia as seções da Internacional a se diluirem nos [[partido]]s [[comunista]]s ou movimentos nacionalistas dos diversos países. Ao final desse processo, Internacional se fragmentou em duas organizações, que se reunificaram majoritariamente 10 anos depois.


==Ligações Internas==
==Ver também==
* [[Trotskismo]]
* [[Trotskismo]]
* [[IV Internacional]]
* [[IV Internacional]]
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* [[Pierre Lambert]]
* [[Pierre Lambert]]
* [[Quarta Internacional (1993)]]
* [[Quarta Internacional (1993)]]
* [[Estados Operários]]
* [[Secretariado Unificado da IV Internacional]]
* [[Secretariado Unificado da IV Internacional]]


[[Categoria:Conceitos do trotskismo]]
[[Categoria:Conceitos do trotskismo]]
[[Categoria:Teorias trotskistas]]


[[ca:Entrismo]]

Edição atual tal como às 03h04min de 21 de fevereiro de 2022

Entrismo sui generis é a tática política defendida pelo dirigente da Quarta Internacional Michel Pablo, e aprovada no Congresso Mundial de 1951, que nos anos seguintes desencadeou a maior crise da história da organização. Segundo ele, a construção de partidos trotskistas ligados à Internacional não estava mais na ordem do dia, pois os chamados Estados operários burocratizados (URSS e Leste Europeu) e o stalinismo iriam "inevitavelmente" a uma guerra contra o imperialismo norte-americano, retomando assim o caráter revolucionário que haviam perdido a partir da política do "socialismo em um só país".

Num relatório de fevereiro de 1952, Pablo insiste sobre a evolução à esquerda do stalinismo e, inclusive, da burocracia stalinista; (…) a burocracia soviética é ela própria obrigada – nas novas condições – a esquerdizar a sua política, a fazer apelo às massas, a procurar apoiar-se nelas. Pablo tira disso uma conclusão prática: os trotskistas devem entrar em massa nos partidos comunistas, onde estes forem majoritários, e submeterem-se às direções destes partidos: “as 'astúcias' e as 'capitulações' são não somente admitidas como necessárias”. É o que Michel Pablo chama o entrismo sui generis, que ele distingue evidentemente da táctica proposta por Trotsky, em 1935 – o “entrismo” no Partido Socialista – o qual esboçava então um “passo à esquerda” depressa parado.

Várias de suas seções, entre elas a argentina (PST, que depois tornar-se-ia o MAS), a francesa PCI e a norte-americana SWP (que depois romperia com o trotsquismo), negaram-se a adotar a política de Michel Pablo, que conduzia as seções da Internacional a se diluirem nos partidos comunistas ou movimentos nacionalistas dos diversos países. Ao final desse processo, Internacional se fragmentou em duas organizações, que se reunificaram majoritariamente 10 anos depois.