Filipa de Coimbra
Filipa de Coimbra ou Filipa de Lencastre (Coimbra, 1437 - Odivelas, 11 de fevereiro de 1493[1] ou 26 de julho de 1497[2]) foi uma nobre portuguesa do século XV, membro das dinastias de Avis e Barcelona por nascimento.
Filipa de Coimbra | |
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Brasão de armas de Filipa | |
Nascimento | 1437 |
Coimbra | |
Morte | 11 de fevereiro de 1493 (56 anos) |
Sepultado em | Mosteiro de Odivelas |
Dinastia | |
Pai | Pedro de Coimbra |
Mãe | Isabel de Urgel |
Religião | Cristianismo |
Vida
editarFilipa nasceu em Coimbra em 1437, filha do infante D. Pedro, duque de Coimbra, e assim neta do rei João I (r. 1385–1433) e D. Filipa de Lencastre, e Isabel de Urgel, filha do conde Jaime II.[3] Teve uma irmã, Isabel de Coimbra, que tornar-se-ia rainha-consorte de seu primo Afonso V (r. 1438–1481). Vivia na corte com sua família, mas com a morte de seu pai e parentes no expurgo que se seguiu à maioridade de Afonso, a sua vida complicou-se. Viveu algum tempo na corte com a irmã.[4]
Da irmã herda a terça parte dos seus bens e a partir de 1463 administra os bens de seu irmão Pedro, chamado pelos catalães para Rei de Aragão e Conde de Barcelona e, através do governo da Ordem de Avis, envia-lhe apoio militar e financeiro, tendo inclusive enviado uma nau sua para a Catalunha transportando cavalos, vinho, toucinho, pescado, trigo e biscoito.[5]
Dedicou-se a educar sua sobrinha Joana até que a última decidiu ir para o Convento de Aveiro; alguns historiadores afirmam que ela instruiu o futuro João II. Sabe-se que desaprovou Joana fazer votos perpétuos, achando que devia constituir família e dar herdeiros à coroa, assim como deu pareceres em questões políticas para João II,[6] tendo aconselhado o sobrinho a suspender as terçarias.
Em 1475, com autorização do papa Sisto IV (r. 1471–1484), entrou no mosteiro cisterciense de S. Dinis de Odivelas recolhida, mas não professou e vestiu-se sempre de modo secular.
"Recolhida sob a proteção do mosteiro, dedica-se à oração, ao estudo e tradução de várias obras religiosas. D. Filipa será a autora de “As Estações e Meditações da Paixão, muy devotas para os que vizitão as Igrejas Quinta Feira de Endoenças”, que foi impressa mais tarde, na regência de D. Catarina, viúva de D. João III. Dominava muito bem o latim e o francês, pois traduziu do latim para português o “Tratado da vida solitária”, composto por S. Lourenço Justiniano. Do francês, traduziu para a nossa língua um livro de “Evangelhos e Homilias de todo o ano com algumas lendas e vidas de Santos”, acrescentando imagens ao texto".[5]
"Escreveu ainda textos políticos, como Conselho e voto da Senhora Dona Filipa, filha do Infante D. Pedro sobre as Terçarias, e guerras de Castela, texto impresso em Lisboa, por Lourenço de Anvers, em 1643, ou o texto Prática feita ao Senado de Lisboa em tempo que receava algum tumulto".[2]
Segundo Mafalda Frade,[2] foi autora de vários poemas, "o que faz com que seja considerada a primeira mulher de que há registo, nas letras portuguesas, a quem é possível atribuir o título de poetisa".
Ancestrais
editar16. Afonso IV de Portugal | ||||||||||||||||
8. Pedro I de Portugal | ||||||||||||||||
17. Beatriz de Castela | ||||||||||||||||
4. João I de Portugal | ||||||||||||||||
18. Lorenço Martins | ||||||||||||||||
9. Teresa Lourenço | ||||||||||||||||
19. Sancha Martins | ||||||||||||||||
2. Pedro, Duque de Coimbra | ||||||||||||||||
20. Eduardo III de Inglaterra | ||||||||||||||||
10. João de Gante | ||||||||||||||||
21. Filipa de Hainault | ||||||||||||||||
5. Filipa de Lencastre | ||||||||||||||||
22. Henrique, Duque de Lencastre | ||||||||||||||||
11. Branca de Lencastre | ||||||||||||||||
23. Isabel de Beaumont | ||||||||||||||||
1. Filipa de Coimbra | ||||||||||||||||
24. Jaime I de Urgel | ||||||||||||||||
12. Pedro II de Urgel | ||||||||||||||||
25. Cecília de Cominges | ||||||||||||||||
6. Jaime II de Urgel | ||||||||||||||||
26. João II de Monferrato | ||||||||||||||||
13. Margarida de Monferrato | ||||||||||||||||
27. Isabel de Maiorca | ||||||||||||||||
3. Isabel de Urgel | ||||||||||||||||
28. Afonso IV de Aragão | ||||||||||||||||
14. Pedro IV de Aragão | ||||||||||||||||
29. Teresa de Entença | ||||||||||||||||
7. Isabel de Aragão | ||||||||||||||||
30. Berenguer de Fortià | ||||||||||||||||
15. Sibila de Fortià | ||||||||||||||||
31. Francisca de Palau | ||||||||||||||||
Referências
- ↑ BRANDÃO, Francisco (1643). Conselho, e voto da Senhora Dona Felippa filha do Infante Dom Pedro, sobre as terçarias, & guerras de Castella : com huma breve noticia desta Princesa... Lisboa: [s.n.] p. 43
- ↑ a b c FRADE, Mafalda (2016). «Contributo para a história da tradução em Portugal: as primeiras tradutoras conhecidas» (PDF). Ágora. Estudos Clássicos em Debate. Consultado em 10 de abril de 2020
- ↑ Pereira 1995, p. 184, nota 2.
- ↑ Rodrigues, Ana Maria S. A. (2012). As tristes rainhas. Leonor de Aragão e Isabel de Coimbra. Lisboa: Temas e Debates
- ↑ a b Trindade Correia, Licínia Maria (2013). A Insinança das Damas - Formas de Poder Feminino no século XV (o caso de Isabel de Lencastre). Lisboa: Universidade Nova de Lisboa. pp. 65–66
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Bibliografia
editar- Vaz, Maria. «Uma Refugiada em Odivelas». Odivelas
- Pereira, Isaías da Rosa (1995). «Visitações da Igreja de São Miguel de Torres Vedras (1462-1524)». Lusitania Sacra. 7. Lisboa: Universidade Católica Portuguesa