Almoctadir (califa)
Almoctadir[1] (em árabe: المقتدر; romaniz.: Al-Muqtadir) foi o califa abássida entre 908 e 929 e, novamente, entre 929 e 932.
Almoctadir | |
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18º/20º Califa Abássida | |
Dinar de ouro de Almoctadir com os nomes de seu herdeiro Abu Alabás e vizir Amide Adaulá | |
Califa Abássida | |
Reinado | 908 — 929 929 — 932 |
Antecessor(a) | Almoctafi Alcair |
Sucessor(a) | Alcair Alcair |
Nascimento | 895 |
Morte | 932 (37 anos) |
Dinastia | Abássida |
Pai | Almutadide |
Filho(s) | Arradi Almutaqui Almuti |
História
editarApós o califa anterior, Almoctafi, ter ficado de cama por diversos meses por conta de uma doença, diversas intrigas palacianas surgiram com o objetivo de determinar quem seria o próximo califa. A escolha seria entre o irmão caçula de Almoctafi, Abedalá ibne Almutaz, preferido dele, e um descendente de Almutaz de apenas treze anos. O vizir, imaginando ter maior poder ao escolher um califa menor de idade, escolheu o garoto, que assumiu o nome de Almoctadir, "Poderoso com a ajuda de Alá", um título infeliz para o caso, pois mesmo quando adulto, ele se mostrou um hedonista facilmente manipulável pelas mãos das mulheres da corte e de suas favoritas. Seu reinado de vinte e cinco anos é um registro constante de intrigas e assassinatos por parte dos treze diferentes vizires que passaram pelo cargo.
Havia muito tempo que conflitos entre os muçulmanos e os bizantinos ocorriam na região da Ásia Menor, com grandes perdas entre os muçulmanos, inclusive com um grande número de soldados sendo levados como prisioneiros. A fronteira bizantina, porém, passou a ser ameaçada também pelas hordas búlgaras e, por isso, a imperatriz Zoé Carbonopsina enviou dois emissários a Bagdá com o objetivo de assegurar um armistício e também um resgate em dinheiro pelos prisioneiros muçulmanos. A embaixada teve muito sucesso e a paz entre os impérios foi restaurada. Uma soma de 120 000 peças de ouro foi paga pela liberdade dos prisioneiros.
Porém, este resultado só provocou mais insatisfação na capital. A população, insatisfeita com os resultados dos "infiéis" na Ásia Menor e com as perdas de igual tamanho na Pérsia, acusaram o califa de não se importar com nada disso e de, ao invés de tentar restaurar o prestígio do Islã, passar os dias com escravas e músicos.
Doze anos depois, Almoctadir foi sujeitado à indignidade de ser deposto. Os principais cortesões, tendo conspirado contra o califa, forçaram-no a abdicar em favor de seu irmão Alcair. Porém, após diversas ocorrências de revoltas e saques, com a perda de milhares de vidas, os conspiradores perceberam que não tinham o apoio do exército. Almoctadir, que fora mantido em segurança, foi novamente alçado ao trono. Porém, após essas revoltas, o tesouro estava tão exaurido que não havia nada restante para o pagamento dos guardas da cidade.
O califa acabou sendo assassinado fora dos portões da cidade em 932.
Influência
editarO breve respiro no declínio dos abássidas pelos três últimos califas chegou ao fim. Do reino de Almoctadir em diante, o Califado Abássida entrou num inexorável declínio. Ao mesmo tempo, muitos dos mais famosos nomes da literatura e da ciência mundial emergiram neste e nos califados seguintes. Entre os mais famosos estão: Ixaque ibne Hunaine (m. 911) (filho de Hunaine ibne Ixaque), um médico e tradutor de obras filosóficas gregas para o árabe; Amade ibne Fadalane, o explorador; Albatani (m. 923), astrônomo; Atabari (m. 923), historiador e teólogo; Rasis (m. 930), filósofo que deu contribuições fundamentais e duradouras à medicina e à química; Omar Caiam (m. 1123), poeta, matemático e astrônomo; Almançor Alhalaje, um místico, escritor e um mestre do sufismo, famoso por sua aparente - e controversa - autoproclamada divindade, sua poesia e sua execução por heresia por Almoctadir.
O longo reinado de Almoctadir levou o califado ao seu pior momento. As perdas no cenário externo foram secundárias e, ainda assim, se foram a África e, quase, o Egito. Moçul de fato acabou com a dependência de Bagdá e os bizantinos faziam raides à vontade nas fronteiras. Ainda assim, no oriente, havia ainda um reconhecimento formal da figura do califa, mesmo entre os que virtualmente reivindicavam a independência. Próximo da capital, os terríveis carmatas foram, por ora, subjugados. Em Bagdá, Almoctadir, marionete de uma corte venal, estava à mercê de tropas estrangeiras que, lideradas principalmente pelos turcos e outros oficiais estrangeiros, frequentemente se rebelavam. Assim, reduzido e subjugado, deposto e, finalmente, assassinado por um oficial a quem ele pedira apoio, o prestígio que seus antecessores imediatos tinham reconquistado se perdeu. O trono califal se tornou objeto de desprezo internamente e um prêmio a ser conquistado pelos inimigos estrangeiros.
Ver também
editarAlmoctadir (califa) Nascimento: 895 Morte: 932
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Precedido por: Almoctafi |
Califas abássidas 908–929 |
Sucedido por: Alcair |
Precedido por: Alcair |
Califas abássidas 929–932 |
Sucedido por: Alcair |
Referências
Bibliografia
editar- Dias, Eduardo (1940). Árabes e muçulmanos. [S.l.]: Livraria clássica editora, A. M. Teixeira & c.a.
- William Muir, The Caliphate: Its Rise, Decline, and Fall. (em inglês)