A Guerra Jōkyū (承久の乱 jōkyū no ran?) também conhecida por Rebelião Jōkyū,[1][2] foi um conflito da história do Japão que ocorreu entre as forças do imperador aposentado Go-Toba e o clã Hōjō, Shikken (regentes) do Xogunato Kamakura, que o imperador aposentado tentou derrubar. A revolta deve o seu nome ao fato desta ter acontecido em 1221 que correspondia ao terceiro ano da Era Jōkyū.

Guerra Jōkyū
Data 1221
Local Quioto e arredores
Desfecho Vitória do xogunato; imperadores aposentados são exilados
Beligerantes
Xogunato Kamakura e forças aliadas Clãs leais a Go-Toba
Comandantes
Hōjō Yoshitoki Go-Toba
Forças
190 000 ?

A batalha principal ocorreu em Uji, perto de Quioto, a terceira a ocorrer nesse local em menos de meio século.

Antecedentes

editar

No início do Século XIII, o Imperador Go-Toba procurava algum meio de realizar manobras políticas bloqueadas pelo Xogunato Kamakura. Buscando a independência e o poder que considerava seus por direito como o governante do Japão , Go-Toba reuniu aliados em 1221, e planejou a derrubada do xogunato. Esses aliados consistiam principalmente de membros do Clã Taira e de outros inimigos dos Minamoto , os vitoriosos nas guerras Genpei , e o clã dos xoguns .

Conta-se que a primeiro bandeira imperial apareceu neste período; e que Go-Toba deu a um general durante a guerra. Imagens do Sol e da Lua bordadas com ouro e prata em um brocado vermelho [3].

A rebelião

editar

Em meados de 1221,Go-Toba decidiu, como se daria a sucessão do imperador, sem consultar o xogunato. Convidou então um grande número de potenciais aliados para um grande festival, revelando assim a lealdade daqueles que rejeitaram o convite. Um oficial importante revelou a sua lealdade ao xogunato e foi morto. Vários dias depois, a Corte Imperial declarou Hōjō Yoshitoki , o representante do xogunato, como fora da lei, e três dias depois todo o leste do Japão tinha entrado em rebelião [4].

Hōjō Yoshitoki decidiu lançar uma ofensiva contra as forças de Go-Toba em Quioto, a estratégia de três frentes, como foi utilizado algumas décadas antes. Um frente era o ataque das montanhas, a segunda era atacar pelo norte, e o terceiro, comandado pelo filho de Yoshitoki, Yasutoki , pela estrada de Tōkaidō [4].

Estas forças enfrentaram pouca oposição em seu caminho rumo a capital; os comandantes das forças imperiais simplesmente não quiseram enfrentar as forças do xogum. Quando Go-Toba soube desta série de derrotas, deixou a cidade rumando para para o Monte Hiei, onde pediu ajuda dos sohei , os monges guerreiros do Monte Hiei. Estes recusaram, alegando que estavam fracos, e Go-Toba voltou a Quioto [5]. Os remanescentes do exército imperial se posicionaram para uma resistência final na ponte sobre o Rio Uji, o mesmo lugar onde foi travada a batalha (1º Batalha de Uji) que originou as Guerras Genpei, 41 anos antes. Yasutoki utilizou-se de uma carga de cavalaria para atravessar a ponte, dispersando as forças imperiais e dai pôde rumar para Quioto [4].

A capital foi tomada pelas forças do xogum, e a rebelião de Go-Toba foi encerrada. Go-Toba foi banido para as Ilhas Oki, de onde nunca mais voltou [6]. Seus filhos também foram banidos, incluindo o ex-Imperador Tsuchimikado (para a Província de Tosa ) , o ex-Imperador Juntoku (para a Província de Sado ), e o recém-entronizado Imperador Chukyo , o primeiro filho de Juntoku, foi substituído pelo Imperador Go-Horikawa , sobrinho de Go-Toba [7].

Ao final os nobres que apoiaram Go-Toba tiveram suas terras confiscadas pelo xogunato, que reforçou sua influência doando essas terras aos seus apoiadores e estabelecendo um órgão de controle da Corte, o Rokuhara Tandai , no antigo palácio de Taira no Kiyomori no distrito de Rokuhara em Quioto [4].

Referências

  1. Religious Institutions and Practices of the Kamakura Shogunate (em inglês) in Encyclopedia of Shinto página visitada em 12/05/15
  2. Junji Wakasugi Legends of the Kegon Sect (em inglês) in Museum Dictionary of Kyoto National Museum página visitada em 12/05/15
  3. National Archives of Japan:Boshinshoyo Kinki oyobi Gunki Shinzu, Bandeira imperial durante a Primeira Guerra Boshin (1868) (em inglês). O comentário menciona que a primeira bandeira imperial aparece na Guerra Jōkyū -- página visitada em 12/05/15
  4. a b c d Sir George Bailey Sansom , A History of Japan to 1334, Volume 1. (em inglês) Stanford University Press, 1958 pp. 381 a 383 ISBN 9780804705233
  5. John K. Nelson, Enduring Identities: The Guise of Shinto in Contemporary Japan (em inglês) University of Hawaii Press, 2000 p. 111 ISBN 9780824822590
  6. Kenneth Henshall, Historical Dictionary of Japan to 1945 (em inglês) Scarecrow Press, 2013 p. 188 ISBN 9780810878723
  7. Joshua S. Mostow, Courtly Visions: The Ise Stories and the Politics of Cultural Appropriation (em inglês) BRILL, 2014 p. 97 ISBN 9789004249431