Fídias: diferenças entre revisões

Conteúdo apagado Conteúdo adicionado
Linha 26:
Fídias viveu no chamado ''[[Século de Péricles]]'', uma fase de intensa atividade política, militar e cultural em Atenas. A [[democracia]] se consolidava como uma forma de governo para eles racional, liberal e equilibrada, essencialmente humanista e oposta ao odiado totalitarismo encarnado pelos [[persas]], que estavam engajados em uma longa série de atritos contra os gregos, as [[Guerras Médicas]], desde meados do {{-séc|VI}}, só encerrados com a vitória final grega em {{AC|479|x}} na [[Batalha de Plateias]]. Com a ascensão de [[Péricles]] ao poder a partir de c. {{AC|460|x}} o foco de atenção mudou, e foi selada a paz definitiva com os persas no intuito de concentrar forças para combater a rivalidade de [[Esparta]], a expensas de seus aliados da [[Liga de Delos]].<ref>Castriota, David. [http://books.google.com/books?id=tnMWWeZwt8EC&pg=PA175&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA134,M1 ''Myth, Ethos, and Actuality: Official Art in Fifth-Century B.C. Athens'']. University of Wisconsin Press, 1992. pp. 134-135</ref> Tais eventos foram seguidos de uma reorientação no programa de edificações civis e comemorativas desenvolvido na cidade. Os persas haviam saqueado Atenas em {{AC|480|x}} e destruído muitos de seus templos e monumentos. De início os edifícios foram deixados deliberadamente em ruínas, como uma lembrança perene da barbárie estrangeira, mas a paz com o antigo inimigo possibilitou uma revisão política nessa atitude, e já parecia natural que a cidade fosse restaurada, especialmente seus santuários na Acrópole, como forma de expressão da sua posição política dominante e como um sinal de gratidão a [[Atena]], a deusa tutelar da [[Ática]]. Para administrar esse impulso construtivo Fídias foi contratado como o supervisor geral das obras.<ref>[http://books.google.com/books?id=tnMWWeZwt8EC&pg=PA175&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA134,M1 Castriota, David. pp. 134-137]</ref>
 
[[Imagem:Kouros anavissos2.jpg|thumb|140px|esquerda|''Kouros Krosios'', c. {{AC|525|x}} Exemplo do estilo arcaico]]
[[Imagem:Farnese Diadumenos BM 501.jpg|thumb|140px|esquerda|O ''Diadúmeno'' atribuído a Fídias, muito semelhante à composição de Policleto [[Diadúmeno|de mesmo nome]]. Cópia romana]]
 
Fídias encontrou a escultura grega atravessando um período de profunda e rápida transformação, e ele na verdade foi um dos principais motores desse processo. Os antecedentes dessa mudança estavam na escultura arcaica, que produzira um estilo formalista e rigoroso privilegiando convenções generalistas e abstratizantes. Essas convenções permaneceram quase inalteradas por quase duzentos anos, espelhavam a hierarquização estática da sociedade e permaneciam alheias à representação de particularismos anatômicos naturalistas. Com os arcaicos se iniciara a identificação da beleza física com a virtude moral, num conceito conhecido como ''[[kalokagathia]]'', e na tipologia do ''[[kouros]]'', a mais importante dessa fase, o orgulho e autoconfiança aristocratas, bem como a sua coragem guerreira e seu espírito de grupo, ficavam já bem expressos. Na virada do {{séc|VI}} para o {{AC|V|x}} o rigor arcaico começou a se dissolver, nascendo o que se denominou [[estilo Severo]] ou pré-Classicismo, em vista do declínio da sociedade [[aristocracia|aristocrática]] e [[oligarquia|oligárquica]] que lhe servira de justificativa, e do florescimento do sistema [[democracia|democrático]], onde idealmente os propósitos coletivos coincidem com os individuais. Uma nova ênfase no individual, quando já se via o homem como o centro do universo, fez com que na representação do corpo humano se dissolvessem as abstrações formais arcaicas em direção a um estilo mais próximo da natureza. Em meados do {{-séc|V}} [[Míron]], [[Policleto]] e Fídias entraram em cena reformulando definitivamente o [[cânone]] de proporções arcaico e fundando o Classicismo escultórico, retratando o corpo humano de forma muito mais naturalista, mas continuando a buscar nele o reflexo de valores morais coletivos.<ref>Pollitt, Jerome (1972). [http://books.google.com/books?id=CadI9xzUaZwC&pg=PA90&dq=parthenon&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA96,M1 ''Art and experience in classical Greece'']. Cambridge University Press, 1972. pp. 96-97</ref><ref>Hemingway, Colette & Hemingway, Seán. [http://www.metmuseum.org/toah/hd/tacg/hd_tacg.htm ''The Art of Classical Greece (ca. 480–323 B.C.)'']. In Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, January 2008</ref>
Linha 36:
 
== Primeiros anos ==
 
Acontece com muitos nomes célebres da Antiguidade que haja um marcante contraste entre o que se sabe de sua fama e obras e o que se conhece sobre sua vida, e Fídias pertence a esta categoria de artistas de renome universal mas quase sem quaisquer detalhes confiáveis sobre sua biografia, substituída que foi por uma coleção de lendas e narrativas apócrifas e não raro contraditórias, de valor histórico muito duvidoso.<ref>Smith, William. [http://books.google.com/books?id=UcwPAAAAYAAJ&pg=PA249&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA243,M1 ''Dictionary of Greek and Roman biography and mythology'']. Boston: Little, Brown & Co., 1850. pp. 243</ref> A sua situação se complica quando se sabe que as maiores fontes de dados para a reconstrução de sua existência, [[Plínio, o Velho|Plínio]], [[Pausânias (geógrafo)|Pausânias]] e [[Plutarco]], fizeram seus relatos vários séculos depois de sua morte. Plínio disse que ele era filho de um certo Cármides. De acordo com um comentarista de [[Aristófanes]], ele havia se formado como [[pintor]], mas depois teria sido instruído na escultura por [[Ageladas]], da [[Escola de Argos]], e, segundo [[Dião Crisóstomo]], também pelo ateniense [[Hegias de Atenas|Hegias]].<ref>The British Museum. [http://books.google.com/books?id=DmMDAAAAQAAJ&pg=PA116&dq=phidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR ''Elgin and Phigaleian Marbles'']. The British Museum. London: Charles Knight, 1833. p. 116</ref>
 
Linha 42 ⟶ 43:
=== Atena Promacos===
{{AP|Atena Promacos}}
[[Imagem:Atena Promacos.jpg|thumb|left|A ''Atena Promacos'' sobre a Acrópole mostrada em uma moeda]]
 
A ''Atena Promacos'' ("a que guerreia na vanguarda") foi possivelmente a primeira obra de vulto de Fídias. Elaborada em bronze com o espólio da [[Batalha de Maratona]] e dedicada a Atena em agradecimento pelo sucesso militar, tinha cerca de 10 m de altura e, instalada na [[Acrópole de Atenas]] em c. {{AC|456|x}}, podia ser vista desde o mar. Ali permaneceu até que [[Constantino I]] {{nwrap|r.|306|337}} a levou para [[Constantinopla]], onde foi destruída pela massa do povo em 1204, crendo que ela havia conjurado a aproximação da esquadra da [[Quarta Cruzada|IV Cruzada]].<ref>[http://books.google.com/books?id=BuS7Q0DKpI0C&pg=PA118&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA119,M1 Tritle, Lawrence A. p. 119]</ref> Só é possível reconstituir seu aspecto através de imagens toscas em moedas romanas. Nelas Atena estende seu braço direito, com que segura um objeto alado. Uma lança apoiada no chão repousa sobre seu ombro, tem um escudo junto ao chão e sua cabeça porta um elmo.<ref>Lundgreen, Birte. ''A Methodological Enquiry: The Great Bronze Athena by Pheidias''. The Journal of Hellenic Studies 117, 1997. pp. 190-197</ref> [[Zósimo]] escreveu dizendo que quando os [[godos]] penetraram da Acrópole, retrocederam espantados diante da estátua imensa<ref>Paris, Pedro. [http://books.google.com/books?id=p7NYqxihl7kC&pg=PA198&dq=fidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA200,M1 ''La escultura antigua'']. Madrid: La España Editorial, 1886. p. 200</ref>
 
Só é possível reconstituir seu aspecto através de imagens toscas em moedas e cópias miniaturizadas muito imperfeitas e desiguais. Moedas romanas dos séculos II e III cunhadas em Atenas, que a mostram entre edifícios da Acrópole, consistentes com uma descrição de Pausânias, são a fonte mais segura para reconstruir a imagem. Elas a mostram parcialmente, de pé, segurando na mão direita uma imagem de [[Nice (mitologia)|Nice]], a deusa da Vitória, com a ponta de uma lança sobressaindo ao seu ombro esquerdo. Outras moedas helenísticas e romanas a mostram completa, em atitude similar, mas não se tem certeza de que representavam a Promacos, podendo ser imagens também da ''Atena Partenos'', que alguns pensam ter-lhe sido muito semelhante.<ref name="Palagia">Palagia, Olga. "Not from the spoils of Marathon: Pheidias bronze Athena on the Acropolis". In: Buraselis, K. & Koulakiotis, E. (eds.). ''Marathon: The Day After''. Delphi: European Cultural Centre, 2013, pp. 117-137</ref><ref name="Lundgreen">Lundgreen, Birte. "A Methodological Enquiry: The Great Bronze Athena by Pheidias". In: ''The Journal of Hellenic Studies'', 1997; 117:190-197</ref><ref name="Day">Day, Joseph W. ''Archaic Greek Epigram and Dedication: Representation and Reperformance''. Cambridge University Press, 2010, pp. 151-184 </ref><ref name="Robertson">Robertson, Noel. "Athena's Shrines and Festivals". In: Neils, Jenifer. ''Worshipping Athena: Panathenaia and Parthenon''. University of Wisconsin Press, 1996, pp. 47-48 </ref><ref name="Pollitt">Pollitt, Jerome. ''Art and experience in classical Greece''. Cambridge University Press, 1972, pp. 96-100</ref> [[Zósimo]] escreveu dizendo que quando os [[godos]] penetraram da Acrópole, retrocederam espantados diante da estátua imensa.<ref>Paris, Pedro. [http://books.google.com/books?id=p7NYqxihl7kC&pg=PA198&dq=fidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA200,M1 ''La escultura antigua'']. Madrid: La España Editorial, 1886. p. 200</ref>
 
== Maturidade ==
Linha 65 ⟶ 69:
 
As esculturas do Partenon sofreram muitos danos ao longo de sua história. Quando o edifício foi convertido em igreja cristã no {{+séc|VI}} diversas métopes e partes dos frontões foram mutilados e as faces das figuras destruídas, a fim de se apagar quaisquer traços da religião [[paganismo|pagã]]. Algumas sobreviveram porque puderam ser assimiladas à ideologia cristã no contexto da luta entre o bem e o mal. Em 1687, na época da dominação turca sobre a Grécia, o Partenon estava sendo usado como depósito de munição, quando houve um ataque de navios venezianos a Atenas. Uma bomba explodiu sobre a Acrópole, destruindo o interior da cela, várias colunas, o teto e parte da lateral do Partenon, e pulverizando várias esculturas. Em seguida os venezianos saquearam o local e na tentativa de remoção destruíram vários grupos escultóricos importantes. Afortunadamente trinta anos antes desses eventos um grupo de artistas e antiquários franceses havia visitado a Acrópole e realizado diversos desenhos detalhados de boa parte dos monumentos, desenhos que foram preservados e que fornecem informações essenciais para o seu estudo moderno.<ref>Neils, Jenifer (2005 A). [http://books.google.com/books?id=gA81kINAI9cC&pg=RA1-PA109&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PRA1-PR1-IA1,M1 ''Introduction: A Classical Icon'']. In Neils, Jenifer. ''Parthenon: from antiquity to the present''. Cambridge University Press, 2005. pp. 1-5</ref> No início do {{séc|XIX}} [[Lord Elgin]], diplomata inglês creditado junto ao governo grego, solicitou e obteve autorização para levar "algumas" esculturas para a [[Inglaterra]], mas o que aconteceu foi o despojamento quase completo do edifício da decoração esculpida que ainda existia. Esse grande grupo de obras é conhecido como os [[Mármores de Elgin]], que até hoje são reivindicados pela Grécia e são motivo de disputa entre as autoridades de ambos os países.<ref>Howland, Richard. [http://www.parthenonuk.com/articles/dest_marbles.pdf ''The Destiny of the Parthenon Marbles''] {{Wayback|url=http://www.parthenonuk.com/articles/dest_marbles.pdf |date=20040807135357 }}. British Committee for the Restitution of the Parthenon Marbles / Society for the Preservation of Greek Heritage. Washington DC, 1999.</ref> No {{séc|XX}} esses Mármores foram submetidos a um processo de restauro inadequado que eliminou o remanescente de sua policromia e sua [[pátina]],<ref>Lorenzi, Rossella. [http://www.parthenonuk.com/DynaLink/ID/37/newsdetail.php ''Elgin Marbles Dispute takes New Twist''] {{Wayback|url=http://www.parthenonuk.com/DynaLink/ID/37/newsdetail.php |date=20110726211628 }}. British Committee for the Restitution of the Parthenon Marbles. 3 december 2004</ref> e hoje as peças que ainda permanecem ''in situ'' estão ameaçadas pela [[poluição]] atmosférica e a [[chuva ácida]], e há quem cogite de removê-las definitivamente para um museu e substituí-las por réplicas, a fim de poderem ser preservadas.<ref>Papakonstantinou, E. et alii. [http://cipa.icomos.org/fileadmin/papers/Athens2007/FP111.pdf ''The Surface Conservation Project of the Acropolis Monuments: Studies and Interventions''] {{Webarchive|url=https://wayback.archive-it.org/all/20081003065234/http://cipa.icomos.org/fileadmin/papers/Athens2007/FP111.pdf |date=2008-10-03 }}. XXI International CIPA Symposium, 01-06 October 2007, Athens</ref>
 
[[Imagem:Athena Varvakeion - MANA - Fidias.jpg|thumb|esquerda|150px|''Atena Varvakeion'', cópia da ''Atena Partenos''.]]
[[Imagem:Musei capitolini (Roma) - Amazzone 1.jpg|thumb|esquerda|150px|''Amazona ferida'', cópia romana bastante restaurada. A cabeça pode ser cópia de um original de Policleto.]]
 
=== Atena Partenos ===
{{AP|Atena Partenos}}
[[Imagem:Athena Varvakeion - MANA - Fidias.jpg|thumb|esquerda|150px|''Atena Varvakeion'', cópia da ''Atena Partenos''.]]
 
A estátua de Atena instalada no Partenon, chamada ''Atena Partenos'' ("Atena virgem"), foi a segunda grande composição isolada de Fídias, iniciada em torno de 447 e completa cerca de {{AC|438|x}} Segundo uma antiga tradição, cuja origem é incerta, os atenienses estabeleceram um concurso para a elaboração da imagem, participando [[Alcâmenes (escultor)|Alcâmenes]] e Fídias. Alcâmenes fez seu esboço com grande beleza e arte, mas Fídias, considerando que a estátua final deveria ter grandes dimensões e ser vista de baixo para cima, empregou distorções na proporção. Quando os projetos foram apresentados ao público Fídias esteve a ponto de ser apedrejado pela multidão, indignada com o que lhe pareceu um sacrilégio, até que ambos os modelos foram colocados em um alto pedestal. Então as graças do esboço de Alcâmenes se tornaram disformes e a deformidade da concepção de Fídias apareceu com um aspecto natural e harmonioso, demonstrando seu entendimento das leis da [[óptica]] e do [[escorço]].<ref>Van Fraassen, Bas. [http://books.google.com/books?id=ndVp_x74TZcC&pg=PA12&dq=phidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA12,M1 ''Scientific Representation'']. Oxford University Press, 2008. pp. 12-13</ref> Pausânias relatou que ela fora realizada em marfim e ouro sobre um núcleo de madeira, e concebida estando em pé. Na mão direita segurava uma imagem de [[Nice (mitologia)|Nice]], a Vitória, e com a outra empunhava uma lança, ao lado da qual, junto ao chão, havia um escudo e uma serpente que representava [[Erictónio de Atenas|Erictônio]]. Tinha um elmo ricamente decorado, coroado por uma [[esfinge]] ladeada de [[grifo]]s. Sua túnica chegava-lhe aos pés e no peito estava um medalhão com a face da [[Medusa (mitologia)|Medusa]]. No pedestal, um relevo contando a história do nascimento de [[Pandora]]. Plínio a descreveu como tendo 26 cúbitos de altura, cerca de 12 m, e que no escudo haviam sido esculpidos relevos mostrando a Amazonomaquia, e sobre suas sandálias, a Centauromaquia.<ref>In Pollitt, Jerome (1990). [http://books.google.com/books?id=XoCNQwkNsLAC&pg=PA55&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA56,M1 ''The art of ancient Greece'']. Cambridge University Press, 1990. p. 56</ref>
 
Danificada pelo fogo em {{AC|165|x}}, foi restaurada.<ref>Dinsmoor, W.B. ''The repair of the Athena Parthenos''. American Journal of Archaeology. vol 34., 1934. pp 93-106.</ref> Aparentemente no {{+séc|V}} ainda permanecia em seu templo, mas um relato do {{séc|X}} diz que estava nesta época em Constantinopla.<ref>Richter, Gisela. ''Sculpture and Sculptors of the Greeks''. Yale University Press, 1950. p. 220</ref> A ''Atena Partenos'' foi copiada várias vezes, e é possível ter uma vaga ideia da original através da ''Atena Varvakeion'', do {{+séc|II}}, hoje no [[Museu Arqueológico Nacional de Atenas]], uma reprodução muito reduzida, mecânica e de escasso mérito artístico, mas considerada junto com a ''Atena Lenormant'', no mesmo museu, a mais fiel de quantas há.<ref>Robinson, Edward. [http://books.google.com/books?id=1nInphF4pk8C&pg=PA125&dq=Varvakeion&lr=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA72,M1 ''Catalogue of Works of Art Exhibited on the First Floor: Sculpture and Antiquities'']. Boston: Museum of Fine Arts, sd. pp. 72-73</ref> Uma imitação da Partenos em escala menor, mas ainda colossal, foi instalada na cidade de [[Priene]], para adornar o templo local da deusa.<ref>Jenkins, Ian & Morton, Kate. [http://books.google.com/books?id=dLego4eAgZUC&pg=PA79&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA25,M1 ''Greek architecture and its sculpture'']. Harvard University Press, 2006. p. 25</ref> Outras cópias foram executadas sob forma de relevos, moedas e oferendas votivas em miniatura (são conhecidas cerca de 70). Reproduções em escala humana estão no [[Museu do Louvre]],<ref>[http://cartelen.louvre.fr/cartelen/visite?srv=car_not_frame&idNotice=809 ''Athéna armée du type "Athéna Parthénos"'']. Louvre Website</ref> e outra no [[Museu Nacional Romano]] (muito restaurada e alterada). Seu escudo foi preservado em uma cópia romana fragmentária do {{+séc|III}}, que se encontra no [[Museu Britânico]],<ref>[http://www.britishmuseum.org/explore/highlights/highlight_objects/gr/f/fragment_of_a_marble_shield.aspx ''Fragment of a marble shield'']. The British Museum website</ref> e outro fragmento de cópia se preserva em [[Patras]].<ref>[http://books.google.com/books?id=gA81kINAI9cC&pg=RA1-PA109&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PRA1-PA264,M1 Neils, Jenifer. p. 264]</ref> Uma reconstrução moderna da ''Atena'' em seu tamanho original foi feita em [[Nashville (Tennessee)|Nashville]] pelo escultor Alan LeQuire, e inaugurada em 1990. O projeto foi orientado pelas respeitadas pesquisadoras de arte grega [[Brunilde Ridgway]] e Evelyn Harrison.<ref>[http://www.nashville.gov/Parthenon/Athena/index.asp Athena'']. Website do Metropolitan Government of Nashville and Davidson County, Tennessee</ref><ref>Tsakirgis, Barbara. [www.apaclassics.org/outreach/amphora/2003/amphora2.1.pdf ''The Nashville Athena: Rebirth of a Goddess'']. In ''Amphora''. American Philological Association. Vol. 2. nº II, primavera de 2003. p. 6</ref>
[[Imagem:Musei capitolini (Roma) - Amazzone 1.jpg|thumb|esquerda|150px|''Amazona ferida'', cópia romana bastante restaurada. A cabeça pode ser cópia de um original de Policleto.]]
 
Plutarco disse que a reputação de Fídias e sua ligação com Péricles lhe trouxeram inimigos, que o acusaram de ter sacrilegamente representado a si mesmo nos relevos do escudo da deusa, segurando um retrato de Péricles, e de subtrair parte do ouro reservado para o revestimento da obra; teria sido preso e morto por isso, o que contradiz a evidência de que ele logo depois trabalhou em Olímpia.<ref>[http://books.google.com/books?id=XoCNQwkNsLAC&pg=PA55&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA54,M1 In Pollitt, Jerome (1990). p. 53-54]</ref> Desde o {{séc|XIX}} a crítica tem considerado sua culpa improvável; Péricles já o havia defendido em seu tempo, desafiando os acusadores a pesar o ouro, e parece difícil crer, como pensava Charles Waldstein, que o escultor, se tivesse sido realmente considerado um ladrão e um ímpio, fosse mais tarde recebido com honras em [[Olímpia]] para criar uma outra estátua colossal para o templo de [[Zeus]], um dos mais célebres da Grécia Antiga.<ref>[http://books.google.com/books?id=M4I5rfFJXOIC&pg=PA317&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA62,M1 Waldstein, Charles. p. 62]</ref> Parece então provável que na impossibilidade de atacar Péricles diretamente, seus inimigos procurassem prejudicar seus associados.<ref>[http://books.google.com/books?id=lKcOAAAAQAAJ&pg=PA107&dq=pheidias&lr=&as_drrb_is=q&as_minm_is=0&as_miny_is=&as_maxm_is=0&as_maxy_is=&as_brr=3&as_pt=ALLTYPES&hl=pt-BR#PPA107,M1 Podlecki, Anthony J. p. 107]</ref>