Panteno (em latim: Pantaenus; Sicília, ? – Alexandria, 200)[1] foi um filósofo e teólogo cristão do século II. Foi o fundador da Escola Catequética de Alexandria, também chamada de Didascaleu (Didaskaleion), em 190. Esta escola, a primeira do gênero no mundo, se tornou muito influente durante o Cristianismo primitivo e no desenvolvimento da teologia cristã.

São Panteno de Alexandria
Nascimento século II
Morte c. 200
Alexandria, Egito
Veneração por Igreja Católica Ortodoxa

Igreja Católica Romana Igreja Copta

Festa litúrgica 7 de julho (calendário juliano)
22 de junho (tradição copta)
Atribuições Lendo de um púlpito
Portal dos Santos

Vida e obras

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Educado na doutrina estoica, vivendo em Alexandria. Converteu-se ao Cristianismo e procurou conciliar a nova fé com a filosofia grega. Seu mais famoso estudante, Tito Flávio Clemente, também conhecido como Clemente, o descreveu como "a abelha sícula".[2] Ele viria a substituí-lo posteriormente na direção da escola. Clemente havia sido discípulo de outros seis professores antes de conhecer Panteno. Quando o encontrou, disse: "Encontrei finalmente aquilo que procurava" [carece de fontes?].

Embora nenhum escrito de Panteno tenha sobrevivido,[3] seu legado é conhecido hoje por causa da influência da Escola Catequética no desenvolvimento da teologia cristã, em particular nos primeiros debates sobre a interpretação da Bíblia, sobre a Trindade e a Cristologia. Ele foi o principal defensor de Serapião de Antioquia pelos seus atos contra a influência do Gnosticismo.

Além de seu trabalho como professor, Eusébio relata que Panteno foi, por um tempo, um missionário, viajando a lugares tão distantes quanto a Índia, onde, de acordo com Eusébio, ele encontrou comunidades cristãs utilizando o Evangelho de Mateus que lhes havia sido deixado em cartas em hebraico, supostamente deixadas pelo apóstolo Bartolomeu em pessoa (e que pode ter sido o Evangelho dos Hebreus).[4] Isto pode indicar que os cristãos sírios, utilizando a versão siríaca do Novo Testamento, já tinham evangelizado partes da Índia no século II. Certamente a mais antiga igreja indiana deriva de missões siríacas e utilizava Bíblias nesta língua. Porém, alguns autores sugeriram que devido às dificuldades de Panteno com a língua dos Cristãos de São Tomé (um grupo antiquíssimo de cristãos no sudoeste da Índia[a]), ele pode ter interpretado incorretamente uma referência a Mar Thoma (Bispo Tomé), que é quem atualmente as igrejas siríacas acreditam ter evangelizado a Índia, como Bar Tolmai (o nome hebraico de Bartolomeu). Outros dizem que Eusébio pode ter confundido a Índia com a Arábia ou a Etiópia, como já tinham feito outros autores gregos.

Jerônimo, aparentemente confiando totalmente nas evidências de Eusébio (História Eclesiástica), escreveu que Panteno visitou a Índia "...para pregar Cristo aos brâmanes e filósofos em sua obra De Viris Illustribus.[5] É improvável que Jerônimo tenha tido alguma informação sobre a missão de Panteno à Índia que seja independente de Eusébio. Jerônimo afirmou ainda que, quando ele escreveu, havia muitos textos de Panteno ainda existentes.

Panteno é venerado como santo pela Igreja Católica e pela Igreja Copta, festejado em 7 de julho, pelos católicos, e no dia 22 de julho, pelos coptas.

[a] ^ Veja o artigo «Saint Thomas Christians» na Wikipédia em inglês na Wikipédia.

Referências

  1.   "Pantænus" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  2. Clemente de Alexandria. «1». Stromata. Preface. (em inglês). 1. [S.l.: s.n.] 
  3. Embora Lightfoot (Apost. Fathers, 488) e Batiffol (L'église naissante, 3a ed., 213 e seguintes) atribuam as passagens finais da Epístola a Diogneto à Panteno. Veja "Pantaenus" no The Westminster Dictionary of Christian History, de Jerald Brauer.
  4. Eusébio de Cesareia. «10». História Eclesiástica. Pantænus the Philosopher. (em inglês). V. [S.l.: s.n.] 
  5.   "De Viris Illustribus - Pantaenus the Philosopher", em inglês.