Ildibaldo
Ildibaldo (em grego: Ιλδιβάλδος; romaniz.: Ildibáldos; em latim: Ildibaldus),[1] ou ainda Ildibado (em grego: Ιλδίβαδος; romaniz.: Ildíbados; em latim: Ildibadus), Heldebado (Heldebadus), Hildivado (Hildivadus)[2] Heldibado (Heldibadus), Eldebado (em latim: Eldebadus) e Hildebado (em latim: Hildebadus)[3] foi rei ostrogótico da Itália de 540 a 541. Era um nobre e liderou tropas na Itália em 540, quando o rei Vitige (r. 536–540) foi capturado em Ravena por Belisário. Quis acordar a paz à guerra em curso devido a captura de seus filhos em Ravena, mas nenhum acordo foi firmado. No mesmo ano, foi feito rei sob promessa de que seu tio, o rei visigótico Têudis (r. 531–548), intercederia em seu nome com o envio de tropas. Guerreou com os bizantinos até 541, quando foi assassinado.
Ildibaldo | |
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Rei ostrogótico da Itália | |
Reinado | 540 — 541 |
Antecessor(a) | Vitige |
Sucessor(a) | Erarico |
Morte | 541 |
Vida
editarIldibaldo era sobrinho do rei visigótico Têudis (r. 531–548), motivo pela qual Peter Heather sugeriu que pertenciam a um poderoso clã não-real.[4] Se sabe que era casado e teve filhos, mas não se sabe seus nomes. Em maio de 540, o rei ostrogótico Vitige (r. 536–540) foi preso pelo general bizantino Belisário em Ravena, e no processo o mesmo ocorreu com os filhos de Ildibaldo. Na época, Ildibaldo estava em comando das tropas ostrogóticas em Verona[2] e era um dos ostrogodos ao norte do rio Pó que não aceitaram a rendição à autoridade do Império Bizantino apesar dos sucessos do último na guerra em curso. Com a captura de Vitige, Ildibaldo tentou acordar termos de rendição com Belisário, talvez por causa do destino de seus filhos.[5]
Após a captura de Vitige, o principal candidato ao trono ostrogótico se tornou Úreas, seu sobrinho, um habilidoso comandante militar e encarregado de Ticino (Pávia). Úreas, porém, se recusou, pois sua família não tinha "fortuna real" e, em vez disso, sugeriu Ildibaldo. [5] Além disso, considerou-o um candidato de energia e qualidades, bem como sugeriu que sua proclamação poderia compelir Têudis a ajudar na guerra. Após a elevação em maio ou junho, Ildibaldo mudou a capital para Pávia. Com consentimento ostrogótico, tentou novamente negociar uma rendição, mas depois que Belisário navegou para Constantinopla junto com Vitige e a família de Ildibaldo, a guerra recomeçou.[2] O território gótico da época consistia apenas em uma estreita faixa de terra entre Pávia e Verona,[6] enquanto o exército consistia em apenas 1 000 homens, embora esse número estivesse crescendo.[5]
A falta de coordenação entre os comandantes bizantinos permitiu a Ildibaldo estender sua autoridade por toda a Ligúria e Venécia.[6] Em 541, foi confrontado fora da cidade de Treviso, fortemente defendida por seu comandante militar Vitálio e um corpo considerável de hérulos. A batalha foi uma vitória decisiva para os ostrogodos, com Vitálio mal escapando enquanto o líder hérulo foi morto. Tótila, seu sobrinho, tornou-se comandante militar de Treviso. Ildibaldo foi posteriormente capaz de estender sua autoridade por todo o vale do Pó. A vitória lhe deu mais apoio entre os ostrogodos, enquanto a arruinada tributação das províncias e a falta de coordenação entre os generais o permitiram adquirir muitos desertores bizantinos.[5]
Em 541, assassinou Úreas. De acordo com Procópio, o assassinato foi instigado pela esposa de Ildibaldo, que se sentiu insultada pelo estilo de vida luxuoso da esposa de Úreas.[6] Herwig Wolfram sugere que esta é uma invenção de Procópio para "personalizar" as causas dos eventos políticos, e que a verdadeira razão do assassinato foi que o clã de Vitige havia se aliado a bárbaros não góticos, incluindo rúgios e provavelmente gépidas, para conspirar contra o governo de Ildibaldo.[5] De qualquer forma, em maio ou junho, Ildibaldo foi assassinado em um banquete real por seu guarda-costas gépida, Velas, cuja amante gótica foi casada com outra pessoa por Ildibaldo enquanto Velas estava ausente.[6] A falta de um sucessor gótico adequado permitiu que os rúgios fizessem o efêmero Erarico rei dos ostrogodos.[5] Parte ou toda a propriedade de Ildibaldo terminou em posse da Igreja de Roma.[7]
Referências
- ↑ Savvidēs 1990, p. 216.
- ↑ a b c Martindale 1992, p. 614.
- ↑ Schönfeld 1911, p. 136.
- ↑ Heather 1998, p. 242.
- ↑ a b c d e f Wolfram 1990, p. 349–353.
- ↑ a b c d Bury 2013, p. 227–228.
- ↑ Martindale 1992, p. 614-615.
Bibliografia
editar- Bury, J. B. (2013) [1889]. History of the Later Roman Empire, Vol. 2: From the Death of Theodosius I to the Death of Justinian. Nova Iorque: Dover Publications, Inc. ISBN 0486143392
- Heather, Peter (1998). The Goths. Hoboken, Nova Jérsei: Wiley-Blackwell
- Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Ildibadus». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8
- Savvidēs, Alexēs G. K. (1990). To oikoumeniko Vyzantino kratos kai hē emphanisē tou Islam, 518-717 m. Ch. Atenas: Vivliopoleion tēs "Hestias," I.D. Kollarou & Sias
- Schönfeld, M. (1911). Wörterbuch der altgermanischen personen-und völkernamen. Heilderberga: Livraria da Universidade Carl Winter
- Wolfram, Herwig (1990). History of the Goths. Los Angeles, Berkeley e Londres: Imprensa da Universidade da Califórnia. ISBN 9780520069831