TCC - Matheus Kenji Yoshikawa Pamplona

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 32

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ

INSTITUTO DE TECNOLOGIA
FACULDADE DE ENGENHARIA CIVIL

MATHEUS KENJI YOSHIKAWA PAMPLONA

CAPACIDADE RESISTENTE DE ELEMENTOS DE CONCRETO ARMADO


PARCIALMENTE CARREGADOS.

Belém – PA

2016
MATHEUS KENJI YOSHIKAWA PAMPLONA

CAPACIDADE RESISTENTE DE ELEMENTOS DE CONCRETO ARMADO


PARCIALMENTE CARREGADOS.

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como exigência parcial para a obtenção do Titulo
de Bacharel em Engenharia Civil, submetido à
banca examinadora da Faculdade de Engenharia
Civil do Instituto de Tecnologia da Universidade
Federal do Pará, elaborado sob a orientação do
Prof. Dr. Mauricio de Pina Ferreira.

UFPA/ITEC/FEC

Belém - PA

2016

i
MATHEUS KENJI YOSHIKAWA PAMPLONA

Trabalho de Conclusão de Curso submetido à Faculdade de Engenharia Civil do Instituto de


Tecnologia da Universidade Federal do Pará, como parte dos requisitos para a obtenção do
Titulo de Bacharel em Engenharia Civil, sendo considerado
______________________________em sua forma final pela banca examinadora existente.

Banca Examinadora

___________________________________
Prof. Dr. Mauricio de Pina Ferreira
Engenheiro Civil, Dr. em Estruturas e Construção Civil.
Professor-Orientador – FEC/ITEC– UFPA

___________________________________
Prof. Dr. Ronaldson José de Franca Mendes Carneiro
Engenheiro Civil, Dr. em Estruturas e Construção Civil.
Examinador Interno – FEC/ITEC– UFPA

_____________________________
Prof. Dr. Sandoval José Rodrigues Junior
Engenheiro Civil, Dr. em Engenharia Civil.
Examinador Interno – FEC/ITEC– UFPA

_____________________________
Profª. Drª. Luciana de Nazaré Pinheiro Cordeiro
Engenheira Civil, Drª. em Materiais e Construção Civil.
Examinadora Interna – FEC/ITEC– UFPA

Belém, 04 de Maio de 2016


ii
AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por ter me dado forças para superar todas as dificuldades e chegar ao fim
deste caminho que poucos conseguem concluir. Aos meus pais, Djair e Marina, por todo
amor, carinho e dedicação. Obrigado por toda a preocupação em sempre me proporcionar a
melhor educação para formação moral que possibilitaram a conclusão desta etapa da minha
vida. Dedico tudo a vocês, e espero um dia poder retribuir todo o cuidado que me foi dado.

Agradeço meu orientador Maurício Pina, por desde o princípio ter me acolhido e depositado a
confiança necessária para desenvolvimento deste trabalho. Por todas as horas e recursos
investidos, e por toda atenção e força para superar as dificuldades, muitas vezes exercendo
acima de seu dever como professor para a conclusão deste trabalho e para minha formação
como engenheiro civil.

Sou grato aos meus companheiros de laboratório, Manoel Mangabeira, Rafael Barros,
Hamilton Costa e Luamim Tapajós e a todos os meus amigos e amigas, por toda paciência,
compreensão e toda motivação para sempre continuar. Que nossos laços de amizade
permaneçam por muito tempo. Agradeço a UFPA, por seu corpo docente, direção e
administração que possibilitaram a minha formação, cumprindo com seu dever perante a
sociedade e à ciência.

Obrigado ao Núcleo de Modelagem Estrutural Aplicada (NUMEA), que foi uma escola a
parte, contribuindo grandemente para a minha formação acadêmica e a conclusão deste
trabalho e por todas as horas investidas no laboratório, mesmo com todas as dificuldades
técnicas devido à carência de recursos.

iii
RESUMO

Há diversas situações em estruturas de concreto armado, especialmente no caso de estruturas


pré-moldadas, onde as cargas são transferidas em áreas relativamente pequenas. Nestes casos,
a distribuição de tensões é não uniforme e estas regiões são chamadas de “D”, referente a
zonas de descontinuidade. O fluxo de tensões de compressão no elemento criam tensões de
tração que podem levar a estrutura à ruptura. As regiões “D” são comumente projetadas
através do Método de Bielas e Tirantes (MBT). As normas para projeto com o MBT, como
ACI 318 (2014), fib Model Code 2010 (2013), ABNT NBR 6118 (2014), e a norma brasileira
NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelecem valores limites de tensões que dependem de fatores de
resistência de bielas, como o fator de eficiência da biela. A fim de avaliar tais procedimentos
e parâmetros, um banco de dados foi desenvolvido com resultados de 190 ensaios de prismas
de concreto parcialmente carregados com e sem armadura de controle de fissuração. A
influência de parâmetros como a resistência do concreto, taxa de armadura e fatores de forma
dos espécimes foi analisada e discutida. Um programa experimental composto por 4 prismas
de concreto na forma hexagonal foi desenvolvido com objetivo de avaliar o efeito na
resistência com o aumento da taxa de armadura de controle de fissuração. Os resultados
mostraram que as recomendações normativas são muito conservadoras para prismas de
concreto parcialmente carregados, e não apresentam a mesma tendência experimental ao
ignorar a influência de fatores como o da forma dos prismas. Também foi observado que as
armaduras de controle de fissuração afetaram na resistência dos elementos.

Palavra-Chave: Bielas do tipo garrafa, prismas de concreto, banco de dados, fendilhamento,


método de bielas e tirantes.

iv
ABSTRACT

There are numerous situations, particularly in precast structures, where compressive loads are
transferred between members over small bearing areas. The stress distributions in these zones,
which are referred to as D for disturbed, are non-uniform. The flow of compressive stresses
into the surrounding member induces transverse tensile stresses which can cause premature
splitting failures. D regions are typically designed using the strut and tie method (STM). The
STM design provisions of design standards like ACI 318 (2014), fib Model Code 2010 (2013)
and ABNT NBR 6118 (2014), limit compressive bearing stresses to admissible values which
depend on a strut efficiency factor. In order to validate this procedure, a database was
developed of results from 190 tests of partially loaded concrete prisms without and with crack
control reinforcement. The influence of parameters such as the concrete compressive strength,
reinforcement ratio, concentration ratio and aspect ratio of the specimens are analyzed and
discussed. A series of 4 tests on diamond-shaped concrete prisms was also carried in order to
evaluate the effect on resistance of increasing the ratio of crack control reinforcement. Results
indicate that the code provisions are very conservative for partially loaded prisms and do not
follow the experimental trends as they ignore the influence of the concentration ratio. It was
also observed that the crack control reinforcement affects the resistance of the prisms.

Keywords: Bottle-shaped Struts, Concrete prisms, database, splitting failure, strut-and-tie


method.

v
SUMÁRIO

Capítulo Página

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................1

1.1 Justificativa............................................................................................................3
1.2 Objetivos Gerais ....................................................................................................4
1.3 Objetivos Específicos ............................................................................................4

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................................5

2.1 ACI 318 (2014) ..................................................................................................5


2.2 fib Model Code 2010 (2013)..............................................................................6
2.3 NBR 6118 (2014) ..............................................................................................6
2.4 Resistência à compressão do concreto ...............................................................7
2.5 Quantidade e distribuição de armaduras ............................................................7
2.6 Fatores de forma ................................................................................................8

3. METODOLOGIA .......................................................................................................8

4. RESULTADOS .........................................................................................................12

5. CONCLUSÕES .........................................................................................................18

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................21

vi
LISTA DE TABELAS

Tabela Página

Tabela 1 – Característica dos prismas hexagonais 10

Tabela 2 – Banco de dados de prismas sem armadura 11

Tabela 3 – Banco de dados de prismas com armadura 11

Tabela 4 – Resultados dos ensaios nos espécimes 12

vii
LISTA DE FIGURAS

Figura Página

Figura 1 – Elementos de concreto com descontinuidade 1

Figura 2 – Exemplo de uma viga curta 2

Figura 3 – Tipos de Bielas (adaptado de ACI 318 - 2014) 2

Figura 4 – Espécimes prismáticos parcialmente carregados 3

Figura 5 – Fatores de eficiência para bielas 5

Figura 6 – Armadura de controle de fissuração cruzando o eixo longitudinal da biela. 6

Figura 7 - Forma dos prismas 8

Figura 8 – Detalhamento da geometria e layout de armaduras dos prismas hexagonais 10

Figura 9 – Padrão de fissuração dos espécimes 13

Figura 10 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W11-S00 14

Figura 11 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W11-S11 14

Figura 12 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W21-S21 15

Figura 13 – Progressão das deformações nas armaduras. 15

Figura 14 – Análise gráfica dos espécimes sem armadura do banco de dados, avaliando a

influência de parâmetros em função de βs 16

Figura 15 – Análise gráfica dos espécimes com armadura do banco de dados, avaliando a

influência de parâmetros em função de βs 18

Figura 16 – Gráficos da carga última experimental (Nexp) pela teórica dos resultados do banco

de dados de prismas sem armadura 18

Figura 17 – Gráficos da carga última experimental (Nexp) pela teórica dos resultados do banco

de dados de prismas com armadura 18

viii
LISTA DE SÍMBOLOS

Esta seção apresenta alguns símbolos utilizados neste trabalho. Os que não estiverem aqui
apresentados tem seu significado explicado no texto.

Símbolo Significado

𝑎 Largura da superfície de apoio/aplicação de carregamento do prisma


𝑎𝑣 /𝑑 Razão entre o vão de cisalhamento da viga e a altura útil
𝐴𝑐𝑠 Área da seção transversal no final da biela
𝐴𝑠 Área da seção transversal da armadura
𝑏 Largura do prisma
𝐶𝑂𝑉 Coeficiente de variação
𝑑 Altura útil da viga
𝑒 Espessura do prisma
𝐸𝑐 Módulo de Elasticidade do concreto
𝐸𝑠 Módulo de Elasticidade do aço
𝑓𝑐 Resistência à compressão do concreto
𝑓𝑐𝑑 Resistência à compressão de cálculo
𝑓𝑐𝑒 Resistência efetiva do concreto na biela
𝑓𝑐𝑡 Resistência à tração do concreto
𝑓𝑠 Resistência de escoamento do aço
ℎ Altura do prisma
𝑖 Camada de armadura que cruza a biela
𝑠 Espaçamento das barras de armadura
𝑆 Armadura de pele longitudinal – Skin reinforcement
𝑊 Armadura de pele transversal – Web reinfocement
𝛽𝑠 Fator de eficiência da biela
𝜎𝑢 Tensão última dos prismas
𝜀𝑐 Deformação na superfície de concreto
𝜀𝑠 Deformação na armadura
𝜌 Taxa de armadura do prisma

ix
1. INTRODUÇÃO

Na análise e dimensionamento de elementos estruturais de concreto é comum assumir como


válida a hipótese de Bernoulli, na qual as seções planas permanecem planas após a
deformação. É uma simplificação que pode ser utilizada em casos onde as deformações por
cisalhamento são pouco significativas, como para o comportamento à flexão de vigas esbeltas,
onde a razão entre o vão de cisalhamento da viga e a altura útil é superior a 2,5 (av/d > 2,5),
mas que segundo BAYRAK et al. (2012), podem conduzir à resultados inadequados quando
utilizada para casos onde ocorrem descontinuidades de geometria ou carregamento, gerando
regiões de distúrbio na distribuição de tensões na estrutura. Estas regiões são comumente
chamadas de regiões D (de descontinuidade), e em estruturas de concreto são muito comuns
em elementos como vigas parede, vigas curtas, bloco sobre estacas, além de regiões com furos
ou onde ocorre a ligação ou transferência de forças entre elementos, como por exemplo, em
estruturas pré-moldadas. A Figura 1 mostra alguns casos onde podem ocorrer as regiões D.

a) b) c)
Região contínua

Região descontínua*
d) e)
Figura 1 – Elementos de concreto com descontinuidade: a) Pontes; b) Consolos curto; c) Blocos sobre
estacas; d) vigas protendidas; e) vigas curtas. *Apenas algumas regiões em destaque.

Existem diversos métodos para análise e dimensionamento de regiões com descontinuidades


em estruturas de concreto, como o Método dos Elementos Finitos (MEF) e o Método de
Bielas e Tirantes (MBT). Segundo SOUZA (2004), este último método ganha destaque por ser
um método racional simples, onde o projetista representa de forma aproximada o
comportamento de diversas estruturas, analisando o caminho de forças no elemento estrutural
e os efeitos gerados. O MBT surgiu a partir da chamada analogia de treliça, proposta por
RITTER (1899) e MÖRSCH (1909), onde idealiza que a distribuição de forças em um
elemento estrutural de concreto em flexão e cisalhamento pode ocorrer da mesma forma que
em uma treliça, onde o banzo superior está sendo comprimido e o inferior tracionado, devido
ao momento, e com os montantes sendo comprimidos e as diagonais tracionadas, devido ao
cisalhamento.

Esta analogia de treliça é a base do MBT, e devido à trabalhos como os de COLLINS e


MITCHELL (1980), até hoje é utilizada por normas de projeto para estabelecer critérios para
dimensionamento de estruturas de concreto sob cisalhamento e torção, como a norma
brasileira NBR 6118 (ABNT, 2014) e a americana ACI 318 (2014). Os elementos que
compõem o MBT são as bielas, os tirantes e os nós. Os fluxos de tensão de compressão no
concreto são idealizados como as bielas; os campos de tensão de tração no concreto ou
-1-
regiões com armaduras são idealizadas como tirantes; e os nós são elementos que fazem a
união destes dois elementos. A Figura 2 mostra um exemplo de modelo de Bielas e Tirantes
para um elemento de concreto com descontinuidades.

a) b)
Figura 2 – Exemplo de uma viga curta: a) Distribuição de tensões na viga; b) Modelo de Bielas e Tirantes.

O MBT recebeu diversas contribuições ao longo do tempo, dentre elas, devem ser destacados
os trabalhos de SCHÄFER e SCHLAICH (1987) que estabeleceram critérios de resistência
para verificação dos elementos de bielas, tirantes e nós, o que facilitou ao projetista
dimensionar estruturas de concreto com regiões de descontinuidade, tendo em vista que antes,
tais valores eram tomados mais por bom senso e experiência do projetista, conforme aponta
BROWN et al. (2006). Para as bielas foram propostos três comportamentos distintos: Em
forma prismática, em forma de leque, ou em forma de garrafa (ver Figura 3). No primeiro,
não há distúrbios no fluxo de tensões de compressão, enquanto nos dois últimos apresentam
tensões transversais de tração agindo em conjunto com as tensões longitudinais de
compressão, por isso assumem formas diferentes da prismática. Essas tensões transversais
podem gerar fissuras indesejáveis e até mesmo levar à ruptura prematura da estrutura, como
ocorre em vigas curtas ou muito curtas (1 ≤ av/d ≤ 2,5 e av/d < 1, respectivamente).

a) b) c)
Figura 3 – Tipos de Bielas (adaptado de ACI 318 - 2014): a) Prismática; b) Leque; c) Garrafa.

O MBT é um método analítico que idealiza e discretiza os campos de tensão em estruturas de


concreto, mas utiliza de critérios de resistência para verificação de seus elementos que até
hoje geram incertezas, sendo, portanto, um tema relativamente antigo, mas que ainda tem
grande significância para pesquisas, como as de MUTTONI et al. (2015), BAYRAK et al.
(2016) e SU e LOOI (2016), e como reforça SILVA e GIONGO (2000) ao apontar a
importância em se desenvolver pesquisas experimentais para analisar fatores de eficiência
para bielas apresentados por normas de projeto.

Diferentemente de avaliar os prismas em relação à sua resistência absoluta, o fator de


eficiência é um valor relativo que avalia o quanto o espécime consegue resistir em relação à
resistência do concreto, e é utilizado por normas de projeto para obter a resistência efetiva de

-2-
bielas, considerando uma redução na resistência de bielas devido à tensões transversais de
tração.

Para analisar tais fatores de eficiência e parâmetros que possam ter influência no
comportamento de bielas do tipo garrafa, é comum a realização de ensaios de elementos
prismáticos de concreto parcialmente carregados, como os trabalhos de CAMPIONE e
MINAFÒ (2011), PUJOL et al. (2011) e SAHOO et al. (2011). Nestes ensaios, o fluxo de
tensão longitudinal que surge na superfície de carregamento tem sua inclinação alterada,
dispersando-se lateralmente, criando tensões transversais de tração, formando uma biela do
tipo garrafa. A ruptura ocorre por fendilhamento das bielas, formando uma fissura ao longo
do eixo longitudinal do prisma. A Figura 4 mostra uma biela na região do vão de
cisalhamento de uma viga curta e as bielas do tipo garrafa em espécimes prismáticos
parcialmente carregados.

a) b) c)
Figura 4 – Espécimes prismáticos parcialmente carregados: a) biela do tipo garrafa em uma viga curta; b)
Espécime prismático hexagonal; c) Espécime prismático retangular.

Estes ensaios em prismas de concreto parcialmente carregados geralmente são de geometria


retangular, com as armaduras de controle de fissuração dispostas transversalmente ao prisma,
sendo esta a posição mais efetiva, pois estariam na mesma direção das tensões transversais de
tração nos espécimes. Entretanto, poucas pesquisas são realizadas com prismas com diferentes
geometrias e armaduras orientadas em outras posições senão a mais favorável. Somado a isto,
pouco se discute se esses ensaios podem realmente corresponder ao estado de tensões
desenvolvido em um elemento estrutural com descontinuidades.

Este trabalho foi submetido e aguarda aprovação para publicação no periódico Acta
Scientiarum. Technology, ISSN 1806-2563 (impresso) e ISSN 1807-8664 (on-line), publicada
trimestralmente pela Editora da Universidade Estadual de Maringá-Eduem.

1.1 Justificativa
Os ensaios de prismas de concreto parcialmente carregados são procedimentos que buscam
representar a biela do tipo garrafa encontrada em elementos estruturais com descontinuidade.
Apesar de fornecerem evidências experimentais, muito se discute se tais ensaios
correspondem ao estado de tensões desenvolvidas em um elemento estrutural, como uma viga
parede. Desta forma, esta pesquisa busca contribuir com o tema, de forma a investigar
situações pouco exploradas em ensaios de prismas de concreto, e analisar os resultados
experimentais disponíveis na literatura com os critérios de resistência de bielas do tipo garrafa
apresentado por normas de projeto.
-3-
1.2 Objetivos Gerais
Este trabalho tem como objetivo geral analisar parâmetros relacionados à resistência de
prismas de concreto parcialmente carregados, e estabelecer a relação com os critérios
normativos para projeto com o MBT, especificamente de eficiência de bielas do tipo garrafa.

1.3 Objetivos Específicos


Desenvolver um programa experimental de prismas de concreto com geometria e disposição
de armaduras de controle de fissuração, representando a região do vão de cisalhamento de
uma viga-parede genérica, para avaliar o fator de eficiência (βs) da biela em função da:

 Variação na taxa de armadura de controle de fissuração (ρ).

Desenvolver uma análise de banco de dados contendo resultados experimentais de ensaios de


prismas de concreto com e sem armadura para avaliar o βs em função dos seguintes
parâmetros:

 Inclinação da dispersão da biela, relacionada à região de concreto disponível, na forma


de fatores de forma;
 Resistência do concreto (fc), para prismas sem armadura;
 Armadura de controle de fissuração (ρ) distribuída transversalmente ao eixo da biela.

Avaliar os critérios de eficiência de biela adotados pelas normas do ACI 318 (2014), fib
Model Code 2010 (2013), e ABNT NBR 6118 (2014), com os resultados do programa
experimental e do banco de dados, através de análise de dispersão em forma gráfica.

-4-
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 ACI 318 (2014)


A norma americana para projetos de estruturas de concreto armado, ACI 318 em sua versão
de 2014, apresenta os mesmos procedimentos gerais para projetos com o Método de Bielas e
Tirantes que as versões anteriores. O parâmetro de resistência de bielas sem armaduras pode
ser calculado através da Equação 1 e para bielas com armaduras através da Equação 2.

𝐹𝑛𝑠 = 𝑓𝑐𝑒 𝐴𝑐𝑠 Equação 1

𝐹𝑛𝑠 = 𝑓𝑐𝑒 𝐴𝑐𝑠 + 𝐴𝑠 𝑓𝑠 Equação 2

Onde, fce é a resistência efetiva do concreto da biela obtido através da Equação 3; Acs é a área
da seção transversal no final da biela; As é a área da seção transversal da armadura; fs é a
tensão de escoamento do aço da armadura.

𝑓𝑐𝑒 = 0.85𝛽𝑠,𝐴𝐶𝐼 𝑓𝑐 Equação 3

Onde, o βs,ACI é o fator de eficiência da biela; o fc é a resistência à compressão do concreto


obtido em ensaios em espécimes cilíndricos.

O ACI 318 separa as bielas em 5 classes, que dependem do tipo de biela e de condições como
a presença de armaduras. Cada classe corresponde a um determinado valor de eficiência βs,
conforme mostra a Figura 5. Para bielas do tipo garrafa o fator de eficiência para casos sem
armadura é de 0,60 e para casos com armadura é de 0,75, contanto que satisfaça a Equação 4
para taxa mínima de armadura, e com fc não ultrapassando 40 MPa.

𝐴𝑠𝑖
∑ sin 𝛾𝑖 ≥ 0.003 Equação 4
𝑏. 𝑠𝑖

Onde, i é a camada de armadura que cruza a biela; As é a área da armadura; b é a largura da


biela; s é o espaçamento das barras; γ é o ângulo das barras com o eixo longitudinal da biela,
conforme mostra a Figura 6.

ßs = 0,75 ßs = 1,00 ßs = 0,60 ßs = 0,75 ßs = 1,00 ßs = 0,60

a) b)
Figura 5 – Fatores de eficiência para bielas: a) Para bielas do tipo garrafa; b) Para bielas do tipo garrafa,
prismática e leque.

-5-
Figura 6 – Armadura de controle de fissuração cruzando o eixo longitudinal da biela.

2.2 fib Model Code 2010 (2013)


A versão 2013 do fib Model Code 2010 apresenta para dimensionamento de modelos de
Bielas e Tirantes a resistência do concreto reduzida de acordo com a Equação 5. As bielas não
são classificadas por tipo (biela prismática, leque e garrafa), como ocorre no ACI 318 (2014),
mas é feita a distinção de acordo com o estado de tensões no concreto. As bielas do tipo
garrafa se encaixam na categoria em que as bielas desenvolvem tensões de tração
perpendiculares à direção da compressão, apresentando fator de eficiência obtido nas
Equações 6 e 7.
𝛽𝑠,𝑀𝐶10 𝑓𝑐
𝑓𝑐𝑒 = Equação 5
𝛾𝑐

𝛽𝑠,𝑀𝐶10 = 0,75 . 𝜂𝑓𝑐 Equação 6

1⁄
30 3
𝜂𝑓𝑐 = ( ) ≤ 1.0 Equação 7
𝑓𝑐

Onde, βs,MC10 é o fator de eficiência da biela; fc é a resistência à compressão do concreto; γc é o


coeficiente de segurança de 1,4.

2.3 NBR 6118 (2014)


A norma brasileira ABNT NBR 6118 em sua versão de 2014, apresenta pela primeira vez um
item específico sobre o MBT, onde orienta como utilizar este método em projetos de
estruturas de concreto e apresenta os parâmetros de resistência de cálculo para bielas,
separando em 3 tipos: O primeiro é para casos onde não há tensões transversais de tração e em
nós onde só confluem bielas de compressão (CCC), e o segundo e terceiro tipo são para
regiões onde se desenvolvem tensões transversais de tração e em nós onde confluem dois ou
mais tirantes (CTT e TTT) ou apenas um tirante, que é o caso da biela do tipo garrafa (CCT).
A Equação 8 determina a tensão resistente máxima do concreto para o terceiro caso, que seria
da biela do tipo garrafa.

𝑓𝑐𝑒 = 0,72𝛽𝑠,𝑁𝐵𝑅 𝑓𝑐𝑑 Equação 8

-6-
Onde: A constante 0,72 representa o fator de eficiência deste tipo de biela; βs,NBR é um termo
que depende da resistência concreto, conforme mostra a Equação 9; fcd é a resistência de
cálculo à compressão do concreto, conforme mostra a Equação 10.

𝑓𝑐
𝛽𝑠,𝑁𝐵𝑅 = 1 − Equação 9
250

𝑓𝑐
𝑓𝑐𝑑 = Equação 10
𝛾𝑐

Onde γc é o coeficiente de segurança de 1,4.

2.4 Resistência à compressão do concreto


A ruptura da biela do tipo garrafa se dá por fendilhamento quando a resistência à tração do
concreto é excedida, formando uma fissura longitudinal ao eixo da biela. Embora a resistência
à compressão do concreto (fc) não influencie diretamente na resistência deste mecanismo de
ruptura, os métodos de cálculo para estimativa da resistência de bielas de diversas
recomendações normativas de projeto, como o ACI 318 (2014), ABNT NBR 6118 (2014) e a
fib Model Code 2010 (2013) utilizam a resistência à tração do concreto como uma função da
resistência à compressão, desta forma para prismas de concreto parcialmente carregados sem
armaduras, a ruptura é governada, dentre outros fatores, indiretamente pela resistência à
tração em função da resistência à compressão. PUJOL et al. (2011) variou a resistência à
compressão dos prismas sem armadura do seu programa experimental e não encontrou
evidências consistentes que possam mostrar uma influência no fator de rendimento dos
prismas. Entretanto, REGAN (1986) variou a resistência à compressão, e concluiu que, apesar
de incerto, o fator de eficiência das bielas sem armadura diminuiu à medida que a resistência
do concreto aumenta, assim como preveem as recomendações de projeto com o MBT da NBR
e Model Code 2010.

2.5 Quantidade e distribuição de armaduras


As armaduras nos prismas de concreto parcialmente carregados absorvem as tensões
transversais de tração da biela do tipo garrafa, aumentando a ductilidade e resistência dos
prismas. Entretanto, segundo SAHOO et al. (2011), não há um consenso entre as
recomendações normativas e nem na literatura sobre o papel das armaduras em bielas do tipo
garrafa. A norma brasileira ABNT NBR 6118 (2014) e a fib Model Code 2010 (2013) não
consideram a função das armaduras para ganho de resistência das bielas, enquanto a norma
americana ACI 318 (2014) faz a distinção entre bielas do tipo garrafa com armaduras e sem
armaduras quando adota valores constantes diferenciados para cada situação. Trabalhos
experimentais como os de BROWN et al. (2006) concluíram que as armaduras têm influência
mínima no fator de eficiência de bielas do tipo garrafa. Enquanto trabalhos como os de
SAHOO et al. (2011), apontam que as armaduras têm sim influência positiva no fator de
eficiência de bielas do tipo garrafa, este mesmo autor também questiona o fator de eficiência
constante utilizado pelo ACI, e propõem um método analítico para determinação deste fator.
-7-
Outros autores como ARABZADEH et al. (2012) utilizaram o Modified Compression Field
Theory (MCFT) buscando também encontrar um método mais eficiente para determinar o βs.

2.6 Fatores de forma


Uma biela do tipo garrafa é formada quando o carregamento é aplicado em uma área
relativamente pequena, resultando em uma dispersão lateral do fluxo de tensões, que para
manter o equilíbrio estático originam tensões transversais de tração, que causam a ruptura por
fendilhamento. Pelo Princípio de Saint-Venant, ao distanciar-se da região de aplicação de
carga, mais uniforme tenderá a ser o fluxo de tensões. A distância em que se pode encontrar
um comportamento de região D geralmente é considerada como a maior dimensão da
superfície onde estão sendo aplicadas o carregamento. Desta forma, a geometria da região
disponível para a biela se dispersar, ou a geometria de um prisma de concreto parcialmente
carregado tem influência nas características da biela do tipo garrafa formada, como a
intensidade da resultante de tração. MACGREGOR (2012) apresenta algumas relações entre a
geometria do elemento de concreto e a intensidade da resultante de tração. O ACI 318 (2014)
considera a inclinação da dispersão da biela constante de 26,6° para suas recomendações.
Autores como REGAN (1986) e SAHOO et al. (2009a), analisaram, dentre outros parâmetros,
o fator de forma, relacionado à inclinação da dispersão da biela, com a eficiência de prismas
de concreto parcialmente carregados. Os autores variaram: a razão b/a, entre a largura do
prisma (b) pela largura da superfície de apoio ou carregamento (a); e a razão h/b, entre a
altura do prisma (h) e a largura do prisma (b), como mostra a Figura 7. Os autores concluíram
que o fator de forma tem influência na inclinação da dispersão da biela, logo influencia no
fator de eficiência da biela.

a) Prisma hexagonal b) Prismas Retangulares


Figura 7 - Forma dos prismas

3. METODOLOGIA

A metodologia aplicada neste trabalho consiste em realizar um programa experimental de


elementos de concreto parcialmente carregados, de forma que se possa estudar a resistência e
mecanismo de ruptura de bielas do tipo garrafa em função da variação na taxa de armadura.
Outro método utilizado foi a construção de um banco de dados com resultados experimentais
de prismas de concreto parcialmente carregados, com e sem armadura, para avaliar fatores
como a resistência do concreto e a taxa de armadura quanto à influência no fator de eficiência

-8-
da biela, analisando de forma gráfica a dispersão dos resultados e comparando com
estimativas normativas.

3.1 Análise Experimental


Através do programa experimental buscou-se investigar a resistência e o mecanismo de
ruptura da biela do tipo garrafa formada em espécimes parcialmente carregados de concreto.
O programa experimental foi composto por 4 espécimes prismáticos hexagonais, com
dimensões de 900 x 1050 x 150 mm para todos os prismas, com e sem armadura de controle
de fissuração, conforme mostra a Figura 8 e a Tabela 1.

A geometria dos prismas foi escolhida na forma hexagonal fazendo uma analogia à biela
formada no vão de cisalhamento de uma viga curta idealizada. As armaduras foram dispostas
na mesma direção das armaduras transversais (web reinforcement) e das armaduras de pele
(skin reinforcement), diferentemente do que ocorre em prismas de concreto na forma
retangular, onde geralmente as armaduras transversais estão perpendiculares ao eixo
longitudinal da biela.

O espécime W00-S00 serviu para investigar a resistência de bielas do tipo garrafa sem
armaduras. Os espécimes W11-S00, W11-S11 e W21-S21 apresentam armaduras de controle
de fissuração em forma de barras de aço distribuídas em camadas à 45° do eixo da biela. A
variável aqui foi a taxa de armadura, com valores de 0,11%, 0,21% e 0,42% respectivamente.

O prisma W11-S00 apresenta barras somente em uma direção, equivalente à armadura


transversal de uma viga curta (web reinforcement), enquanto o prisma W11-S11 apresenta
armadura em ambas as direções (web e skin reinforcement). O prisma W21-S21 é referência
para os outros espécimes com armadura, uma vez que apresenta taxa de armadura superior aos
outros dois espécimes, com valor de acordo com os valores mínimos estabelecidos pelo ACI
318 (2014) através da Equação 4.

Para as armaduras, foram utilizadas barras de aço CA-60 no diâmetro de 4,2 mm e 5,0 mm,
sem patamar de escoamento definido. O aço de 4,2 mm apresentou tensão de escoamento fs de
650 MPa, deformação de escoamento εs de 3,13 x 10-3 (mm/mm) e módulo de elasticidade Es
de 207.934 GPa. O aço de 5,0 mm apresentou tensão de escoamento de fs de 615 MPa, εs de
3,04 x 10-3 (mm/mm) e módulo de elasticidade Es de 202.183 GPa.

O concreto foi produzido com cimento Portland CP-II-Z-32 (com 6% a 14% de pozolana),
areia natural e agregado graúdo do tipo seixo rolado com diâmetro máximo de 9,5 mm. Os
ensaios de caracterização foram realizados através de corpos-de-prova cilíndricos de 100 x
200 mm, com a mesma idade em que foram ensaiados os prismas. Os corpos-de-prova
cilíndricos e os prismas foram submetidos à cura úmida por 7 dias, e armazenados até o dia do
ensaio. O concreto apresentou módulo de elasticidade Ec de 23,53 GPa, resistência à
compressão fc de 37 MPa e resistência à tração fct de 2,17 MPa.

Para instrumentação foram utilizados sensores eletro-resistentes para monitoramento dos


valores de deformações nas barras aço de todos os prismas com armadura. Os sensores foram
-9-
posicionados ao longo do eixo vertical do prisma, e também posicionados ao longo do eixo
horizontal à meia-altura, de forma a obter as deformações em pontos mais ou menos próximos
à máxima tensão transversal de tração na biela.

Det. Arm.
S

W
S
45° γS
h
γW

b
a) Geometria dos prismas b) Layout das armaduras b) Detalhe das armaduras
Figura 8 – Detalhamento da geometria e layout de armaduras dos prismas hexagonais (W para web e S
para skin reinforcement).

Tabela 1 – Característica dos prismas hexagonais.

Prisma W S ρS ρW ρ (%)
W00-S00 - - - - -
W11-S00 6 Ø 4.2 s/120 - 0.11 0.11
W11-S11 6 Ø 4.2 s/120 6 Ø 4.2 s/120 0.11 0.11 0.22
W21-S21 7 Ø 5.0 s/90 7 Ø 5.0 s/90 0.21 0.21 0.42
OBS: altura (h) = 900 mm; largura (b) = 1050 mm; apoio (a) = 150 mm;
espessura (e) = 150 mm; b/a = 7; h/b = 0,86.

Os ensaios foram realizados em passos de carga de 30 kN com intervalo de aproximadamente


1 minuto, sob compressão realizada através de um conjunto de macaco e bomba hidráulica
manual posicionada em um pórtico metálico que garantia uma rotulação nas superfícies de
apoio e aplicação de carga. A leitura das deformações nas barras de aço foi realizada através
de um ALMEMO durante os passos de carga.

3.2 Análise com banco de dados


Através de um banco de dados, buscou-se analisar os resultados experimentais dos prismas
parcialmente carregados de concreto desenvolvidos neste trabalho, com resultados
experimentais de outros autores encontrados na literatura. Os parâmetros analisados estão
relacionados à eficiência de bielas do tipo garrafa (βs) propostos por recomendações
normativas e por outros autores. O banco de dados foi dividido em resultados de prismas de
concreto sem armadura e em prismas de concreto com armadura.

O fator de eficiência βs utilizado para este banco de dados pode ser visto na Equação 11, onde
relaciona a tensão última dos espécimes (σu) com o fc. Diferentemente de avaliar os prismas
- 10 -
em relação à sua resistência absoluta, o fator de eficiência é um valor relativo, que avalia o
quanto o espécime conseguiu resistir em relação ao fc, e é utilizado por normas de projetos
para obter a resistência efetiva de bielas, reduzindo o valor de resistência do concreto.

𝜎𝑢
𝛽𝑠 = Equação 11
𝑓𝑐

No total, o banco de dados de espécimes sem armadura apresenta 81 resultados experimentais,


conforme apresenta a Tabela 2. São analisados parâmetros como os fatores de forma b/a e h/b
e a resistência à compressão do concreto fc, em função do coeficiente de rendimento da biela
βs visto na Equação 11. Não foram incluídos neste banco de dados prismas com armaduras
localizadas na região de apoio e aplicação de carga.

Tabela 2 – Banco de dados de prismas sem armadura.

Autor Qtd. b/a fc (MPa) σu(MPa) βs média βs COV


{1} 1 7 37 27.6 0.78 - -
{2} 2 3 26.4 a 29.0 18.8 a 22.7 0.68 a 0.91 0.79 0.20
{3} 4 2a3 25.3 12.7 a 16.5 0.53 a 0.69 0.61 0.15
{4} 42 1a4 17.0 a 25.5 13.8 a 27.2 0.78 a 1.22 1.03 0.10
{5} 8 2.5 a 10 22.8 a 37.8 23.4 a 49.1 0.72 a 2.27 1.17 0.42
{6} 3 3 27.7 a 34.0 33.5 a 36.7 1.11 a 1.35 1.24 0.10
{7} 4 1.5 a 12 32.8 a 37,0 18.7 a 58.6 0.53 a 1.88 1.03 0.59
{8} 14 1a6 38.3 a 38.8 28.7 a 45.4 0.78 a 1.24 0.96 0.14
{9} 3 3 25.4 a 85.7 33.4 a 66.2 0.81 a 1.38 1.05 0.28
{1} Autor; {2} Brown et al. (2006); {3} Campione e Minafò (2011); {4} Pujol, Rautenberg e Sozen (2011); {5}
Regan (1986); {6} Sahoo et al. (2008); {7} Sahoo, Singh e Bhargava (2009)a; {8} Sahoo, Singh e Bhargava
(2009)b; {9} Sahoo, Singh e Bhargava (2011).

No total, o banco de dados de espécimes com armadura apresenta 109 resultados


experimentais, conforme apresenta a Tabela 3. As análises são em função do fator de
rendimento da biela βs, com variáveis como o fator de forma b/a e a taxa de armadura ρ.
Fazem parte deste banco de dados somente prismas reforçados com barras de aço distribuídas
ao longo da biela (e não concentradas em pontos específicos), formando ângulos variáveis de
0° a 90° em relação ao eixo vertical.

As médias e coeficientes de variação (COV) nas Tabela 2 e Tabela 3 são apenas para guiar o
leitor no sentido de facilitar a visualização, de uma forma geral, do conteúdo dos bancos de
dados. As análises não serão feitas com estes valores médios, mas sim com os resultados
individuais de cada espécime ensaiado por cada respectivo autor.

Tabela 3 – Banco de dados de prismas com armadura.

- 11 -
Autor Qtd. b/a ρ (%) f'c (MPa) σu (MPa) βs média βs COV
{1} 3 7 0.11 a 0.42 37.0 28.4 a 37.3 0.81 a 1.06 0.93 0.14
{2} 14 3a6 0.18 a 0.61 22.3 a 37.9 15.9 a 38.8 0.56 a 1.38 0.97 0.21
{3} 4 2a3 0.32 25.2 16.1 a 19.2 0.67 a 0.80 0.74 0.10
{4} 69 2.5 a 22.5 0.07 a 2.71 8.3 a 63.6 18.3 a 142.3 0.90 a 2.80 1.68 0.27
{5} 3 3 0.65 28.6 a 34.0 43.5 a 55.7 1.60 a 1.76 1.7 0.05
{6} 16 3 0.20 a 1.40 24.0 a 85.7 35.7 a 122.8 1.00 a 1.81 1.45 0.18
{1} Autor; {2} Brown et al. (2006); {3} Campione e Minafò (2011); {4} Regan (1986); {5} Sahoo et al. (2008);
{6} Sahoo, Singh e Bhargava (2011).

4. RESULTADOS

Os resultados de resistência dos prismas ensaiados estão dispostos na Tabela 4. Os fatores de


eficiência foram calculados com a Equação 11. O fator de eficiência estimado do ACI 318
(2014) foi calculado com a Equação 12, obtida da Equação 3, enquanto para o fib Model Code
2010 (2013) foi calculado com a Equação 13, obtida da Equação 6, e o previsto pela NBR
6118 (2014) foi calculado com a Equação 14, obtida da Equação 8.

Tabela 4 – Resultados dos ensaios nos espécimes.

Fator de eficiência
Prisma Pu (kN) σu (MPa) ACI 318 fib M.C. 2010 NBR 6118
Experimental
(2014) (2013) (2014)
W00-S00 620 27,6 0,79 0,51 0,70 0,61
W11-S00 640 28,4 0,81 0,63 0,70 0,61
W11-S11 720 32,0 0,91 0,63 0,70 0,61
W21-S21 840 37,3 1,06 0,63 0,70 0,61

0,60 . 0,85 = 0,51(𝑠𝑒𝑚 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎)


𝛽𝑠,𝐴𝐶𝐼 = { Equação 12
0,75 . 0,85 = 0,63 (𝑐𝑜𝑚 𝑎𝑟𝑚𝑎𝑑𝑢𝑟𝑎)

1⁄
30 3
𝛽𝑠,𝑀𝐶10 = 0,75 . ( ) Equação 13
𝑓𝑐

𝑓𝑐
𝛽𝑠,𝑁𝐵𝑅 = 0,72 . (1 − ) Equação 14
250

A ruptura de todas as peças foi por fendilhamento, havendo a abertura da biela ao longo do
eixo vertical do prisma. O padrão de fissuração pode ser visto no desenho da Figura 9. O
prisma W00-S00 apresentou uma ruptura brusca, enquanto para os demais foi observada uma
ruptura mais dúctil em relação ao primeiro prisma. De fato foi observado um maior controle
de fissuração com a utilização de armaduras, e quanto maior a taxa de armadura, maior foi o
ganho de ductilidade observado nos espécimes. Também foi observada uma ruptura ou
desplacamento perto da região nodal, próximo à superfície de carregamento dos três primeiros
prismas (W00-S00, W11-S00 e W11-S11).
- 12 -
a) W00-S00 b) W11-S00

c) W11-S11 d) W21-S21
Figura 9 – Padrão de fissuração dos espécimes: a) W00-S00; b) W11-S00; c) W11-S11; d) W21-S21.

As deformações nas armaduras são mostradas nos gráficos Carga-Deformação nas Figura 10,
Figura 11 e Figura 12, para os prismas W11-S00, W11-S11 e W21-S21, respectivamente.
Alguns extensômetros não tiveram seu funcionamento adequado durante o ensaio, não
registrando nenhuma leitura ou leituras sem sentido mecânico, como foram o caso do EW-02
do W11-S00, ES-02 do W11-S11, e do ES-01 e ES-03 do W21-S21.

Conforme esperado, houve um aumento na resistência com o aumento na taxa de armadura


utilizada, na ordem de até 34%. O fator de eficiência das normas foi considerado conservador
em comparação ao valor obtido experimentalmente, com diferenças de 55% à 68% para o
ACI, 13% à 51% para o MC10 e 30% à 73% para a NBR. O fib Model Code 2010 (2013)
apresentou estimativas bem próximas para eficiência do prisma sem armadura W00-S00, mas
não leva em consideração a contribuição da armadura a partir da fissuração do concreto.

Analisando as deformações nas armaduras dos prismas, nas Figura 10, Figura 11 e Figura 12,
foi possível observar que a utilização de duas camadas de armadura, formando uma espécie de
malha, contribuiu para a distribuição de tensões transversais de tração entre as barras, onde
foram detectados valores maiores de deformação para as barras do prisma W11-S00 que
continha apenas uma camada de armadura e em taxa inferior ao recomendado pela Equação 4,
enquanto para o prisma W21-S21, que continha duas camadas de armadura e taxa superior ao
recomendado, apresentou valores de deformação inferiores nos pontos instrumentados das
barras.

- 13 -
900 900

N (kN)
N (kN)
750 750
600 600
450 450
300 300
EW-01 EW-03
150 EW-02 150 EW-04
εs (‰) εs (‰)
0 0
-1 0 1 2 3 4 -1 0 1 2 3 4
a) b)

c)
Figura 10 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W11-S00: a) Extensômetros EW-01 e
EW-02; b) EW-03 e EW-04; c) Layout da instrumentação.

900 900
N (kN)

N (kN)

750 750
600 600
450 450
300 300 ES-01
EW-01
EW-02 ES-02
150 150
εs (‰) εs(‰)
0 0
-1 0 1 2 3 4 -1 0 1 2 3 4
a) b)
900
N (kN)

750
600
450
300
EW-03
150 EW-04
εs (‰)
0
-1 0 1 2 3 4

c) d)
Figura 11 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W11-S11: a) Extensômetros EW-01 e
EW-02; b) Extensômetros ES-01 e ES-02; c) Extensômetros EW-03 e EW-04; d) Layout da
instrumentação.

- 14 -
900 900

N (kN)

N (kN)
750 750
600 600
450 450
EW-01
300 EW-02 300 ES-01
EW-03 ES-02
150 EW-04 150 ES-03
εs (‰) εs (‰)
0 0
-1 0 1 2 3 4 -1 0 1 2 3 4
a) b)
900
N (kN)

750
600
450
EW-04
300 EW-05
EW-06
150 EW-07
εs (‰)
0
-1 0 1 2 3 4

c) d)

Figura 12 – Gráficos carga-deformação nas barras de aço do prisma W21-S21: a) Extensômetros EW-01,
EW-02, EW-03 e EW-04; b) Extensômetros ES-01, ES-02 e ES-03; c) Extensômetros EW-04, EW-05, EW-
06 e EW-07; d) Layout da instrumentação.

Apesar de não apresentarem resultados em mesmos níveis de carregamento, uma análise


qualitativa das deformações nas armaduras com a progressão de carregamento pode ser feita
através da Figura 13. Com exceção do extensômetro EW-02 do prisma W11-S00, posicionado
à 350 mm do topo, os gráficos mostraram o comportamento de uma biela do tipo garrafa, que
desenvolve tensões transversais de tração em valores máximos à meia altura dos prismas
hexagonais.

-2,00 0,00 2,00 4,00 0,00 2,00 4,00 0,00 2,00 4,00
0 0 0
εs (‰) εs (‰) εs (‰)
100 100 100
Posição (mm)

200 200 200


300 300 300
Posição (mm)
Posição (mm)

400 400 400 610


500 500 500 650
690
730
480 600 770
500 660
720 810

Figura 13 – Progressão das deformações nas armaduras.

A Figura 14 mostra os resultados do banco de dados de prismas de concreto parcialmente


carregados sem armadura, e do prisma W00-S00, em um gráfico do fator de eficiência (βs) em

- 15 -
função de alguns parâmetros que possam estar relacionados à essa eficiência, como os fatores
de forma e a resistência do concreto.

A Figura 14 a) apresenta o fator de eficiência da biela em função do fator de forma b/a, onde
foi comparado o βs do ACI 318 (2014) com os 81 resultados do banco de dados dos prismas
sem armadura, e foi observado que apenas 2 ficaram abaixo desta estimativa. Outros 2
espécimes apresentaram βs muito superiores aos demais, e foram ensaiados com fator de
forma b/a acima dos outros prismas da amostra. A influência do fator de forma h/b pode ser
analisada graficamente na Figura 14 b). Não foram observados grandes acréscimos em βs
devido à este fator de forma.

A Figura 14 c) apresenta o fator de eficiência da biela em função da resistência do concreto,


onde foi comparado o valor constante de βs do ACI 318 (2014), com os valores que
decrescem com o fc como fib Model Code 2010 (2013) e NBR 6118 (2014), e para resultados
de resistência acima de 40 MPa, apesar da carência de resultados, foi observado um
decréscimo conforme fc aumentava, embora para resultados com concretos convencionais
abaixo de 40 MPa não tenha mostrado nenhuma tendência.

Dentre os parâmetros analisados, os 2 resultados com maiores βs mostraram ter maior


influência no fator de forma b/a. A Figura 14 d) mostra que a resistência dos dois resultados
está na mesma faixa de 20 à 40 MPa. Mais resultados com b/a superiores à 7 são necessários
para concluir que este parâmetro realmente exerce uma influência em um ganho de eficiência
para prismas de concreto sem armadura.
4,0 4,0 Banco de Dados
βs Banco de Dados
Autor βs Author
ACI 318 (2014) ACI 318 (2014)
3,0 carência de resultados 3,0

2,0 2,0

1,0 1,0
b/a h/b
0,0 0,0
0 3 5 8 10 13 0 1 2 3 4 5
a) b)
4,0 4,0
Banco de dados fc < 20 MPa
βs Autor βs 20 - 40 MPa
ACI 318 (2014) fc > 40 MPa
3,0 fib MC10 (2013) 3,0
NBR 6118 (2014)

2,0 2,0

1,0 1,0
fc (MPa) b/a
0,0 0,0
0 20 40 60 80 100 0 3 5 8 10 13
c) d)
Figura 14 – Análise gráfica dos espécimes sem armadura do banco de dados, avaliando a influência de
parâmetros em função de βs: a) Fator de forma b/a; b) Fator de forma h/b; c) Resistência do concreto fc
(MPa); d) Fator de forma b/a separado por faixas de fc (MPa).

De uma maneira geral, para os resultados de espécimes sem armadura, a análise qualitativa
dos gráficos aponta para uma grande dispersão de valores de βs dentro da amostra, com
- 16 -
diferenças de até 400%, e também há uma carência de resultados em algumas faixas de
parâmetros como o fator de forma (b/a e h/b) e resistência do concreto (fc).

A Figura 15 apresenta os resultados do banco de dados com espécimes sem armadura e dos
prismas W11-S00, W11-S11 e W21-S21. A Figura 15 a) apresenta o fator de eficiência em
função de b/a. Foi observada uma tendência de crescimento de βs, e diferentemente das
análises gráficas realizadas para o banco de dados sem armadura, este apresenta uma
quantidade maior de resultados para valores de b/a acima de 7. Apesar da grande dispersão de
resultados vista na Figura 15 b), uma pequena tendência de decréscimo no βs foi observada
para espécimes com fc superiores à 40 MPa, conforme as estimativas da fib Model Code 2010
(2013) e ABNT NBR 6118 (2014) consideram. Embora esta influência seja pouco
significativa para prismas com armadura, uma vez que a maior contribuição no ganho de
eficiência dos prismas seria por parte da transferência de tensões nas barras de aço. Isto pôde
ser analisado através da Figura 15 c), que faz relação com o b/a e intervalos de resistência do
concreto, mostrando uma indiferença para o ganho de eficiência dos espécimes do banco de
dados para o fc, onde para mesmas faixas de b/a são vistos diversos resultados de fc superiores
à 40 MPa, que apresentaram menor eficiência que resultados de fc inferiores à 20 MPa, por
exemplo.

A Figura 15 d) analisa qualitativamente a influência da taxa de armadura no βs dos prismas do


banco de dados com armadura. O ACI 318 (2014) considera o ganho de eficiência da biela
com armaduras em um valor mínimo de 0,3%. Foi observada uma tendência de crescimento
conforme esta taxa aumentava, apesar de que para valores de ρ superiores a 0,6%, há uma
tendência de estabilização, mostrada por uma linha tracejada no gráfico. Então, de fato a taxa
de armadura está se mostrando influente no ganho de eficiência dos prismas, e este ganho é
linear até 0,6%, a partir daí é observada uma tendência constante do βs em 1,5.

De uma maneira geral, assim como os resultados da análise do banco de dados sem armadura,
este também apresentou uma grande dispersão de resultados de eficiência da biela dentro da
amostra de 109 resultados, com diferenças de até 500%, e também há uma carência de
resultados em algumas faixas de parâmetros como o fator de forma (b/a e h/b), resistência do
concreto (fc) e taxa de armadura (ρ).

Os resultados experimentais de resistência dos prismas foram comparados aos valores


calculados das normas de projeto do ACI, NBR e MC10, conforme mostra a Figura 16 do
Banco de dados sem armadura e a Figura 17 com armadura. Os valores calculados mostraram-
se bastante conservadores e até dispersos, como mostra o coeficiente de determinação R².

- 17 -
4,0 4,0 ACI 318 (2014)
Autor
βs Banco de Dados βs fib MC10 (2013)
ACI 318 (2014) NBR 6118 (2014)
3,0 3,0

2,0 2,0

1,0 1,0
b/a fc (MPa)
0,0 0,0
0 5 10 15 20 25 0 20 40 60 80 100
a) b)
4,0 4,0
fc < 20 MPa Banco de Dados
βs 20 - 40 MPa
βs Autor
fc > 40 MPa ACI-318
3,0 3,0

2,0 2,0
tendência
1,0 1,0
b/a ρ (%)
0,0 0,0
0 5 10 15 20 25 0 1 2 3 4 5
c) d)
Figura 15 – Análise gráfica dos espécimes com armadura do banco de dados, avaliando a influência de
parâmetros em função de βs: a) Fator de forma b/a; b) Resistência do concreto fc (MPa); c) Fator de forma
b/a separado por faixas de fc (MPa); d) Taxa de armadura ρ (%).
2000

2000

2000
Nexp (kN)

R² = 0,71 R² = 0,47 R² = 0,44


1000

1000

1000

NACI (kN) NNBR (kN) NMC10 (kN)


0

0 1000 2000 0 1000 2000 0 1000 2000


a) ACI b) NBR c) MC10
Figura 16 - Gráficos da carga última experimental (Nexp) pela teórica dos resultados do banco de dados de
prismas sem armadura
2000

2000

2000
Nexp (kN)

R² = 0,3207 R² = 0,3697 R² = 0,4064


1000

1000

1000

NACI (kN) NNBR (kN) NNBR (kN)


0

0 1000 2000 0 1000 2000 0 1000 2000


a) ACI b) NBR c) MC10
Figura 17 - Gráficos da carga última experimental (Nexp) pela teórica dos resultados do banco de dados de
prismas com armadura

5. CONCLUSÕES

Os prismas deste programa experimental apresentaram geometria equivalente à região de


concreto de um vão de cisalhamento de uma viga curta, e distribuição das armaduras em uma
posição à primeira vista menos favorável, entretanto, mais realista se for levada em
consideração a posição das armaduras de controle de fissuração de uma biela formada em
uma viga curta. Foram analisados parâmetros relacionados à resistência de prismas de
- 18 -
concreto parcialmente carregados, como o fator de forma (b/a e h/b), resistência do concreto
(fc) e a taxa de armadura (ρ). Através do programa experimental foi evidenciado um ganho de
resistência de até 34% para prismas com taxa de armadura superior ao mínimo recomendado
pelo ACI 318 (2014) de 0,3%, em comparação à espécimes sem nenhum tipo de reforço.
Também foi observado um maior controle de fissuração dos prismas com armadura.

Foi desenvolvido um banco de dados onde foi possível avaliar o fator de eficiência dos
prismas hexagonais e de prismas de outros autores, com fatores de eficiência estabelecidos
por normas de projeto. De maneira geral as normas mostraram-se muito conservadoras ao
estabelecerem reduções na resistência de bielas do tipo garrafa na ordem de 51% à 70% da
resistência do concreto. Foi possível avaliar qualitativamente através de gráficos que
relacionavam o fator de eficiência dos espécimes do banco de dados com parâmetros como o
fator de forma (b/a e h/b), resistência do concreto (fc) e a taxa de armadura (ρ).

Foi observado que o fator de forma de fato exerce uma influência sobre a resistência dos
prismas, uma vez que tem relação direta com as características da biela do tipo garrafa
formada, como a posição e intensidade da resultante de tensão de transversal de tração.
Apesar de carecerem dados com b/a superiores a 7, foi observado um ganho de eficiência com
o aumento desta proporção. Os resultados da análise do h/b não mostraram uma tendência
bem definida para que se possa concluir que este parâmetro tem alguma influência
significativa sobre o ganho de resistência dos prismas. Atualmente nenhumas das
recomendações de projeto analisadas levam em consideração o fator de forma para estimativa
da resistência de bielas do tipo garrafa. O ACI 318 (2014) em suas recomendações considera
a inclinação da dispersão do fluxo da biela constante em 26,6° em relação ao eixo vertical.
Entretanto, os fatores de forma tem influência na dispersão da biela, podendo inclusive
aumentar a eficiência de bielas do tipo garrafa para além da redução atribuída pelas normas,
conforme foi observado no banco de dados.

A resistência do concreto (fc) é um parâmetro que tem influência mais significativa em


prismas sem armadura do que com prismas com armadura, mas para os dois casos foi
observado uma perda de eficiência para espécimes com fc acima de 40 MPa, assim como as
normas preveem. O ACI 318 estabelece suas recomendações para bielas de concreto com
resistência abaixo deste valor, mas não faz nenhuma colocação a respeito da resistência de
bielas com concretos mais resistentes que este limite.

Conforme esperado, os prismas com armadura apresentaram melhor eficiência do que as


bielas sem armadura. O papel das armaduras no ganho de resistência de bielas não é
consensual entre as normas e trabalhos na literatura, conforme aponta SAHOO (2011).
Entretanto, através da análise qualitativa dos bancos de dados foi possível observar um ganho
de eficiência para espécimes com armadura. A NBR 6118 e o Model Code 2010 não fazem
nenhuma distinção entre bielas com armaduras. O ACI 318 estabelece como quantidade
mínima de armadura o valor de 0,3% para que se possa ter algum benefício significativo na
resistência de bielas do tipo garrafa. O banco de dados mostrou uma tendência de aumento na
eficiência de prismas com armaduras de até 0,6%, passando à um patamar constante de até
150% de eficiência para valores acima disto.
- 19 -
O programa experimental buscou desenvolver espécimes de geometria não comuns na
literatura, mas mais realista em relação à região do vão de cisalhamento de uma viga curta,
onde são formadas bielas do tipo garrafa. O banco de dados apresentado buscou reunir
resultados de diversos autores disponíveis na literatura internacional, sendo esta ferramenta
um recurso pouco encontrado em pesquisas desta área. Ainda há incertezas acerca do estado
de tensões desenvolvidos em prismas de concreto parcialmente carregados, mas com esta
pesquisa esperamos contribuir com futuros trabalhos sobre resistência de bielas do tipo
garrafa.

- 20 -
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

AMERICAN CONCRETE INSTITUTE (2014), Building Code Requirements for


Structural Concrete. ACI-318. New York, 2014.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (2014), Projeto de Estruturas de


Concreto – Procedimentos, NBR 6118, ABNT, Rio de Janeiro, 2014.

FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON (FIB), Model Code 2010, final draft,


vol. 1. fib, Bulletin 65, Lausanne, Switzerland, 2013, Vol. 2, 350 pp.

FÉDÉRATION INTERNATIONALE DU BÉTON (FIB), Model Code 2010, final draft,


vol. 2. fib, Bulletin 66, Lausanne, Switzerland, 2013, Vol. 2, 370 pp.

ARABZADEH, A.; AGHAYARI, R. AND RAHAI, A.R. (2012), A new model for
predicting the effective strength in reinforced concrete bottle-shaped struts. International
Journal of Civil Engineering, v. 10, n. 4, December, p. 253-261.

BROWN, M.D.; SANKOVICH, C.L.; BAYRAK, O. AND JIRSA J.O.(2006), Behavior and
Efficiency of Bottle-Shaped Struts. ACI Structural Journal, v. 103, n. 3, p. 348-355.

CAMPIONE, G. AND MINAFÒ, G. (2011), Experimental Investigation on Compressive


Behavior of Bottle-Shaped Struts. ACI Structural Journal, v. 108, n. 3, May-June, p. 294-
303.

COLLINS, M. P. AND MITCHELL, D. (1980), Shear and Torsion Design of Prestressed


and Non-prestressed Concrete Beams. PCI Journal, v. 25, n. 5, pp. 32-100, September-
October.

JAMES, K.W.; RICHART JR, F.E AND MACGREGOR, J. G. (2012), Reinforced


Concrete: Mechanical and Design. 6th ed., Pearson.

MÖRSCH, E. (1909), Concrete-Steel Construction, McGraw-Hill Book Co., New York,


368 pp.

PUJOL, S.; RAUTENBERG, J.M. AND SOZEN, M.A. (2011), Compressive Strength of
Concrete in Nonprismatic Elements. Concrete International, v. 33, n. 9, p. 42-49.

REGAN, P.E. (1986), The Bearing Strength of Reinforced Concrete Subjected to Strep
Loading. Structures Research Group Polytechnic of Central London, England.

RITTER, W. (1899), Die Bauwise Hennebique. Construction Techniques of Hennebique.


Schweizerische Bauzeitung, Zurich.

SAHOO, D.K.; GAUTAM, R.K.; SINGH, B. AND BHARGAVA, P. (2008), Strength and
deformation characteristics of bottle-shaped struts. Magazine of Concrete Research, v. 60,
n. 2, p. 137-144.

- 21 -
SAHOO, D.K.; SINGH, B. AND BHARGAVA, P. (2009)a, Investigation of Dispersion of
Compression in Bottle-Shaped Struts. ACI Structural Journal, v. 106, n. 2, p. 178-186.

SAHOO, D.K.; SINGH, B. AND BHARGAVA, P. (2009)b, An appraisal of the ACI strut
efficiency factors. Magazine of Concrete Research, 61, n. 6, August, p. 445-456.

SAHOO, D.K.; SINGH, B. AND BHARGAVA, P. (2011), Minimum Reinforcement for


Preventing Splitting Failure in Bottle-Shaped Struts. ACI Structural Journal, v. 108, n. 2,
p. 206-216.

SCHLAICH, J.; SCHÄFER, K.; AND JENNEWEIN, M. (1987), Towards a Consistent


Design of Structural Concrete. PCI Journal, v. 32, n. 3, p. 74-150.

SILVA, R. C. AND GIONGO, J.S. (2000), Modelos de Bielas e Tirantes Aplicados a


Estruturas de Concreto Armado. 1ª Ed., EESC-USP.

SOUZA, R. A. (2004), Concreto estrutural: análise e dimensionamento de elementos com


descontinuidades. Tese de doutorado em estruturas, Departamento de engenharia de
estruturas e fundações, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2004

WILLIAMS, C.; DESCHENES, D.; BAYRAK, O. (2012), Strut-and-Tie Model Design


Examples for Bridges:Final Report. Center for Transportation Research at The University
of Texas at Austin, USA.

- 22 -

Você também pode gostar