Mostrar código-fonte de Câncer

{{Ver desambig2|redir=Cancro|Cancro (desambiguação)|Câncer (desambiguação)}}
{{Não confundir com|cancro duro|cancro mole}}
{{Info/Patologia
|Nome=Câncer
|Imagem      =Tumor Mesothelioma2 legend.jpg
|Legenda     =[[Tomografia computadorizada]] mostrando um [[mesotelioma]] maligno. 1 & 3, [[pulmões]], 2 [[espinha dorsal]], 4 [[costelas]], 5 [[aorta]], 6 [[baço]], 7 & 8 [[rins]] e 9 [[fígado]]
|DiseasesDB  =28843
|MedlinePlus =001289
|MeshName    =Cancer
|MeshNumber  =C04
}}
{{PBPE|Câncer|cancro}}, também conhecido como '''neoplasia maligna''' é um grupo de [[doença]]s que envolvem o [[crescimento celular]] anormal, com potencial para invadir e espalhar-se para outras partes do corpo, além do local original.<ref name=WHO2014/><ref name=NCI2014>{{citar web|título=Defining Cancer|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/cancerlibrary/what-is-cancer|website=National Cancer Institute|acessodata=10-6-2014}}</ref> Há mais de cem diferentes cânceres conhecidos que afetam os [[seres humanos]],<ref name=NCI2014/> mas nem todos os [[tumor]]es são cancerosos (malignos); [[tumores benignos]] não se espalham pelo corpo.<ref name="NCI2014" /> Sinais e sintomas possíveis incluem surgimento de uma massa cancerígena, sangramento anormal, tosse prolongada, perda de peso inexplicável, mudança nas funções intestinais, entre outros.<ref name="NHS2012">{{citar web|título=Cancer - Signs and symptoms|url=http://www.nhs.uk/Conditions/Cancer/Pages/Symptoms.aspx|website=NHS Choices|acessodata=10-6-2014}}</ref> Apesar de estes sintomas poderem indicar câncer, eles também podem ocorrer devido a outras doenças.<ref name="NHS2012" />

O uso do [[tabaco]] é a causa de cerca de 22% das mortes, evitáveis, por câncer.<ref name=WHO2014>{{citar web|título=Cancer  Fact sheet N°297|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/|website=World Health Organization|acessodata=10-6-2014|data=fevereiro de 2014}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.brasil.gov.br/saude/2014/08/cigarro-mata-mais-de-5-milhoes-de-pessoas-segundo-oms|titulo=Cigarro mata mais de 5 milhões de pessoas, segundo OMS|data=29-8-2014|acessodata=28-3-2016|publicado=Governo Federal do Brasil}}</ref> Outros 10% ocorrem devido à [[obesidade]], uma dieta pobre, [[Sedentarismo|falta de atividade física]] e consumo de [[Bebida alcoólica|bebidas alcoólicas]].<ref name=WHO2014/><ref>{{citar web|título=Obesity and Cancer Risk|url=http://www.cancer.gov/about-cancer/causes-prevention/risk/obesity/obesity-fact-sheet#q3|website=National Cancer Institute|acessodata=4-7-2015|data=3 de janeiro de 2012}}</ref> Entre outros, estão certos tipos de infecções, exposição à [[radiação ionizante]] e [[Poluição ambiental|poluentes ambientais]].<ref name=Enviro2008>{{citar periódico|autor=Anand P, Kunnumakkara AB, Kunnumakara AB, Sundaram C, Harikumar KB, Tharakan ST, Lai OS, Sung B, Aggarwal BB|título=Cancer is a preventable disease that requires major lifestyle changes|periódico=Pharm. Res.|volume=25|número=9|páginas=2097–116|data=setembro de 2008|pmid=18626751|pmc=2515569|doi=10.1007/s11095-008-9661-9}}</ref> No mundo [[Países em desenvolvimento|em desenvolvimento]], cerca de 20% dos cânceres surgem devido a infecções, tais como [[hepatite B]], [[hepatite C]] e [[vírus do papiloma humano]] (HPV).<ref name=WHO2014/> Estes fatores atuam, pelo menos parcialmente, na alteração dos [[gene]]s das [[célula]]s.<ref name=WCR2014Bio>{{citar livro|título=World Cancer Report 2014.|data=2014|publicado=World Health Organization|isbn=9283204298|páginas=Chapter 1.1}}</ref> Normalmente muitas dessas mudanças são necessárias para que o câncer se desenvolva.<ref name=WCR2014Bio/> Entre 5% e 10% dos cânceres surgem por conta de defeitos genéticos hereditários.<ref name="ACS-heredity">{{citar web|publicado=[[American Cancer Society]]|título=Heredity and Cancer|acessodata=22-7-2013|url=http://www.cancer.org/cancer/cancercauses/geneticsandcancer/heredity-and-cancer}}</ref> O câncer pode ser detectado através de certos sinais e sintomas ou por meio de testes de [[rastreio]].<ref name=WHO2014/> Em seguida, geralmente é feita a investigação por [[Imagiologia médica|imagens médicas]] e a confirmação pela [[biópsia]].<ref>{{citar web|título=How is cancer diagnosed?|url=http://www.cancer.org/treatment/understandingyourdiagnosis/examsandtestdescriptions/testingbiopsyandcytologyspecimensforcancer/testing-biopsy-and-cytology-specimens-for-cancer-how-is-cancer-diagnosed|website=American Cancer Society|data=29 de janeiro de 2013|acessodata=10-6-2014}}</ref> Os benefícios do rastreio do câncer de mama ainda são controversos,<ref name="WCR2014Scr" /><ref name="Got2013">{{citar periódico|autor=Gøtzsche PC, Jørgensen KJ|título=Screening for breast cancer with mammography.|periódico=The Cochrane database of systematic reviews|volume=6|páginas=CD001877|data=4-6-2013|pmid=23737396|doi=10.1002/14651858.CD001877.pub5}}</ref> mas a detecção precoce através de [[mamografia]] é útil para o [[câncer do colo do útero]] e [[Câncer colorretal|colorretal]].<ref name="WCR2014Scr">{{citar livro|título=World Cancer Report 2014.|data=2014|publicado=Organização Mundial da Saúde|isbn=9283204298|páginas=Chapter 4.7}}</ref>

Muitos cânceres podem ser evitados ao: manter um [[Índice de massa corporal|peso ideal]], comer muitos vegetais, [[fruta]]s e [[Cereal|grãos]] integrais, ser [[vacina]]do contra certas doenças infecciosas, não comer muita [[carne vermelha]] processada, evitar ingestão excessiva de álcool, de fumo e demasiada exposição à [[luz solar]].<ref name=Kushi2012>{{citar periódico|autor=Kushi LH, Doyle C, McCullough M|título=American Cancer Society Guidelines on nutrition and physical activity for cancer prevention: reducing the risk of cancer with healthy food choices and physical activity|periódico=CA Cancer J Clin|volume=62|número=1|páginas=30–67|ano=2012|pmid=22237782|doi=10.3322/caac.20140 |display-authors=etal}}</ref><ref>{{citar periódico|último1=Parkin|primeiro1=DM|último2=Boyd|primeiro2=L|último3=Walker|primeiro3=LC|título=16. The fraction of cancer attributable to lifestyle and environmental factors in the UK in 2010.|periódico=British Journal of Cancer|data=6-12-2011|volume=105 Suppl 2|páginas=S77-81|pmid=22158327|doi=10.1038/bjc.2011.489|pmc=3252065}}</ref> O câncer é frequentemente tratado através da combinação de [[radioterapia]], [[cirurgia]], [[quimioterapia]] e [[terapia dirigida]].<ref name=WHO2014/><ref>{{citar web|título=Targeted Cancer Therapies|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Therapy/targeted|website=NCI|acessodata=11-6-2014|data=25 de abril de 2014}}</ref> A gestão da dor e dos sintomas é uma parte importante do tratamento. Os cuidados paliativos são particularmente importantes para os doentes com cânceres em estágios avançados.<ref name=WHO2014/> A chance de sobrevivência depende do tipo de câncer e da extensão da doença no início do tratamento.<ref name="WCR2014Bio"/> Em crianças menores de quinze anos no momento do diagnóstico a taxa de sobrevivência de cinco anos no [[mundo desenvolvido]] é, em média, de 81%.<ref name=WCR2014Peads>{{citar livro|título=World Cancer Report 2014.|data=2014|publicado=World Health Organization|isbn=9283204298|páginas=Chapter 1.3}}</ref> Nos Estados Unidos a taxa média de sobrevivência de cinco anos é de 66%.<ref>{{citar web|título=SEER Stat Fact Sheets: All Cancer Sites|url=http://seer.cancer.gov/statfacts/html/all.html|website=National Cancer Institute|acessodata=18-6-2014}}</ref>

Em 2012, cerca de 14,1 milhões de novos casos de câncer ocorreram globalmente (excluindo casos de [[câncer de pele]] que não seja [[melanoma]]).<ref name="WCR2014Bio"/> A doença causou cerca de 8,2 milhões de mortes, ou 14,6% de todas as mortes humanas,<ref name="WCR2014Bio"/><ref>{{citar web|título=The top 10 causes of death  Fact sheet N°310|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs310/en/|website=WHO|acessodata=10-6-2014|data=maio de 2014}}</ref> além de um prejuízo anual de 2 trilhões de dólares na economia mundial (dados de 2015).<ref name="Impacto econômico"/><ref name="WCR2014Eco">{{citar livro|título=World Cancer Report 2014.|data=2014|publicado=World Health Organization|isbn=9283204298|páginas=Chapter 6.7}}</ref> Os tipos mais comuns de câncer nos homens são de [[Câncer de pulmão|pulmão]], [[Câncer de próstata|próstata]], [[Câncer colorretal|colorretal]] e de [[Câncer de estômago|estômago]]. Nas mulheres, os tipos mais comuns são o [[câncer de mama]], colorretal, de pulmão e [[câncer cervical|cervical]].<ref name="WCR2014Bio"/> Se o câncer de pele que não for melanoma for incluído no total de novos casos anuais, ele representará cerca de 40% dos registros da doença.<ref>{{citar periódico|último1=Dubas|primeiro1=LE|último2=Ingraffea|primeiro2=A|título=Nonmelanoma skin cancer.|periódico=Facial plastic surgery clinics of North America|data=fevereiro de 2013|volume=21|número=1|páginas=43–53|pmid=23369588|doi=10.1016/j.fsc.2012.10.003}}</ref><ref name=Cak2012>{{citar periódico|último1=Cakir|primeiro1=BÖ|último2=Adamson|primeiro2=P|último3=Cingi|primeiro3=C|título=Epidemiology and economic burden of nonmelanoma skin cancer.|periódico=Facial plastic surgery clinics of North America|data=novembro de 2012|volume=20|número=4|páginas=419–22|pmid=23084294|doi=10.1016/j.fsc.2012.07.004}}</ref> Em crianças, [[leucemia linfoide aguda]] e [[tumores cerebrais]] agudos são os mais comuns, exceto na [[África]], onde o [[linfoma não Hodgkin]] ocorre com mais frequência.<ref name=WCR2014Peads/> Em 2012, cerca de 165 mil crianças com menos de quinze anos de idade foram diagnosticadas com câncer. O risco de câncer aumenta significativamente com a idade e muitos cânceres ocorrem mais comumente em [[países desenvolvidos]] devido à mudança no [[estilo de vida]] e à chegada da terceira idade.<ref name="WCR2014Bio"/><ref>{{citar web|url=http://www.inca.gov.br/releases/press_release_view_arq.asp?ID=1607|titulo=Tratamento do câncer fica mais caro no Brasil e no mundo|data=27 de novembro de 2007|acessodata=29-3-2015|publicado=Agência INCA de Notícias}}</ref><ref name=Epi11>{{citar periódico|autor=Jemal A, Bray, F, Center, MM, Ferlay, J, Ward, E, Forman, D|título=Global cancer statistics|periódico=CA: a cancer journal for clinicians|volume=61|número=2|páginas=69–90|data=fevereiro de 2011|pmid=21296855|doi=10.3322/caac.20107}}</ref>

== Etimologia ==
Tanto a palavra "Câncer", em [[português brasileiro]], como "Cancro", em [[português europeu]], são oriundas do [[latim]] {{lang|La|''cancer''}}/''camcrum'', {{lang-pt|caranguejo}},<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.332</ref> em referência à proliferação de células cancerosas no organismo (metástase), que se espalham pelo corpo de forma semelhante às patas e pinças do caranguejo que irradiam do seu [[cefalotórax]].<ref>FERREIRA, A. B. H. ''Novo Dicionário da Língua Portuguesa''. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.333</ref>

== Evolução do Câncer ==

=== Biologia Evolutiva ===
Nas primeiras décadas a comunidade científica acreditava que a maioria das neoplasias apresentam heterogeneidade genética significativa. No caso, tumores sólidos não são geneticamente homogêneos, mas contêm células que apresentam diferentes ploidia e rearranjos cromossômicos estruturais, portanto nem todas as aberrações levam a um fenótipo viável. Mais tarde, Peter Nowell propôs os princípios que regem a evolução das populações de células cancerígenas. Segundo ele, os tumores se originam de uma célula única “normal”  a qual é exposta a mutação, proporcionando crescimento vantajoso sobre as células normais dentro do seu nicho, levando à expansão clonal. Estas células podem ser caracterizadas pela instabilidade genética e, ao longo do tempo, novas mutações acumuladas de forma gradual, geram populações subclonais parte eliminadas pela seleção natural e, apenas uma delas, se torna o subclone predominante<ref name=":1">{{Citar periódico |url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0753332220312087 |título=Cancer evolution: A means by which tumors evade treatment |data=2021-01 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Biomedicine & Pharmacotherapy |ultimo=Zhu |primeiro=Xiao |ultimo2=Li |primeiro2=Shi |paginas=111016 |lingua=en |doi=10.1016/j.biopha.2020.111016 |ultimo3=Xu |primeiro3=Bairui |ultimo4=Luo |primeiro4=Hui}}</ref>. 

Recapitulando fortemente os conceitos estabelecidos na evolução darwiniana linear, onde se sugere que os indivíduos reprodutivos adquirem alterações genéticas de uma forma sem propósito seguidas pela seleção natural da variante mais apta. Uma riqueza de evidências experimentais apoiam esta linha de pensamento, expondo que, ao longo do desenvolvimento tumoral, as células cancerígenas são, de fato, sujeitas a pressões seletivas capazes de moldar a sua trajetória evolutiva, dentro seu nicho de origem e na invasão de tecidos distantes. Com o advento das tecnologias de sequenciamento de próxima geração (NGS), estudos genômicos em larga escala e o desenvolvimento de tecnologias de sequenciação de ADN unicelular (scDNA-seq) demonstraram que a evolução das populações de células cancerígenas pode não seguir simplesmente a evolução darwiniana linear clássica. <ref name=":1" /> 

Assim, ao descobrir que o número de mutações encontradas podem ser detectadas em tumores primários ou de forma heterogênea entre lesões primárias e metastáticas e que os tumores podem conter mais do que um único clone predominante, foi possível a reconstrução de árvores de linhagem as quais descreveram a evolução clonal cancerígena, validando, assim, o desenvolvimento do câncer como um processo evolutivo. Portanto, estes apresentam heterogeneidade não genética significativa, muitas vezes referida como variabilidade fenotípica e variações drásticas em suas respostas a sinais ambientai nos subclones fenotipicamente distintos, mas geneticamente idênticos, desempenhando um papel fundamental na formação da trajetória evolutiva das populações de células cancerosas.<ref name=":1" /> 

==== Modelos de evolução tumoral ====
O câncer se origina em um habitat evoluído para permitir um funcionamento geral adequado de um organismo multicelular e, ao mesmo tempo, limitar a expansão clonal e a evolução somática, conseguida por múltiplos mecanismos, como senescência e diferenciação celular que limitam o número de descendentes de qualquer célula. Consequentemente, reduzem a chance de ocorrência e propagação de mutações somáticas. Embora apenas um pequeno número de mutações possa ser suficiente para promover o aparecimento do câncer, dados genómicos demonstram que muito mais genes, incluindo múltiplos genes condutores, podem sofrer mutações que podem ser clonais ou subclonais em relação às alterações que iniciam a doença e refletem processos evolutivos dentro de um tumor.<ref name=":2">{{Citar periódico |url=https://www.mdpi.com/2072-6694/13/6/1380 |título=Genetic and Non-Genetic Mechanisms Underlying Cancer Evolution |data=2021-03-18 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Cancers |número=6 |ultimo=Shlyakhtina |primeiro=Yelyzaveta |ultimo2=Moran |primeiro2=Katherine L. |paginas=1380 |lingua=en |doi=10.3390/cancers13061380 |issn=2072-6694 |ultimo3=Portal |primeiro3=Maximiliano M.}}</ref>

Há questões relativas à natureza uni ou multicelular das origens do câncer. Abordadas através da aplicação de um conceito de genética populacional de um “ancestral comum mais recente” à análise dos dados de sequenciamento do genoma completo multirregional e unicelular, a origem multicelular do câncer é predominante para cânceres causados pela exposição a mutagênicos exógenos (fumaça de cigarro, irradiação ultravioleta) ou mutações na linha germinativa, bem como para cânceres multifocais (câncer de fígado, próstata). Entretanto, estudos comprovaram que embora a maioria dos estudos mostram evidências de origem tumoral unicelular, alguns cânceres podem, de fato, em raras ocasiões, ser iniciados por mais do que uma célula mutada. <ref name=":2" />

A evolução do câncer possui uma variedade de teorias e modelos, como a evolução linear, ramificada ou convergente, paralela, neutra e pontuada. A evolução linear está associada à vantagem de sobrevivência de células individuais no câncer, cujo número será responsável por uma proporção cada vez maior deste no futuro, uma vez que outras células, eventualmente, desaparecem por não conseguirem resistir à pressão. A evolução dos ramos se deve à instabilidade do genoma do câncer, o qual, conforme o câncer progride, as mutações das células tumorais filhas estendem-se em ramos da geração anterior e, tendem a tornar-se cada vez mais numerosas. Na evolução convergente, os tumores, em distintos locais, exibem mutações semelhantes devido a ambientes externos semelhantes. A evolução paralela refere-se a diferentes populações de células mutadas do mesmo câncer que tendem a ser consistentes na direção evolutiva, devido à mesma pressão externa ou semelhante, podendo selecionar e transmitir diferentes subclones.<ref name=":2" />

Estes modelos são baseados nos darwinianos clássicos. Em oposição a estes, há a evolução neutra, também conhecido modelo "big bang". Esta evolução enfatiza que a sobrevivência das células mutadas depende do momento das mutações. Uma vez que a célula se torna cancerosa, as células tumorais descendentes crescem na mesma taxa, embora essas células tumorais descendentes tenham padrões de mutação diferentes. Além disso, para esta teoria, as mudanças fenotípicas durante a evolução do câncer, ou adaptação ao microambiente, são causadas pela plasticidade celular, não pela seleção clonal.<ref name=":2" />

Por fim, a teoria de "evolução pontuada", também conhecida como "equilíbrio descontínuo", proposta pela primeira vez por biólogos americanos, foi aplicada ao campo da evolução do câncer atualmente. Apesar de ter um processo evolutivo inicial semelhante à evolução neutra, sugere que, após a formação de uma espécie, a evolução permanece num estado de quase estagnação durante um longo período de tempo até à próxima evolução.  Muitos pesquisadores acreditam, hoje em dia, que os vários modelos evolutivos acima são passíveis de escolha para cada tumor específico, ou seja, que pode haver até mais de um modelo simultaneamente em um tumor.<ref name=":2" />

A partir destes modelos de evolução obtemos resultados sobre a evolução das resistências de medicamentos e imunoterápicos e suas aplicações de tratamento.<ref name=":2" />
[[Ficheiro:Captura de tela 2024-06-19 134529.png|miniaturadaimagem|402x402px|'''Imagem ilustrativa da progressão tumoral''']]

=== Progressão tumoral ===
O processo de formação do câncer, denominado carcinogênese ou oncogênese, ocorre lentamente através do acúmulo de mutações, que ao longo do tempo podem resultar na formação de células cancerígenas que proliferam-se dando origem a tumores. O desenvolvimento inicial do câncer ocorre em três estágios, o de iniciação, promoção e progressão do câncer, que estão intrinsecamente relacionados com processos evolutivos como a mutação e a seleção.<ref name=":3">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41588-020-0668-4 |título=Characterizing the ecological and evolutionary dynamics of cancer |data=2020-08 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Nature Genetics |número=8 |ultimo=Zahir |primeiro=Nastaran |ultimo2=Sun |primeiro2=Ruping |paginas=759–767 |lingua=en |doi=10.1038/s41588-020-0668-4 |issn=1061-4036 |ultimo3=Gallahan |primeiro3=Daniel |ultimo4=Gatenby |primeiro4=Robert A. |ultimo5=Curtis |primeiro5=Christina}}</ref>

A iniciação e a progressão de tumores são considerados processos evolutivos somáticos, impulsionados pelo acúmulo de mutações genéticas, entre as quais podem conferir vantagens de aptidão seletiva à célula hospedeira. <ref name=":3" /> Durante a fase de iniciação as células normais sofrem alterações que podem ser provenientes de diversos fatores intrínsecos como mutações genéticas  herdadas ou  erros  aleatórios  na  replicação  do  DNA, quanto extrínsecos, por exemplo, a exposição a agentes carcinógenos como radiação,   substâncias químicas ou infecções virais, que podem induzir danos e instabilidades genéticas. O desenvolvimento de tumores primários ocorre a partir do acúmulo gradual de mutações ao longo da vida, que podem ser pontuais e neutras ou mutações condutoras de vantagens<ref name=":3" />, sendo necessário uma série de modificações genéticas que irão progressivamente agir em genes relacionados aos mecanismos responsáveis por proliferação, diferenciação e morte celular<ref>{{Citar periódico |url=https://www.revistas.usp.br/revistadc/article/view/46269 |título=Câncer e o microambiente tumoral |data=2010-03-19 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Revista de Medicina |número=1 |ultimo=Onuchic |primeiro=Ana Cláudia |ultimo2=Chammas |primeiro2=Roger |paginas=21–31 |doi=10.11606/issn.1679-9836.v89i1p21-31 |issn=1679-9836}}</ref>. As mutações resultam em mudanças permanentes no DNA, atingindo principalmente os proto-oncogenes, genes que se mutados podem resultar em crescimento e divisão celular descontrolados, e em genes supressores de tumor, que inibem o crescimento celular descontrolado e promove a reparação do DNA e apoptose.<ref name=":4">{{Citar periódico |url=https://academic.oup.com/mbe/article/37/2/320/5603308 |título=Molecular Biology and Evolution of Cancer: From Discovery to Action |data=2020-02-01 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Molecular Biology and Evolution |número=2 |ultimo=Somarelli |primeiro=Jason A |ultimo2=Gardner |primeiro2=Heather |editor-sobrenome=von Haeseler |editor-nome=Arndt |paginas=320–326 |lingua=en |doi=10.1093/molbev/msz242 |issn=0737-4038 |ultimo3=Cannataro |primeiro3=Vincent L |ultimo4=Gunady |primeiro4=Ella F |ultimo5=Boddy |primeiro5=Amy M |ultimo6=Johnson |primeiro6=Norman A |ultimo7=Fisk |primeiro7=Jeffrey Nicholas |ultimo8=Gaffney |primeiro8=Stephen G |ultimo9=Chuang |primeiro9=Jeffrey H}}</ref>

Durante o estágio de promoção, as células geneticamente alteradas podem sofrer a ação dos oncogenes, ativados pelo acúmulo de mutações, que favorecem a transformação de células normais em cancerígenas, através do crescimento descontrolado de células mutadas.<ref name=":9">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41576-022-00553-x |título=Spatial biology of cancer evolution |data=2023-05 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Nature Reviews Genetics |número=5 |ultimo=Seferbekova |primeiro=Zaira |ultimo2=Lomakin |primeiro2=Artem |paginas=295–313 |lingua=en |doi=10.1038/s41576-022-00553-x |issn=1471-0056 |ultimo3=Yates |primeiro3=Lucy R. |ultimo4=Gerstung |primeiro4=Moritz}}</ref> No estágio de progressão tumoral o acúmulo de mutações é intensificado e as células mutadas, agora consideradas pré-cancerígenas, que apresentam vantagens adaptativas em relação às células normais, são selecionadas aumentando o número de subclones com características intensificadas. A seleção das células cancerígenas ocorre no interior dos tecidos do corpo, que evolutivamente adquiriram mecanismos para prevenir o crescimento descontrolado de células anormais, como as cancerígenas, e garantir o funcionamento eficiente do organismo através de propriedades fenotípicas, que se desreguladas podem induzir ou sustentar a malignidade das células cancerosas, levando ao desenvolvimento do câncer.<ref name=":5">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/nature10762 |título=Clonal evolution in cancer |data=2012-01 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Nature |número=7381 |ultimo=Greaves |primeiro=Mel |ultimo2=Maley |primeiro2=Carlo C. |paginas=306–313 |lingua=en |doi=10.1038/nature10762 |issn=0028-0836}}</ref> As propriedades fenotípicas podem ser adquiridas através de alterações mutacionais e epigenéticas, sendo as principais a auto-renovação celular, que consiste na capacidade das células se dividirem e renovarem indefinidamente, ocorrendo através da inibição dos genes supressores de tumor e ativação de proto-oncogenes que vão permitir o crescimento descontrolado e a sobrevivência das células anormais; e a estabilização dos telómeros que evita o envelhecimento celular e o encurtamento dos telômeros permitindo que a célula continue a replicar-se<ref name=":10">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.5821/dissertation-2117-96197 |título=Estudi de l'evolució i el tractament del càncer des d'una perspectiva de la biologia de sistemes |acessodata=2024-06-19 |ultimo=Serra Musach |primeiro=Jordi}}</ref>,  que permitem a proliferação, a angiogênese, e a migração celular e evitam a morte celular programada.<ref name=":4" />

A capacidade evolutiva das células tumorais podem ser influenciadas por diferentes fatores, como por exemplo, o microambiente existente dentro de um tumor, cujas características podem variar de acordo com a estrutura do tecido, alterações no fluxo sanguíneo, como a anteriormente citada angiogênese, que promove a criação de novos vasos sanguíneos para aumentar o fornecimento de oxigênio e nutrientes, cruciais para o desenvolvimento e crescimento do tumor, a sinalização celular, o metabolismo, as interações célula-estroma, e a resposta do hospedeiro.<ref name=":13">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41568-021-00336-2 |título=Genetic and non-genetic clonal diversity in cancer evolution |data=2021-06 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Nature Reviews Cancer |número=6 |ultimo=Black |primeiro=James R. M. |ultimo2=McGranahan |primeiro2=Nicholas |paginas=379–392 |lingua=en |doi=10.1038/s41568-021-00336-2 |issn=1474-175X}}</ref> Além das características existentes nos microambientes tumorais, as células cancerosas podem maximizar sua aptidão a partir da criação de estratégias adaptativas na construção de nichos que resultem em condições ambientais que favoreçam a neoplasia, e o surgimento de heranças evolutivas  e nichos permanentes. Conforme os clones e subclones se expandem, as células migram e invadem novos microambientes em diferentes tecidos e sofrem novas pressões seletivas que podem resultar no aumento da diversidade populacional das células cancerígenas, e no estabelecimento de novos tumores em novos locais.<ref name=":5" />

Os tumores são mosaicos de subclones formados por uma variedade de células com microanatomias e microambientes distintos, que sofrem influência direta das características fenotípicas das células cancerosas. Desta forma, durante seu processo de evolução, os tumores adquirem características que possuem vantagens seletivas através de alterações genéticas e epigenéticas, que podem resultar na inativação ou ativação de uma série de genes, fundamentais para a progressão de tumores primários em fenótipos mais agressivos, através da invasão e metástase de novos tecidos.<ref>{{Citar periódico |url=http://www.jcancer.org/v08p0761.htm |título=Role of tumor microenvironment in tumorigenesis |data=2017 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Journal of Cancer |número=5 |ultimo=Wang |primeiro=Maonan |ultimo2=Zhao |primeiro2=Jingzhou |paginas=761–773 |lingua=en |doi=10.7150/jca.17648 |issn=1837-9664 |ultimo3=Zhang |primeiro3=Lishen |ultimo4=Wei |primeiro4=Fang |ultimo5=Lian |primeiro5=Yu |ultimo6=Wu |primeiro6=Yingfeng |ultimo7=Gong |primeiro7=Zhaojian |ultimo8=Zhang |primeiro8=Shanshan |ultimo9=Zhou |primeiro9=Jianda}}</ref>

=== Metástase ===
A metástase é um evento multifásico, onde células se desprendem de um tumor primário e, a partir do transporte pela corrente sanguínea ou vias linfáticas, invadem e se disseminam em sítios distantes (outros órgãos e tecidos). Com alta capacidade de mortalidade, a metástase é o que define o câncer como maligno, sendo responsável por cerca de 90% das mortes pela doença, já que ao se espalhar pode formar tumores secundários. Esse processo complexo ocorre em forma de cascata, contendo 6 fases: Angiogênese, Invasão tumoral, Intravasão, Transporte, Extravasão, Colonização.<ref name=":6">{{Citar periódico |url=http://gmga.com.br/01-analysis-of-purinic-alkaloids-by-xrd-and-molecular-modeling-methods/ |título=ANALYSIS OF PURINIC ALKALOIDS BY XRD AND MOLECULAR MODELING METHODS |data=2021-05-06 |acessodata=2024-06-19 |periódico=BOLETIM DO MUSEU DE GEOCIÊNCIAS DA AMAZÔNIA |número=1 |ultimo=Federal University of Pará (UFPA), Belém, Pará |ultimo2=Rego |primeiro2=José |paginas=1–8 |doi=10.31419/ISSN.2594-942X.v82021i1a1JARR |ultimo3=Cruz |primeiro3=Jorddy |ultimo4=Programa de Pós-Graduação em Química, Federal University of Pará (UFPA) |ultimo5=Costa |primeiro5=Marcondes |ultimo6=Instituto de Geociências, Universidade Federal do Pará, Belém-PA, Brazil |ultimo7=Alves |primeiro7=Fabrine |ultimo8=Programa de Pós-Graduação em Inovação Farmacêutica. Federal University of Pará (UFPA), Belém, Pará, Brazil |ultimo9=Medeiros |primeiro9=Isaque}}</ref>

==== 1. Angiogênese ====
No caso de tumores, é caracterizada pela neovascularização excessiva, na qual ocorre a formação de novos vasos sanguíneos na região ou no tumor, resultando na invasão do câncer no tecido local. <ref>{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.17765/1983-1870.2018v11n1p151-162 |título=INVESTIGAÇÃO DO SUPORTE SOCIAL E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM CÂNCER |data=2018-05-02 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Saúde e Pesquisa |número=1 |ultimo=Sette |primeiro=Catarina Possenti |ultimo2=Capitão |primeiro2=Cláudio Garcia |paginas=151 |doi=10.17765/1983-1870.2018v11n1p151-162 |issn=2176-9206}}</ref>

===== 2. Invasão Tumoral =====
Células cancerígenas primárias, com características epiteliais, se desprendem do tumor primário e se infiltram nos tecidos adjacentes por meio da quebra de barreiras dos tecidos, como, por exemplo, a membrana basal. A invasão tumoral envolve várias etapas:<ref name=":6" />

* '''Desregulação da Adesão Celular''': As células cancerígenas perdem a capacidade de aderir umas às outras e ao tecido circundante devido a alterações nas proteínas de adesão celular, como as caderinas (transição epitélio-mesenquimal: célula muda seu fenótipo para uma característica mesenquimal).<ref name=":7">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.17765/1983-1870.2018v11n1p151-162 |título=INVESTIGAÇÃO DO SUPORTE SOCIAL E QUALIDADE DE VIDA EM PACIENTES COM CÂNCER |data=2018-05-02 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Saúde e Pesquisa |número=1 |ultimo=Sette |primeiro=Catarina Possenti |ultimo2=Capitão |primeiro2=Cláudio Garcia |paginas=151 |doi=10.17765/1983-1870.2018v11n1p151-162 |issn=2176-9206}}</ref>
* '''Degradação da Matriz Extracelular''': As células cancerígenas produzem enzimas que degradam a matriz extracelular, facilitando a infiltração das células tumorais no tecido adjacente.<ref name=":7" />
* '''Movimentação e Invasão''': As células cancerígenas adquirem a capacidade de se mover, migrando através do tecido circundante e invadindo novas áreas.<ref name=":7" />

* '''Migração coletiva:''' célula da extremidade tem uma característica de mobilidade que consegue carregar o restante das células com ela.<ref name=":7" />
* '''Migração individual:''' ocorre de forma ameboide - dependendo das proteínas cnases - e mesenquimal - depende da metaloproteinase da integrina. <ref name=":7" />

===== 3. Intravasão =====
Consiste na entrada das células cancerígenas nos vasos sanguíneos ou linfáticos, permitindo a invasão do sistema circulatório.<ref name=":6" />

===== 4. Circulação/transporte =====
As células cancerígenas são transportadas pelo do sistema circulatório, podendo alcançar diferentes partes do corpo. Nesse momento, ocorre a expressão de outras moléculas de membrana - transição mesenquimal-epitelial - facilitando a interação dessa célula com as células epiteliais, além de atrair as plaquetas ao seu redor para esquivar-se do sistema imune. Adaptações evolutivas as permitem ser mais resistentes e não serem destruídas durante essa fase.<ref name=":8">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.11606/t.5.2020.tde-02072020-165020 |título=Impacto dos fatores histopatológicos no prognóstico das metástases hepáticas do câncer colorretal: revisão sistemática e metanálise |acessodata=2024-06-19 |ultimo=Oliveira |primeiro=Cássio Virgilio Cavalcante de}}</ref>

===== 5. Extravasão =====
Microcolônias de células cancerígenas saem dos vasos sanguíneos ou linfáticos e invadem novos tecidos, onde encontram uma resistência, o que pode gerar uma fase de dormência ou de proliferação, dependendo das condições do ambiente. Momento em que há a transformação mesênquima-epitelial (MET), garantindo sua adesão ao tecido secundário  <ref name=":7" />

===== 6. Colonização =====
Por fim, as células cancerígenas que sobrevivem no novo local se estabelecem e começam a crescer, formando um novo tumor, inicialmente no formato de micrometástases até as macrometástases - se estiverem em um microambiente favorável ao seu crescimento, junto ao processo de angiogênese.<ref name=":7" />

==== Teorias da metástase ====
'''“Semente e solo”:''' criada por Stephen Paget, ainda no século XIX, que propõe que as células metastáticas não são dispersas de maneira aleatória. Segundo ele, qualquer órgão pode receber uma “semente” (célula cancerígena), no entanto, nem toda semente germina em qualquer solo (órgão ou tecido), necessitando de um local compatível para que sua proliferação aconteça.<ref name=":6" />

'''James Ewing:''' diz que a distribuição da metástase ocorre por condições físicas e anatômicas, em que a célula cancerígena passaria por uma força mecânica e seria encaminhada para os órgãos de acordo com o fluxo sanguíneo <ref name=":6" />

==== Metástase e Evolução ====
A metástase é um processo que não apenas reflete a capacidade das células cancerígenas de migrar e colonizar novos ambientes, mas também revela a profunda relação entre os processos evolutivos e a progressão do câncer. Sabendo que células metastáticas são células que conseguiram sobreviver a múltiplas barreiras físicas e biológicas, é possível ver que elas acumularam uma vasta diversidade de alterações genéticas - mutações - ao longo do tempo para atingirem tal capacidade, permitindo que sejam altamente adaptáveis e resistentes. <ref name=":7" />

A compreensão da evolução dos tumores, iniciada nas décadas de 1970, revelou que dentro de um tumor coexistem subpopulações com variados graus de competência metastática. A heterogeneidade das células metastáticas dentro de um tumor e entre diferentes tumores é uma consequência direta da evolução das células cancerígenas, onde diferentes subpopulações adquirem características vantajosas para a sobrevivência e disseminação - fenômeno que reflete um paralelo com os processos evolutivos nas espécies, onde a seleção natural favorece características adaptativas que permitem a expansão e sobrevivência em novos ambientes. <ref name=":8" />

Da mesma forma, as células cancerígenas metastáticas enfrentam um desafio constante de adaptação aos microambientes diversos do corpo humano, desenvolvendo mecanismos para explorar e se estabelecer em novos tecidos. Contudo, sua diversidade genética não só proporciona uma vantagem evolutiva significativa, mas também complicações significativas no tratamento, já que a capacidade das células cancerígenas de evadir a detecção e resistir à terapia está diretamente ligada à sua habilidade de adaptação e à presença de subpopulações com diferentes perfis genéticos e funcionais.<ref name=":6" />

=== Evasão imunológica e resistência ao tratamento ===
De maneira geral, a evasão imunológica, mecanismos pelos quais células cancerosas conseguem evitar ser reconhecidas e destruídas pelo sistema imunológico do corpo, pode ser vista como um resultado da seleção natural dentro do ambiente tumoral. As células cancerosas apresentam mutações, alta diversidade genética e antigênica e capacidade de expressar moléculas de superfície semelhantes às células normais ou a proteínas do próprio sistema imunológico e secretar fatores imunossupressores que limitam a atividade de células imunes pró-inflamatórias e promovem a expansão de células supressoras. Estas características, junto ao microambiente tumoral, permite a evolução de variantes ou condições que suprimem ou modulam a atividade do sistema imunológico, impedindo o seu reconhecimento pelo sistema imunológico, facilitando assim a evasão.<ref name=":10" />

A evolução do câncer em relação a evasão imunológica é o processo no qual os tumores que já produzidos no corpo evoluem gradualmente sob a estimulação de medicamentos externos, ou, até mesmo, do próprio sistema imunológico, resultando em algumas características biológicas, mutações e variantes, ausentes originalmente, como resistência a medicamentos e adaptabilidade. A heterogeneidade tumoral, a adaptação e outros aspectos são características deste processo. A heterogeneidade do tumor, genes ou fenótipos das células tumorais em diferentes locais ou em diferentes locais do tumor não consistentes e, sua adaptação, geração de clones resistentes aos medicamentos, são grandes obstáculos ao tratamento do câncer hoje.<ref name=":14">{{Citar periódico |url=http://dx.doi.org/10.1016/b978-0-12-387688-1.00009-0 |título=Cancer Stem Cells in Tumor Heterogeneity |data=2011 |acessodata=2024-06-19 |publicado=Elsevier |ultimo=Pietras |primeiro=Alexander |paginas=255–281}}</ref>

==== 1. Heterogeneidade tumoral como razão evolutiva na evasão imunológica<ref name=":11">{{Citar periódico |url=https://rbc.inca.gov.br/revista/index.php/revista/article/view/1013 |título=Covid-19 e Câncer: Atualização de Aspectos Epidemiológicos |data=2020-05-14 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Revista Brasileira de Cancerologia |número=TemaAtual |ultimo=Dantas Ferreira |primeiro=Jeniffer |ultimo2=Da Silva de Lima |primeiro2=Fernanda Cristina |doi=10.32635/2176-9745.RBC.2020v66nTemaAtual.1013 |issn=2176-9745 |ultimo3=Pinto Oliveira |primeiro3=Julio Fernando |ultimo4=De Camargo Cancela |primeiro4=Marianna |ultimo5=De Oliveira Santos |primeiro5=Marceli}}</ref> ====
[[Ficheiro:Types of Tumor Heterogeneity.png|miniaturadaimagem|410x410px|'''Tipos de heterogeneidade de tumores''']]
No câncer, muitas células tumorais estão em constante divisão. A heterogeneidade tumoral está relacionada às variações entre tais células, no que diz respeito ao genótipo e fenótipo, incluindo a taxa de divisão, o nível de malignidade e a resposta a diferentes estímulos externos. A classificação da heterogeneidade pode ocorrer em diversos níveis: entre indivíduos distintos, entre tumores primários e metastáticos, e até mesmo entre células em diferentes regiões do mesmo tumor. Consequentemente, devido às especificidades de cada indivíduo, a mesma doença pode ser diferente em pacientes diferentes.  Dependendo das características, a heterogeneidade pode ser categorizada como temporal ou espacial, portanto, ocorre entre um tumor primário e o que metastatizou em outro lugar, ou entre células diferentes, mesmo em um tumor, respectivamente. <ref name=":1" />

A instabilidade genômica, Herança epigenética, DNA extracromossômico e microambiente são responsáveis por causar a heterogeneidade.<ref name=":1" /> A instabilidade genômica resulta em um aumento na probabilidade e taxa de mutações nas células tumorais, causando a produção de múltiplos subclones tumorais; em relação a herança epigenética, os intensificadores e promotores diversificam os produtos expressos, afetando a transcrição de genes celulares, fazendo as células exibirem heterogeneidade, ou seja, pode-se, efetivamente, estimar a heterogeneidade dos tumores; As células tumorais apresentam uma diversidade de ecDNA, contribuindo, grandemente, para a formação da heterogeneidade; por fim, o microambiente se correlaciona com a  teoria da evolução de Darwin, uma vez  que, quando o câncer metastatiza no corpo, as células que sobrevivem também apresentam mutações para se adaptarem ao ambiente devido ao diferente microambiente imunológico do câncer primário e metastático, proporcionando a criação da heterogeneidade tumoral.<ref name=":9" />

Nestes tumores há os clones, grupo de células tumorais com genótipos altamente semelhantes e, os subclone, diferenciação de várias células tumorais após algumas mutações. Em um tumor, o número de células está correlacionado com a malignidade do tumor, ou seja, sua invasão e metástase, ou seja, se houver apenas um subclone no tumor, a maioria dos pacientes têm um bom prognóstico. Por outro lado, se o número de subclones dentro do tumor for alto, é provável que o tumor metastático e o paciente tenha uma recaída após a recuperação. <ref name=":9" />

==== 2. Evolução e resistência a medicamentos ====
A partir dessa evolução obtemos a resistência aos medicamentos. Desde a descoberta a visão predominante era baseada na teoria evolutiva do mais apto de Darwin, a qual determina que células ou genes resistentes aos medicamentos existem antes do tratamento. Entretanto, atualmente, já se sabe que, na presença de concentrações letais de antibióticos, as bactérias retardam o seu crescimento e sobrevivem como remanescentes, consequentemente,  aumentando a probabilidade e a taxa de mutação genética <ref name=":12">{{Citar periódico |url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S1044579X1500019X |título=Immune evasion in cancer: Mechanistic basis and therapeutic strategies |data=2015-12 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Seminars in Cancer Biology |ultimo=Vinay |primeiro=Dass S. |ultimo2=Ryan |primeiro2=Elizabeth P. |paginas=S185–S198 |lingua=en |doi=10.1016/j.semcancer.2015.03.004 |ultimo3=Pawelec |primeiro3=Graham |ultimo4=Talib |primeiro4=Wamidh H. |ultimo5=Stagg |primeiro5=John |ultimo6=Elkord |primeiro6=Eyad |ultimo7=Lichtor |primeiro7=Terry |ultimo8=Decker |primeiro8=William K. |ultimo9=Whelan |primeiro9=Richard L.}}</ref>. Ou seja, sob pressão da seleção de antibióticos que se desenvolvem as mutações resistentes aos medicamentos. Ademais, a expressão gênica anormal e a plasticidade celular também podem explicar a resistência secundária a medicamentos de algumas células tumorais, além da introdução de medicamentos externos. Esta heterogeneidade tumoral causada por diferentes expressões genéticas torna-se mais diversificada, o que significa que a resposta das células tumorais ao medicamento é expressa na expressão proteica. Células resistentes aos medicamentos podem regular a expressão de genes resistentes aos medicamentos, reprogramando a transcrição e expressão dos genes. <ref name=":9" />
[[Ficheiro:Immunoediting.png|miniaturadaimagem|409x409px|'''Imunoedição do cancer''']]
Atualmente, a imunoedição e expressão de HLA são passos importantes na evolução da evasão imunológica e resistência a medicamentos do câncer. A imunoedição descreve um processo de três etapas no qual a seleção pelo sistema imunológico conduz a evolução do tumor em direção à evasão imunológica. Por meio do reconhecimento das células cancerígenas e montagem de uma resposta contra elas, fase de eliminação, os clones imuno resistentes, se surgissem antes da erradicação do tumor, através de mecanismos como instabilidade genômica ou plasticidade epigenética, poderiam ser suficientes para conduzir um tumor a uma fase de equilíbrio. Esta, a qual a morte imunomediada é proporcional à proliferação de células tumorais, tendo nenhum crescimento líquido do tumor ocorrendo. A morte de clones pode, então, selecionar clones imunes evasivos, levando ao escape e ao crescimento de um tumor imune evasivo.<ref name=":12" />
[[Ficheiro:Dois tipos de células "matadoras" de tumores.png|miniaturadaimagem|407x407px|'''Dois tipos de células "matadoras" de tumores''']]
A perda de expressão de HLA I resulta na incapacidade de infiltração de linfócitos. Com o desenvolvimento da seleção imunológica, o número de células negativas para HLA I no tumor aumentou gradualmente, permitindo que as células formem nódulos cancerígenos através do microambiente imunossupressor, impedindo a entrada de linfócitos. Assim, alguns tumores podem ser insensíveis ao tratamento porque têm expressão ou superexpressão de HLA, o que os ajuda a completar o escape imunológico <ref>{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41568-021-00339-z |título=Antigen presentation in cancer: insights into tumour immunogenicity and immune evasion |data=2021-05 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Nature Reviews Cancer |número=5 |ultimo=Jhunjhunwala |primeiro=Suchit |ultimo2=Hammer |primeiro2=Christian |paginas=298–312 |lingua=en |doi=10.1038/s41568-021-00339-z |issn=1474-175X |ultimo3=Delamarre |primeiro3=Lélia}}</ref>

==== 3. Evolução e tratamentos ====
Costumava-se administrar aos pacientes inicialmente altas doses de quimioterapia para matar o maior número de células tumorais, visando eliminar o tumor antes que surgisse resistência. No entanto, isto não só causou efeitos colaterais significativos, mas também removeu a resistência à proliferação de populações tumorais competitivas e resistentes aos medicamentos, acelerando a taxa de proliferação, de acordo com a teoria da evolução do câncer, fenômeno de liberação competitiva. <ref name=":9" />Entretanto, há um aumento na introdução de novos medicamentos desenvolvidos para o câncer, especialmente terapias direcionadas lideradas pela teoria da evolução do câncer.<ref name=":11" />

A combinação de drogas, instigando pressões de seleção ambiental por meio de mudanças, impedindo as  células cancerígenas de serem resistentes aos medicamentos, as transformando em células sensíveis; terapia adaptativa, por meio de modelo matemático no computador, ajusta a proporção de células sensíveis a medicamentos e células resistentes a medicamentos no câncer do corpo por meio do controle dinâmico da dose do medicamento; e, rastreando a fonte, rastreando todas as trajetórias evolutivas possíveis desde a base de cada árvore evolutiva até todos os subclones terminais, enfatizando a importância da sequência de eventos que impulsionam as mutações tumorais nesse processo. Todos esses tipos de aplicações são meios de tratamento advindos da evolução do câncer pelos modelos evolutivos.<ref name=":11" />

=== Evolução clonal ===
Descrito primeiramente por Nowell em 1976, o conceito de evolução clonal faz parte de uma teoria criada para tentar explicar a progressão tumoral. A teoria indica uma diversificação genética ou epigenética de determinada célula somática a partir de um certo número de mutações, as quais geram novas células mutantes que podem se multiplicar de forma mais eficiente e têm maior taxa de sobrevivência. A instabilidade genética dessas células leva ao surgimento de subpopulações, onde a maioria é derrubada por pressão seletiva do meio e apenas uma subpopulação de maior adaptação ao seu nicho sobrevive, se tornando o subclone predominante. <ref name=":14" /><ref name=":5" />

Paralelamente a esse processo, é possível traçar uma relação com a seleção natural proposta por Darwin, visto que os clones disputam por território e nutrientes com as células já presentes anteriormente. Os clones acabam levando vantagem por apresentarem maior variabilidade genética em relação às demais células, permitindo uma seleção por linhagens mais agressivas fenotípicamente. Atualmente, após avanços significativos na área de sequenciamento genético, sabe-se que a evolução do câncer é muito mais complexa do que uma simples evolução linear de Darwin, e que envolve outros processos genéticos e não-genéticos. <ref name=":5" /><ref name=":15">{{Citar periódico |url=https://linkinghub.elsevier.com/retrieve/pii/S0304419X98000304 |título=Genetic epidemiology of prostate cancer |data=1999-01 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Biochimica et Biophysica Acta (BBA) - Reviews on Cancer |número=1 |ultimo=Narod |primeiro=Steven |paginas=F1–F13 |lingua=en |doi=10.1016/S0304-419X(98)00030-4}}</ref>

==== 1. Aplicação para tratamentos ====
Visto o conhecimento de como pode surgir um novo tumor a partir da evolução clonal, estudos atuais buscam aplicar essas ideias no combate à doença. Antigamente os médicos tratavam seus pacientes com a maior dose de quimioterapia possível, visando eliminar o tumor antes do surgimento de uma resistência ao tratamento, porém isso só acelerava o processo de dominação das populações de células resistentes a drogas do tumor, sem contar os próprios efeitos colaterais da quimioterapia. Hoje, novas drogas para combater o câncer vêm sendo desenvolvidas, principalmente as terapias direcionadas. Por exemplo as imunoterapias, tratamento que envolve o fortalecimento do sistema imune do paciente para combater as células cancerosas. Elas podem ser divididas em diversos tipos, com destaque para dois deles nas pesquisas atualmente: a terapia adotiva e os inibidores de checkpoint imune (ICI). A terapia adotiva consiste na retirada de células do sistema imune do paciente para cultivá-las ''in vitro,'' aumentando sua letalidade direcionada e logo em seguida inserindo-as novamente no paciente. Esta pode ainda ser classificada em vários tipos dependendo da célula a ser retirada para melhoramento, como TCR-T, CAR-T, natural killer (NK) , etc. Já os checkpoint imune são receptores presentes em células autoimunes humanas que controlam a intensidade de ação do sistema imunológico. Porém, da mesma forma que os tumores desenvolveram a imunoedição, também são capazes de controlar esses checkpoints a seu favor, enviando sinais para diminuir a atividade de células imunológicas. É aí que entram os inibidores, que atuam sobre os checkpoints para permitir um combate contínuo do sistema imune contra as células tumorais.<ref name=":13" />

Outras formas de combates a serem citadas são a combinação de drogas, para diminuir a velocidade com que as células tumorais criam resistência às drogas, a exploração de resistência de carga do câncer, que adiciona drogas para aumentar o gasto energético das células resistentes, reduzindo sua competitividade e atrasando assim o desenvolvimento de resistência às drogas, o aumento deliberado da instabilidade no genoma do tumor, o qual inibe o tumor de reparar mutações em seus genes e com isso afetando o funcionamento de suas células, entre tantos outros. Entretanto, todos eles têm um problema em comum: a resistência às drogas. Mesmo retardando o processo, diminuindo a atividade das células, aumentando a resposta imune, é impossível eliminar de vez essa característica intrínseca das células tumorais. <ref name=":13" />

Portanto, compreender a evolução clonal em um nível de célula única é crucial para prever a eficácia terapêutica e desenvolver novas terapias no microambiente tumoral, visando combater a proliferação de tumores nos primeiros processos da evolução clonal, atacando diretamente mutações conhecidas no caminho de determinados tumores. <ref name=":13" /><ref name=":5" /><ref name=":15" />

=== Mutação KRAS ===
Em 1982, Weinberg e Barbacid isolaram um gene de linhagens celulares de câncer de bexiga humano, identificado como homólogo humano do gene RAS, denominado HRAS e, outro encontrado em células de câncer de pulmão humano, denominado KRAS <ref name=":16">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41392-021-00780-4 |título=KRAS mutation: from undruggable to druggable in cancer |data=2021-11-15 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Signal Transduction and Targeted Therapy |número=1 |ultimo=Huang |primeiro=Lamei |ultimo2=Guo |primeiro2=Zhixing |lingua=en |doi=10.1038/s41392-021-00780-4 |issn=2059-3635 |ultimo3=Wang |primeiro3=Fang |ultimo4=Fu |primeiro4=Liwu}}</ref>. Funcionalmente, o RAS é um tipo de proteína reguladora ligada à membrana (proteína G) que se liga ao nucleotídeo guanina, pertencente à família das guanosina trifosfatoses (GTPases), atuando como um interruptor binário de guanosina difosfato (GDP)/trifosfato (GTP), controlando a transdução de sinal de receptores de membrana ativados para moléculas intracelulares <ref name=":17">{{Citar periódico |url=https://www.nature.com/articles/s41591-024-02903-0 |título=Targeting KRAS in cancer |data=2024-04 |acessodata=2024-06-19 |periódico=Nature Medicine |número=4 |ultimo=Singhal |primeiro=Anupriya |ultimo2=Li |primeiro2=Bob T. |paginas=969–983 |lingua=en |doi=10.1038/s41591-024-02903-0 |issn=1078-8956 |ultimo3=O’Reilly |primeiro3=Eileen M.}}</ref>. A ligação KRAS-GTP causa mudança de conformação ativando o KRAS que se liga às suas moléculas a jusante para mediar uma série de cascatas de sinalização. Podendo ser ativadas por fatores de crescimento, quimiocinas, Ca<sup>2+</sup> ou receptor tirosina quinase (RTK), esta proteína pode ativar múltiplas vias de sinalização. Em contraste, a ligação  GDP-KRAS, aumenta a atividade GTPase, mantendo-o em estado inativo <ref name=":16" />.

Membro comumente mutado da família RAS, é considerado o condutor genético oncogênico mais comum em cânceres humanos, tendo seu perfil das mutações KRAS diferindo entre os diferentes tipos de câncer. Alterações causadas por mutações impedem a interação do KRAS com GAPs e a hidrólise do GTP ligado ao KRAS, deixando-o em um estado constantemente ativo, podendo afetar, também, a interação com seus efetores <ref name=":17" />.

Em tumores, não há apenas a dedicação às suas características intrínsecas, como sobrevivência e proliferação, mas também em relação a seu microambiente tumoral (TME), afetando especialmente as células imunes e resultando na progressão do tumor e no escape imunológico <ref name=":17" />. O TME, na presença de mutações no KRAS, aparece inflamatório e infiltrado por múltiplas células do sistema imunológico devido seus altos níveis de fatores inflamatórios de citocinas e quimiocinas mediados pela sinalização KRAS, demonstrando que a super ativação desta sinalização aumenta a secreção de interleucinas, necessárias para o início e progressão do tumor e importante para o crosstalk entre tumores e inflamação.<ref name=":16" />

As mutações do KRAS também desempenham um papel na evasão imunológica, uma vez que afeta as células do sistema imunológico no TME, na aquisição e no recrutamento de fenótipos inibitórios de células do sistema imunológico. Nos tumores com mutação KRAS, outros oncogenes ou genes supressores de tumor também podem ser anormais e participar no escape imunológico juntamente com a mutação KRAS <ref name=":16" />. Dessa maneira, quando combinado com moléculas a montante, temos: a reativação do KRAS e seus efetores a jusante induzidos pelos receptores adaptativos de tirosina quinases (RTKs), mecanismos de resistência aos medicamentos, portanto a combinação de inibidores do KRAS (G12C) e RTKs direcionados aos medicamentos pode ser uma estratégia terapêutica promissora. Combinado com moléculas a jusante, temos o KRAS reticulado com várias vias de sinalização, atuando na sobrevivência e proliferação celular, em vista da sua influência na função do KRAS em diferentes graus, como a perda de atividade, a qual necessita do KRAS para a tumorigênese, inibindo o crescimento oncogênico.<ref name=":17" />

Assim, uma exploração mais aprofundada da resistência intrínseca deve ser realizada para identificar biomarcadores que indiquem a população apropriada e o tipo de tumor na clínica. Entretanto, o desafio comum aos medicamentos específicos é o aparecimento de resistência adquirida, portanto, maiores investigações são claramente necessárias para elucidar de forma abrangente os mecanismos de resistência adquirida para obter opções de tratamento ideais.<ref name=":16" />

== Sinais e sintomas ==
[[Imagem:Symptoms of cancer metastasis.svg|thumb|Sintomas da [[metástase]] do câncer a depender do local do [[tumor]] (em inglês)]]
Quando o câncer começa, invariavelmente, não produz sintomas. Sinais e sintomas só aparecem quando a massa cancerígena continua a crescer ou forma [[úlcera]]s e dependem do tipo e da localização do câncer. Alguns sintomas são específicos, sendo que muitos deles também ocorrem com frequência em indivíduos que têm outras patologias. O câncer é o novo "grande imitador", assim, não é incomum que pessoas diagnosticadas com câncer recebam patologia de outras doenças com sintomas semelhantes.<ref name=Card10>Holland Chp. 1</ref>

=== Efeitos locais ===
A massa do tumor (ou a [[ulceração]]) podem causar sintomas locais. Por exemplo, os efeitos da massa cancerígena no [[pulmão]] podem causar a obstrução do [[brônquio]], o que resulta em [[tosse]] ou [[pneumonia]]; se ocorrer no pulmão pode causar [[hemorragia]], fazendo com que o paciente passe a tossir sangue; o [[câncer de esôfago]] pode causar o estreitamento do [[esôfago]], o que torna o ato de engolir difícil ou doloroso; nos intestinos a hemorragia causa anemia ou hemorragia retal; o [[câncer colorretal]] pode levar ao estreitamento ou bloqueio do [[intestino]], o que altera as funções intestinais; na bexiga a [[ulceração]] causa a presença de sangue na [[urina]]; no [[útero]], a [[hemorragia vaginal]]. A massa inicial é geralmente indolor, porém em estádios avançados podem ocorrer dores localizadas. Alguns tipos de câncer podem causar acumulação de líquido dentro do peito ou no [[abdômen]].<ref name=Card10/>

=== Sintomas sistêmicos ===
Os sintomas gerais ocorrem devido a efeitos distantes do câncer que não estão relacionados à propagação metastática, o que pode incluir: perda involuntária de peso, febre, cansaço excessivo e alterações na pele.<ref>{{citar livro|último=O'Dell|primeiro=edited by Michael D. Stubblefield, Michael W.|título=Cancer rehabilitation principles and practice|ano=2009|publicado=Demos Medical|local=New York|isbn=978-1-933864-33-4|página=983|url=https://books.google.com/books?id=_JaPlNYgXkEC&pg=PT983}}</ref> A [[doença de Hodgkin]], [[leucemia]]s e [[câncer de fígado]] ou [[Câncer de rim|rins]] podem causar uma [[febre de origem desconhecida]]&nbsp;persistente.<ref name=Card10/>

Alguns tipos de câncer podem causar grupos específicos de sintomas sistêmicos, denominados [[Síndrome paraneoplásica|fenômenos para-neoplásicos]], como o aparecimento de [[miastenia grave]] na [[timoma]] ou [[hipocratismo digital]] no [[câncer de pulmão]].<ref name=Card10/>

=== Metástase ===
{{Artigo principal|Metástase}}

O câncer pode se espalhar a partir do seu local original de propagação através da disseminação linfática para os [[linfonodo]]s regionais, ou pelo sangue para locais distantes, processo conhecido como [[metástase]]. Quando o câncer se espalha por uma rota sanguínea, normalmente se espalha por todo o corpo. No entanto, "sementes" de câncer crescem em determinados locais. Os sintomas de cânceres metastáticos dependem da localização do tumor e podem incluir [[linfadenopatia]], [[hepatomegalia]] ou [[esplenomegalia]], dor ou fratura dos [[osso]]s afetados, além de sintomas neurológicos.<ref name=Card10/>

== Causas ==
{{Artigo principal|Carcinogênese}}

A grande maioria dos cânceres, cerca de 90-95% dos casos, ocorre devido a fatores ambientais. Os 5-10% restantes são devido à hereditariedade genética.<ref name="Enviro2008" /> Os fatores ambientais englobam qualquer causa que não seja herdada geneticamente, como o [[estilo de vida]], nível econômico e fatores comportamentais, e não apenas a [[poluição]].<ref name="isbn0-387-78192-7">{{citar livro|autor=Kravchenko J, Akushevich I, Manton, KG|título=Cancer mortality and morbidity patterns in the U. S. population: an interdisciplinary approach|publicado=Springer|local=Berlin|ano=2009|isbn=0-387-78192-7}}</ref> Entre os principais fatores ambientais que contribuem para a morte por câncer estão o [[tabagismo]] (25-30%), maus [[dieta|hábitos alimentares]] e [[obesidade]] (30-35%), além de [[infecções]] (15-20%), [[radiação]] (tanto ionizante e não ionizante, até 10%), [[estresse]], [[sedentarismo]] e poluentes ambientais.<ref name="Enviro2008" />

É praticamente impossível determinar a causa de um câncer em dada pessoa, uma vez que a maioria dos cânceres têm várias causas possíveis. Por exemplo, se um fumador desenvolver câncer de pulmão, é provável que a doença tenha sido causada pelo tabagismo; mas visto que qualquer pessoa apresenta uma pequena probabilidade de desenvolver câncer de pulmão, como resultado da poluição do ar ou da radiação, há uma pequena probabilidade de esse câncer ter sido causado por outros fatores. Apesar de muito raramente poderem ocorrer transmissões durante a [[gravidez]] e em alguns [[doadores de órgãos]], o câncer geralmente não é uma [[doença transmissível]].<ref name=Tolar>{{citar periódico|autor=Tolar J, Neglia JP|título=Transplacental and other routes of cancer transmission between individuals|periódico=J. Pediatr. Hematol. Oncol.|volume=25|número=6|páginas=430–4|data=junho de 2003|pmid=12794519|doi=10.1097/00043426-200306000-00002}}</ref>

=== Produtos químicos ===
{{Artigo principal|Tabagismo e saúde}}
[[Imagem:Cancer_smoking_lung_cancer_correlation_from_NIH.svg|thumb|A incidência de câncer de pulmão é altamente correlacionada com o [[tabagismo]]]]
A exposição a determinadas substâncias tem sido associada a tipos específicos de câncer. Estas substâncias são denominadas [[cancerígena]]s. O [[tabagismo]], por exemplo, é a causa de 90% dos casos de câncer de pulmão,<ref name="pmid9594919">{{citar periódico|autor=Biesalski HK, Bueno de Mesquita B, Chesson A, Chytil F, Grimble R, Hermus RJ, Köhrle J, Lotan R, Norpoth K, Pastorino U, Thurnham D|título=European Consensus Statement on Lung Cancer: risk factors and prevention. Lung Cancer Panel|periódico=CA Cancer J Clin|volume=48|número=3|páginas=167–76; discussion 164–6|ano=1998|pmid=9594919|doi=10.3322/canjclin.48.3.167}}</ref> podendo ser também a causa de [[câncer de laringe]], [[Câncer de cabeça e pescoço|cabeça e pescoço]], [[Câncer de estômago|estômago]], [[Câncer de bexiga|bexiga]], [[Câncer de rim|rins]], [[Câncer de esôfago|esôfago]] e [[Câncer de pâncreas|pâncreas]].<ref name="pmid12270001">{{citar periódico|autor=Kuper H, Boffetta P, Adami HO|título=Tobacco use and cancer causation: association by tumour type|periódico=Journal of Internal Medicine|volume=252|número=3|páginas=206–24|data=setembro de 2002|pmid=12270001|doi=10.1046/j.1365-2796.2002.01022.x}}</ref> O fumo do [[tabaco]] contém mais de 50 agentes cancerígenos conhecidos, incluindo [[nitrosamina]]s e [[hidrocarbonetos aromáticos policíclicos]].<ref name="Kuper" /> O tabaco é responsável por cerca de uma em cada três mortes por câncer no [[mundo desenvolvido]]<ref name="Sasco">{{citar periódico|autor=Sasco AJ, Secretan MB, Straif K|título=Tobacco smoking and cancer: a brief review of recent epidemiological evidence|periódico=Lung Cancer|volume=45 Suppl 2|páginas=S3–9|data=agosto de 2004|pmid=15552776|doi=10.1016/j.lungcan.2004.07.998}}</ref> e cerca de uma em cada cinco mortes em todo o mundo.<ref name="Kuper">{{citar periódico|autor=Kuper H, Adami HO, Boffetta P|título=Tobacco use, cancer causation and public health impact|periódico=Journal of Internal Medicine|volume=251|número=6|páginas=455–66|data=junho de 2002|pmid=12028500|doi=10.1046/j.1365-2796.2002.00993.x}}</ref> As taxas de mortalidade por câncer de pulmão nos [[Estados Unidos]] têm espelhado padrões, com o aumento de fumantes seguido por aumentos dramáticos nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão. No entanto, a diminuição nas taxas de tabagismo desde a década de 1950 levou a decréscimos nas taxas de mortalidade por câncer de pulmão em homens desde os anos 1990.<ref name="pmid16998161">{{citar periódico|autor=Thun MJ, Jemal A|título=How much of the decrease in cancer death rates in the United States is attributable to reductions in tobacco smoking?|periódico=Tob Control|volume=15|número=5|páginas=345–7|data=outubro de 2006|pmid=16998161|pmc=2563648|doi=10.1136/tc.2006.017749}}</ref><ref name="pmid18434333">{{citar periódico|autor=Dubey S, Powell CA|título=Update in lung cancer 2007|periódico=Am. J. Respir. Crit. Care Med.|volume=177|número=9|páginas=941–6|data=maio de 2008|pmid=18434333|pmc=2720127|doi=10.1164/rccm.200801-107UP}}</ref>

Na [[Europa Ocidental]], 10% dos cânceres em homens e 3% de todos os cânceres em mulheres são atribuídos à exposição ao álcool, especialmente em casos de [[câncer do fígado]] e do trato digestivo.<ref name="pmid21474525">{{citar periódico|autor=Schütze M, Boeing H, Pischon T, Rehm J, Kehoe T, Gmel G, Olsen A, Tjønneland AM, Dahm CC, Overvad K, Clavel-Chapelon F, Boutron-Ruault MC, Trichopoulou A, Benetou V, Zylis D, Kaaks R, Rohrmann S, Palli D, Berrino F, Tumino R, Vineis P, Rodríguez L, Agudo A, Sánchez MJ, Dorronsoro M, Chirlaque MD, Barricarte A, Peeters PH, van Gils CH, Khaw KT, Wareham N, Allen NE, Key TJ, Boffetta P, Slimani N, Jenab M, Romaguera D, Wark PA, Riboli E, Bergmann MM|título=Alcohol attributable burden of incidence of cancer in eight European countries based on results from prospective cohort study|periódico=BMJ|volume=342|páginas=d1584|ano=2011|pmid=21474525|pmc=3072472|doi=10.1136/bmj.d1584}}</ref> Acredita-se que o câncer relacionado à exposição a substâncias no local de trabalho possa representar entre 2% e 20% de todos os casos.<ref name="pmid18055160">{{citar periódico|autor=Irigaray P, Newby JA, Clapp R, Hardell L, Howard V, Montagnier L, Epstein S, Belpomme D|título=Lifestyle-related factors and environmental agents causing cancer: an overview|periódico=Biomed. Pharmacother.|volume=61|número=10|páginas=640–58|data=dezembro de 2007|pmid=18055160|doi=10.1016/j.biopha.2007.10.006}}</ref> Todos os anos, pelo menos 200 mil pessoas morrem de câncer no mundo em casos relacionados a seus locais de trabalho.<ref name=WHO_occup>{{citar comunicado de imprensa|título=WHO calls for prevention of cancer through healthy workplaces|publicado=Organização Mundial da Saúde|data=27 de abril de 2007|url=http://www.who.int/mediacentre/news/notes/2007/np19/en/index.html|acessodata=13 de outubro de 2007}}</ref> Milhões de trabalhadores correm o risco de desenvolver a doença, como [[câncer de pulmão]] e [[mesotelioma]], por inalação do fumo do tabaco ou de fibras de [[amianto]] no trabalho, ou [[leucemia]] por exposição ao [[benzeno]].<ref name=WHO_occup/>

=== Dieta e sedentarismo ===
{{Artigo principal|Alimentação e câncer}}
[[Imagem:FoodMeat.jpg|thumb|A [[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer]], da [[Organização Mundial da Saúde]], alertou em 2015 que o consumo de [[Carne|carne processada]] e [[carne vermelha]] está ligado a alguns tipos de câncer]]

Os maus [[Dieta|hábitos alimentares]], o [[sedentarismo]] e a [[obesidade]] estão relacionados com 30% a 35% das mortes por câncer.<ref name=Enviro2008/><ref name=Nutri06>{{citar periódico|autor=Kushi LH, Byers T, Doyle C, Bandera EV, McCullough M, McTiernan A, Gansler T, Andrews KS, Thun MJ|título=American Cancer Society Guidelines on Nutrition and Physical Activity for cancer prevention: reducing the risk of cancer with healthy food choices and physical activity|periódico=CA Cancer J Clin|volume=56|número=5|páginas=254–81; quiz 313–4|ano=2006|pmid=17005596|doi=10.3322/canjclin.56.5.254}}</ref> O excesso de peso corporal nos Estados Unidos está associado ao desenvolvimento de muitos tipos de câncer e é um fator relevante entre 14% e 20% de todas as mortes por câncer.<ref name=Nutri06/> Do mesmo modo, um estudo do [[Reino Unido]], que incluiu dados de mais de 5 milhões de pessoas, apresentou que um maior [[índice de massa corporal]] (IMC) está relacionado a pelo menos dez tipos de câncer e é responsável por cerca de 12 mil casos anuais da doença no país.<ref name=BhaskaranLancet>{{citar periódico|último1=Bhaskaran|primeiro1=K|título=Body mass index and risk of 22 specific cancers|periódico=Lancet|data=2014|volume=384|número=9945|páginas=755–765|doi=10.1016/S0140-6736(14)60892-8|pmid=25129328}}</ref> Acredita-se que o sedentarismo possa contribuir para o risco de câncer, não só através do seu efeito sobre o peso corporal, mas também através de efeitos negativos sobre o [[sistema endócrino]] e [[sistema imunológico|imunológico]]. Mais da metade do efeito da dieta é devido a supernutrição (comer demais), ao invés da pouca ingestão de legumes ou outros alimentos saudáveis.<ref name=Nutri06/>

Alguns alimentos específicos estão ligados a cânceres específicos. Uma dieta rica em sal está ligada ao [[câncer gástrico]]. A aflatoxina B1, que frequentemente contamina alimentos, provoca o [[câncer de fígado]]. A mastigação de [[noz de areca]] provoca [[câncer oral]].<ref name="pmid18990005">{{citar periódico|autor=Park S, Bae J, Nam BH, Yoo KY|título=Aetiology of cancer in Asia|periódico=Asian Pac. J. Cancer Prev.|volume=9|número=3|páginas=371–80|ano=2008|pmid=18990005|url=http://www.apocpcontrol.org/page/popup_paper_file_view.php?pno=MzcxIFBhcmsucCZrY29kZT04MjI=&pgubun=i|formato=PDF|acessodata=2016-03-15|wayb=20110904052252|urlmorta=yes}}</ref> As diferenças de práticas alimentares podem explicar em parte as diferenças de incidência de câncer em diferentes países. Por exemplo, o câncer gástrico é mais comum no [[Japão]], devido à dieta de alto teor salino da população local,<ref name="pmid19107449">{{citar periódico|autor=Brenner H, Rothenbacher D, Arndt V|título=Epidemiology of stomach cancer|periódico=Methods Mol. Biol.|volume=472|páginas=467–77|ano=2009|pmid=19107449|doi=10.1007/978-1-60327-492-0_23 | series = Methods in Molecular Biology|isbn=978-1-60327-491-3}}</ref> enquanto o [[câncer de cólon]] é mais comum nos [[Estados Unidos]]. [[Imigrante]]s também desenvolvem maior risco em seu novo país, muitas vezes dentro de uma [[geração]], sugerindo um vínculo substancial entre dieta e câncer.<ref name="pmid14278899">{{citar periódico|autor=Buell P, Dunn JE|título=Cancer mortality among Japanese Issei and Nisei of California|periódico=Cancer|volume=18|número=5|páginas=656–64|data=maio de 1965|pmid=14278899|doi=10.1002/1097-0142(196505)18:5<656::AID-CNCR2820180515>3.0.CO;2-3}}</ref>

=== Infecção ===
[[Imagem:EMpylori.jpg|thumb|''[[Helicobacter pylori]]'']]
Em todo o mundo aproximadamente 18% das mortes por câncer estão relacionadas com [[doenças infecciosas]].<ref name=Enviro2008/> Esta proporção varia em diferentes regiões do mundo de um máximo de 25% na [[África]] para menos de 10% no [[mundo desenvolvido]].<ref name=Enviro2008/> Os [[vírus]] são agentes cancerígenos infecciosos usuais, mas [[bactéria]]s e [[parasita]]s cancerosos também podem ter efeito.<ref name=Enviro2008/>

Os vírus que podem causar câncer são chamados de [[oncovírus]]. Estes incluem o [[papilomavírus humano]] ([[Câncer cervical|carcinoma cervical]]), o vírus de [[Epstein-Barr]], o [[herpesvírus]] ([[sarcoma de Kaposi]]), a [[hepatite B]] e a [[hepatite C]] ([[carcinoma hepatocelular]]) e o [[vírus linfotrópico da célula T humana]] (leucemia de células T). A infecção bacteriana também pode aumentar o risco de câncer, como visto no carcinoma gástrico induzido por ''[[Helicobacter pylori]]''.<ref name=Viral04>{{citar periódico|autor=Pagano JS, Blaser M, Buendia MA, Damania B, Khalili K, Raab-Traub N, Roizman B|título=Infectious agents and cancer: criteria for a causal relation|periódico=Semin. Cancer Biol.|volume=14|número=6|páginas=453–71|data=dezembro de 2004|pmid=15489139|doi=10.1016/j.semcancer.2004.06.009}}</ref> Entre as infecções parasitárias fortemente associadas ao câncer estão a ''[[Schistosoma haematobium]]''' (carcinoma de células escamosas da bexiga) e os vermes do fígado, como ''[[Opisthorchis viverrini]]'' e ''[[Clonorchis sinensis]]'' ([[colangiocarcinoma]]).<ref name="pmid20539059">{{citar periódico|autor=Samaras V, Rafailidis PI, Mourtzoukou EG, Peppas G, Falagas ME|título=Chronic bacterial and parasitic infections and cancer: a review|periódico=J Infect Dev Ctries|volume=4|número=5|páginas=267–81|data=maio de 2010|pmid=20539059|doi=10.3855/jidc.819|url=http://www.jidc.org/index.php/journal/article/download/20539059/387|formato=PDF}}</ref>

=== Radiação ===
[[Imagem:Radioactive.svg|thumb|upright|esquerda|Símbolo internacional de alerta para nível de [[radiação]] perigoso para humanos]]
Até 10% dos cânceres invasivos estão relacionadas com a exposição à [[radiação]], incluindo tanto a [[radiação ultravioleta]] quanto a [[radiação não ionizante]].<ref name=Enviro2008/> Além disso, a grande maioria dos cânceres não invasivos são cânceres da pele que não são [[melanoma]]s causados por radiação ultravioleta não ionizante, a maior parte proveniente da [[luz solar]]. Fontes de radiação ionizante incluem [[Imagiologia médica|imagens médicas]] e gás [[radônio]].<ref name=Enviro2008/>

A radiação ionizante não é um [[mutagênico]] particularmente forte.<ref name="Little" /> A exposição residencial ao radônio, por exemplo, tem riscos de câncer semelhantes ao do [[tabagismo passivo]].<ref name="Little" /> A radiação é uma fonte mais potente de câncer quando é combinada com outros agentes causadores da doença, como a exposição a [[radônio]], além de tabaco.<ref name="Little" /> A radiação pode causar câncer na maioria das partes do corpo, em todos os animais e em qualquer idade. Crianças e adolescentes têm duas vezes mais probabilidade de desenvolver [[leucemia]] induzida por radiação que adultos; a exposição à radiação antes do nascimento tem dez vezes mais efeito.<ref name="Little">{{citar livro|editor=Kufe DW, Pollock RE, Weichselbaum RR, Bast RC Jr, Gansler TS, Holland JF, Frei E III|título=Cancer medicine|autor=Little JB |capítulo= Chapter 14: Ionizing Radiation |edição= 6th|publicado=B.C. Decker|local=Hamilton, Ont|ano=2000|isbn=1-55009-113-1|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20793/}}</ref>

O uso médico da radiação ionizante é uma pequena, mas crescente, fonte de cânceres induzidos por radiação. A radiação ionizante pode ser utilizada para tratar outros tipos de cânceres, mas esta pode, em alguns casos, induzir a uma segunda forma da doença. Também é utilizada em alguns tipos de [[Imagiologia médica|imagens médicas]].<ref name="pmid18046031">{{citar periódico|autor=Brenner DJ, Hall EJ|título=Computed tomography—an increasing source of radiation exposure|periódico=N. Engl. J. Med.|volume=357|número=22|páginas=2277–84|data=novembro de 2007|pmid=18046031|doi=10.1056/NEJMra072149}}</ref>

A exposição prolongada à radiação ultravioleta do [[Sol]] pode conduzir a [[melanoma]] e outras malignidades de pele. Evidências estabelecem a radiação ultravioleta, em particular a onda média não ionizante [[Radiação ultravioleta|UV]], como a causa da maior parte dos cânceres da pele não melanoma, que são as mais formas comuns de câncer no mundo.<ref name=Cleaver>{{citar livro|autor=Cleaver JE, Mitchell DL|editor=Bast RC, Kufe DW, Pollock RE|título=Holland-Frei Cancer Medicine |edição= 5th|publicado=B.C. Decker|local=Hamilton, Ontario|ano=2000 |capítulo= 15. Ultraviolet Radiation Carcinogenesis|isbn=1-55009-113-1|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20854/|acessodata=31 de janeiro de 2011 |display-editors=etal}}</ref>

A [[radiofrequência]] não ionizante a partir de [[telefones móveis|celulares]], transmissão de [[energia elétrica]] e de outras fontes semelhantes tem sido descrita como um possível agente cancerígeno pela [[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer]] da [[Organização Mundial da Saúde]].<ref>{{citar web|título=IARC classifies radiofrequency electromagnetic fields as possibly carcinogenic to humans|url=http://www.iarc.fr/en/media-centre/pr/2011/pdfs/pr208_E.pdf|obra=[[Organização Mundial da Saúde]]}}</ref> No entanto, estudos não encontraram uma ligação consistente entre a radiação do telefone celular e o aumento do risco de câncer.<ref>{{citar web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Risk/cellphones|título=Cell Phones and Cancer Risk - National Cancer Institute|publicado=Cancer.gov|data=8-5-2013|acessodata=25-12-2013}}</ref>

=== Hereditariedade ===
[[Imagem:Familial adenomatous polyposis as seen on sigmoidoscopy.jpg|thumb|[[Polipose adenomatosa familiar]]]]
A grande maioria dos cânceres não são hereditários ("cânceres esporádicos"). Cânceres hereditários são causados principalmente por um defeito [[genético]] herdado. Menos do que 0,3% da população é portadora de uma [[mutação genética]] que tem um grande efeito no risco de câncer e esta causa menos do que 3-10% de todos os casos de câncer no mundo.<ref name=Expert09>{{citar periódico|autor=Roukos DH|título=Genome-wide association studies: how predictable is a person's cancer risk?|periódico=Expert Rev Anticancer Ther|volume=9|número=4|páginas=389–92|data=abril de 2009|pmid=19374592|doi=10.1586/era.09.12}}</ref> Por exemplo, certas mutações hereditárias nos genes BRCA1 e BRCA2 ampliam em 75% o risco de [[câncer da mama]], [[câncer de ovário]]<ref name=Expert09/> e de [[câncer colorretal hereditário sem polipose]] (que está presente em cerca de 3% das pessoas com câncer colorretal).<ref name=Lancet10>{{citar periódico|autor=Cunningham D, Atkin W, Lenz HJ, Lynch HT, Minsky B, Nordlinger B, Starling N|título=Colorectal cancer|periódico=Lancet|volume=375|número=9719|páginas=1030–47|data=março de 2010|pmid=20304247|doi=10.1016/S0140-6736(10)60353-4}}</ref>

=== Agentes físicos ===
Algumas substâncias causam câncer, principalmente através de seus efeitos físicos, em vez de químicos, sobre as células. Um exemplo proeminente disto é a prolongada exposição ao [[amianto]], um composto que ocorre naturalmente em fibras minerais. Ele é uma das principais causas de [[mesotelioma]], um câncer da membrana serosa que envolve os pulmões. Outras substâncias nesta categoria são [[wollastonita]], [[paligorsquite]], [[lã de vidro]] e [[lã mineral]], que têm efeitos semelhantes. Materiais particulados não fibrosos que causam câncer incluem o pó metálico de [[cobalto]] e [[níquel]] e o [[dióxido de silício]] ([[quartzo]], [[cristobalita]] e [[tridimita]]). Normalmente, agentes cancerígenos físicos devem ficar no interior do corpo (tal como por meio de inalação de pedaços minúsculos) e requerem anos de exposição para desenvolver câncer.<ref name=Maltoni>{{citar livro|autor=Maltoni CFM, Holland JF|editor=Bast RC, Kufe DW, Pollock RE|título=Holland-Frei Cancer Medicine |edição= 5th|publicado=B.C. Decker|local=Hamilton, Ontario|ano=2000 |capítulo= Chapter 16: Physical Carcinogens|isbn=1-55009-113-1|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20770/|acessodata=31 de janeiro de 2011|display-editors=etal}}</ref>

É relativamente raro que traumas físicos resultem em câncer. Alegações de que ossos quebrados acabam por facilitar o desenvolvimento de [[câncer ósseo]], por exemplo, nunca foram provadas. Da mesma forma, traumas físicos não são aceitos como uma das causas para o câncer de colo do útero, de mama ou no cérebro. Um mecanismo aceito é o contato frequente, a longo prazo, de objetos quentes com o corpo. É possível que repetidas queimaduras na mesma parte do corpo possam produzir câncer de pele, especialmente se substâncias químicas cancerígenas também estiverem presentes. Beber [[chá]] muito quente pode produzir câncer do esôfago. De um modo geral, acredita-se que o câncer surge através de um câncer preexistente que é estimulado durante o processo de reparação do trauma, ao invés de o câncer ser causado diretamente pelo trauma. No entanto, repetidas lesões nos mesmos tecidos podem promover uma proliferação celular excessiva, o que poderia, então, aumentar as chances de uma mutação cancerosa.<ref name=Gaeta>{{citar livro|autor=Gaeta, John F|editor=Bast RC, Kufe DW, Pollock RE|título=Holland-Frei Cancer Medicine|edição=5th|publicado=B.C. Decker|local=Hamilton, Ontario|ano=2000|capítulo=Chapter 17: Trauma and Inflammation|isbn=1-55009-113-1|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20784/|acessodata=27 de janeiro de 2011|display-editors=etal}}</ref>

É controverso se inflamações crônicas podem causar mutações diretamente.<ref name=Gaeta /><ref name="ColottaAllavena2009">{{citar periódico|último1=Colotta|primeiro1=F.|último2=Allavena|primeiro2=P.|último3=Sica|primeiro3=A.|último4 =Garlanda|primeiro4 =C.|último5 =Mantovani|primeiro5 =A.|título=Cancer-related inflammation, the seventh hallmark of cancer: links to genetic instability|periódico=Carcinogenesis|volume=30|número=7|ano=2009|páginas=1073–1081|issn=0143-3334|doi=10.1093/carcin/bgp127|pmid=19468060|tipo=review}}</ref> Reconhece-se, no entanto, que a inflamação pode contribuir para a proliferação, a sobrevivência, a [[angiogênese]] e a migração de células cancerosas por influenciar o microambiente em torno dos tumores.<ref>{{citar periódico
|autor1=Hendrik Ungefroren
|autor2=Susanne Sebens
|autor3=Daniel Seidl
|autor4 =Hendrik Lehnert
|autor5 =Ralf Haas
|url=http://www.biosignaling.com/content/9/1/18
|título=Interaction of tumor cells with the microenvironment
|periódico=Cell Communication and Signaling
|ano=2011
|volume=9
|número=18
|doi=10.1186/1478-811X-9-18
|páginas=18
}}</ref><ref>{{citar periódico|autor=Mantovani A|título=Molecular pathways linking inflammation and cancer|periódico=Current Molecular Medicine|volume=10|número=4|páginas=369–73|data=junho de 2010|pmid=20455855|doi=10.2174/156652410791316968|tipo=review}}</ref> Além disso, os [[oncogenes]] são conhecidos por surgirem em um microambiente inflamatório pró-tumorigênico.<ref>{{citar periódico|último1=Borrello|primeiro1=Maria Grazia|último2=Degl'Innocenti|primeiro2=Debora|último3=Pierotti|primeiro3=Marco A.|título=Inflammation and cancer: The oncogene-driven connection|periódico=Cancer Letters|volume=267|número=2|ano=2008|páginas=262–270|issn=0304-3835|doi=10.1016/j.canlet.2008.03.060|pmid=18502035|tipo=review}}</ref>

=== Hormônios ===
Alguns [[hormônio]]s desempenham um papel importante no desenvolvimento de câncer através da promoção da proliferação de células.<ref name=Henderson>{{citar livro|autor=Henderson BE, Bernstein L, Ross RK|editor=Bast RC, Kufe DW, Pollock RE
|título=Holland-Frei Cancer Medicine
|edição=5th
|publicado=B.C. Decker
|local=Hamilton, Ontario
|ano=2000
|capítulo=Chapter 13: Hormones and the Etiology of Cancer
|isbn=1-55009-113-1
|oclc=
|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20759/
|acessodata=27 de janeiro de 2011|display-editors=etal}}</ref> Os [[Fator de crescimento semelhante à insulina|fatores de crescimento semelhante à insulina]] e as suas [[proteínas de ligação]] desempenham um papel fundamental na proliferação, diferenciação e [[apoptose]] de células cancerosas,, sugerindo um possível envolvimento na [[carcinogênese]].<ref>{{citar periódico|último1=Rowlands|primeiro1=Mari-Anne|último2=Gunnell|primeiro2=David|último3=Harris|primeiro3=Ross |último4 =Vatten |primeiro4 =Lars J |último5 =Holly |primeiro5 =Jeff MP |último6 =Martin |primeiro6 =Richard M|título=Circulating insulin-like growth factor peptides and prostate cancer risk: a systematic review and meta-analysis|periódico=Int J Cancer.|data=15-5-2009|páginas=2416–29|doi=10.1002/ijc.24202|pmid=19142965|volume=124|número=10|pmc=2743036}}</ref>

Hormônios são agentes importantes em cânceres relacionados ao sexo, como o câncer de mama, do endométrio, da próstata, do ovário e do [[Câncer de testículo|testículo]], além do [[câncer de tireoide]] e [[câncer ósseo|ósseo]]. Por exemplo, as filhas de mulheres que têm câncer de mama têm níveis significativamente mais elevados de [[estrogênio]] e [[progesterona]] do que as filhas de mulheres sem câncer da mama. Estes níveis hormonais elevados podem explicar por que essas mulheres têm maior risco de desenvolver câncer de mama, mesmo na ausência de um gene deste tipo de câncer. Da mesma forma, os homens de [[ascendência]] [[africana]] têm níveis significativamente mais elevados de [[testosterona]] do que os homens de ascendência [[europeia]], além de ter um nível correspondentemente muito maior de câncer de próstata, enquanto que homens de ascendência [[asiática]] têm níveis mais baixos de câncer de próstata.<ref name=Henderson />

Outros fatores que também são relevantes: pessoas obesas têm níveis mais elevados de alguns hormônios associados ao câncer e uma taxa mais elevada de certos cânceres. As mulheres que fazem terapia de [[reposição hormonal]] têm um maior risco de desenvolver cânceres associados a esses hormônios. Por outro lado, pessoas que se [[Exercício físico|exercitam]] muito mais do que a média têm menores níveis desses hormônios e menor risco de desenvolver câncer. O [[osteossarcoma]] pode ser promovido por [[hormônios de crescimento]].<ref name=Henderson />

=== Teratocarcinoma (teratomas malignos) ===
Teratomas são crescimentos descontrolados de células, que geralmente são compostos de vários tecidos, como cabelos, músculos e ossos, ocorrendo com maior frequência nos ovários (mulheres) e nos testículos (homens). Quando esses teratomas são malignos, eles são chamados de teratocarcinomas, sendo considerados um tipo de câncer.<ref name=":0">{{citar livro|titulo=Developmental Biology|ultimo=Scott|primeiro=Gilbert|editora=Sinauer Associates|ano=2010|local=USA}}</ref>
[[Ficheiro:Mature cystic teratoma of ovary.jpg|miniaturadaimagem|Teratoma de 4 cm encontrado no ovário de uma mulher. Macroscopicamente pode ser observado cabelo e microscopicamente pode ser observado células do sistema nervoso central]]
Nesse tipo de câncer, o tumor não é causado por uma mutação genética, mas sim pelo ambiente externo da célula. Através de experimentos, sendo o mais famoso realizado com camundongos, observou-se que se uma massa de células é colocada no interior de um blastocisto de camundongo, ela vai se integrar ao blastocisto, perder sua malignidade e se dividir normalmente; caso contrário, se ela for colocada em uma outra região, isso pode levar à formação do teratocarcinoma, tornando-se um tumor maligno.<ref name=":0" />

=== Defeitos na comunicação célula-célula ===
Alguns tipos de tumores podem ocorrer devido a uma deficiência na comunicação entre células. Essa comunicação é responsável por evitar a divisão celular descontrolada que pode dar origem ao tumor. Alguns estudos mostraram que tumores podem ser causados por alteração na estrutura de um tecido e que esses tumores podem ser suprimidos restaurando o ambiente do tecido apropriado.<ref name=":0" />

Esse defeito na comunicação celular pode causar metástases, pois assim como as células embrionárias, as células tumorais não costumam ficar paradas, elas migram e formam colônias, podendo se espalhar por todo o corpo. Uma das proteínas que tem um importante papel na comunicação célula-célula é a caderina, pois ela é responsável pela correta separação das células para formar os tecidos durante a divisão celular, em que as células formam fronteiras e se segregam dentro dos tecidos por meio da alteração de suas forças de ligação. Quando ocorre metástase, essa propriedade se perde, os níveis de caderina ficam abaixo do normal e a força de ligação à matriz extracelular e a outros tipos de células se torna maior do que as forças de coesão que mantêm o tecido junto. Como resultado, as células se tornam capazes de se espalhar para outros tecidos.<ref name=":0" />

O câncer colorretal é um exemplo em que o tumor é formado pelo defeito na comunicação célula-célula. Sabe-se que a adesão célula-célula desempenha um importante papel na manutenção da homeostase do tecido epitelial; uma desorganização dessa adesão influencia no desenvolvimento da carcinogênese, nesse caso no epitélio do reto. Essa adesão, como dito anteriormente, é favorecida pela caderina; no caso do epitélio retal, é a E-caderina quem exerce esse papel. Durante o processo de formação do câncer é observada uma expressão diminuída da E-caderina ou sua translocação da membrana plasmática para o citoplasma, causando uma desorganização da adesão célula-célula. Essa desorganização da adesão célula-célula pode ser mediada por diversos fatores, como por exemplo a endocitose de E-caderina ou a clivagem do domínio extracelular da E-caderina, resultando na E-caderina solúvel e na liberação do domínio intracelular para o citoplasma. Essa redução na expressão de E-caderina vai indicar um aumento na invasividade tumoral, sendo um tumor mais maligno, e também está correlacionada a um aumento na probabilidade de metástases e na mortalidade do paciente. Também foi descoberta uma relação entre as vias de sinalização celular envolvendo proteínas quinases (PKA) e GTPases, que são responsáveis por regular a organização do citoesqueleto de actina e das junções intercelulares, onde a E-caderina cumpre seu papel.<ref>{{citar web|url=http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/inca/perda_adesao_celula_mediada_pela.pdf|titulo=E-caderina|data=2009|acessodata=25/06/2016|obra=Perda da adesão célula-célula mediada pela E-caderina em câncer colo-retal: vias de sinalização envolvidas.|ultimo=Souza|primeiro=Waldemir Fernandes de}}</ref>

=== Defeitos nas vias parácrinas ===
Em outros casos, pode ocorrer um defeito nas vias parácrinas. Nesses casos, células tumorais vão reativar vias parácrinas que são usadas durante o desenvolvimento. Sabe-se, por exemplo, que muitos tumores secretam o fator parácrino Sonic hedgehog (Shh). Shh não age nas células tumorais, mas nas células estromais, fazendo com que elas produzam fatores que suportam as células tumorais. Se a via do Shh é bloqueada, o tumor regride. Se isso não ocorrer, o tumor vai progredir.<ref name=":0" />

Foram descobertos três modelos básicos para explicar o envolvimento da via do Shh na formação de tumores. O primeiro tipo consiste em tumores que contêm mutações nas vias de ativação do Shh e que são independentes da ligação de Shh. O segundo tipo é autócrino e dependente da ligação ao Shh, o que significa que tanto a produção quanto a resposta de Shh são realizadas pelas mesmas células tumorais. Por fim, no terceiro tipo, os tumores são parácrinos e dependentes da ligação ao Shh, nesse caso o Shh produzido pelas células tumorais é recebido pelo estroma, que vai ativar outras vias de sinalização de volta ao tumor, promovendo seu crescimento.<ref>{{citar periódico|ultimo=Rubin|primeiro=Lee|titulo=Targeting the Hedgehog pathway in cancer|jornal=Nature Reviews Drug Discovery|url=http://www.nature.com/nrd/journal/v5/n12/abs/nrd2086.html|acessadoem=26/06/2016}}</ref>

== Diagnóstico ==
[[Imagem:Thorax pa peripheres Bronchialcarcinom li OF markiert.jpg|thumb|direita|[[Raio-X de tórax]] mostrando [[câncer de pulmão]] no pulmão esquerdo.]]
A maioria dos cânceres são inicialmente reconhecidos por causa de seus sintomas e sinais ou através de exames. Nenhum dos dois leva a um diagnóstico definitivo, que geralmente requer a opinião de um [[Anatomia patológica|patologista]]. Pessoas com suspeita de câncer são investigadas com [[exames médicos]]. Estes geralmente incluem [[Exame de sangue|exames de sangue]], [[radiografia]], [[tomografia computadorizada]], [[endoscopia]], entre outros.<ref>{{citar web|url=http://www.cccancer.net/sintomas-e-diagnosticos/|título=Sintomas e diagnóstico|editor=Centro de Combate ao Câncer|acessodata=19-3-2016}}</ref>

=== Definição ===

Os cânceres são uma grande família de doenças que envolvem o [[crescimento celular]] anormal, com potencial para invadir e se espalhar para outras partes do corpo.<ref name=WHO2014/><ref name="NCI2014"/> Eles formam um subconjunto de [[neoplasia]]s. A neoplasia ou tumor é um grupo de células que foi submetido a um crescimento não regulado e, muitas vezes, forma uma massa, mas pode ser distribuído de forma difusa.<ref name=ACSglossary>{{citar web|título=Cancer Glossary|obra=cancer.org|publicado=American Cancer Society|url=http://www.cancer.org/cancer/cancerglossary/index|acessodata=11 de setembro de 2013}}</ref><ref name=NCIdefinition>{{citar web|título=What is cancer?|obra=cancer.gov|publicado=National Cancer Institute|acessodata=11 de setembro de 2013|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/cancerlibrary/what-is-cancer}}</ref>

Todas as células tumorais mostram as seis características de câncer. Estas são características que as células cancerosas precisam ter para produzir um tumor maligno. Elas incluem:<ref>{{citar periódico|último1=Hanahan|primeiro1=D|último2=Weinberg|primeiro2=RA|título=The hallmarks of cancer.|periódico=Cell|data=7 de janeiro de 2000|volume=100|número=1|páginas=57–70|pmid=10647931|doi=10.1016/s0092-8674(00)81683-9}}</ref>

*Crescimento e divisão celular sem os sinais adequados para o fazer;
*Crescimento contínuo da divisão celular mesmo quando existem sinais dizendo-lhes para parar;
*Anulação da [[Apoptose|morte celular programada]];
*[[Imortalidade biológica|Número ilimitado de divisões celulares]];
*Promoção da [[Angiogênese|construção de vasos sanguíneos]];
*Invasão de tecido e formação de [[metástase]]s.<ref name=Han2000/>

A progressão das células normais para células que podem formar uma massa detectável até o surgimento do câncer definitivo é um processo que envolve vários passos conhecidos como "progressão maligna".<ref name=Han2000/><ref name=Han2011/>

==== Cânceres adultos ====
Nos [[Estados Unidos]] e em outros [[países desenvolvidos]], o câncer é responsável por cerca de 25% de todas as mortes.<ref name="CACancerJClin2005-Jemal">{{Citar periódico|autor=Jemal A, Murray T, Ward E, Samuels A, Tiwari RC, Ghafoor A, Feuer EJ, Thun MJ|titulo=Cancer statistics, 2005|jornal=CA Cancer J Clin|ano=2005|paginas=10-30|volume=55 | numero =1|url=http://caonline.amcancersoc.org/cgi/content/full/55/1/10|id=PMID 15661684|acessodata=2007-07-06|wayb=20081226024130|urlmorta=yes}}</ref> Anualmente, 0,5% da população é diagnosticada com câncer. As estatísticas abaixo são para adultos nos Estados Unidos e variam consideravelmente em outros países:

{| class="wikitable"
! colspan="2" | <big>Homens</big>
| rowspan="7" |
! colspan="2" | <big>Mulheres</big>
|-
! width="170px" | mais comum !! width="170px" | causa de morte<ref name="CACancerJClin2005-Jemal" />
! width="170px" | mais comum !! width="170px" | causa de morte<ref name="CACancerJClin2005-Jemal" />
|-
|[[câncer de próstata]] (33%) || [[câncer de próstata]] (10%) || [[câncer de mama]] (32%) || [[câncer de mama]] (15%)
|-
| [[câncer de pulmão]] (13%) || [[câncer de pulmão]] (31%) || [[câncer de pulmão]] (27%) || [[câncer de pulmão]] (12%)
|-
| [[câncer colorretal]] (10%) || [[câncer colorretal]] (10%) || [[câncer colorretal]] (11%) || [[câncer colorretal]] (10%)
|-
| [[câncer de bexiga]] (7%) || [[câncer pancreático]] (5%) || [[câncer endometrial]] (6%) || [[câncer ovariano]] (6%)
|-
| [[melanoma]] cutâneo (5%) || [[leucemia]] (4%) ||[[linfoma não Hodgkin]] (4%) ||[[câncer pancreático]] (6%)
|}

==== Cânceres infantis ====
O câncer também ocorre em crianças jovens e adolescentes, mas é raro. Alguns estudos concluíram que cânceres pediátricos, especialmente leucemia, estão em uma tendência de aumento de incidência.<ref name="Haematologica2005-Dalmasso">{{Citar periódico|autor=Dalmasso P, Pastore G, Zuccolo L, Maule MM, Pearce N, Merletti F, Magnani C|titulo=Temporal trends in the incidence of childhood leukemia, lymphomas and solid tumors in north-west Italy,. A report of the Childhood Cancer Registry of Piedmont|jornal=Haematologica|ano=2005|paginas=1197-204|volume=90 | numero =9|id=PMID}}</ref><ref name="IntJCancer2005-Agha">{{Citar periódico|autor=Agha M, Dimonte B, Greenberg M, Greenberg C, Barr R, McLaughlin JR|titulo=Incidence trends and projections for childhood cancer in Ontario|jornal=Int J Cancer|ano=2005|id=PMID}}</ref>

A idade do pico de incidência de câncer em crianças ocorre durante o primeiro ano de vida. [[Leucemia]] (geralmente [[leucemia linfoblástica aguda]]) é a forma maligna infantil mais comum (trinta por cento), seguida pelos do [[sistema nervoso central]] e [[neuroblastoma]]. Também são presentes o [[tumor de Wilms]], [[linfoma]]s, [[retinoblastoma]], [[osteossarcoma]] e [[sarcoma de Ewing]].<ref name="CACancerJClin2005-Jemal" />

=== Biópsia ===
{{Artigo principal|Biópsia}}
A suspeita de câncer pode ocorrer por razões diversas, mas o diagnóstico definitivo da maioria dos casos malignos deve ser confirmado através de exame [[histologia|histológico]] das células cancerosas por um [[anatomia patológica|patologista]]. O tecido pode ser obtido através de uma [[biópsia]] ou [[cirurgia]]. Muitas biópsias (como aquelas da pele, mama ou fígado) podem ser feitas em um consultório médico. Biópsias em outros órgãos são realizadas sob [[anestesia]] e requerem cirurgia em uma [[sala de operação]]. O [[diagnóstico]] do tecido indica o tipo de célula que está proliferando, sua graduação histológica e outras características do tumor. Toda esta informação reunida é útil para avaliar o [[prognóstico]] do paciente e escolher o melhor tratamento. A [[citogenética]] e a [[imuno-histoquímica]] podem fornecer informações sobre o comportamento futuro do câncer (prognóstico) e melhor tratamento.<ref>Sausville, Edward A. and Longo, Dan L. "Principles of Cancer Treatment: Surgery, Chemotherapy, and Biologic Therapy", ''[[Harrison's Principles of Internal Medicine]]'', 16th Ed. Kaspar, Dennis L. et al., eds. p.446 (2005).</ref>

== Fisiopatologia ==
{{Artigo principal|Carcinogênese}}
{{vertambém|Estadiamento do câncer}}

=== Genética ===
[[Imagem:Cancer_requires_multiple_mutations_from_NIHen.png|thumb|Exemplo de progressão do câncer/cancro {{en}}]]
O câncer é fundamentalmente uma doença causada pela falha da regulação do crescimento de tecidos. Para que uma célula normal se transforme em uma célula cancerígena, os [[gene]]s que regulam o crescimento e a diferenciação celular têm de ser alterados.<ref name="pmid18234754">{{citar periódico|autor=Croce CM|título=Oncogenes and cancer|periódico=N. Engl. J. Med.|volume=358|número=5|páginas=502–11|data=janeiro de 2008|pmid=18234754|doi=10.1056/NEJMra072367}}</ref>

Os genes afetados são divididos em duas grandes categorias. [[Oncogene]]s são os genes que promovem a reprodução e o [[crescimento celular]]. [[Gene supressor de tumor|Genes supressores de tumores]] são genes que inibem a divisão celular. A transformação maligna pode ocorrer através da formação de novos oncogenes, da sobre-expressão inadequada de oncogenes normais, ou pela sub-expressão ou desativação de genes supressores de tumores. Normalmente, alterações em vários genes são necessárias para transformar uma célula normal em uma célula cancerosa.<ref name="pmid11905807">{{citar periódico|autor=Knudson AG|título=Two genetic hits (more or less) to cancer|periódico=Nature Reviews Cancer|volume=1|número=2|páginas=157–62|data=novembro de 2001|pmid=11905807|doi=10.1038/35101031}}</ref>

Alguns ambientes tornam mais susceptíveis o surgimento e a propagação dos erros genéticos. Tais ambientes podem incluir a presença de substâncias perturbadoras chamadas agentes cancerígenos, danos físicos repetidos, calor, radiações ionizantes ou [[hipoxia]].<ref>{{citar periódico|autor=Nelson DA, Tan TT, Rabson AB, Anderson D, Degenhardt K, White E|título=Hypoxia and defective apoptosis drive genomic instability and tumorigenesis|periódico=Genes & Development|volume=18|número=17|páginas=2095–107|data=setembro de 2004|pmid=15314031|pmc=515288|doi=10.1101/gad.1204904}}</ref>

A transformação de células normais em câncer é semelhante a uma [[reação em cadeia]] causada por erros iniciais, que criam erros progressivamente mais graves, permitindo que a célula escape dos controles que limitam o crescimento do tecido normal. Este cenário de "rebelião" torna-se uma indesejável [[sobrevivência do mais apto]], onde as forças motrizes da [[evolução]] trabalham contra a concepção e a execução das ordens do corpo. Depois que o câncer começa a se desenvolver, este processo em curso, denominado "evolução clonal", impulsiona a progressão para estágios mais invasivos. A evolução clonal conduz à heterogeneidade intra-tumor, que complica o desenho de estratégias de tratamento eficazes.<ref name="pmid17109012">{{citar periódico|autor=Merlo LM, Pepper JW, Reid BJ, Maley CC|título=Cancer as an evolutionary and ecological process|periódico=Nature Reviews Cancer|volume=6|número=12|páginas=924–35|data=dezembro de 2006|pmid=17109012|doi=10.1038/nrc2013}}</ref>

As características desenvolvidas por cânceres são divididas em várias categorias. Seis categorias foram originalmente propostas em um artigo de 2000 chamado ''The Hallmarks of Cancer'', de [[Douglas Hanahan]] e [[Robert Allan Weinberg]]: evasão de [[apoptose]]; a autossuficiência em sinais de crescimento; insensibilidade aos sinais anti-crescimento; sustentada [[angiogênese]]; potencial replicativo ilimitado; e [[metástase]]. Com base em trabalhos futuros, os mesmos autores acrescentaram mais duas categorias em 2011: a reprogramação do metabolismo energético e a evasão de destruição imune.<ref name=Han2000>{{citar periódico|último1=Hanahan|primeiro1=Douglas |authorlink1= Douglas Hanahan|último2=Weinberg|primeiro2=Robert A. |authorlink2= Robert Weinberg|data=7 de janeiro de 2000|título=The hallmarks of cancer|periódico=Cell|volume=100|número=1|páginas=57–70|doi=10.1016/S0092-8674(00)81683-9|pmid=10647931}}</ref><ref name=Han2011>{{citar periódico|doi=10.1016/j.cell.2011.02.013|título=Hallmarks of Cancer: The Next Generation|ano=2011|último1=Hanahan|primeiro1=Douglas|último2=Weinberg|primeiro2=Robert A.|periódico=Cell|volume=144|número=5|páginas=646–74|pmid=21376230}}</ref>

=== Epigenética ===
Classicamente, o câncer foi visto como um conjunto de doenças que são movidas por anormalidades genéticas progressivas que incluem mutações nos genes e oncogenes supressores de tumores e anormalidades [[Cromossomo|cromossômicas]]. No entanto, tornou-se evidente que o câncer também é acionado por alterações [[epigenética]]s.<ref>{{citar periódico|autor=Baylin SB, Ohm JE|título=Epigenetic gene silencing in cancer - a mechanism for early oncogenic pathway addiction?|periódico=Nature Reviews Cancer|volume=6|número=2|páginas=107–16|data=fevereiro de 2006|pmid=16491070|doi=10.1038/nrc1799}}</ref>

Alterações epigenéticas referem-se a modificações funcionalmente relevantes do [[genoma]] que não envolvem uma alteração na sequência de [[nucleótido]]s. Exemplos de tais modificações estão em alterações na [[metilação do DNA]] (hipermetilação e hipometilação), modificação da [[histona]]<ref>{{citar periódico|pmid=22082348|doi=10.1111/j.1399-0004.2011.01809.x|título=Epigenetic modifications in cancer|ano=2012|último1=Kanwal|primeiro1=R|último2=Gupta|primeiro2=S|periódico=Clinical Genetics|volume=81|número=4|páginas=303–11|pmc=3590802}}</ref> e mudanças na arquitetura cromossômica (causadas pela expressão inapropriada de [[proteína]]s, tais como [[HMGA2]] ou [[HMGA1]]). Cada uma destas alterações epigenéticas servem para regular a expressão do gene, sem alterar a [[sequência de DNA]] subjacente. Estas alterações podem permanecer através de [[divisões celulares]], passadas por várias gerações e podem ser consideradas epimutações (equivalentes a mutações).<ref>{{citar periódico|pmid=12640109|ano=2003|último1=Baldassarre|primeiro1=G|último2=Battista|primeiro2=S|último3=Belletti|primeiro3=B|último4 =Thakur|primeiro4 =S|último5 =Pentimalli|primeiro5 =F|último6 =Trapasso|primeiro6 =F|último7 =Fedele|primeiro7 =M|último8 =Pierantoni|primeiro8 =G|último9 =Croce|primeiro9 =CM|último10=Fusco|primeiro10=A|título=Negative regulation of BRCA1 gene expression by HMGA1 proteins accounts for the reduced BRCA1 protein levels in sporadic breast carcinoma|volume=23|número=7|páginas=2225–38|pmc=150734|periódico=Molecular and Cellular Biology|doi=10.1128/MCB.23.7.2225-2238.2003}}/</ref>

[[Imagem:DNA methylation.jpg|thumb|esquerda|Um fragmento de uma molécula de [[Metilação do DNA|DNA metilado]] em duas [[citosina]]s]]

Enquanto um grande número de alterações epigenéticas são encontradas em vários tipos de câncer, mudanças em genes de reparo causam a redução da expressão de proteínas de reparo do DNA, o que pode ser particularmente importante. Tais alterações podem ocorrer no início da progressão para o câncer e são uma causa provável da característica instabilidade genética de cânceres.<ref>{{citar periódico|autor=Jacinto FV, Esteller M|título=Mutator pathways unleashed by epigenetic silencing in human cancer|periódico=Mutagenesis|volume=22|número=4|páginas=247–53|data=julho de 2007|pmid=17412712|doi=10.1093/mutage/gem009|url=http://mutage.oxfordjournals.org/content/22/4/247.long}}</ref><ref>{{citar periódico|autor=Lahtz C, Pfeifer GP|título=Epigenetic changes of DNA repair genes in cancer|periódico=J Mol Cell Biol|volume=3|número=1|páginas=51–8|data=fevereiro de 2011|pmid=21278452|pmc=3030973|doi=10.1093/jmcb/mjq053|url=http://jmcb.oxfordjournals.org/content/3/1/51.long}}</ref><ref>{{citar periódico|autor=Bernstein C, Nfonsam V, Prasad AR, Bernstein H|título=Epigenetic field defects in progression to cancer|periódico=World J Gastrointest Oncol|volume=5|número=3|páginas=43–9|data=março de 2013|pmid=23671730|pmc=3648662|doi=10.4251/wjgo.v5.i3.43|url=http://www.wjgnet.com/1948-5204/full/v5/i3/43.htm}}</ref><ref>{{citar livro|último1=Bernstein|primeiro1=Carol|último2=Prasad|primeiro2=Anil R.|último3=Nfonsam|primeiro3=Valentine|último4 =Bernstein|primeiro4 =Harris|ano=2013|capítulo= DNA Damage, DNA Repair and Cancer|título=New Research Directions in DNA Repair|editor=Prof. Clark Chen (Ed.)|isbn=978-953-51-1114-6|publicado=InTech|url=http://www.intechopen.com/books/new-research-directions-in-dna-repair/dna-damage-dna-repair-and-cancer|doi=10.5772/53919}}</ref>

Deficiências da expressão das proteínas de reparação de DNA, devido a uma mutação herdada, podem causar um maior risco de desenvolvimento de câncer. Os indivíduos com uma deficiência hereditária em qualquer um dos 34 genes de reparo de DNA têm um maior risco de câncer, sendo que alguns defeitos podem causar uma chance de até 100% de desenvolver câncer (mutações em p53, por exemplo).<ref>{{citar periódico|pmid=21779515|ano=2011|último1=Malkin|primeiro1=D|título=Li-fraumeni syndrome|volume=2|número=4|páginas=475–84|doi=10.1177/1947601911413466|pmc=3135649|periódico=Genes & cancer}}</ref>

Cânceres surgem normalmente a partir de um conjunto de mutações e epimutações que conferem uma vantagem seletiva, levando a uma expansão clonal (ver [[Neoplasma]]). Mutações, no entanto, podem não ser tão frequentes em cânceres como as alterações epigenéticas. Um câncer de mama ou cólon comum pode ter cerca de 60 a 70 mutações que alteram a proteína, das quais cerca de três ou quatro podem ser mutações "definitivas", enquanto que os demais podem ser mutações "passageiras".<ref>{{citar periódico|pmid=23539594|ano=2013|último1=Vogelstein|primeiro1=B|último2=Papadopoulos|primeiro2=N|último3=Velculescu|primeiro3=VE|último4 =Zhou|primeiro4 =S|último5 =Diaz Jr|primeiro5 =LA|último6 =Kinzler|primeiro6 =KW|título=Cancer genome landscapes|volume=339|número=6127|páginas=1546–58|doi=10.1126/science.1235122|pmc=3749880|periódico=Science}}</ref>

=== Metástase ===
{{Artigo principal|Metástase}}

A [[metástase]] é a propagação do câncer para outros locais do corpo. Os novos tumores são chamados de tumores metastáticos, enquanto a massa original é chamada de tumor primário. Quase todos os tipos de câncer podem ter metástase.<ref name="metastasis"/> A maioria das mortes por câncer ocorrem devido a propagação do câncer, a partir do seu local inicial, para outros órgãos.<ref>{{citar web|título=What is Metastasized Cancer?|wayb=20130303214743|url=http://www.nccn.com/component/content/article/54-cancer-basics/925-what-is-metastasized-cancer.html|datali=novembro de 2019|obra=National Comprehensive Cancer Network|acessodata=18-7-2013}}</ref>

A metástase é muito comum nos últimos [[Estadiamento do câncer|estágios do câncer]] e pode ocorrer através do [[sistema circulatório]], do [[sistema linfático]], ou de ambos. Os passos típicos da metástase são a invasão local, o intravasamento para o [[sangue]] ou a [[linfa]], a circulação através do corpo, o extravasamento para o novo tecido, a proliferação e a [[angiogênese]]. Diferentes tipos de cânceres tendem a ter metástase para órgãos específicos, mas no geral os lugares mais comuns para metástases ocorrerem são [[pulmões]], [[fígado]], [[cérebro]] e [[osso]]s.<ref name="metastasis">{{citar web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Sites-Types/metastatic|título=Metastatic Cancer: Questions and Answers|acessodata=28-8-2008|publicado=National Cancer Institute}}</ref>

== Tratamento ==
Existem muitas opções de tratamento para o câncer, como cirurgia, [[quimioterapia]], [[radioterapia]], [[terapia hormonal]], terapia-alvo e cuidados paliativos. A escolha dos tratamentos que serão utilizados depende do tipo, localização e [[Estadiamento do câncer|estágio do câncer]], bem como da saúde e dos desejos do paciente. O objetivo do tratamento pode ser curativo ou não curativo.

=== Quimioterapia ===
{{Artigo principal|Quimioterapia}}
[[Imagem:Chemotherapy with acral cooling.jpg|thumb|Uma mulher em tratamento quimioterápico]]
A [[quimioterapia]] é o tratamento do câncer com uma ou mais drogas anti-[[Neoplasma|neoplásicas]] [[Citotoxicidade|citotóxicas]] (agentes quimioterápicos), como parte de um regime normalizado. O termo engloba uma grande variedade de diferentes fármacos anticancerígenos, que são divididos em categorias amplas, tais como agentes alquilantes e anti-metabólitos. Os agentes quimioterápicos tradicionais atuam matando as células que se dividem muito rapidamente, uma das principais propriedades da maioria das células cancerosas.<ref name="Lind2008">{{citar periódico|último=Lind M.J.|título=Principles of cytotoxic chemotherapy|periódico=Medicine|ano=2008|volume=36|número=1|páginas=19–23|doi=10.1016/j.mpmed.2007.10.003|primeiro1=M.J.}}</ref>

A terapia-alvo é uma forma de quimioterapia que tem como alvo as diferenças moleculares específicas entre o câncer e as células normais. As terapias direcionadas bloqueiam a [[molécula]] de receptor de [[estrogênio]], o que inibe o crescimento de câncer de mama, por exemplo. Outro exemplo comum é a classe de inibidores de Bcr-Abl, que são utilizados para o tratamento de [[leucemia mielóide crônica]] (LMC).<ref name="TCT">{{citar web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/Therapy/targeted|título=Targeted Cancer Therapies|autor=National Cancer Institute|data=dezembro de 2012 |website=www.cancer.gov|acessodata=9-3-2014}}</ref> Atualmente, não são orientados para câncer de mama, mieloma múltiplo, linfoma, câncer de próstata, melanoma e outros tipos de cânceres.<ref name=NCI-TT-tutorials>[https://web.archive.org/web/20141004195352/http://www.cancer.gov/cancertopics/understandingcancer/targetedtherapies NCI: Targeted Therapy tutorials]. Acessado em 18-3-2016.</ref>

A eficácia da quimioterapia tem sido amplamente questionada.<ref name="Não-nomeado-xXWW-1">{{Citar periódico|ultimo=Morgan|primeiro=Graeme|ultimo2=Ward|primeiro2=Robyn|ultimo3=Barton|primeiro3=Michael|data=2004|titulo=The contribution of cytotoxic chemotherapy to 5-year survival in adult malignancies|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/15630849|jornal=Clinical Oncology (Royal College of Radiologists (Great Britain))|volume=16|numero=8|paginas=549–560|issn=0936-6555|pmid=15630849}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Gebremedhn|primeiro=Endale Gebreegziabher|ultimo2=Shortland|primeiro2=Peter John|ultimo3=Mahns|primeiro3=David Anthony|data=2018-04-12|titulo=The incidence of acute oxaliplatin-induced neuropathy and its impact on treatment in the first cycle: a systematic review|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29649985|jornal=BMC cancer|volume=18|numero=1|paginas=410|doi=10.1186/s12885-018-4185-0|issn=1471-2407|pmid=29649985}}</ref> Em 2004, avaliaram 22 tipos de câncer e foi publicado que tratamentos quimioterápicos eram 97,9% ineficientes nos EUA e 97,7% na Austrália, dando como resultados que "a contribuição geral da quimioterapia citotóxica curativa e adjuvante para a sobrevida em 5 anos em adultos foi estimada em 2,3% na Austrália e 2,1% nos EUA"<ref name="Não-nomeado-xXWW-1"/> o que adverte que "a quimioterapia citotóxica só faz uma pequena contribuição para a sobrevivência ao câncer" (ibdem). Recomendando aos departamentos de saúde de cada país que façam melhores estudos para "justificar o financiamento contínuo e a disponibilidade de medicamentos usados na quimioterapia citotóxica" (ibdem), o que exige "uma avaliação rigorosa do custo-benefício e do impacto na qualidade de vida é uma necessidade urgente" (ibdem).

Alguns autores concluem que a eficiência da quimioterapia vai depender do tipo e do estágio do câncer. Em combinação com a cirurgia, a quimioterapia tem se revelado útil em diferentes tipos de câncer, como da mama, colorretal, do pâncreas, [[osteossarcoma]], testicular, do ovário e em certos tipos de câncer de pulmão.<ref name="HollandTx40" /> A eficácia global varia entre a cura de alguns tipos de câncer, como algumas leucemias,<ref>{{citar periódico|último=Nastoupil|primeiro=LJ|autor2=Rose, AC|autor3=Flowers, CR|título=Diffuse large B-cell lymphoma: current treatment approaches|periódico=Oncology (Williston Park, N.Y.)|data=maio de 2012|volume=26|número=5|páginas=488–95|pmid=22730604}}</ref><ref>{{citar periódico|último=Freedman|primeiro=A|título=Follicular lymphoma: 2012 update on diagnosis and management|periódico=American journal of hematology|data=outubro de 2012|volume=87|número=10|páginas=988–95|pmid=23001911|doi=10.1002/ajh.23313}}</ref> e a ineficácia completa, como em alguns [[tumores cerebrais]],<ref>{{citar periódico|último=Rampling|primeiro=R|autor2=James, A|autor3=Papanastassiou, V|título=The present and future management of malignant brain tumours: surgery, radiotherapy, chemotherapy|periódico=Journal of neurology, neurosurgery, and psychiatry|data=junho de 2004|volume=75 Suppl 2|páginas=ii24–30|pmid=15146036|pmc=1765659|número=Suppl 2|doi=10.1136/jnnp.2004.040535}}</ref> ou ainda pode ser simplesmente desnecessária em outros, como na maioria dos cânceres de pele que não são melanomas.<ref>{{citar periódico|último=Madan|primeiro=V|autor2=Lear, JT|autor3=Szeimies, RM|título=Non-melanoma skin cancer|periódico=Lancet|data=20 de fevereiro de 2010|volume=375|número=9715|páginas=673–85|pmid=20171403|doi=10.1016/S0140-6736(09)61196-X}}</ref>

=== Radioterapia ===
{{Artigo principal|Radioterapia}}
[[Imagem:Radiation therapy.jpg|thumb|esquerda|Uma mulher em tratamento radioterápico na pélvis]]

A [[radioterapia]] envolve o uso de [[radiação ionizante]] para tentar curar ou melhorar os sintomas da doença. Ela funciona ao danificar o DNA do tecido canceroso, o que conduz à morte celular. Para poupar tecidos normais (tais como pele ou órgãos pelos quais a radiação precisa passar para tratar o tumor), feixes de radiação são lançados a partir de vários ângulos de exposição e se cruzam no tumor, proporcionando uma dose absorvida muito maior na massa cancerosa do que no tecido saudável do entorno. Tal como acontece com a quimioterapia, cânceres diferentes respondem de maneiras diferentes à terapia de radiação.<ref>CK Bomford, IH Kunkler, J Walter. Walter and Miller's Textbook of Radiation therapy (6th Ed), p311</ref><ref>"Radiosensitivity" on GP notebook http://www.gpnotebook.co.uk/simplepage.cfm?ID=2060451853</ref><ref>"Radiation therapy- what GPs need to know" on patient.co.uk http://www.patient.co.uk/showdoc/40002299/</ref>

A radioterapia é usada em cerca de metade de todos os casos e a radiação pode ser tanto de fontes internas, na forma de [[braquiterapia]], ou de fontes de radiação externa. A radiação de [[raios-x]] é geralmente de baixa energia para o tratamento de cânceres da pele, enquanto que feixes de raios-x com graus mais elevados de energia são usados no tratamento de cânceres que se desenvolveram dentro do corpo.<ref>{{citar periódico |título=Advances in kilovoltage x-ray beam dosimetry. |data=21-3-2014 |periódico=Physics in medicine and biology |primeiro2=B |páginas=R183-231 |doi=10.1088/0031-9155/59/6/r183 |pmid=24584183 |primeiro3=L |primeiro4=Z |primeiro5=D |primeiro6=C |volume=59 |número=6 |último1=Hill |primeiro1=R |último5=Thwaites |último4=Kuncic |último3=Holloway |último2=Healy |último6=Baldock}}</ref> A radiação é tipicamente utilizada em associação com cirurgias e/ou quimioterapia, mas para certos tipos de câncer, tais como na [[Câncer de cabeça e pescoço|cabeça e no pescoço]], pode ser utilizada isoladamente.<ref name=H41/> Para casos de [[metástase]]s ósseas dolorosas, a radioterapia provou-se eficaz para cerca de 70% dos pacientes.<ref name=H41>Holland Chp. 41</ref>

=== Cirurgia ===
A [[cirurgia]] é o principal método de tratamento de cânceres sólidos mais isolados e pode desempenhar um papel relevante no tratamento paliativo e no prolongamento da sobrevivência do paciente. É tipicamente uma parte importante do diagnóstico definitivo e do [[Estadiamento do câncer|estadiamento do tumor]], visto que [[biópsia]]s são geralmente necessárias. A cirurgia de câncer localizado normalmente tenta remover toda a massa, em certos casos, juntamente com os [[nódulos linfáticos]] na área. Para alguns tipos de câncer a cirurgia elimina a doença por completo.<ref name=HollandTx40>Holland Chp. 40</ref>

=== Cuidados paliativos ===
Os cuidados paliativos se referem ao tratamento que tenta fazer com que o paciente se sinta melhor e podem ou não pode ser combinados com uma tentativa de tratar o câncer. Os cuidados paliativos incluem medidas para reduzir o sofrimento físico, emocional, espiritual e psicossocial vivido por pessoas com câncer. Ao contrário do tratamento que visa matar diretamente as células cancerosas, o principal objetivo dos cuidados paliativos é melhorar a [[qualidade de vida]] da pessoa. Pessoas em todas as fases do tratamento de câncer devem ter algum tipo de cuidado paliativo para proporcionar conforto. Em alguns casos, as organizações profissionais de especialidades médicas recomendam que as pessoas e os médicos respondam ao câncer apenas com cuidados paliativos e não com a terapia dirigida a cura.<ref name="ASCOfive">{{citar periódico|autor1=American Society of Clinical Oncology|título=Five Things Physicians and Patients Should Question|publicado=American Society of Clinical Oncology|obra=Choosing Wisely: an initiative of the ABIM Foundation|url=http://choosingwisely.org/wp-content/uploads/2012/04/5things_12_factsheet_Amer_Soc_Clin_Onc.pdf|acessodata=14-8-2012 |postscript=|wayb=20120731073425|urlmorta=yes}}</ref>

Os cuidados paliativos são muitas vezes confundidos com a chamada "[[unidade de cuidados paliativos]]", que é aplicada em pacientes terminais. Os cuidados paliativos na verdade tentam ajudar a pessoa a lidar com as necessidades imediatas e aumentar o seu conforto. Várias organizações médicas recomendam cuidados paliativos logo no início do diagnóstico para pessoas cujo câncer produz sintomas angustiantes (como dor, falta de ar, fadiga e náuseas) ou que precisam de ajuda para lidar com a sua doença. Em pessoas que têm a doença metastática quando diagnosticadas pela primeira vez, os [[oncologista]]s devem considerar iniciar os cuidados paliativos imediatamente. Além disso, um oncologista deve considerar um tratamento paliativo em qualquer pessoa que tiver uma estimativa de menos de 12 meses de vida, mesmo se continuar com o tratamento agressivo.<ref>{{citar web|url=http://www.nccn.org/professionals/physician_gls/default.asp|título=NCCN Guidelines}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.nationalconsensusproject.org/guideline.pdf|título=Clinical Practice Guidelines for Quality Palliative Care|publicado=The National Consensus Project for Quality Palliative Care (NCP)|acessodata=2016-03-16|wayb=20110516082645|urlmorta=yes}}</ref><ref>{{citar periódico|autor=Levy MH, Back, A, Bazargan, S, Benedetti, C, Billings, JA, Block, S, Bruera, E, Carducci, MA, Dy, S, Eberle, C, Foley, KM, Harris, JD, Knight, SJ, Milch, R, Rhiner, M, Slatkin, NE, Spiegel, D, Sutton, L, Urba, S, Von Roenn, JH, Weinstein, SM, National Comprehensive Cancer Network|título=Palliative care. Clinical practice guidelines in oncology|periódico=Journal of the National Comprehensive Cancer Network: JNCCN|volume=4|número=8|páginas=776–818|data=setembro de 2006|pmid=16948956}}</ref>

=== Imunoterapia ===
Várias terapias que utilizam a [[imunoterapia]], que são estimulantes que ajudam o [[sistema imunológico]] a combater o câncer através do uso de substâncias modificadoras da resposta biológica, entraram em uso a partir de 1997 e continuam a ser uma área de pesquisa muito ativa.<ref>{{citar periódico|último=Waldmann|primeiro=TA|título=Immunotherapy: past, present and future.|periódico=Nature Medicine|data=março de 2003|volume=9|número=3|páginas=269–77|pmid=12612576|doi=10.1038/nm0303-269}}</ref> Muitos estudos clínicos ligados a ação anti-câncer usando linfócitos T foram aprovados já na fase tardia.<ref>{{Citar periódico|ultimo=Met|primeiro=Özcan|ultimo2=Jensen|primeiro2=Kasper Mølgaard|ultimo3=Chamberlain|primeiro3=Christopher Aled|ultimo4=Donia|primeiro4=Marco|ultimo5=Svane|primeiro5=Inge Marie|data=2018|titulo=Principles of adoptive T cell therapy in cancer|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30187086|jornal=Seminars in Immunopathology|doi=10.1007/s00281-018-0703-z|issn=1863-2300}}</ref>

A imunoterapia pode ser classificada em "ativa" e "passiva", de acordo com as substâncias utilizadas. Na imunoterapia ativa, substâncias estimulantes e restauradores das defesas do corpo são administradas com a finalidade de intensificar a resistência do organismo ao crescimento do tumor. Na imunoterapia passiva, anticorpos antitumorais são administrados para proporcionar uma maior capacidade imunológica de combate ao câncer. No entanto, a imunoterapia ainda é uma alternativa experimental, sendo que resultados mais conclusivos sobre sua eficácia e aplicabilidade clínica devem ser obtidos antes do seu uso em larga escala.<ref>{{citar web|url=http://www.inca.gov.br/conteudo_view.asp?ID=104|título=Imunoterapia|editor=[[Instituto Nacional do Câncer]] (INCA)|acessodata=18-3-2016}}</ref>

=== Medicina alternativa ===
Tratamentos complementares e alternativos para o câncer são um grupo diverso de sistemas, práticas e produtos de assistência médica que não fazem parte da medicina convencional.<ref name="mnalt">{{citar periódico|autor=Cassileth BR, Deng G|título=Complementary and alternative therapies for cancer|periódico=Oncologist|volume=9|número=1|páginas=80–9|ano=2004|pmid=14755017|doi=10.1634/theoncologist.9-1-80}}</ref> A "medicina complementar" refere-se a métodos e substâncias utilizadas juntamente com a medicina convencional, enquanto que a "medicina alternativa" refere-se a compostos utilizados em substituição de métodos convencionais.<ref>[http://nccam.nih.gov/health/whatiscam/#2 What Is CAM?] National Center for Complementary and Alternative Medicine. Acessado em 3 de fevereiro de 2008.</ref> Medicamentos complementares e alternativos para o câncer não foram rigorosamente estudados ou testados, em geral, na fase clínica (humanos), devido principalmente esta fase representar altos gastos médios, muitos discutem os valores anunciados médios de US$ 802 milhões<ref>{{Citar periódico|ultimo=Collier|primeiro=Roger|data=2009-02-03|titulo=Drug development cost estimates hard to swallow|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2630351/|jornal=CMAJ : Canadian Medical Association Journal|volume=180|numero=3|paginas=279–280|doi=10.1503/cmaj.082040|issn=0820-3946|pmid=19188620}}</ref> e outros ainda aumentam este valor. De toda forma este sistema convalidatório tem acabado por privilegiar quase apenas fórmulas que tenham exclusividade de fabricação, o que daria aos investidores a garantia de retorno do capital investido e lucro. Por esta razão muitos medicamentos de compostos naturais, fórmulas conhecidas e associações a patentes vencidas, ficam marginalizados, bem como sistemas de tratamento que não represente ganhos compatíveis aos gastos da pesquisa clínica. Alguns tratamentos alternativos têm sido investigados e mostraram-se eficazes e outros ineficazes, e continuam a ser comercializados e promovidos.<ref>{{citar web|url=http://www1.inca.gov.br/rbc/n_48/v04/pdf/artigo6.pdf|título=Medicina não-convencional:prevalência em pacientes oncológicos|editor=[[Instituto Nacional do Câncer]] (INCA)|acessodata=18-3-2016}}</ref>

Muitos centros de pesquisa tem promovido dietas e mudança de estilo de vida como tendo eficiência anti-câncer com resultados publicados de regressão de câncer em humanos<ref>{{Citar periódico|ultimo=Ornish|primeiro=Dean|ultimo2=Weidner|primeiro2=Gerdi|ultimo3=Fair|primeiro3=William R.|ultimo4=Marlin|primeiro4=Ruth|ultimo5=Pettengill|primeiro5=Elaine B.|ultimo6=Raisin|primeiro6=Caren J.|ultimo7=Dunn-Emke|primeiro7=Stacey|ultimo8=Crutchfield|primeiro8=Lila|ultimo9=Jacobs|primeiro9=F. Nicholas|data=2005|titulo=Intensive lifestyle changes may affect the progression of prostate cancer|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16094059|jornal=The Journal of Urology|volume=174|numero=3|paginas=1065–1069; discussion 1069–1070|doi=10.1097/01.ju.0000169487.49018.73|issn=0022-5347|pmid=16094059}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Ornish|primeiro=Dean|ultimo2=Magbanua|primeiro2=Mark Jesus M.|ultimo3=Weidner|primeiro3=Gerdi|ultimo4=Weinberg|primeiro4=Vivian|ultimo5=Kemp|primeiro5=Colleen|ultimo6=Green|primeiro6=Christopher|ultimo7=Mattie|primeiro7=Michael D.|ultimo8=Marlin|primeiro8=Ruth|ultimo9=Simko|primeiro9=Jeff|data=2008-06-17|titulo=Changes in prostate gene expression in men undergoing an intensive nutrition and lifestyle intervention|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC2430265/|jornal=Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America|volume=105|numero=24|paginas=8369–8374|doi=10.1073/pnas.0803080105|issn=0027-8424|pmid=18559852}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Campbell|primeiro=T. Colin|data=2017|titulo=Cancer Prevention and Treatment by Wholistic Nutrition|url=https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/29057328|jornal=Journal of Nature and Science|volume=3|numero=10|issn=2377-2700|pmid=29057328}}</ref> e uma infinidade de estudos pré-clínicos confirmam de forma inversa, as práticas milenares medicinais em humanos, no uso de alimentos e plantas anticancerígenas.<ref>{{Citar periódico|data=2001-08-01|titulo=Natural products in anticancer therapy|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S1471489201000637|jornal=Current Opinion in Pharmacology|lingua=en|volume=1|numero=4|paginas=364–369|doi=10.1016/S1471-4892(01)00063-7|issn=1471-4892}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2014-04-22|titulo=Isoxazoline containing natural products as anticancer agents: A review|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0223523414002013|jornal=European Journal of Medicinal Chemistry|lingua=en|volume=77|paginas=121–133|doi=10.1016/j.ejmech.2014.02.063|issn=0223-5234}}</ref><ref>{{Citar periódico|data=2012-11-06|titulo=Anticancer polysaccharides from natural resources: A review of recent research|url=https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0144861712006820|jornal=Carbohydrate Polymers|lingua=en|volume=90|numero=4|paginas=1395–1410|doi=10.1016/j.carbpol.2012.07.026|issn=0144-8617}}</ref><ref>{{Citar periódico|ultimo=Guo|primeiro=B.|ultimo2=Wang|primeiro2=Y.|ultimo3=Sun|primeiro3=X.|ultimo4=Tang|primeiro4=K.|data=2008|titulo=Bioactive natural products from endophytes: A review|url=https://link.springer.com/article/10.1134/S0003683808020026|jornal=Applied Biochemistry and Microbiology|lingua=en|volume=44|numero=2|paginas=136–142|doi=10.1134/s0003683808020026|issn=0003-6838}}</ref>

=== Terapia de diferenciação ===
Foi observado que as células cancerosas eram de muitas maneiras reversões para células embrionárias, sendo assim foi hipotetizado que células cancerígenas deveriam reverter para a normalidade se elas fossem estimuladas a se diferenciarem.<ref name=":0" />

No trabalho realizado por Sachs descobriu-se que certas leucemias podiam ser controladas fazendo com que suas células se diferenciassem e não se proliferassem. Uma dessas leucemias, APL, é causada por uma recombinação somática criando um novo fator de transcrição, cujas partes é um receptor de ácido retinoico. A expressão desse fator de transcrição em progenitores neutrófilos faz com que a célula se torne maligna. O tratamento de pacientes com APL usando ácido retinoico trans causa a remissão do APL em mais de 90% dos casos, desde que o ácido retinoico adicional seja capaz de afetar a diferenciação das células leucêmicas em neutrófilos normais.<ref>{{citar web|url=http://carcin.oxfordjournals.org/content/21/7/1271.full.pdf+html|titulo=Terapia de diferenciação|data=2000|acessodata=26/06/2016|obra=Retinoids in chemoprevention and differentiation therapy|publicado=Carcinogenesis|ultimo=Hansen|primeiro=Laura}}</ref>

== Prognóstico ==
O câncer tem uma reputação de ser uma doença mortal. Como um todo, cerca de metade das pessoas que recebem tratamento para câncer invasivo (excluindo o carcinomas e câncer de pele não melanoma) morrem em decorrência da doença ou do tratamento.<ref name=Epi11/> A sobrevivência é pior no [[mundo em desenvolvimento]],<ref name=Epi11/> em parte porque os tipos de cânceres mais comuns nessas regiões são mais difíceis de tratar do que aqueles associados com o estilo de vida de países desenvolvidos.<ref>{{citar livro|título=World Cancer Report 2014|data=2014|publicado=Organização Mundial da Saúde|isbn=9283204298|página=22}}</ref> No entanto, as taxas de sobrevivência variam dramaticamente de acordo com o tipo de câncer e com o estágio de desenvolvimento da doença no momento em que ela é diagnosticada. Após o câncer ter [[metástase]] ou se propagar para além do seu local original, o prognóstico normalmente torna-se muito pior.<ref>{{citar web|url=http://www1.inca.gov.br/situacao/arquivos/ocorrencia_sobrevida.pdf|título=Sobrevida, estadiamento relação incidência/mortalidade|editor=[[Instituto Nacional do Câncer]] (INCA)|acessodata=18-3-2016}}</ref>

Aqueles que sobrevivem a um câncer têm cerca de duas vezes mais risco de desenvolver um segundo câncer primário em relação à taxa registrada naqueles que nunca foram diagnosticados com a doença.<ref name="isbn1-55009-213-8" /> Acredita-se que o aumento do risco deve-se, principalmente, aos mesmos fatores de risco que produziram o primeiro câncer, em parte por conta do tratamento oferecido e a um melhor cumprimento de triagem.<ref name="isbn1-55009-213-8">{{citar livro|editor=Frei, Emil; Kufe, Donald W.; Holland, James F.|autor=Rheingold, Susan; Neugut, Alfred; Meadows, Anna|título=Holland-Frei Cancer Medicine|edição= 6th|publicado=BC Decker|local=Hamilton, Ont|ano=2003|página=2399|isbn=1-55009-213-8|capítulourl=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK20948/|capítulo=156: Secondary Cancers: Incidence, Risk Factors, and Management|acessodata=5 de novembro de 2009}}</ref>

Prever a sobrevivência de curto e longo prazo é difícil e depende de muitos fatores. Os fatores mais importantes são o tipo específico de câncer e a idade e a saúde geral do paciente. As pessoas que são frágeis, com muitos outros problemas de saúde, têm taxas de sobrevivência mais baixas do que as pessoas saudáveis. É improvável que [[Centenário (idade)|centenários]] sobrevivam por mais de cinco anos após o diagnóstico, mesmo se o tratamento for bem sucedido. As pessoas que relatam uma maior qualidade de vida tendem a sobreviver mais tempo. As pessoas com baixa qualidade de vida podem ser afetadas por um [[Depressão nervosa|transtorno depressivo]] maior e por outras complicações do tratamento contra o câncer e/ou a progressão da doença. Além disso, os pacientes com pior prognóstico podem relatar uma menor qualidade de vida, porque eles percebem corretamente que a sua condição médica pode ser fatal.<ref>{{citar periódico|autor=Montazeri A|título=Quality of life data as prognostic indicators of survival in cancer patients: an overview of the literature from 1982 to 2008|periódico=Health Qual Life Outcomes|volume=7|página=102|data=dezembro de 2009|pmid=20030832|pmc=2805623|doi=10.1186/1477-7525-7-102}}</ref>

Pessoas com câncer, mesmo aquelas que caminham por conta própria, têm um risco aumentado de [[coágulo]]s sanguíneos nas [[veia]]s. A utilização de [[heparina]] parece melhorar a sobrevivência e diminuir o risco de formação de coágulos sanguíneos.<ref>{{citar periódico|último1=Akl|primeiro1=EA|último2=Kahale|primeiro2=LA|último3=Ballout|primeiro3=RA|último4 =Barba|primeiro4 =M|último5 =Yosuico|primeiro5 =VE|último6 =van Doormaal|primeiro6 =FF|último7 =Middeldorp|primeiro7 =S|último8 =Bryant|primeiro8 =A|último9 =Schünemann|primeiro9 =H|título=Parenteral anticoagulation in ambulatory patients with cancer.|periódico=The Cochrane database of systematic reviews|data=10-12-2014|volume=12|páginas=CD006652|pmid=25491949|doi=10.1002/14651858.CD006652.pub4}}</ref>

== Prevenção ==
[[Imagem:Corredores de la segunda edición de Corro Contra el Càncer.png|thumb|Membros da Corrida Contra o Câncer na [[Catalunha]], [[Espanha]]. O [[sedentarismo]] pode contribuir para o desenvolvimento de alguns tipos de câncer]]
A prevenção é definida como uma série de medidas ativas que podem diminuir o risco de desenvolvimento de câncer.<ref>{{citar web|url=http://www.mayoclinic.com/health/cancer-prevention/CA00024|título=Cancer prevention: 7 steps to reduce your risk|publicado=[[Mayo Clinic]]|data=27 de setembro de 2008|acessodata=30 de janeiro de 2010}}</ref> A grande maioria dos casos de câncer ocorrem devido a fatores de risco ambientais e muitos, se não todos, são escolhas de [[estilo de vida]] controláveis. Assim, o câncer é considerado uma doença em grande parte evitável.<ref name=Danaei>{{citar periódico|autor=Danaei G, Vander Hoorn S, Lopez AD, Murray CJ, Ezzati M|título=Causes of cancer in the world: comparative risk assessment of nine behavioural and environmental risk factors|periódico=Lancet|volume=366|número=9499|páginas=1784–93|ano=2005|pmid=16298215|doi=10.1016/S0140-6736(05)67725-2}}</ref> Entre 70% e 90% dos cânceres comuns são devidos a fatores ambientais e, portanto, possivelmente evitáveis.<ref>{{citar periódico|último1=Wu|primeiro1=S|último2=Powers|primeiro2=S|último3=Zhu|primeiro3=W|último4 =Hannun|primeiro4 =YA|título=Substantial contribution of extrinsic risk factors to cancer development.|periódico=Nature|data=16-12-2015|pmid=26675728|doi=10.1038/nature16166}}</ref>

Mais de 30% das mortes por câncer poderia ser prevenida evitando-se fatores de risco, como [[tabagismo]], excesso de peso/[[obesidade]], dieta insuficiente, [[sedentarismo]], [[alcoolismo]], [[doenças sexualmente transmissíveis]] e [[poluição do ar]]. No entanto, nem todas as causas ambientais são controláveis, tais como a ocorrência natural de [[radiação]]. Ademais, alguns tipos de câncer são causados por doenças genéticas hereditárias e, assim, não é possível evitar todos os casos da doença.<ref name="Cancer Cancer">{{citar web|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/|título=Cancer|obra=[[Organização Mundial da Saúde]]|acessodata=9 de janeiro de 2011}}</ref>

=== Alimentação ===
{{Artigo principal|Alimentação e câncer}}
[[Imagem:Make_healthy_choices_poster.jpg|thumb|Propaganda de 1987 do [[National Cancer Institute]] sobre a importância de uma alimentação saudável]]
Enquanto muitas recomendações dietéticas têm sido propostas para reduzir o risco de câncer, a evidência para apoiá-las não é definitiva.<ref name=Kushi2012 /><ref name=Diet11>{{citar periódico|autor=Wicki A, Hagmann, J|título=Diet and cancer|periódico=Swiss medical weekly|volume=141|páginas=w13250|data=setembro de 2011|pmid=21904992|doi=10.4414/smw.2011.13250}}</ref> Os fatores dietéticos primários que aumentam o risco são a obesidade e o consumo de álcool; uma dieta pobre em [[fruta]]s e [[legume]]s e rica em [[carne vermelha]] também foi apontada, mas não confirmada.<ref name="pmid22202045">{{citar periódico|autor=Cappellani A, Di Vita M, Zanghi A, Cavallaro A, Piccolo G, Veroux M, Berretta M, Malaguarnera M, Canzonieri V, Lo Menzo E|título=Diet, obesity and breast cancer: an update|periódico=Front Biosci (Schol Ed)|volume=4|páginas=90–108|ano=2012|pmid=22202045}}</ref><ref name="pmid21119663">{{citar periódico|autor=Key TJ|título=Fruit and vegetables and cancer risk|periódico=Br. J. Cancer|volume=104|número=1|páginas=6–11|data=janeiro de 2011|pmid=21119663|pmc=3039795|doi=10.1038/sj.bjc.6606032}}</ref> Um estudo de 2014 não encontrou uma relação entre consumo de frutas e vegetais e o câncer.<ref>{{citar periódico|último1=Wang|primeiro1=X|último2=Ouyang|primeiro2=Y|último3=Liu|primeiro3=J|último4 =Zhu|primeiro4 =M|último5 =Zhao|primeiro5 =G|último6 =Bao|primeiro6 =W|último7 =Hu|primeiro7 =FB|título=Fruit and vegetable consumption and mortality from all causes, cardiovascular disease, and cancer: systematic review and dose-response meta-analysis of prospective cohort studies.|periódico=BMJ (Clinical research ed.)|data=29-7-2014|volume=349|páginas=g4490|pmid=25073782|doi=10.1136/bmj.g4490|pmc=4115152}}</ref> O consumo de [[café]] está associado a um risco reduzido de [[câncer de fígado]].<ref name="pmid17484871">{{citar periódico|autor=Larsson SC, Wolk A|título=Coffee consumption and risk of liver cancer: a meta-analysis|periódico=Gastroenterology|volume=132|número=5|páginas=1740–5|data=maio de 2007|pmid=17484871|doi=10.1053/j.gastro.2007.03.044}}</ref> Estudos têm relacionado o consumo excessivo de [[carne vermelha]] ou processada com o aumento do risco de [[câncer de mama]], [[câncer de cólon]] e [[câncer de pâncreas]], um fenômeno que poderia ocorrer devido à presença de substâncias [[cancerígenas]] em carnes cozidas em altas temperaturas.<ref name="pmid19838915">{{citar periódico|autor=Zheng W, Lee SA|título=Well-done meat intake, heterocyclic amine exposure, and cancer risk|periódico=Nutr Cancer|volume=61|número=4|páginas=437–46|ano=2009|pmid=19838915|pmc=2769029|doi=10.1080/01635580802710741}}</ref><ref name="pmid20374790">{{citar periódico|autor=Ferguson LR|título=Meat and cancer|periódico=Meat Sci.|volume=84|número=2|páginas=308–13|data=fevereiro de 2010|pmid=20374790|doi=10.1016/j.meatsci.2009.06.032}}</ref> Isto foi confirmado em 2015 pela [[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer]], da [[Organização Mundial da Saúde]] (OMS), que determinou que a ingestão de carne processada (por exemplo, [[bacon]], [[presunto]], [[cachorros-quentes]], [[salsichas]]) e, em menor grau, carne vermelha, foi associada a alguns tipos de câncer.<ref name="WHO-20151026">{{citar jornal|autor=Staff|título=World Health Organization - IARC Monographs evaluate consumption of red meat and processed meat|url=http://www.iarc.fr/en/media-centre/pr/2015/pdfs/pr240_E.pdf|formato=[[PDF]]|data=26 de outubro de 2015|obra=[[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer]]|acessodata=26 de outubro de 2015}}</ref><ref name="NYT-20151026">{{citar jornal|último=Hauser|primeiro=Christine|título=W.H.O. Report Links Some Cancers With Processed or Red Meat|url=http://www.nytimes.com/2015/10/27/health/report-links-some-types-of-cancer-with-processed-or-red-meat.html|data=26 de outubro de 2015|obra=[[New York Times]]|acessodata=26 de outubro de 2015}}</ref>

Recomendações dietéticas para a prevenção do câncer geralmente incluem uma maior ênfase em legumes, frutas, [[Cereal|grãos]] integrais e [[peixe]]s, além de se evitar o consumo de carne processada e vermelha (carne de [[vaca]], [[porco]], [[cordeiro]]), gorduras animais e [[carboidrato]]s refinados.<ref name=Kushi2012/><ref name=Diet11/>

=== Medicação ===

O conceito de que medicamentos podem ser utilizados para prevenir o câncer é atraente e evidências apoiam a sua utilização em algumas circunstâncias definidas.<ref>Holland Chp.33</ref> Na população em geral, [[anti-inflamatórios não esteroides]] (AINEs) reduzem o risco de [[câncer colorretal]], no entanto, devido aos efeitos secundários cardiovasculares e gastrointestinais, eles causam danos globais quando utilizados para a prevenção.<ref name="pmid17339623">{{citar periódico|autor=Rostom A, Dubé C, Lewin G, Tsertsvadze A, Barrowman N, Code C, Sampson M, Moher D|título=Nonsteroidal anti-inflammatory drugs and cyclooxygenase-2 inhibitors for primary prevention of colorectal cancer: a systematic review prepared for the U.S. Preventive Services Task Force|periódico=Annals of Internal Medicine|volume=146|número=5|páginas=376–89|data=março de 2007|pmid=17339623|doi=10.7326/0003-4819-146-5-200703060-00010}}</ref> A [[aspirina]] também reduz o risco de morte por câncer em cerca de 7%.<ref name="pmid21144578">{{citar periódico|autor=Rothwell PM, Fowkes FG, Belch JF, Ogawa H, Warlow CP, Meade TW|título=Effect of daily aspirin on long-term risk of death due to cancer: analysis of individual patient data from randomised trials|periódico=Lancet|volume=377|número=9759|páginas=31–41|data=janeiro de 2011|pmid=21144578|doi=10.1016/S0140-6736(10)62110-1}}</ref> [[Inibidores seletivos de COX-2]] podem diminuir a taxa de formação de [[pólipo]]s em pessoas com [[polipose adenomatosa familiar]], no entanto estão associados com os mesmos efeitos adversos dos AINEs.<ref name="pmid20594533">{{citar periódico|autor=Cooper K, Squires H, Carroll C, Papaioannou D, Booth A, Logan RF, Maguire C, Hind D, Tappenden P|título=Chemoprevention of colorectal cancer: systematic review and economic evaluation|periódico=Health Technol Assess|volume=14|número=32|páginas=1–206|data=junho de 2010|pmid=20594533|doi=10.3310/hta14320}}</ref> A utilização diária de [[tamoxifeno]] ou [[raloxifeno]] tem sido demonstrada como eficaz na redução do risco de desenvolver câncer da mama em mulheres com alto risco.<ref name="pmid19020189">{{citar periódico|autor=Thomsen A, Kolesar JM|título=Chemoprevention of breast cancer|periódico=Am J Health Syst Pharm|volume=65|número=23|páginas=2221–8|data=dezembro de 2008|pmid=19020189|doi=10.2146/ajhp070663}}</ref> O benefício contra danos por [[inibidor da 5-alfarredutase]], tal como [[finasterida]], ainda não foi confirmado.<ref name="pmid18425978">{{citar periódico|autor=Wilt TJ, MacDonald R, Hagerty K, Schellhammer P, Kramer BS|título=Five-alpha-reductase Inhibitors for prostate cancer prevention|periódico=Cochrane Database Syst Rev|número=2|páginas=CD007091|ano=2008|pmid=18425978|doi=10.1002/14651858.CD007091 |editor-sobrenome1 = Wilt |editor-nome1 = Timothy J}}</ref>

As [[vitamina]]s não foram provadas como eficazes na prevenção de câncer,<ref name="pmid20939459">{{citar periódico|título=Vitamins and minerals: not for cancer or cardiovascular prevention|periódico=Prescrire Int|volume=19|número=108|página=182|data=agosto de 2010|pmid=20939459|url=http://english.prescrire.org/en/81/168/46461/0/2010/ArchiveNewsDetails.aspx?page=2}}</ref> embora os níveis sanguíneos de [[vitamina D]] estejam correlacionados com um risco aumentado do câncer.<ref name="pmid16595781">{{citar periódico|autor=Giovannucci E, Liu Y, Rimm EB, Hollis BW, Fuchs CS, Stampfer MJ, Willett WC|título=Prospective study of predictors of vitamin D status and cancer incidence and mortality in men|periódico=J. Natl. Cancer Inst.|volume=98|número=7|páginas=451–9|data=abril de 2006|pmid=16595781|doi=10.1093/jnci/djj101}}</ref><ref>{{citar web|wayb=20090413153113|url=http://www.cancer.org/docroot/NWS/content/NWS_1_1x_Vitamin_D_Has_Role_in_Colon_Cancer_Prevention.asp|datali=novembro de 2019|título=Vitamin D Has Role in Colon Cancer Prevention|acessodata=27-7-2007}}</ref> A hipótese de que esta relação é causal e que suplementação com vitamina D causa algum grau de proteção ainda não foi comprovada.<ref name="pmid16595770">{{citar periódico|autor=Schwartz GG, Blot WJ|título=Vitamin D status and cancer incidence and mortality: something new under the sun|periódico=J. Natl. Cancer Inst.|volume=98|número=7|páginas=428–30|data=abril de 2006|pmid=16595770|doi=10.1093/jnci/djj127}}</ref> A suplementação com [[beta-caroteno]] aumenta as taxas de câncer de pulmão em pessoas com alto risco.<ref name="pmid21738614">{{citar periódico|autor=Fritz H, Kennedy D, Fergusson D, Fernandes R, Doucette S, Cooley K, Seely A, Sagar S, Wong R, Seely D|título=Vitamin A and retinoid derivatives for lung cancer: a systematic review and meta analysis|periódico=PLoS ONE|volume=6|número=6|páginas=e21107|ano=2011|pmid=21738614|pmc=3124481|doi=10.1371/journal.pone.0021107 |bibcode = 2011PLoSO...6E1107F |editor-sobrenome1 = Minna |editor-nome1 = John D}}</ref> A suplementação com [[ácido fólico]] não previne o [[câncer de cólon]] e pode aumentar [[pólipo]]s do [[cólon]].<ref name="pmid17551129">{{citar periódico|autor=Cole BF, Baron JA, Sandler RS, Haile RW, Ahnen DJ, Bresalier RS, McKeown-Eyssen G, Summers RW, Rothstein RI, Burke CA, Snover DC, Church TR, Allen JI, Robertson DJ, Beck GJ, Bond JH, Byers T, Mandel JS, Mott LA, Pearson LH, Barry EL, Rees JR, Marcon N, Saibil F, Ueland PM, Greenberg ER|título=Folic acid for the prevention of colorectal adenomas: a randomized clinical trial|periódico=JAMA|volume=297|número=21|páginas=2351–9|data=junho de 2007|pmid=17551129|doi=10.1001/jama.297.21.2351}}</ref> Não está claro se a suplementação com [[selênio]] tem algum efeito.<ref>{{citar periódico|último1=Vinceti|primeiro1=M|último2=Dennert|primeiro2=G|último3=Crespi|primeiro3=CM|último4 =Zwahlen|primeiro4 =M|último5 =Brinkman|primeiro5 =M
|último6 =Zeegers|primeiro6 =MP|último7 =Horneber|primeiro7 =M|último8 =D'Amico|primeiro8 =R|último9 =Del Giovane|primeiro9 =C|título=Selenium for preventing cancer.|periódico=The Cochrane database of systematic reviews|data=30-3-2014|volume=3|páginas=CD005195|pmid=24683040|doi=10.1002/14651858.CD005195.pub3}}</ref>

=== Vacinação ===
Foram desenvolvidas [[vacina]]s que previnem a [[infecção]] por alguns vírus [[cancerígeno]]s.<ref name=vacc_facts_nci>{{citar web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/factsheet/cancervaccine|título=Cancer Vaccine Fact Sheet|publicado=[[National Cancer Institute|NCI]]|data=8-6-2006|acessodata=15 de novembro de 2008|wayb=20081025003130|urlmorta=yes}}</ref> A [[vacina contra hepatite B]] ([[Gardasil]] e [[Cervarix]]) diminui o risco de desenvolvimento de [[câncer cervical]].<ref name=vacc_facts_nci/> A [[vacina contra o HPV]] previne a infecção pelo vírus da [[hepatite B]] e, consequentemente, diminui o risco de [[câncer de fígado]].<ref name=vacc_facts_nci/> A administração de vacinas de papilomavírus humano e da hepatite B é recomendada quando tais recursos estão disponíveis.<ref name="pmid24176569">{{citar periódico|autor=Lertkhachonsuk AA, Yip CH, Khuhaprema T, Chen DS, Plummer M, Jee SH, Toi M, Wilailak S|título=Cancer prevention in Asia: resource-stratified guidelines from the Asian Oncology Summit 2013|periódico=Lancet Oncology|ano=2013|volume=14|número=12|páginas=e497-507|pmid=24176569|doi=10.1016/S1470-2045(13)70350-4}}</ref>

== Rastreio ==
[[Imagem:Mammogram.jpg|thumb|Uma paciente fazendo o rastreio de [[câncer de mama]] durante uma [[mamografia]]]]
Ao contrário de um diagnóstico motivado por sinais e sintomas médicos, o [[rastreio]] do câncer envolve esforços para encontrar a doença depois de ter sido formada, mas antes de apresentar quaisquer sintomas perceptíveis. O rastreio pode envolver exames físicos, [[exame de sangue|de sangue]], [[Exame de urina|de urina]], ou [[imagiologia médica]].<ref name=NIH>{{citar web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/pdq/screening/overview/Patient|título=What Is Cancer Screening?|obra=National Cancer Institute}}</ref>

O rastreio do câncer não está atualmente disponível para muitos tipos da doença e, mesmo quando tais testes estão disponíveis, eles podem não ser recomendados para todos os pacientes. A ''triagem universal'' ou o ''rastreio em massa'' envolve o rastreio de toda uma população,<ref name=Wilson>Wilson JMG, Jungner G. (1968) [http://whqlibdoc.who.int/php/WHO_PHP_34.pdf Principles and practice of screening for disease.] Geneva:[[Organização Mundial da Saúde]]. Public Health Papers, #34.</ref> enquanto a ''triagem prescritiva'' analisa apenas os pacientes que conhecidamente têm maior risco de desenvolver a doença, tais como pessoas com histórico familiar de casos de câncer.<ref name=Wilson /> Vários fatores são considerados para determinar se os benefícios do rastreio superam os riscos e os custos de triagem.<ref name=NIH/>

=== Recomendações ===
O rastreio do [[câncer do colo do útero]] é recomendado em mulheres de até 65 anos de idade que sejam [[Comportamento sexual humano|sexualmente ativas]] e que tenham [[cérvix]].<ref>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspscerv.htm|título=Screening for Cervical Cancer|ano=2003|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref> O rastreio do [[câncer colorretal]] é indicado através de testes de [[sangue oculto nas fezes]], [[sigmoidoscopia]] ou [[colonoscopia]] desde os 50 anos até os 75 anos de idade.<ref>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspscolo.htm|título=Screening for Colorectal Cancer|ano=2008|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref> Não há evidências suficientes para recomendar ou desaconselhar o rastreamento dos cânceres de pele,<ref>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspsskca.htm|título=Screening for Skin Cancer|ano=2009|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref> oral,<ref>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspsoral.htm|título=Screening for Oral Cancer|ano=2004|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref> de pulmão,<ref>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspslung.htm|título=Lung Cancer Screening|ano=2004|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref> ou de próstata em homens com menos de 75 anos de idade.<ref name=USPSTFPr08>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspsprca.htm|título=Screening for Prostate Cancer|ano=2008|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref>

A [[mamografia]] para detecção do [[câncer de mama]] é recomendada a cada dois anos para mulheres entre 50 e 74 anos de idade.<ref name=USPSTFBr09>{{citar web|url=http://www.uspreventiveservicestaskforce.org/uspstf/uspsbrca.htm|título=Screening for Breast Cancer|ano=2009|obra=U.S. Preventive Services Task Force}}</ref> No entanto, uma análise de 2011 da [[Colaboração Cochrane]] chegou a conclusões ligeiramente diferentes em relação à triagem do câncer de mama, ao afirmar que a mamografia de rotina pode ser mais prejudicial do que benéfica.<ref name="CD001877">{{citar periódico|autor=Gøtzsche PC, Nielsen M|título=Screening for breast cancer with mammography|periódico=Cochrane Database Syst Rev|número=1|páginas=CD001877|ano=2011|pmid=21249649|doi=10.1002/14651858.CD001877.pub4 |editor-sobrenome1 = Gøtzsche |editor-nome1 = Peter C}}</ref>

=== Testes genéticos ===
{| class="wikitable" style="float:right; margin-left:15px; text-align:center"
|-
! Gene
! Tipos de câncer
|-
| [[BRCA1]], [[BRCA2]]
| Mama, ovário, pâncreas
|-
| [[Câncer colorretal hereditário sem polipose|HNPCC]], [[MLH1]], [[MSH2]], [[MSH6]], [[PMS1]], [[PMS2]]
| Cólon, uterino, intestino delgado, estômago, trato urinário
|}

[[Teste genético|Testes genéticos]] são recomendados para pessoas com alto risco de desenvolver determinados tipos de câncer.<ref name="pmid24176569"/><ref name=BRCA08>{{citar periódico|autor=Gulati AP, Domchek, SM|título=The clinical management of BRCA1 and BRCA2 mutation carriers|periódico=Current oncology reports|volume=10|número=1|páginas=47–53|data=janeiro de 2008|pmid=18366960|doi=10.1007/s11912-008-0008-9}}</ref> Portadores de tais mutações podem, em seguida aos exames genéticos, passarem a ser alvo de vigilância médica, de quimioprevenção ou de cirurgias preventivas para reduzir o risco de desenvolver a doença no futuro.<ref name=BRCA08/>

== Epidemiologia ==
{{Artigo principal|Epidemiologia do câncer}}
[[Imagem:Malignant_neoplasms_world_map_-_Death_-_WHO2004.svg|thumb|esquerda|upright=1.4|[[Taxa de mortalidade padronizada para a idade]] por câncer maligno a cada 100 mil habitantes em 2004<ref>{{citar web|url=http://www.who.int/healthinfo/global_burden_disease/estimates_country/en/index.html|título=WHO Disease and injury country estimates|ano=2009|obra=[[Organização Mundial da Saúde]]|acessodata=11 de novembro de 2009}}</ref>
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Em 2008, cerca de 12,7 milhões de casos de câncer foram diagnosticados (excluindo câncer de pele não melanoma e outros cânceres não invasivos)<ref name=Epi11/> e em 2010 cerca de 7,98 milhões de pessoas morreram por causa da doença.<ref name=Loz2012>{{citar periódico|último=Lozano|primeiro=R|título=Global and regional mortality from 235 causes of death for 20 age groups in 1990 and 2010: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2010|periódico=Lancet|data=15-12-2012|volume=380|número=9859|páginas=2095–128|pmid=23245604|doi=10.1016/S0140-6736(12)61728-0|primeiro2=N|último2=Mohsen|primeiro3=K|último3=Foreman|primeiro4 =S|último4 =Lim|primeiro5 =K|último5 =Shibuya|primeiro6 =V|último6 =Aboyans|primeiro7 =J|último7 =Abraham|primeiro8 =T|último8 =Adair|primeiro9 =R|último9 =Aggarwal|primeiro10=SY|último10=Ahn|primeiro11=MA|último11=AlMazroa|primeiro12=M|último12=Alvarado|primeiro13=HR|último13=Anderson|primeiro14=LM|último14=Anderson|primeiro15=KG|último15=Andrews|primeiro16=C|último16=Atkinson|primeiro17=LM|último17=Baddour|primeiro18=S|último18=Barker-Collo|primeiro19=DH|último19=Bartels|primeiro20=ML|último20=Bell|primeiro21=EJ|último21=Benjamin|primeiro22=D|último22=Bennett|primeiro23=K|último23=Bhalla|primeiro24=B|último24=Bikbov|primeiro25=A|último25=Bin Abdulhak|primeiro26=G|último26=Birbeck|primeiro27=F|último27=Blyth|primeiro28=I|último28=Bolliger|primeiro29=S|último29=Boufous|primeiro30=C|último30=Bucello}}</ref> O câncer causa aproximadamente 13% de todas as mortes anuais, sendo os tipos mais comuns: [[câncer de pulmão]] (1,4 milhão de mortes); [[câncer do estômago]] (740 mil mortes); [[câncer de fígado]] (700 mil mortes); [[câncer colorretal]] (610 mil mortes); e [[câncer da mama]] (460 mil mortes).<ref name="WHO">{{citar web|último=WHO|autorlink=Organização Mundial da Saúde|título=Cancer|publicado=Organização Mundial da Saúde|data=outubro de 2010|url=http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs297/en/|acessodata=5 de janeiro de 2011}}</ref> Este câncer invasivo é a principal causa de morte no [[mundo desenvolvido]] e a segunda principal causa de morte no mundo [[Países em desenvolvimento|em desenvolvimento]].<ref name=Epi11/> Mais de metade dos casos ocorrem no mundo em desenvolvimento.<ref name=Epi11/>

Foram registradas 5,8 milhões de mortes por câncer em 1990<ref name=Loz2012/> e as taxas têm aumentado, principalmente devido a uma população mais longeva e por mudanças no estilo de vida no mundo em desenvolvimento.<ref name=Epi11/> O fator de risco mais importante para o desenvolvimento de câncer é a [[velhice]].<ref name=Coleman>{{citar livro|autor=Coleman, William B. and Rubinas, Tara C.|editor=Tsongalis, Gregory J. and Coleman, William L.|título=Molecular Pathology: The Molecular Basis of Human Disease|publicado=Elsevier Academic Press|local=Amsterdam|ano=2009|página=66|capítulo=4|isbn=0-12-374419-9}}</ref> Embora seja possível que o câncer surja em qualquer idade, a maioria das pessoas que são diagnosticadas com câncer invasivo tem em torno de 65 anos de idade.<ref name=Coleman /> De acordo com o pesquisador Robert A. Weinberg: "Se vivêssemos tempo suficiente, mais cedo ou mais tarde todos nós teríamos câncer".<ref name=Weinberg>{{citar jornal|url=http://www.nytimes.com/2010/12/28/health/28cancer.html|título=Unearthing Prehistoric Tumors, and Debate|jornal=[[The New York Times]]|data=28-12-2010|autor=Johnson, George}}</ref> A associação entre o envelhecimento e o câncer é atribuída a [[imunossenescência]],<ref>{{citar periódico|autor=Pawelec G, Derhovanessian, E, Larbi, A|título=Immunosenescence and cancer|periódico=Critical reviews in oncology/hematology|volume=75|número=2|páginas=165–72|data=agosto de 2010|pmid=20656212|doi=10.1016/j.critrevonc.2010.06.012}}</ref> erros acumulados no [[DNA]] ao longo da vida<ref>{{citar livro|autor=Alberts, B, Johnson A, Lewis J|título=Molecular biology of the cell|publicado=Garland Science|local=New York|ano=2002|edição=4th|capítulo=The Preventable Causes of Cancer|isbn=0-8153-4072-9|url=http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK26897/ |display-authors=etal}}</ref> e alterações relacionadas com a idade no [[sistema endócrino]].<ref>{{citar periódico|autor=Anisimov VN, Sikora, E, Pawelec, G|título=Relationships between cancer and aging: a multilevel approach|periódico=Biogerontology|volume=10|número=4|páginas=323–38|data=agosto de 2009|pmid=19156531|doi=10.1007/s10522-008-9209-8}}</ref> O efeito da envelhecimento sobre o câncer é complexo, com uma série de fatores, tais como danos no DNA.<ref>{{citar periódico|autor=de Magalhaes JP|título=How ageing processes influence cancer|periódico=Nature Reviews Cancer|volume=13|número=5|páginas=357–65|ano=2013|pmid=23612461|doi=10.1038/nrc3497}}</ref>

Alguns tipos de câncer de crescimento lento são particularmente comuns. Estudos de [[autópsia]]s na [[Europa]] e na [[Ásia]] têm mostrado que até 36% das pessoas não foram diagnosticadas com [[câncer de tireoide]], aparentemente inofensivo, no momento da sua morte e que 80% dos homens desenvolvem câncer de próstata aos 80 anos.<ref>{{citar livro|autor=Fraumeni, Joseph F.; Schottenfeld, David; Marshall, James M.|título=Cancer epidemiology and prevention|publicado=Oxford University Press|local=Oxford [Oxfordshire]|ano=2006|página=977|isbn=0-19-514961-0}}</ref><ref>{{citar livro|autor=Bostwick, David G.; Eble, John N.|título=Urological Surgical Pathology|publicado=Mosby|local=St. Louis|ano=2007|página=468|isbn=0-323-01970-6}}</ref>

Os três tipos de cânceres mais comuns na infância são [[leucemia]] (34%), [[tumores cerebrais]] (23%) e [[linfoma]]s (12%).<ref name=Euro10>{{citar periódico|autor=Kaatsch P, Sikora, E, Pawelec, G|título=Epidemiology of childhood cancer|periódico=Cancer treatment reviews|volume=36|número=4|páginas=277–85|data=junho de 2010|pmid=20231056|doi=10.1016/j.ctrv.2010.02.003}}</ref> Nos [[Estados Unidos]] o câncer afeta cerca de 1 em 285 crianças.<ref name=Eli2014>{{citar periódico|último=Ward|primeiro=Elizabeth|autor2=DeSantis, Carol|autor3=Robbins, Anthony |autor4 =Kohler, Betsy |autor5 = Jemal, Ahmedin|título=Childhood and adolescent cancer statistics, 2014|periódico=CA: A Cancer Journal for Clinicians|data=janeiro de 2014|páginas=n/a–n/a|doi=10.3322/caac.21219|pmid=24488779|volume=64}}</ref> As taxas de câncer infantil aumentaram 0,6% por ano no período entre 1975 e 2002 nos Estados Unidos<ref>{{citar periódico|autor=Ward EM, Thun, MJ, Hannan, LM, Jemal, A|título=Interpreting cancer trends|periódico=Annals of the New York Academy of Sciences|volume=1076|páginas=29–53|data=setembro de 2006|pmid=17119192|doi=10.1196/annals.1371.048 | bibcode = 2006NYASA1076...29W}}</ref> e de 1,1% por ano entre 1978 e 1997 na [[Europa]].<ref name=Euro10/> As mortes por [[câncer infantil]] diminuíram pela metade desde 1975 nos Estados Unidos.<ref name=Eli2014/>

===Em Portugal===
Em 2016, morreram em Portugal 27 900 pessoas vítimas de cancro, mais 3% do que no ano anterior. O [[cancro do pulmão]] foi o que mais matou, seguido do carcinoma do cólon e do reto, o da mama e o da próstata.<ref>{{citar web|URL=http://observador.pt/2018/02/02/cancro-causou-27-900-mortes-em-2016-em-portugal/|título=Cancro causou 27.900 mortes em 2016 em Portugal}}</ref>

== História ==
[[Imagem:Clara Jacobi-Tumor.jpg|thumb|[[Gravura]] com dois pontos de vista de uma mulher [[Neerlandeses|holandesa]] que teve um tumor removido de seu pescoço em 1689]]

O câncer tem existido por toda a [[história da humanidade]].<ref name=Hist1/> O mais antigo registro escrito sobre o câncer é de cerca de 1600 a.C., no [[Papiro de Edwin Smith]] do [[Egito Antigo]] e que descreve o câncer de mama.<ref name=Hist1>{{citar periódico|autor=Hajdu SI, Thun, MJ, Hannan, LM, Jemal, A|título=A note from history: landmarks in history of cancer, part 1|periódico=Cancer|volume=117|número=5|páginas=1097–102|data=março de 2011|pmid=20960499|doi=10.1002/cncr.25553}}</ref> [[Hipócrates]] (cerca de {{-nwrap||460|370}}) descreveu vários tipos de câncer, referindo-se a eles com a palavra grega ''καρκίνος'' ''karkinos'' ([[caranguejo]] ou [[lagosta]]s).<ref name=Hist1/> Este nome vem da aparência da superfície de corte de um tumor maligno sólido, com "as veias esticadas por todos os lados como o animal caranguejo tem seus pés, de onde deriva seu nome".<ref>Paul of Aegina, 7th Century AD, citado em {{citar web|primeiro=Ralph W.|último=Moss|título=Galen on Cancer|wayb=20120111181206|datali=novembro de 2019|url=http://www.cancerdecisions.com/speeches/galen1989.html|publicado=CancerDecisions|ano=2004}} Referenced from Michael Shimkin, Contrary to Nature, Washington, D.C.: Superintendent of Document, DHEW Publication No. (NIH) 79-720, p.&nbsp;35.</ref> [[Cláudio Galeno]] afirmou que "o câncer da mama é assim chamado por causa da semelhança imaginária de um caranguejo, em vista dos prolongamentos laterais do tumor e as veias dilatadas adjacentes.".<ref name="Majno2004">{{citar livro|último1=Majno|primeiro1=Guido|último2=Joris|primeiro2=Isabelle|título=Cells, Tissues, and Disease : Principles of General Pathology: Principles of General Pathology|url=https://books.google.com/books?id=8yAf6U7njlcC&pg=PA738|acessodata=11 de setembro de 2013|data=12-8-2004|publicado=Oxford University Press|isbn=978-0-19-974892-1}}</ref> [[Aulo Cornélio Celso]] (cerca de {{-+nwrap||25|50}}) traduziu ''karkinos'' para o [[latim]] ''cancer'', que também significa caranguejo, e recomendou a [[cirurgia]] como tratamento.<ref name=Hist1/> Galeno ({{+séc|II}}) discordava do uso de cirurgia e recomendava [[purgante]]s.<ref name=Hist1/> Estas recomendações em grande parte permaneceram por mil anos.<ref name=Hist1/>

Nos séculos XV, XVI e XVII, tornou-se aceitável que os médicos [[Dissecação|dissecassem]] corpos para descobrir a causa da morte.<ref name=Hist2>{{citar periódico|autor=Hajdu SI, Thun, MJ, Hannan, LM, Jemal, A|título=A note from history: landmarks in history of cancer, part 2|periódico=Cancer|volume=117|número=12|páginas=2811–20|data=junho de 2011|pmid=21656759|doi=10.1002/cncr.25825}}</ref> O professor alemão [[Wilhelm Fabry]] acreditava que o câncer de mama era causado por um [[coágulo]] de [[leite]] em um duto mamário. O professor holandês [[Franciscus Sylvius]], um seguidor de [[Descartes]], acreditava que toda doença era o resultado de processos químicos e que o fluido [[linfático]] ácido era a causa do câncer. Seu contemporâneo [[Nicolaes Tulp]] acreditava que o câncer era um veneno que se espalhava lentamente e concluiu que era [[Infecção|contagioso]].<ref>{{citar livro|último=Yalom|primeiro=Marilyn|título=A history of the breast|ano=1998|publicado=Ballantine Books|local=New York|isbn=0-679-43459-3|edição=1st Ballantine Books}}</ref>

O médico John Hill descreveu o [[rapé]] de [[tabaco]] como a causa de câncer de nariz em 1761.<ref name=Hist2/> Em 1775 o cirurgião britânico [[Percivall Pott]] escreveu um relatório onde dizia que um tipo específico de câncer no [[escroto]] era uma doença comum entre [[Limpador de chaminé|limpadores de chaminés]].<ref>{{citar periódico|autor=Hajdu SI, Thun, MJ, Hannan, LM, Jemal, A|título=A note from history: Landmarks in history of cancer, part 3|periódico=Cancer|volume=118|número=4|páginas=1155–68|data=julho de 2011|pmid=21751192|doi=10.1002/cncr.26320}}</ref> Com o uso generalizado do [[microscópio]], no {{séc|XVIII}}, foi descoberto que o "veneno câncer" se espalhava a partir do [[tumor]] primário através dos [[gânglios linfáticos]] para outros locais do corpo ("[[metástase]]"). Este ponto de vista da doença foi formulado pela primeira vez pelo cirurgião britânico Campbell De Morgan entre 1871 e 1874.<ref>{{citar periódico|autor=Grange JM, Stanford JL, Stanford CA|título=Campbell De Morgan's 'Observations on cancer', and their relevance today|periódico=Journal of the Royal Society of Medicine|volume=95|número=6|páginas=296–9|ano=2002|pmid=12042378|pmc=1279913|doi=10.1258/jrsm.95.6.296}}</ref>

== Pesquisa ==
[[Imagem:Panneau et tour du CIRC.JPG|thumb|esquerda|[[Agência Internacional de Pesquisa em Câncer]], da [[Organização Mundial da Saúde]], em [[Lyon]], [[França]]]]

Como o câncer é uma classe de doenças,<ref name=WhatIsCancerNCI>{{citar web|url=http://www.cancer.gov/cancertopics/what-is-cancer|título=What Is Cancer?|publicado=[[National Cancer Institute]]|acessodata=17-8-2009}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www.atsdr.cdc.gov/COM/cancer-fs.html|título=Cancer Fact Sheet|publicado=Agency for Toxic Substances &amp; Disease Registry|data=30-8-2002|acessodata=17-8-2009}}</ref> é improvável que algum dia haverá uma "cura universal",<ref>{{citar web|url=http://www.livescience.com/health/060919_bad_cancer.html|título=Exciting New Cancer Treatments Emerge Amid Persistent Myths|último=Wanjek|primeiro=Christopher|data=16 de setembro de 2006|acessodata=17-8-2009}}</ref> visto que não haverá um único tratamento para todos os diferentes tipos de cânceres. Inibidores da angiogênese, outrora pensados como um potencial tratamento eficaz e aplicável a muitos tipos de cânceres, não têm mostrado a eficácia esperada no tratamento.<ref>{{citar periódico|autor=Hayden EC, Thun, MJ, Hannan, LM, Jemal, A|título=Cutting off cancer's supply lines|periódico=Nature|volume=458|número=7239|páginas=686–687|data=abril de 2009|pmid=19360048|doi=10.1038/458686b}}</ref> É mais provável que os inibidores da angiogênese e outros terapêuticos para o câncer sejam utilizados em combinação com outros tratamentos complementares para reduzir a morbidade e a mortalidade da doença.<ref>{{citar periódico|último=Bagri|primeiro=A|autor2=Kouros-Mehr, Hosein|autor3=Leong, KG |autor4 = Plowman, GD|título=Use of anti-VEGF adjuvant therapy in cancer: challenges and rationale.|periódico=Trends in molecular medicine|data=março de 2010|volume=16|número=3|páginas=122–32|pmid=20189876|doi=10.1016/j.molmed.2010.01.004}}</ref>

Tratamentos experimentais para o câncer são terapias que estão sendo estudadas para testar sua eficácia. Tipicamente, tais terapias são estudadas em ensaios clínicos para comparar o tratamento proposto com o melhor tratamento existente. Eles podem ser tratamentos inteiramente novos ou tratamentos que têm sido usados com êxito em um determinado tipo de câncer e que agora estão sendo testados em outro tipo.<ref>{{citar periódico|autor=Sleigh SH, Barton CL|título=Repurposing Strategies for Therapeutics|periódico=Pharm Med|volume=24|número=3|páginas=151–159|ano=2010|doi=10.2165/11536770-000000000-00000}}</ref> Novos tratamentos estão sendo desenvolvidos, assim como novos testes de diagnóstico, para direcionar os medicamentos certos para os pacientes certos, com base na biologia individual de cada pessoa.<ref>{{citar periódico|autor=Winther H, Jorgensen JT|título=Drug-Diagnostic Co-Development in Cancer|periódico=Pharm Med|volume=24|número=6|páginas=363–375|ano=2010|doi=10.2165/11586320-000000000-00000}}</ref>
[[Imagem:Incacruzvermelha.jpg|thumb|Hospital do [[Instituto Nacional do Câncer]] (INCA) no [[Rio de Janeiro]]]]
[[Ficheiro:Institute of Cancer of São Paulo.jpg|thumb|[[Instituto do Câncer de São Paulo Octavio Frias de Oliveira|Instituto do Câncer]], parte do complexo do [[Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo|Hospital das Clínicas]] da [[Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo|Faculdade de Medicina‎]] da [[Universidade de São Paulo]]]]

A melhor compreensão da [[biologia molecular]] e da [[biologia celular]], devido à investigação do câncer, levou a uma série de novos tratamentos para a doença desde que o então [[Presidente dos Estados Unidos]], [[Richard Nixon]], declarou a "guerra contra o câncer", em 1971. Desde então, os [[Estados Unidos]] gastaram mais de 200 bilhões de dólares em pesquisas sobre a doença, incluindo recursos dos setores público e privado.<ref>{{citar web|autor=Sharon Begley|url=http://www.newsweek.com/id/157548/page/2|título=Rethinking the War on Cancer|data=16 de setembro de 2008|obra=Newsweek|acessodata=8 de setembro de 2008|wayb=20080910012446|urlmorta=no}}</ref> Durante esse período, o país viu uma redução de 5% na taxa de mortalidade do câncer ([[Taxa de mortalidade padronizada para a idade|ajustado ao tamanho e idade da população]]) entre 1950 e 2005.<ref>{{citar jornal|url=http://www.nytimes.com/2009/04/24/health/policy/24cancer.html|título=Advances Elusive in the Drive to Cure Cancer|último=Kolata|primeiro=Gina|autorlink=Gina Kolata|data=23 de abril de 2009|obra=[[The New York Times]]|acessodata=5-5-2009}}</ref>

A disputa pelos recursos financeiros que são necessários para conduzir experimentos científicos sobre o câncer tende a suprimir a criatividade, a cooperação e a assunção de riscos dos pesquisadores, justamente por favorecer pesquisas de baixo risco financeiro que focam em pequenos avanços incrementais, ao invés de pesquisas realmente inovadoras que possam descobrir terapias novas e radicalmente melhores para o tratamento da doença.<ref>Bruce Albertsa, Marc W. Kirschnerb, Shirley Tilghmanc, and [[Harold Varmus]], [http://www.pnas.org/content/111/16/5773.full Rescuing US biomedical research from its systemic flaws], ''Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America'', vol. 111 no. 16, April 2014</ref><ref>{{citar jornal|url=http://www.nytimes.com/2009/04/24/health/policy/24cancer.html|título=Advances Elusive in the Drive to Cure Cancer|último=Kolata|primeiro=Gina|data=23 de abril de 2009|obra=The New York Times|acessodata=29-12-2009}}</ref> Outras consequências da alta competitividade por recursos é o número substancial de publicações científicas cujos resultados não podem ser replicados, além de [[incentivo perverso|incentivos perversos]] no financiamento da investigação que acabam por estimular as instituições beneficiárias a crescer sem fazer investimentos suficientes em seu próprio corpo docente e/ou em suas instalações físicas.<ref>{{citar jornal|url=http://www.nytimes.com/2009/06/28/health/research/28cancer.html|título=Grant System Leads Cancer Researchers to Play It Safe|último=Kolata|primeiro=Gina|data=27-6-2009|obra=The New York Times|acessodata=29-12-2009}}</ref><ref>{{citar jornal|url=http://money.cnn.com/magazines/fortune/fortune_archive/2004/03/22/365076/index.htm|título=Why We're Losing The War On Cancer|último=Leaf|primeiro=Clifton|data=22-3-2004|obra=Fortune Magazine (CNN Money)}}</ref>

== Impacto ==
=== Sociocultural ===
Apesar de outras doenças (como a insuficiência cardíaca) poderem ter um prognóstico mais grave do que a maioria dos cânceres, esta é tema de [[medo]] generalizado e de [[tabu]]s. O [[eufemismo]] "depois de uma longa batalha" ainda é comumente usado, refletindo um [[estigma]] em relação à doença.<ref>{{citar jornal|primeiro=Barbara|último=Ehrenreich|autorlink=Barbara Ehrenreich|título=Welcome to Cancerland|jornal=[[Harper's Magazine]]|data=novembro de 2001|issn=0017-789X|url=http://www.barbaraehrenreich.com/cancerland.htm|urlmorta= sim|wayb=20150706191702}}</ref> Essa [[crença]] profunda de que o câncer é necessariamente uma doença difícil ou mortal se reflete nos sistemas escolhidos pela sociedade para compilar estatísticas: as formas mais comuns de câncer — o [[câncer de pele]] não [[melanoma]] representa cerca de um terço de todos os casos de câncer no mundo, mas com pouca evidência de mortes<ref name="Bolognia">{{citar livro|autor=Rapini, Ronald P.; Bolognia, Jean L.; Jorizzo, Joseph L.|título=Dermatology: 2-Volume Set|publicado=Mosby|local=St. Louis|ano=2007|isbn=1-4160-2999-0}}</ref><ref>{{citar web|título=Skin cancers|url=http://www.who.int/uv/faq/skincancer/en/index1.html|publicado=Organização Mundial da Saúde|acessodata=19 de janeiro de 2011}}</ref> — são excluídas das estatísticas de câncer especificamente porque são facilmente tratáveis e com alto índice de cura.<ref>{{citar livro|autor=McCulley, Michelle; Greenwell, Pamela|título=Molecular therapeutics: 21st-century medicine|publicado=J. Wiley|local=London|ano=2007|página=207|isbn=0-470-01916-6}}</ref>

O câncer é uma doença que deve ser "combatida" para acabar com a "rebelião" do corpo; [[metáfora]]s militares (metáforas de guerra) são particularmente comuns nas descrição de sintomas e patologias do câncer, levando a estigmatização do paciente, enfatizando o estado precário de saúde do paciente em relação a tomar ações imediatas e decisivas sobre o ocorrido, ou seja, levando o paciente a fazer sacrifícios para eliminar a ameaça à vida, em vez de incentivar a confiança nos tratamentos ou no auxílio de outrem e desencadeando a atribuição de culpa ao paciente.<ref>{{citar periódico|último=Huang|primeiro=Carolina|título=A metáfora no texto científico de medicina|data=10 de abril de 2005|url=http://www.ufrgs.br/ppgletras/defesas/2005/CarolinaHuang.pdf|acessadoem=31-3-2016|editora=Universidade Federal do Rio Grande do Sul|local=Instituto de Letras da UFRGS}}</ref><ref>{{citar periódico|último=Sant'Anna|primeiro=P. A.|título=Um Estudo dos arquétipos nos sonhos de portadores do HIV|data=10 de novembro de 1996|url=http://www.ufrgs.br/ppgletras/defesas/2005/CarolinaHuang.pdf|acessadoem=31-3-2016|editora=Universidade de São Paulo|local=Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo}}</ref> As metáforas militares também ajudam a racionalizar os tratamentos mais radicais e destrutivos.<ref name=Gwyn>{{citar livro|autor=Gwyn, Richard|editor=Cameron, Lynne; Low, Graham|título=Researching and applying metaphor|publicado=Cambridge University Press|local=Cambridge, UK|ano=1999|capítulo=10|isbn=0-521-64964-1}}</ref><ref>{{citar livro|autor=Sulik, Gayle|título=Pink Ribbon Blues: How Breast Cancer Culture Undermines Women's Health|publicado=Oxford University Press|local=New York|ano=2010|oclc=535493589|isbn=0-19-974045-3|páginas=78–89}}</ref>

Na década de 1970, ocorreu um tratamento alternativo para um câncer relativamente popular através de [[psicoterapia]] especializada, com base na ideia de que o câncer era causado por uma má atitude. Dizia-se que pessoas com uma "personalidade cancerígena" (depressivas, reprimidas, com auto-aversão e com medo de expressar suas emoções) manifestavam o câncer através do desejo [[subconsciente]]. O tratamento baseava-se em alterar a perspectiva do paciente sobre a vida e assim curar o câncer.<ref name=Olson /> Entre outros efeitos, esta crença permitia que a sociedade culpasse a vítima por ser "causadora" da doença ou ter "impedido" sua cura (por ser infeliz). Além disso, este método aumentava a [[ansiedade]] dos pacientes, pois eles acreditavam erroneamente que as emoções naturais de [[tristeza]], [[Raiva (sentimento)|raiva]] ou [[medo]] encurtavam a vida.<ref name=Ehrenreich /> A ideia foi execrada pela escritora ativista [[Susan Sontag]], que publicou o livro {{lang|pt|"Doença como Metáfora"}} ({{lang-en|''Illness as Metaphor''}}) enquanto se recuperava de um [[câncer da mama]] em 1978.<ref name=Olson>{{citar livro
|autor=Olson, James Stuart
|título=Bathsheba's Breast: Women, Cancer and History
|publicado=The Johns Hopkins University Press
|local=Baltimore
|ano=2002
|páginas=145–170
|oclc=186453370
|isbn=0-8018-6936-6}}</ref> Embora esta ideia atualmente seja considerada absurda, ela persiste, em parte, como uma forma reduzida de uma crença generalizada, mas incorreta, de que, deliberadamente, cultivar o hábito do "pensamento positivo" irá aumentar a sobrevida das pessoas. Esta noção é particularmente forte na cultura do câncer de mama.<ref name=Ehrenreich>{{citar livro
|autor=Ehrenreich, Barbara
|título=Bright-sided: How the Relentless Promotion of Positive Thinking Has Undermined America
|publicado=Metropolitan Books
|local=New York
|ano=2009
|páginas=15–44
|isbn=0-8050-8749-4
}}</ref>

=== Econômico ===
Em 2007, os custos globais de câncer nos [[Estados Unidos]] - incluindo o tratamento e as despesas da mortalidade indiretas (como a perda de produtividade no trabalho) - foram estimados em 226,8 bilhões de dólares. Em 2009, 32% dos [[hispânicos]] e 10% das crianças de até 17 anos não tinham [[plano de saúde]]; "minorias étnicas são substancialmente mais propensas a serem diagnosticadas com câncer em um estágio avançado, quando o tratamento pode ser mais extenso e mais caro".<ref>{{citar web|url=http://journalistsresource.org/studies/society/health/cancer-facts-figures-2012/|título=Cancer Facts and Figures 2012|publicado=Journalist's Resource.org}}</ref>

A [[Europa]] gasta cerca de 100 bilhões de [[euro]]s por ano com pacientes cancerígenos, de acordo com um estudo sobre o impacto econômico da doença na região - divulgado no Congresso da Sociedade Europeia de Oncologia Médica de 2012, realizado em [[Viena]], na [[Áustria]].<ref>{{citar web|url=http://veja.abril.com.br/noticia/saude/europa-gasta-mais-de-100-bilhoes-de-euros-ao-ano-com-cancer|título=Europa gasta mais de 100 bilhões de euros ao ano com câncer|editor=[[Revista Veja]]|data=29 de setembro de 2012|acessodata=18-3-2016}}</ref>

A cada ano, o câncer absorve aproximadamente 2 trilhões de dólares da economia mundial, em termos de perda de produção e custos de tratamentos, o que equivale a cerca de 1,5% do [[produto interno bruto]] (PIB) global (dados de 2015).<ref name="Impacto econômico">{{citar web|url=http://oglobo.globo.com/opiniao/o-desafio-do-combate-ao-cancer-16705704|título=O desafio do combate ao câncer|editor=[[O Globo]]|data=9-7-2015|acessodata=18-3-2016}}</ref><ref>{{citar web|url=http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/agencianoticias/site/home/noticias/2015/forum_economico_mundial_discute_impacto_cancer|título=Fórum Econômico Mundial discute impacto do câncer|editor=[[Instituto Nacional do Câncer]] (INCA)|data=27 de janeiro de 2015|acessodata=18-3-2016}}</ref>

=== Outros animais ===
[[Imagem:Tasmanian_Devil_Facial_Tumour_Disease.png|thumb|[[Tumor facial do diabo-da-tasmânia]]]]
A oncologia veterinária, que concentra-se principalmente em [[cães]] e [[gatos]], é uma especialidade crescente nos [[países desenvolvidos]] e pode oferecer aos animais as principais formas de tratamento dado a [[humano]]s, tais como cirurgias e [[radioterapia]].<ref name="Animais"/>

Os tipos comuns de câncer diferem, mas a incidência da doença parece ser tão elevada em animais de estimação quanto em seres humanos. Animais, geralmente [[roedores]], são frequentemente utilizados em pesquisas sobre câncer. Ademais, estudos de cânceres naturais registrados em animais de maior porte podem beneficiar na investigação do câncer humano.<ref name="Animais">{{citar periódico|último1=Thamm|primeiro1=Douglas|título=How companion animals contribute to the fight against cancer in humans|periódico=Veterinaria Italiana|data=março de 2009|volume=54|número=1|páginas=111–120|url=http://www.izs.it/vet_italiana/2009/45_1/111.pdf|acessodata=18-7-2014}}</ref>

Em animais não humanos, foram detectados alguns tipos de [[câncer transmissível|cânceres transmissíveis]], onde a doença se espalha entre os indivíduos através das próprias células tumorais. Este fenômeno é visto em cães com [[sarcoma de Sticker]], também conhecido como [[tumor]] venéreo transmissível canino, bem como em [[Tumor facial do diabo-da-tasmânia|tumores faciais]] em [[Diabo-da-tasmânia|diabos-da-tasmânia]].<ref name="pmid16901782">{{citar periódico|autor=Murgia C, Pritchard JK, Kim SY, Fassati A, Weiss RA|título=Clonal origin and evolution of a transmissible cancer|periódico=Cell|volume=126|número=3|páginas=477–87|data=agosto de 2006|pmid=16901782|pmc=2593932|doi=10.1016/j.cell.2006.05.051}}</ref>

== Ver também ==
* [[Tabagismo e saúde]]

{{Referência}}

=== Bibliografia ===
{{refbegin}}
* {{citar livro|último=Holland|primeiro=James F.|título=Holland-Frei cancer medicine.|ano=2009|publicado=McGraw-Hill Medical|local=New York|isbn=978-1-60795-014-1|edição=8th}}
{{refend}}

;Leitura adicional
{{refbegin}}
* {{citar livro|sobrenome=Kleinsmith|nome=Lewis J.|titulo=Principles of cancer biology|url=https://books.google.com/books?id=LKVrAAAAMAAJ|ano=2006|editora=Pearson Benjamin Cummings|isbn=978-0-8053-4003-7|língua=en}}
* {{citar livro|sobrenome=Mukherjee|nome=Siddhartha|titulo=The Emperor of All Maladies: A Biography of Cancer|ano=2010|editora=Simon & Schuster|isbn=978-1-4391-0795-9|url=http://www.publishersweekly.com/978-1-4391-0795-9|acessodata=18/03/2016|língua=en}}
* {{citar livro|sobrenome=Pazdur|nome=Richard|titulo=Cancer Management: A Multidisciplinary Approach|url=https://books.google.com/books?id=wbLnPAAACAAJ|ano=2009|editora=Cmp United Business Media|isbn=978-1-891483-62-2|língua=en}}
* {{citar livro|sobrenome=Tannock|nome=Ian|titulo=The basic science of oncology|url=https://books.google.com/books?id=Bb4F4pj2BdYC|ano=2005|editora=McGraw-Hill Professional|isbn=978-0-07-138774-3|língua=en}}
* {{citar livro|sobrenome=Schwab|nome=Manfred|titulo=Encyclopedia of Cancer (4 Volume Set)|editora=Springer|local=Berlim|ano=2008|isbn=3-540-36847-7|língua=en}}
{{refend}}

== Ligações externas ==
{{Correlatos
|commonscat =Cancer
|commons    =Cancer (illness)
|wikiquote  =Câncer
}}
{{refbegin}}
* [http://www.sponcologia.pt/ Sociedade Portuguesa de Oncologia]. www.sponcologia.pt
* [http://www.ligacontracancro.pt/ Liga Portuguesa Contra o Cancro]. www.ligacontracancro.pt
* [http://www.abrapac.org.br/ Associação Brasileira de Apoio aos Pacientes de Câncer]. www.abrapac.org.br
* [http://www.inca.gov.br Instituto Nacional de Câncer do Brasil]. www.inca.gov.br
* [http://www.aacc.org.br AACC - Associação de Apoio à Criança com Câncer]. www.aacc.org.br
* [https://www.bbc.com/portuguese/geral-56688632?at_custom3=BBC+Brasil&at_medium=custom7&at_custom4=82771E8C-B810-11EB-8578-E9B6923C408C&at_custom1=%5Bpost+type%5D&at_custom2=facebook_page&at_campaign=64 De onde vem o câncer e por que não desapareceu com a evolução?] - [[BBC Brasil]]
{{refend}}

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