Norbert Wiener (Columbia (Missouri), 26 de novembro de 1894Estocolmo, 18 de março de 1964) foi um matemático estadunidense, conhecido como o fundador da cibernética.[2]

Norbert Wiener
Norbert Wiener
Método de Wiener–Hopf
Nascimento 26 de novembro de 1894
Columbia (Missouri)
Morte 18 de março de 1964 (69 anos)
Estocolmo
Sepultamento Vittum Hill Cemetery
Nacionalidade estadunidense
Cidadania Estados Unidos
Etnia Asquenazes
Progenitores
  • Leo Wiener
Cônjuge Margaret Engemann
Irmão(ã)(s) Constance Wiener, Bertha Wiener
Alma mater Universidade Tufts, Universidade Harvard
Ocupação matemático, autobiógrafo, professor universitário, psicólogo, cientista de computação, founder, cientista
Distinções Prêmio Memorial Bôcher (1933), Gibbs Lecture (1949), Medalha Nacional de Ciências (1963)
Empregador(a) Instituto de Tecnologia de Massachusetts, Aberdeen Proving Ground
Orientador(a)(es/s) Karl Schmidt e Josiah Royce[1]
Orientado(a)(s) Amar Bose, Colin Cherry, Bernard Friedman, Abe Gelbart, Shikao Ikehara, Norman Levinson, Dorothy Walcott Weeks
Instituições Instituto de Tecnologia de Massachusetts
Campo(s) matemática, cibernética
Tese 1913: A Comparison Between the Treatment of the Algebra of Relatives by Schroeder and that by Whitehead and Russell
Obras destacadas espaço de Wiener abstrato, espaço de Wiener, condição de Paley-Wiener, álgebra de Wiener, Wiener filter, God & Golem, Inc., equação de Wiener, The Human Use of Human Beings
Religião Judaísmo
Assinatura
Assinatura de Norbert Wiener

Biografia

editar

Graduou-se em matemática aos 14 anos e recebeu o doutorado em lógica aos 18 anos de idade. Depois foi estudar com David Hilbert em Göttingen, na Alemanha.

A contribuição de Wiener para a ciência da computação veio mais tarde. Durante muitos anos, ele trabalhou no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), onde estudou a nova física probabilística e concentrou-se no estudo estatístico do movimento das partículas elementares em um líquido (o fenômeno conhecido como movimento browniano). Os movimentos de uma partícula são tão imprevisíveis que era impossível descreve-los utilizando-se a física clássica das forças determinísticas. Assim, um método "probabilístico", pelo qual apenas a posição provável de uma partícula num dado momento poderia ser prevista, era a melhor maneira de se resolver a questão.

Quando começou a Segunda Guerra Mundial, ele ofereceu seus serviços ao governo norte-americano e passou a trabalhar com problemas matemáticos referentes a uma arma apontada para um alvo móvel. O desenvolvimento dos sistemas de direção de uma mira automática, seus estudos de física probabilística e seu grande interesse por assuntos que iam desde a filosofia à neurologia apareceram juntos em 1948, quando ele publicou o livro intitulado Cibernética.

Entre os anos de 1946 e 1953 integrou o grupo reunido sob o nome de Macy Conferences, contribuindo para a consolidação da teoria cibernética junto com outros cientistas renomados: Arturo Rosenblueth, Gregory Bateson, Heinz von Foerster, John von Neumann, Julian Bigelow, Kurt Lewin, Lawrence Kubie, Lawrence K. Frank, Leonard Jimmie Savage, Margaret Mead, Molly Harrower, Paul Lazarsfeld, Ralph Waldo Gerard, Walter Pitts, Warren McCulloch e William Ross Ashby; além de Claude Shannon, Erik Erikson e Max Delbrück.

A Cibernética

editar

Cibernética é o estudo dos autocontroles encontrados em sistemas estáveis, sejam eles mecânicos, elétricos ou biológicos. Foi Wiener quem visualizou que a informação como uma quantidade era tão importante quanto a energia ou a matéria. O fio de Cobre, por exemplo, pode ser estudado pela energia que ele é capaz de transmitir, ou pela informação que pode comunicar. A revolução trazida pelo computador é em parte baseada nessa ideia: uma transferência da fonte de poder do proprietário de uma terra, indústria ou empresa para o controle de informação. A contribuição de Wiener não foi uma simples peça de hardware, mas a criação de um ambiente intelectual em que computadores e autômatos pudessem ser desenvolvidos. A palavra cibernética deriva de um termo grego que significa "timoneiro, piloto".

Wiener estudou o "piloto" ou peça mestra da máquina a vapor de James Watt, que regulava automaticamente a velocidade do engenho; e ele percebeu que para os computadores serem desenvolvidos, teriam que se assemelhar à habilidade dos seres humanos no controle de suas próprias atividades.

O termostato em um ambiente é exemplo de um sistema de controle. Regula o aquecimento, de acordo com as variações de temperatura, em relação a um nível considerado ótimo. O ser humano é necessário somente para estabelecer esse nível. Wiener chamou essa capacidade de auto-regulagem e controle de "retroalimentação negativa"; "retroalimentação" (feedback) porque a saída do sistema (o aquecimento) afeta o seu comportamento futuro, e "negativa" porque diminui o efeito que a gerou, fazendo com que o sistema volte ao equilíbrio. Um sistema que pode agir assim e também definir sua própria temperatura (além de outros objetivos) precisa apresentar, adicionalmente, retroalimentação positiva. Quando um autômato é capaz de realizar tudo isso e também reproduzir a si mesmo, então ele se aproxima da condição humana.

A teoria da cibernética de Wiener pode ser vista como uma superciência, a ciência das ciências - que estimulou as pesquisas em muitas áreas dos sistemas de controle e sistemas que trabalham com informação. O ponto de partida para esta aplicação da teoria cibernética nos diversos campos do conhecimento é a possibilidade de reduzir todo fenômeno ou processo estudado à informação ou a sua transmissão.

Aquilo que sabemos a respeito das mudanças no mundo nos chega pelos olhos, ouvidos e outros receptores sensoriais, que funcionam como instrumentos de seleção de apenas certos dados de uma totalidade, que nos engolfaria em caso contrário. A informação pode ser estudada, também, de forma estatística, independentemente do significado que possa ter. Por exemplo, pela observação da frequência com que certos símbolos ocorrem pode-se quebrar vários tipos de códigos. Na língua inglesa, a letra "e" ocorre muito freqüentemente, e o "t" é a outra letra mais utilizada. Com a análise de extensas amostras de um código e comparando-as com exemplos típicos do inglês, é possível identificar letras-chaves e se começar a decifrar o código. Wiener morreu em 1964, antes que a revolução do microcomputador começasse. Mesmo assim, ele previu e escreveu sobre muitos dos problemas que iriam surgir nesta nova tecnologia.

Wiener era fascinado pela ideia do controle da energia do vapor - um dos melhores e mais simples exemplos de retroalimentação negativa. Dois pesos são ligados a duas hastes articuladas a um eixo rotatório, que é conectado à roda reguladora da máquina a vapor. À medida que a velocidade da máquina aumenta, os pesos giram. Este movimento, através de uma ligação adequada, fecha a válvula de pressão lentamente. Isto estabiliza a velocidade do motor, a qualquer nível desejado pelo operador. Os computadores modernos usam tipos de controle mais sofisticados, mas os princípios são os mesmos.

Publicações

editar

Wiener escreveu muitos livros e centenas de artigos::[3]

Ficção

editar
  • 1959, The Tempter. Random House.

Autobiografia

editar
  • 1953, Ex-Prodigy: My Childhood and Youth. MIT Press.[4]
  • 1956, I am a Mathematician. Londres (Gollancz).

Sob o nome "W. Norbert"

editar
  • 1952, The Brain e outros curtas de ficção científica em Tech Engineering News.

Ver também

editar
 
O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Norbert Wiener

Referências

Ligações externas

editar
 
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Norbert Wiener