Guerra de Independência da Turquia

Conflito entreguerras na Turquia, 1919-1923

A Guerra de Independência da Turquia (em turco: Kurtuluş Savaşı) foi um conjunto de eventos militares e políticos que, tendo como ponto de partida o processo de dissolução do Império Otomano, levou à abolição do império (1922), à criação da República da Turquia (1923) e ao reconhecimento internacional desta, pelo Tratado de Lausanne (1923). Integram este conjunto de eventos a fundação de um movimento nacionalista turco, a Guerra Turco-Armênia, a Guerra Greco-Turca e a Guerra Franco-Turca.

Guerra de Independência da Turquia
Data 19 de maio de 191929 de outubro de 1923
Local Anatólia, Mesopotâmia do Norte e Trácia
Desfecho Vitória turca, Tratado de Lausanne, reconhecimento da República da Turquia e o fim do Império Otomano.
Beligerantes
Nacionalistas turcos
  • Administração Ankara (depois de 1920)
  • Forças nacionais (até 1920)

Suportado por:
RSFS da Rússia[1]
 Reino da Itália[2]
 Reino da Grécia
 Terceira República Francesa
 República Democrática da Armênia (em 1920)
 Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda
 Império Otomano (até 1922)
  • Exército do califado (em 1920)

 República Democrática da Geórgia (em 1921)
Comandantes
Nacionalistas turcos Mustafa Kemal Atatürk
Nacionalistas turcos Fevzi Çakmak
Nacionalistas turcos İsmet İnönü
Nacionalistas turcos Kâzım Karabekir
Nacionalistas turcos Ali Fuat Cebesoy
Reino de Itália (1861–1946) Carlo Sforza[3][4]
Reino da Grécia Anastasios Papoulas
Reino da Grécia Georgios Hatzianestis
Reino da Grécia Leonidas Paraskevopoulos
Terceira República Francesa Henri Gouraud
República Democrática da Armênia Drastamat Kanayan
República Democrática da Armênia Movses Silikyan
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda George Milne
Império Otomano Süleyman Şefik Paxá
Forças
Nacionalistas turcos Maio. 1919: 35 000
Nov. 1920: 86 000 (criação do exército regular)
Ago. 1922:
271 000
Reino da Grécia 80 000 (Dez. 1919)
1922:
200 000 - 250 000
Terceira República Francesa 60 000
República Democrática da Armênia 20 000
Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda 30 000
Império Otomano 7 000
Baixas
Nacionalistas turcos 13 000 mortos
35 000 feridos
7 000 prisioneiros
+15 000 civis turcos mortos na frente ocidental
Reino da Grécia 24 240 mortos
48 880 feridos
+ 3 000 prisioneiros
Terceira República Francesa 7 000
República Democrática da Armênia +1 100 mortos
264 000 civis gregos mortos
60 000 - 250 000 civis armênios mortos

Queda do Império Otomano

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Em 30 de outubro de 1918, o decadente Império Otomano assina a sua rendição após a desastrosa entrada na Primeira Guerra Mundial ao lado da Tríplice Aliança, o Armistício de Mudros desmembrou o império para os vencedores. A Inglaterra ficou com o Egito, a Mesopotâmia e a Palestina; a França ficou com a Síria e o Líbano e a Itália ficou com a Antália. Em novembro, Constantinopla foi ocupada por tropas britânicas e francesas e as fortalezas do Bósforo e de Dardanelos foram ocupadas pelos aliados.

 
Partilha do Império Otomano pelo Tratado de Sèvres

Apesar da rendição, muitos oficiais e soldados não aceitaram a derrota e a consequente ocupação, os nacionalistas turcos planejavam expulsar os invasores e reconquistar os seus territórios. Através do contrabando, armas e munição foram adquiridas pelos nacionalistas.

Guerra de Independência

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Em 19 de maio de 1919, inicia a Guerra de Independência da Turquia, os nacionalistas sob o comando do herói de Galípoli, o coronel Mustafa Kemal Atatürk iniciam os ataques contra os invasores. Em 22 de junho, Mustafa Kemal consegue o apoio dos bolcheviques em troca da entrega dos territórios do Cáucaso, incluindo a Armênia, aos russos, Lênin envia 60 peças de artilharia Krupp, 700 mil granadas, 10 mil minas, 1 milhão de fuzis russos, 250 mil baionetas.

Guerra Franco-Turca

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Os franceses que haviam ocupado partes da Turquia, iniciaram ataques conquistando cidades turcas como: Mersin, Tarso, Mardin, entre outras com a ajuda dos armênios. Porém, os nacionalistas contra-atacaram reconquistando suas cidades rapidamente, sem condições de manter a guerra, a França assina o Tratado de Ancara encerrando as hostilidades e saindo da guerra.

Guerra Turco-Armênia

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A jovem República da Armênia lançou seu ataque sobre os turcos em setembro de 1920, entretanto logo sofreriam pesadas derrotas, os turcos avançavam rapidamente promovendo inúmeros massacres contras civis armênios. Em dezembro de 1920, sem forças, a Armênia assina o Tratado de Alexandropol, onde sairia da guerra e deveria desarmar seus militares e ceder mais da metade de seu território à Turquia. Logo depois, a Armênia foi invadida pela Rússia transformando-a numa de suas repúblicas socialistas.

Guerra Greco-Turca

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Tropas gregas entram em Esmirna, 1919

Logo no início da guerra, a Grécia, inspirada pela Megáli Idea uma tentativa de unir todos os gregos em um só país e conquistar Constantinopla, havia ocupado a cidade de Esmirna e avançava pelo interior da Anatólia apoiada pelo primeiro-ministro inglês Lloyd George. Em março de 1920, Mustafá e os nacionalistas turcos estabeleceram o novo parlamento na cidade de Ancara. Em 10 de outubro de 1920, é assinado o Tratado de Sèvres entre os aliados e o império otomano que o obrigava a reconhecer a perda de seus territórios, entretanto os nacionalistas não reconheciam a validade do acordo e continuavam resistindo. Os gregos conseguiram avançar bastante chegando perto de Ancara, até que foram derrotados pela primeira vez na Primeira Batalha de İnönü em 11 de janeiro de 1921. Entre agosto e setembro de 1921 os turcos novamente derrotam os gregos na Batalha de Sakarya, e o general grego Anastasios Papoulas ordenou uma retirada geral para Eski Shehir e Hisar Kara. As tropas gregas evacuaram o Monte Chal, que tinha sido tomada a grande custo, e retiraram-se sem serem molestados através do Rio Sakarya para as posições que haviam deixado um mês antes, levando consigo suas armas e equipamentos. Na linha de retirada do exército nada foi deixado que pudesse beneficiar os turcos. Ferrovias e pontes foram destruídas, as aldeias foram queimadas.

 
Batalha de Sakarya, 1921

Grande Ofensiva

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Em 26 de agosto de 1922, Mustafa ordena uma grande ofensiva sobre os gregos que em 30 de agosto derrotam o exército grego comandado pelos generais Nikolaos Trikoupis e Dionis. Os turcos avançam rapidamente e em setembro entram em Esmirna, parte da cidade foi incendiada, os bairros gregos e armênios foram queimados, apenas o bairro turco permaneceu intacto isso levantou suspeitas sobre o motivo do incêndio ter sido causado pelos turcos. Os gregos abandonaram Esmirna levando a saída da Grécia. Os britânicos tentaram resistir em Constantinopla, mas logo se renderiam.

 
Entrada do exército turco em Esmirna, 1922

Em julho de 1923, é assinado o Tratado de Lausanne restaurando as fronteiras turcas em troca do reconhecimento da soberania dos aliados sobre o Oriente Médio. Em setembro, os nacionalistas entram em Constantinopla após o embarque das últimas tropas britânicas. Em 29 de outubro de 1923, Mustafa Kemal proclama a República da Turquia pondo fim ao império e tornando-se no presidente que fez amplas reformas na educação, transportes e cultura, ocidentalizou e modernizou a Turquia e romanizou o alfabeto turco, por tudo isso ganhou o apelido de Atatürk (Pai dos Turcos).

Ver também

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Referências

  1. Jelavich, Barbara (1983). History of the Balkans: Twentieth century. [S.l.]: Cambridge University Press. p. 131. ISBN 978-0-521-27459-3 
  2. The Place of the Turkish Independence War in the American Press (1918-1923) by Bülent Bilmez: "...the occupation of western Turkey by the Greek armies under the control of the Allied Powers, the discord among them was evident and publicly known. As the Italians were against this occupation from the beginning, and started "secretly" helping the Kemalists, this conflict among the Allied Powers, and the Italian support for the Kemalists were reported regularly by the American press."
  3. Mütareke Döneminde Mustafa Kemal Paşa-Kont Sforza Görüşmesi, Mevlüt Çelebi (em turco)
  4. Mustafa Kemal Paşa – Kont Sforza ve İtalya İlişkisi (em turco)