Relações entre Brasil e Venezuela
Este artigo ou secção necessita de expansão. |
As relações entre Brasil e Venezuela são as relações diplomáticas entre a República Federativa do Brasil e a República Bolivariana da Venezuela. O Brasil mantém uma embaixada em Caracas. A Venezuela mantém uma embaixada em Brasília. Ambos são vizinhos no continente sul-americano, com uma extensão de 2.199 km na fronteira entre os dois países.
Ambos os países tiveram um relacionamento agradável, especialmente entre os anos 2002 e 2016, quando Brasil e Venezuela eram governados por presidentes com ideologias semelhantes. Hugo Chávez e Lula, eram amigos próximos[1], trocavam visitas com frequência. No final do governo de Hugo Chávez, a Venezuela ingressou no MERCOSUL, com um forte apoio do Brasil.[2] Após os oito anos do governo Lula, Dilma Rousseff deu continuidade a um bom relacionamento com a vizinha. Após a eleição de 2013 na Venezuela, Nicolás Maduro, novo presidente procurou reforçar os laços ideológicos e econômicos com o Brasil.[3]
Em 2016, o impeachment de Dilma Rousseff levou Maduro a classificar tal atitude um golpe de Estado, e se recusou a reconhecer o novo governo, então presidido por Michel Temer. Esse foi o estopim para o desencadeamento de uma crise entre os dois países.[4] Após a eleição de Jair Bolsonaro, em 2018 e o alinhamento do Brasil aos Estados Unidos, causou ao Brasil e a Venezuela um distanciamento político e econômico.
Nicolás Maduro fez críticas a Bolsonaro e chegou a ameaçar militarmente o país sul-americano. Embora os dois países tenham cortado quase todos os laços diplomáticos, ainda há movimentação comercial, mesmo muitas empresas brasileiras terem anunciado o fim de investimentos na Venezuela. Muitos venezuelanos pediram refúgio no Brasil,[5] os quais foram recebidos pelo Governo brasileiro e redirecionados por todo o país em busca de emprego.
Nos primeiros meses do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, houve uma reaproximação entre Brasil e Venezuela. Em 29 de maio de 2023, o presidente venezuelano, Nicolás Maduro, foi recebido com honras de chefe de Estado em Brasília, onde Lula defendeu seu homólogo, afirmando que Maduro precisava construir sua própria "narrativa" sobre o contexto político na Venezuela. No mês seguinte, o governo brasileiro defendeu publicamente a reintegração da Venezuela ao Mercosul, sinalizando uma nova fase de alinhamento regional entre os países vizinhos [6][7]. Em outubro de 2023, Lula enviou seu assessor especial Celso Amorim a Barbados para tentar mediar um acordo eleitoral na Venezuela, numa tentativa de estimular a normalização democrática no país [8].
No entanto, os desdobramentos das eleições venezuelanas em 2024 provocaram tensões. Em março, o Itamaraty manifestou preocupação com o processo eleitoral, após o impedimento da opositora María Corina Machado e de sua substituta de registrarem candidaturas. No final de julho, Maduro foi declarado vencedor nas eleições pela Suprema Corte venezuelana, mas Lula cobrou transparência, pedindo a divulgação das atas eleitorais [9]. Após a negativa venezuelana e a exclusão da Venezuela do bloco BRICS em outubro, devido à articulação do Brasil, Maduro criticou Lula, acusando-o de reproduzir o "ódio de Jair Bolsonaro". No fim de outubro, a crise diplomática culminou com o recall do embaixador venezuelano de Brasília e uma mensagem intimidatória de autoridades de segurança venezuelanas nas redes sociais, com o alerta: "Quem mexe com a Venezuela se dá mal".[10][11] Essas declarações pelo regime de Nicolás Maduro fazem que as relações entre os dois países esfriarem.[12]
Comércio
editarEntre os anos de 2002 a 2010, o comércio entre os dois países da América do Sul cresceu mais de 227%, elevando de US$ 1,43 bilhão, em 2002, para US$ 4,68 bilhões em 2010.[13]
Ver também
editarReferências
- ↑ «Lula: "Chávez é meu amigo pessoal" | Reinaldo Azevedo». VEJA. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ Santiago, Emerson. «A entrada da Venezuela no Mercosul - Economia». InfoEscola. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Brasil e Venezuela mantêm a amizade, por enquanto - 07/07/2015 - Opinião - Folha de S.Paulo». m.folha.uol.com.br. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Brasil e Venezuela enfrentam 'embate diplomático', diz Temer». Folha de S.Paulo. 9 de fevereiro de 2018. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Maduro acusa Bolsonaro de arrastar Brasil para 'conflito armado' contra Venezuela». O Globo. 14 de fevereiro de 2020. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «De recepção com honras no Brasil a convocação de embaixador: a cronologia da crise Lula x Maduro». G1. 30 de outubro de 2024. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Lula defende entrada de Venezuela no Mercosul durante governo Dilma». noticias.uol.com.br. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Venezuela: enviado do Brasil, Celso Amorim conversa com equipes de Maduro e González após resultado contestado». G1. 29 de julho de 2024. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Venezuela: enviado do Brasil, Celso Amorim conversa com equipes de Maduro e González após resultado contestado». G1. 29 de julho de 2024. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Crise de Brasil e Venezuela é fruto de relacionamento tóxico alimentado pelo próprio Lula». O Globo. 31 de outubro de 2024. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ CNN Brasil (1 de novembro de 2024), Américo: Relação Brasil-Venezuela sempre foi mais de "governos" que de "países" | CNN NOVO DIA, consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ «Eleição da Venezuela: por que posição do Brasil é tão crucial?». BBC News Brasil. 29 de julho de 2024. Consultado em 1 de novembro de 2024
- ↑ Brasil e Venezuela vão ampliar as relações comerciais, econômicas e industriais, diz Chávez agenciabrasil.ebc.com.br