Vertigem
Vertigem
Vertigem
ARTIGO DE REVISÃO
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ABORDAGEM DO SÍNDROME
VERTIGINOSO
António MACEDO
RESUMO
Introdução: A tontura é um sintoma não-específico e incapacitante cujo diagnóstico é
baseado na clínica. Sua classificação é baseada nas queixas do doente e é categorizada
em pré-síncope, desequilíbrio, enturpecimento ou vertigem. Esta última é a causa de
tontura mais prevalente. Este artigo consiste na apresentação de uma revisão clássica
narrativa baseada na literatura onde se pretende abordar a avaliação do doente com
vertigem, suas causas, diagnóstico diferencial e tratamento.
Métodos: O material consultado para fazer esta revisão foi obtido a partir de uma pesqui-
sa na Medline com as palavras-chave vertigo e dizziness. Foram pesquisados artigos
publicados nos últimos cinco anos em inglês, espanhol e português. Foram obtidos 157
artigos de revisão, dos quais foram consultados 17.
Discussão: A vertigem é a causa mais prevalente de tontura em cuidados primários. A
vertigem é provocada por um envolvimento assimétrico da actividade basal das vias
vestibulares centrais ou periféricas, ocorrendo por episódios, verificando-se uma dimi-
nuição da intensidade desta à medida que o factor precipitante se dissipa ou que a
compensação ocorre. A sua avaliação é clínica baseando-se na história e exame objectivo,
mas nalguns casos é útil a utilização de exames auxiliares de diagnóstico. Nos primeiros
passos desta avaliação é necessária a distinção entre vertigem de causa central e verti-
gem de causa periférica. De seguida é preciso saber qual a duração típica dos sintomas,
pesquisando factores precipitantes e sintomas associados. O exame físico é essencial
devendo-se tomar especial atenção ao exame neurológico. As manobras provocadoras de
Dix-Hallpike no diagnóstico de VPPB merecem especial destaque. Os meios complemen-
tares de diagnóstico não têm grande utilidade com excepção da audiometria no estudo da
Doença de Meniére e a RMN na pesquisa de lesões ocupando espaço. O tratamento da A.M.: Serviço de Medicina
vertigem deve ser específico e dirigido à causa subjacente, estando a terapêutica sinto- Geral e Familiar. Centro de
mática reservada aos episódios agudos servindo como ponte para exercícios de reabilita- Saúde da Senhora da Hora (ULS
Matosinhos). Matosinhos
ção, o tratamento definitivo em muitos casos.
Conclusão: A vertigem é um diagnóstico essencialmente clínico cujo diagnóstico, abor- © 2010 CELOM
dagem e tratamento está ao alcance dos cuidados de saúde primários. O contacto com as
especialidades deve ser reservado e incentivado para os casos mais urgentes e preocu-
pantes.
S U M MARY
MANAGEMENT OF VERTIGO
Introduction: Dizziness is a non specific and incapacitating symptom. Its classification is
based on the patient complaints and categorized in pre-syncope, disequilibrium, light-
headness and vertigo. Vertigo is the most prevalent cause of dizziness. This article pretends
to review the management of vertigo, its causes, differential diagnosis and treatment.
Methods: The articles used in this review were obtained from a Medline search with the
keywords vertigo and dizziness, from publications from the past 5 years in the English,
Spanish and Portuguese languages.
Recebido em: 23 de Abril de 2008
Aceite em: 25 de Junho de 2008 95 www.actamedicaportuguesa.com
António MACEDO, Abordagem do síndrome vertiginoso, Acta Med Port. 2010; 23(1):095-100
INTRODUÇÃO DISCUSSÃO
A tontura é uma causa frequente de procura de ajuda A vertigem é a causa de tontura mais prevalente res-
médica e é um sintoma não específico e muitas vezes inca- ponsável por 54 por cento dos casos de tontura assisti-
pacitante cujo diagnóstico é baseado na clínica. No doen- dos nos cuidados de saúde primários. Destes casos 90
te idoso está muitas vezes associado a doenças cardio- por cento vão ser provocados por três patologias: Verti-
vasculares ou neurológicas, disfunção multissensorial ou gem Posicional Paroxística Benigna (VPPB), neuronite
a iatrogenia. Por seu lado, no doente jovem é um sintoma vestibular ou Doença de Méniere. Os restantes casos se-
que está muitas vezes asssociado a perturbações vestibu- rão iatrogénicos ou provocados por causas centrais como
lares (como labirintite ou doença posicional paroxística a doença cerebrovascular, enxaqueca ou neoplasias
benigna), perturbações psiquiátricas e uso de certos gru- intracraneanas1,2.
pos de fármacos como sedativos, antidepressivos ou tran- A vertigem é provocada por um envolvimento assi-
quilizantes. A classificação da tontura foi realizada pela métrico da actividade basal das vias vestibulares centrais
primeira vez por Drachman e Hart seguindo uma cate- ou periféricas, ocorre em episódios e diminui de intensida-
gorização orientada pelas queixas do doente. Definiram de à medida que o factor precipitante da vertigem se dissi-
assim quatro categorias de tontura: pré-síncope (descrita pa ou que a compensação central ocorre. No seu diagnós-
como uma sensação eminente de perda de consciência), tico a história clínica e o exame objectivo são primordiais
desequilíbrio (ou sensação de queda aparente, não exclu- verificando-se apenas em determinados casos a utilidade
sivamente associada com o movimento), enturpecimento de meios auxiliares de diagnóstico2-4.
(descrito na literatura anglo-saxónica com light headness Quando se aborda um doente que recorre à consulta
que não apresenta uma definição ou diagnóstico associa- com queixas deste tipo é necessário distinguir de imediato
do claros) e vertigem (definida como uma ilusão de movi- se o doente tem uma verdadeira vertigem ou outro tipo de
mento, geralmente com sensação de rotação). Esta última tontura. A distinção é possível através da realização de
é a causa de tontura mais prevalente1,2. uma simples pergunta: Quando refere estar tonto, sente
Este trabalho consiste numa revisão clássica narrativa nessa altura a cabeça leve ou o mundo a rodar à sua
baseada na literatura onde se pretende abordar a avalia- volta? Uma resposta afirmativa ao segundo ponto da ques-
ção do doente com vertigem, as suas causas, diagnóstico tão permite assegurar que o doente se queixa de facto de
diferencial e tratamento. uma vertigem. De seguida é necessário distinguir se a ver-
tigem é de causa periférica ou de causa central. Para tal o
MÉTODOS clínico pode verificar determinados sinais como a presen-
ça e qualidade do nistagmo que o doente apresenta, ca-
O material consultado para fazer esta revisão foi obti- racterísticas do desequilíbrio, perda auditiva, acufenos ou
do a partir de uma pesquisa na Medline com as palavras- presença de sintomas ou sinais neurológicos não auditi-
chave vertigo e dizziness. Foram pesquisados artigos de vos cuja presença e características podem fazer essa dis-
revisão publicados entre 1 de Janeiro de 2002 e 31 de De- tinção2-4. Numa vertigem de causa periférica o nistagmo é
zembro de 2006, na língua inglesa, castelhano e portugu- horizontal combinado e torsional, é inibido pela fixação do
ês. Foram obtidos 157 artigos de revisão, dos quais foram olhar, a direcção deste não se altera com o olhar dirigido
consultados 17, de acordo com os critérios pertinência do para o lado contralateral e desaparece em dias. Nestes
tema e disponibilidade do artigo completo. casos o desequilíbrio é grave e o doente pode mesmo ser
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incapaz de se levantar ou andar, a sensação de náusea e aferências somatosensoriais provocadas pelos movimen-
vómitos pode ser grave e a presença de sinais neurológi- tos da cabeça ou por insuficiência vertebrobasilar. A iatro-
cos não auditivos é rara. Pode coexistir perda de audição genia é sempre algo que o clínico deve estar atento e no
ou acufenos. Por outro lado na vertigem de causa central primeiro contacto com o doente deve perguntar a sua me-
o nistagmo é puramente vertical, horizontal ou torsional, dicação habitual para despistar o uso de fármacos ototó-
não é inibido pela fixação do olhar e a sua direcção pode xicos ou cujo efeito lateral seja a vertigem. Muito impor-
ser alterada com mudança da direcção do olhar. Este nis- tante é a vertigem de causa psicológica. De suspeitar quan-
tagmo pode durar semanas a meses. Nestes casos a sen- do se está perante um doente com uma vertigem de dura-
sação de desequilíbrio é leve a moderada e é rara a perda ção muito prolongada e que resiste às provas terapêuti-
de audição ou acufenos. Os sinais neurológicos são co- cas realizadas1-3,8.
muns3. O diagnóstico diferencial deve ser depois realizado atra-
Das causas periféricas a VPPB, Doença de Méniere e vés da inquirição sobre a duração típica dos sintomas,
neuronite vestibular aguda são as principais patologias factores provocantes e sintomas associados. Deste modo
que o clínico deve ter em mente ao realizar o diagnóstico um episódio de vertigem que tenha um curto tempo de
diferencial. A VPPB é uma vertigem transitória causada duração, na ordem dos segundos a minutos sugere uma
por estimulação dos órgãos sensoriais vestibulares por causa periférica nomeadamente VPPB e fístula perilinfática.
canalolitíase. É geralmente provocada por movimento sú- Não esquecer que o aparecimento súbito deste sintoma,
bitos da cabeça e um sintoma característico é a provoca- especialmente quando acompanhado de sinais neurológi-
ção de uma vertigem incapacitante quando o doente se cos focais é sugestivo de doença cerebrovascular mere-
mexe ou na cama ou se tenta levantar de manhã5,6. A Do- cendo referenciação imediata a um serviço de urgência
ença de Méniere é supostamente provocada por um au- para confirmação. Por seu lado episódios que tenham uma
mento da endolinfa nos canais semicirculares. É caracteri- maior duração de acção geralmente apontam para uma cau-
zada por uma tríade diagnóstica constituída pela presença sa central como enxaqueca, neurinoma do acústico, escle-
de vertigem, acufenos e perda de audição progressiva7. A rose múltipla ou pós-AVC. De salientar que causas perifé-
neuronite vestibular aguda é provocada pela inflamação ricas como a doença de Méniere a o estádio precoce da
do nervo vestibular, geralmente associada a uma infecção neuronite vestibular aguda podem também ter uma dura-
viral do aparelho respiratório superior que a precede. Vão ção de horas a dias. A merecer especial atenção tem a
existir alterações do impulso nervoso do lado afectado vertigem de causa psicogénica que deve ser suspeitada
que provocam a vertigem. Esta é inicialmente incapacitante quando um doente apresenta sintomatologia com sema-
mas, como a doença é autolimitada, com o tempo irá resol- nas de duração. Factores provocantes como alteração na
ver espontaneamente8-10. posição da cabeça, infecção viral recente do aparelho res-
Outras causas periféricas a referir são o colesteatoma, piratório superior, imunossupresão, alterações na pressão
a síndrome de Ramsay-Hunt (associado muitas vezes a do ouvido, trauma e ruídos altos bem como stress devem
imunossupressão que irá provocar a reactivação do vírus ser questionados assim como outros sintomas associa-
varicela-zoster) e a fístula perilinfática, que surge após um dos à vertigem (de salientar a dor auricular ou mastoidea,
traumatismo físico ou bárico1-3. fraqueza facial, cefaleia, fono e fotofobia, perda de audi-
Quando o diagnóstico é muito sugestivo de uma cau- ção e acufenos e presença de achados neurológicos fo-
sa central os tumores do ângulo cerebelopontino e os aci- cais)1-3.
dentes cerebrovasculares são os problemas que mais pre- Após a realização de uma história clínica cuidada o
ocupam o médico e que motivam a maior parte das refe- clínico deve efectuar um exame objectivo tomando aten-
renciações aos cuidados de saúde secundários para um ção em certos pontos. É importante a realização de um
diagnóstico definitivo e orientação atempados. A enxa- exame neurológico sumário pois este vai permitir identifi-
queca também aparece associada à vertigem, podendo esta car sinais neurológicos focais e constatar a presença e
surgir em cerca de 25 por cento dos doentes com queixas características do nistagmo e avaliar uma eventual perda
sugestivas de enxaqueca. De notar também que a verti- auditiva o que podem apontar para um determinado diag-
gem pode, por si só, ser factor causal da enxaqueca1-3,8. nóstico. O exame da cabeça e pescoço, nomeadamente a
Outras causas de vertigem que merecem referência são avaliação do ouvido e membranas timpânicas vai identifi-
a vertigem de causa cervical, este é um diagnóstico cujo car a presença de alguma fístula, trauma ou vesículas que
mecanismo causal ainda suscita algumas dúvidas haven- sugiram a reactivação do vírus varicela zoster. O exame
do autores que consideram que a vertigem é causada por cardiovascular toma particular importância no doente ido-
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Fig. 1 – Manobra de Dix-Hallpike. Consiste numa série de duas manobras: A.Com o doente sentado na mesa de exame, olhando
em frente e com olhos abertos, o médico roda a cabeça do doente 45º para a direita; B. De seguida, o médico suporta a cabeça do
doente enquanto este se coloca rapidamente em posição supina terminando com a cabeça pendurada num ângulo de 20º em
relação à mesa. O doente permanece nesta posição 30”; C. Depois o doente retorna à posição original e é observado por mais
30”; D. A manobra é repetida, desta vez rodando a cabeça do doente para o lado esquerdo; E. O teste é positivo quando qualquer
uma destas manobras reproduz a vertigem com ou sem nistagmo.
so pela identificação de alterações hemodinâmicas ortos- sia facial ou outros), com factores de risco de doença
táticas que estejam a provocar os sintomas1-3. Finalmente cerebrovascular ou perda progressiva unilateral de audi-
e de especial importância o clínico deve realizar manobras ção. De notar que a Ressonância Magnética (RM) pode
provocadoras, nomeadamente a manobra de Dix-Hallpike ter maior utilidade pois permite uma melhor visualização
pela sua capacidade de despoletar os sintomas que tra- da fossa craniana posterior onde se registam o maior nú-
zem o doente à consulta e de fornecer um diagnóstico muito mero de alterações do sistema nervoso central que provo-
sugestivo de VPPB. Esta manobra está descrita na Figura 1. cam a vertigem1-3.
Os achados nesta manobra também permitem fazer a O tratamento da vertigem tem três componentes: espe-
distinção entre vertigem de causa periférica ou central. Na cífico, sintomático e de reabilitação13. O tratamento espe-
vertigem periférica existe um período de latência com se- cífico é dirigido à causa subjacente e pode ser curativo.
gundos de duração entre a provocação e o nistagmo, a No doente com VPPB a realização da manobra de
gravidade da vertigem é grave, muito sintomática e o nis- reposicionamento dos otolitos (manobra de Epley) é ge-
tagmo provocado dura menos de um minuto e sofre dos ralmente curativa, trazendo grande satisfação para o médi-
fenómenos de fatigabilidade e habituação. Pelo contrário co e o doente, e pode ser realizada no consultório13,14.
na vertigem central não há período de latência e a gravida- Esta está descrita na Figura 2.
de da vertigem é ligeira. O nistagmo dura mais de um minu- Na neuronite vestibular aguda o tratamento consiste
to e não apresenta os fenómenos de fatigabilidade ou no alívio sintomático com medicamentos supressores ves-
habituação3,11,12. tibulares, podendo o médico utilizar corticosteróides ou
A realização de exames laboratoriais não está indicada aciclovir (no Síndrome de Ramsay-Hunt). Esta é uma do-
na abordagem inicial da vertigem uma vez que o diagnós- ença auto-limitada que com o tempo vai diminuindo de
tico desta é predominantemente clínico. A realização de intensidade até resolução completa da sintomatologia,
uma audiometria pode ser de alguma utilidade na suspeita podendo a realização de exercícios vestibulares diminuir o
de uma Doença de Méniere para a documentação de perda tempo de recuperação. Na Doença de Méniere não existe
auditiva. Estudos radiológicos, nomeadamente a realiza- um tratamento cuja evidência esteja comprovada. Pela
ção de Tomografia Computadorizada (TC), são de consi- sugestiva patofisiologia uma dieta pobre em sal (um a dois
derar em doentes com vertigem associada a sintomas ou gramas de sal por dia) e a utilização de diuréticos, geral-
sinais neurológicos focais (como afasia, disartria, parali- mente a combinação de hidroclorotiazida com triamtereno,
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Fig. 2 – Manobra de Epley. Consiste em: A. O doente senta-se na mesa de exame, com os olhos abertos e roda a cabeça 45º para o
lado afectado (neste caso a direita); B. De seguida, o médico suporta a cabeça do doente enquanto este se coloca rapidamente em
posição supina terminando com a cabeça pendurada num ângulo de 20º em relação à mesa; C. O médico roda a cabeça do
doente 90º para o lado esquerdo e permanece nesta posição 30”; D. Depois o médico roda a cabeça do doente 90º adicionais para
a esquerda enquanto o doente roda o seu corpo 90º na mesma direcção, ficando em decúbito lateral. Permanece 30” nesta
posição; E. O doente senta-se no lado esquerdo da mesa de exame. O procedimento pode ser repetido até o doente sentir alívio dos
sintomas.
pode diminuir o grau de progressão da doença. A descom- lares têm um efeito transitório e o doente pode beneficiar
pressão cirúrgica está reservada para aqueles doentes com mais com o uso de fármacos antidepressivos como os ini-
doença grave e refractária. No doente com vertigem por bidores selectivos da recaptação da serotonina (citalopram,
doença isquémica o tratamento passa essencialmente pela fluoxetina, paroxetina ou sertralina)13.
prevenção de futuros eventos trombóticos, nomeadamen- O tratamento sintomático tem em vista tratar os sintomas
te o controlo de factores de risco cardiovascular como a de vertigem através do uso de fármacos supressores vesti-
redução da pressão arterial, diminuição da colesterolemia, bulares. Ele tem maior utilidade na vertigem aguda com dura-
cessação tabágica e inibição da função plaquetária. A ver- ção de algumas horas a dias. Aqui as moléculas que actuam
tigem aguda neste contexto é controlada com medicação no sistema dopaminérgico ou histaminérgico são as preferi-
de supressão vestibular e, logo que tolerado, exercícios das como a metoclopramida, dimenidrato, meclozina ou beta-
de reabilitação vestibular. A intervenção cirúrgica nestes histina. Elas não devem ser usadas cronicamente, servindo
casos passa pela colocação de stents vertebrobasilares e apenas como uma ponte até o doente tolerar os sintomas
descompressão neurocirúrgica se existe o risco de aumen- vertiginosos para poder realizar exercícios de reabilitação
to da pressão intracraniana que provoque a compressão vestibular que irão ser o tratamento definitivo13,15,16.
do tronco cerebral pelas amigadas cerebelosas. No doen- Os exercícios de reabilitação vestibular são exercícios
te com enxaqueca a vertigem responde ao tratamento da- que modelam o cérebro a usar pistas visuais e propriocep-
quela. Assim são sugeridas alterações da dieta e estilo de tivas alternativas para manter o equilíbrio e a marcha. De-
vida de modo que o doente evite os factores precipitantes vem ser iniciados após estabilização da vertigem aguda e
da enxaqueca. Os exercícios de reabilitação vestibular e paragem do uso de fármacos supressores vestibulares.
medicação dirigida ao tratamento da enxaqueca são de Está demonstrado que melhoram o nistagmo, o controlo
grande utilidade. Na vertigem provocada por perturba- postural, tonturas bem como todos os outros sintomas
ções psiquiátricas, nomeadamente perturbações ansiosas, vertiginosos tornando-se assim o tratamento definitivo
está demonstrado que os fármacos supressores vestibu- para muitos doentes13,17.
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