Ação Civil Pública

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CENTRO UNIVERSITÁRIO CASTELO BRANCO

CURSO DE DIREITO
ESTÁGIO DE PRÁTICA JURÍDICA (NPPJ)
10° PERÍODO

ALAN MARTINS SOSSAI


DAVI FIORIN DA SILVA
ISABELA DIAS LUCHI
LUANA PIFFER FERRI
PEDRO JOSÉ MARIM GÓDIO CÔCO

AÇÃO POPULAR

COLATINA
2022
AO DOUTO JUÍZO DE DIREITO DA _ VARA CÍVEL DA FAZENDA PÚBLICA DA
COMARCA DE COLATINA – ES

ASSOCIAÇÃO MUNICIPAL DE MORADORES, qualificação completa, legalmente


constituída há dois anos e com atuação na área de proteção dos usuários do serviço de
transporte coletivo vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, por intermédio do
advogado que esta subscreve, ajuizar a presente

AÇÃO CIVIL PÚBLICA

com fulcro na Lei n. 7.347/1985, art. 5º da Lei de Ação Civil Pública, em face do
MUNICÍPIO SIGMA, pessoa jurídica pública, qualificação completa, e da
CONCESSIONÁRIA LEVA E TRAZ LTDA, qualificação completa, consoante as razões de
fato e de direito a seguir expostas:
DOS FATOS:

A sociedade empresária Leva e Traz explora, via concessão, o serviço público de


transporte de passageiros no município Sigma, conhecido pelos altos índices de
criminalidade, por isso, a referida concessionária encontra grande dificuldade em
contratar motoristas para seus veículos.

A solução, para não interromper a prestação dos serviços, foi contratar


profissionais sem habilitação para a direção de ônibus.

Em paralelo, a empresa, que utiliza ônibus antigos (mais poluentes) e em péssimo


estado de conservação, acertou informalmente com todos os funcionários que os veículos
não deveriam circular após as 18 horas, dado que, estatisticamente, a partir desse horário,
os índices de criminalidade são maiores. Antes, por exigência do poder concedente, os
ônibus circulavam até meia-noite.

Os jornais da cidade noticiaram amplamente a precária condição dos ônibus, a


redução do horário de circulação e a utilização de motoristas não habilitados para a
condução dos veículos.

Seis meses após a concretização da mencionada situação e da divulgação das


respectivas notícias, a associação municipal de moradores, entidade constituída e em
funcionamento há dois anos e que tem por finalidade institucional, dentre outras, a
proteção dos usuários de transporte público, contrata você, jovem advogado(a), para
adotar as providências cabíveis perante o Poder Judiciário para compelir o poder
concedente e a concessionária a regularizarem a atividade em questão.

DO CABIMENTO:

A ação civil pública é prevista na Lei n. 7347/1985, com o fi m específico de


defender os direitos difusos e coletivos contra os danos causados ao meio ambiente, ao
consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico.
O conceito de ação civil pública apresentado por Kalleo Castilho Costa (2011) deixa claro
até mesmo a finalidade desta ação, qual seja:
A ação civil pública é o instrumento processual adequado para o exercício do
controle popular sobre os atos dos poderes públicos, [...] o instrumento processual
adequado para reprimir ou impedir danos ao meio ambiente, ao consumidor, a
bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e por
infrações de ordem econômica, protegendo, assim, interesses difusos da
sociedade.

Nesse mesmo escopo, Arnoldo Wald apresenta que:

A ação civil pública é um dos meios processuais modernos e democráticos de


maior importância, constituindo-se em uma das técnicas mais relevantes de
defesa dos direitos individuais e coletivos sendo utilizada nos mais variados
campos de atividade.

Dessa forma, encontram-se presentes todos os requisitos para a proposição da


presente ação nos termos do art. 5º da Lei n. 7.347/1985:

Têm legitimidade para propor a ação principal e a ação cautelar:

I – o Ministério Público;

II – a Defensoria Pública;

III – a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios;

IV – a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia mista;

V – a associação que preencha os requisitos legais

A entidade está constituída há mais de um ano (art. 5º, inciso V, alínea “a”, da Lei
n. 7.347/1985) e sua finalidade institucional está alinhada com o tema da ação
(pertinência temática – art. 5º, inciso V, alínea “b”, da Lei n. 7.347/1985).

DO MÉRITO:

O caso em comento pressupõe várias violações a legislação vigente visto que o


art. 6º, § 1º, da Lei n. 8.987/1995 afirma que:

Art. 6° Toda concessão ou permissão pressupõe a prestação de serviço adequado


ao pleno atendimento dos usuários, conforme estabelecido nesta Lei, nas normas
pertinentes e no respectivo contrato.

§ 1o Serviço adequado é o que satisfaz as condições de regularidade,


continuidade, eficiência, segurança, atualidade, generalidade, cortesia na sua
prestação e modicidade das tarifas.
A concessão pressupõe a prestação de serviço público em condição segura para
os usuários, o que não está sendo feito, pois os motoristas dos ônibus não têm habilitação
para direção e os veículos apresentam péssimo estado de conservação, tal atitude gera
inúmeros danos e prejuízos a população e ao meio ambiente.

Nos moldes do art. 22 da Lei n. 8.078/1990:

Art. 22. Os órgãos públicos, por si ou suas empresas, concessionárias,


permissionárias ou sob qualquer outra forma de empreendimento, são obrigados a
fornecer serviços adequados, eficientes, seguros e, quanto aos essenciais,
contínuos.

Parágrafo único. Nos casos de descumprimento, total ou parcial, das obrigações


referidas neste artigo, serão as pessoas jurídicas compelidas a cumpri-las e a
reparar os danos causados, na forma prevista neste código.

Dessa forma, é possível observar o descumprimento de tal preceito e ainda o do


art. 4º da Lei n. 13.460/2017, que diz:

Art. 4º Os serviços públicos e o atendimento do usuário serão realizados de forma


adequada, observados os princípios da regularidade, continuidade, efetividade,
segurança, atualidade, generalidade, transparência e cortesia.

Visto que a concessão pressupõe a prestação de serviço público regular e


contínuo, requisitos que não estão sendo observados, dada a interrupção da circulação
dos ônibus a partir das dezoito horas, deixando a população desprovida do serviço e
desamparada em uma localidade tão perigosa, atuando para aumentar a criminalidade do
local.

Outrossim, a utilização de veículos antigos e mais poluentes viola as regras do


contrato de concessão e causa grandes prejuízos a saúde e ao meio ambiente.

DO PEDIDO LIMINAR:

Vicente Greco Filho ensina que:

O poder geral de cautela atua como poder integrativo de eficácia global da


atividade jurisdicional.
Esta tem por finalidade declarar o direito de quem tem razão e satisfazer esse
direito, deve ser dotada de instrumentos para a garantia do direito enquanto não
definitivamente julgado e satisfeito (Direito Processual Civil Brasileiro, 3º Volume, Editora
Saraiva, 14ª edição, 2000, p.154).

Segundo estabelece o art. 12 da Lei n. 7.347/1985, “Poderá o juiz conceder


mandado liminar, com ou sem justificação prévia, em decisão sujeita a agravo.”

Observando o caso em concreto, é justificável a adoção da liminar para que essa


situação não permaneça.

DOS PEDIDOS:

Diante do exposto, requer:

1 - A citação do requerido para contestar a presente ação, sob pena de revelia;

2 - A concessão da liminar para impedir a designação de motoristas sem habilitação (obri-


gação de não fazer) e para obrigar à renovação da frota e à circulação dos ônibus novos
até meia-noite (obrigações de fazer);

3 - A intimação do Ministério Público para intervir no processo (art. 5º, § 1º, da Lei n.
7.347/1981);

4 - A citação do réu para integrar a relação processual;

5 - A procedência do pedido, obrigando-se o réu ao cumprimento das obrigações de fazer


e de não fazer indicadas”;

6 - A condenação do réu ao pagamento de custas e honorários.

Pretendem provar o alegado pelos documentos acostados e os demais meios de provas


admitidos em direito.

Dá à causa o valor de R$ xxxxxx


Termos em que pede deferimento.

Colatina - ES, 01/12/2022

Advogado OAB n°

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