Pseudofilosofia
Pseudofilosofia consiste em deliberações que se disfarçam de filosóficas, mas são ineptas, incompetentes, deficientes em seriedade intelectual e refletem um compromisso insuficiente com a busca da verdade.[1]
Definições
editarO termo "pseudociência" já foi usado contra muitos alvos diferentes, incluindo:
- Para criticar dogmatismo em geral, "que se dissolve quando a filosofia incorpora o método científico"[2]
- Para criticar qualquer filosofia em geral que não atenda aos critérios analíticos ou positivistas[3]
- Para criticar escolas, tradições e sistemas filosóficos específicos:
- Platonismo como "metafísica dogmática"[4][note 1]
- Escolástica[5] e a Filosofia medieval[6]
- Filosofia romântica[7][8], que se baseia no sentimento e na intuição, não no pensamento discursivo,[7] "desistindo da racionalidade"[8]
- Para criticar algumas formas de idealismo:
- Para rotular visões de mundo políticas específicas inteiras como sendo ilógicas:
- Para criticar pseudo-ciências:
- Para criticar algumas visões de mundo teístas:
Segundo Christopher Heumann, a pseudofilosofia tem seis características:[28]
- A preferência por especulações inúteis;
- Apela apenas à autoridade humana;
- Apelo à tradição em vez da razão;
- Sincretiza filosofia com superstição;
- Tem preferência por linguagem e simbolismo obscuros e enigmáticos;
- É imoral.
De acordo com Michael Oakeshott, pseudofilosofia "é o teorizar que procede parcialmente dentro e parcialmente fora de um determinado modo de investigação".[29]
Josef Pieper observou que não pode haver um sistema fechado de filosofia e que qualquer filosofia que afirma ter descoberto uma "fórmula cósmica" é uma pseudofilosofia.[7] Nisso, ele segue Kant, que rejeitou a postulação de um "princípio mais alto" a partir do qual desenvolve o idealismo transcendental, chamando isso de pseudofilosofia e misticismo.[4]
Nicholas Rescher, no The Oxford Companion to Philosophy acrescenta que o termo é particularmente apropriado quando aplicado a "aqueles que usam os recursos da razão para substanciar a alegação de que a racionalidade é inatingível em questões de investigação".[1]
História
editarO termo foi usado pela primeira vez no século 16 pelo humanista Mario Nizolio, que em 1553 publicou a obra De veris prinicpiis et vera ratioone philosophandi contra pseudophilosophos; essa fonte foi considerada tão importante por seu admirador Gottfried Wilhelm Leibniz que Leibniz a relançou em 1670 sob o nome "Antibarbarus Philosophicus".[30]
Ernest Newman, um crítico de música inglês e musicólogo, que visava a objetividade intelectual em seu estilo de crítica, em contraste com a abordagem mais subjetiva de outros críticos, publicou em 1897 Pseudo-Philosophy at the End of the Nineteenth Century, uma crítica da escrita imprecisa e subjetiva.
Segundo Josef Pieper, para Pitágoras, a filosofia de Platão e Aristóteles é a busca humana "orientada para sabedoria tal como Deus a possui".[7] Sugere que a filosofia inclua, em sua essência, uma orientação para a teologia.[7] Pieper diz:
Algo está sendo expresso aqui que contradiz claramente o que na era moderna se tornou a noção aceita de filosofia; pois essa nova concepção de filosofia pressupõe que se desvencilhar da teologia, da fé e da tradição são uma característica decisiva do pensamento filosófico.[7]
Notas
editarVer também
editarReferências
- ↑ a b Honderich 1995, p. 765.
- ↑ Kearney & Rainwater 1996, p. 60.
- ↑ Taylor & Kelly 2013, p. 116-117.
- ↑ a b c Baur & Dahlstrom 1999, p. 37.
- ↑ Nichols 1997, p. 326.
- ↑ Inglis 1998, p. 31, 34-35.
- ↑ a b c d e f Pieper 2006.
- ↑ a b c d Bunge 2010, p. 260.
- ↑ Schopenhauer 1965, p. 15-16.
- ↑ a b Soccio 2011, p. 497.
- ↑ a b Kritzman & Reilly 2007, p. 368.
- ↑ Von Hildebrand 1960, p. 7.
- ↑ Fletcher Luther, Neumaier & Parsons 1995, p. 70.
- ↑ Kolinsky & Paterson 1976, p. 79.
- ↑ Wiener 2010, p. 76.
- ↑ Lepenies 2009, p. 110.
- ↑ Shermer, Michael (1993). «The unlikeliest cult in history». Skeptic. 2 (2): 74–81
- ↑ Chait, Jonathan (25 de abril de 2011). «Ayn Rand's Pseudo-Philosophy». The New Republic. Consultado em 5 de julho de 2013
- ↑ Clark, Leslie (17 de fevereiro de 2007). «The philosophical art of looking out number one». The Herald. Consultado em 2 de abril de 2010
- ↑ Bunge 2012, pp. 10–11.
- ↑ Adler & Pouwels 2010, p. 545.
- ↑ Pigliucci & Boudry 2013, p. 206–207, 321–340.
- ↑ Pigliucci & Boudry 2013, p. 91.
- ↑ Clarke 1992, p. 4.
- ↑ a b McGrath 2006, p. 49.
- ↑ Clark 2013, p. 26.
- ↑ Irwin & Gracia 2007, p. 48.
- ↑ Hanegraaf 2012, p. 131-134.
- ↑ Nardin 2001.
- ↑ Garin 2008.
2
Fontes
editar- Adler, Philip J.; Pouwels, Randall Lee (2010), World Civilizations vol. 2: Since 1500: Since 1500, Volume 2, Cengage Learning
- Baur, Michael; Dahlstrom, Daniel O. (1999), The Emergence of German Idealism, ISBN 978-0-8132-3050-4, CUA Press
- Bunge, Mario (2010), Matter and Mind: A Philosophical Inquiry, Springer
- Bunge, Mario (2012), Evaluating Philosophies, Springer
- Christensen, Bruin Carleton (2008), Self and World: From Analytic Philosophy to Phenomenology, Walter de Gruyter
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- Wiener, Jacob (2010), Time of Terror-Road to Revival: One Person's Story: Growing Up in Germany, Negotiating with Nazis, Rebuilding Life in America, Trafford Publishing
Ligações externas
editar- James Michell Winn (1878). Modern pseudo-philosophy (em inglês). [S.l.: s.n.] (ebook)
- Ernest Newman (1897), Pseudo-philosophy at the End of the Nineteenth Century: Vol. 1. An Irrationalist Trio: Kidd - Drummond - Balfour (em inglês), University Press (ebook)
- Nizolii, Mario (1674), Anti-barbarus Philosophicus (ebook)
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