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Hanafismo ou escola Hanafi (em árabe: الحنفي) é uma das quatro madh'hab (escolas ou correntes de direito islâmico) em jurisprudência (fiqh) do Islão sunita (as restantes escolas são a Shafi'i, Maliqui e Hanbali). A madhhab Hanafi deve o seu nome ao académico iraquiano Abu Hanifa An-nu'man Ibn Thabit (أبو حنيفة النعمان بن ثابت‎), um Tabi‘un[a] que viveu no século VII cujas interpretações legais foram preservadas principalmente pelos seus dois discípulos mais importantes, Alquindi e Maomé Axaibani.

Mapa das áreas de influência das principais madh'habs (escolas ou correntes de direito islâmico

O Hanafismo é a escola sunita mais antiga e a que tem mais adeptos no mundo muçulmano. Desde o tempo dos Omíadas que é a madh'hab mais proeminente e tem a reputação de dar mais ênfase ao papel da razão e de ser mais liberal do que as outras três escolas.[carece de fontes?] Os califados abássida e otomano, bem como o Império Mogol, três dos maiores impérios muçulmanos da História, seguiam a escola hanafista, o que contribuiu para a grande influência que ela ainda tem nos antigos territórios desses impérios. Na atualidade, o hanafismo predomina entre os sunitas da generalidade da Ásia a leste do Irão, na Turquia, Iraque, Jordânia, Síria, Egito, bem como nos antigos territórios otomanos nos Bálcãs (Bósnia, Albânia, Kosovo, Macedónia, etc.) e no Cáucaso.[carece de fontes?]

Fontes e metodologia

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As fontes das quais as leis derivam são, por ordem de importância e preferência: o Alcorão, as narrações autênticas do Profeta (hádice), o "consenso" (ijma) e raciocínio analógico (Qiyas), estas últimas só aplicadas quando os assuntos não são abordados diretamente no Alcorão. Devido ao quarto califa, Ali, ter transferido a capital islâmica para Cufa, no que é hoje o Iraque, onde muitos dos companheiros do Profeta se estabeleceram, a escola hanafi baseou muitas das suas leis em narrações proféticas transmitidas por companheiros residentes no Iraque, tendo sido conhecida como a "escola cufana" ou "escola iraquiana" nos primeiros tempos. Ali e Abedalá ibne Maçude, bem como muitas personalidades familiares do Profeta, formaram muitas das bases da escola com as quais Abu Hanifa estudou, como Maomé Albaquir, Jafar Alçadique e Zaíde ibne Ali. Muitos juristas e transmissores de hádice viveram em Cufa, incluindo um dos principais professores de Abu Hanifa, Hamade ibne Solimão.

A metodologia hanafi envolvia o processo lógico do exame do Livro e de todo o conhecimento disponível da Suna e em seguida a descoberta de um exemplo nessas fontes análogo ao caso particular em estudo, de forma a que a din de Alá fosse aplicada corretamente na nova situação. Desse modo, envolvia o uso da razão no exame do Livro e da Suna para extrapolar os juízos necessários para a aplicação do Islão num novo cenário. Por isso representa na essência a adaptação, segundo a orientação estrita e rigorosa dos preceitos legais e indutivos, da poderosa e viva din a uma nova situação de molde a possibilitar que ela crie raízes e floresça em novos terrenos. Isto fez dela o instrumento legal ideal para a governação central de populações muito variadas, o que explica que a encontremos na Turquia como o legado do "Uthmaniyya Khilafa" e no subcontinente indiano, onde foi herdada do Império Mogol.
 

Alguns pontos de vista distintivos do hanafismo

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  • É proibido ou desaconselhado comer algumas formas de seres marinhos que não são peixes, baseado no hádice de Maomé: «Dois tipos de carne morta e dois tipos de sangue foram tornadas lícitas para o teu consumo (sem terem sido abatidas): peixe e gafanhoto, fígado e baço (relatado por Ahmed e ibn Majah)
  • Exceto para o Haje (peregrinação a Meca), todas as salás (orações rezadas diariamente) têm que ser feitas à hora regular (alguns académicos não hanafistas autorizam as pessoas que estão em viagem a ajustar as horas de algumas orações se isso lhes for conveniente).
  • A hora de início da asr (oração da tarde) e de fim da zhur é mais tardia do que noutras escolas (grosseiramente, quando o tamanho das sombras é o dobro da dos objetos que as originam).
  • Uma sexta oração diária, chamada witr é wajib (obrigatória), embora sem o mesmo nível de obrigatoriedade das cinco salás.
  • Numa interpretação literal (harfiyyah), Abu Hanifa defendeu que o "vinho" (خمر, khamr em árabe clássico ou corânico), ou seja, o sumo fermentado de tâmara ou uva, era absolutamente proibido. No entanto, ele pensava que era permissível beber pequenas quantidades não inebriantes de outras bebidas alcoólicas, como por exemplo as feitas a partir de mel ou cereais. Hanafistas posteriores tendem a declarar que todas as bebidas alcoólicas são proibidas independentemente da sua origem.
  • Sangrar pode invalidar o abdesto (ablução, ritual de purificação efetuado antes das orações).
  • O simples toque de alguém de outro sexo não invalida o abdesto.
  • Os muçulmanos estão autorizados a trabalhar na construção de igrejas, sendo os salários considerados lícitos pelos hanafistas.
  • Todos os seguidores da escola de pensamento hanafista acreditam que o Alcorão não foi criado pelo Homem e que a Xaria é lei divina, válida para sempre e que é haraam (proibido) tentar alterá-la.

Bibliografia

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  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Hanafi», especificamente desta versão.
[a] ^ O termo árabe Tabi‘un ou Tabi‘i (التابعون; "seguidores") aplica-se aos muçulmanos que conheceram os Sahaba (companheiros de Maomé), mas não conheceram o profeta.

Ligações externas

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