Complexo de vira-lata: diferenças entre revisões

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=== Análise de Humberto Mariotti ===
Sob a [[análise]] efetuada por [[Humberto Mariotti (escritor)|Humberto Mariotti]],<ref name="Mariotti"/> o brasileiro, por ainda não ter atingido o estágio de ''knowledge worker'' preconizado na [[década de 1950]] por [[Peter Drucker]] (no qual o trabalhador domina o [[conhecimento]] e se torna menos suscetível aos efeitos devastadores do [[desemprego]]), contenta-se com pouco e sente-se satisfeito quando recebe alguma atenção por parte das autoridades. Esta auto-desqualificação já teria atravessado o [[Oceano Atlântico|Atlântico]] e chegado a [[Portugal]], onde, segundo Mariotti, "''trabalhador brasileiro é sinônimo de [[garçom]] ou [[Pedreiro|peão]] de [[construção civil]]. Nossa única [[profissão]] exportável, mesmo assim não qualificada pela educação formal é, como todos sabem, a de futebolista''".
 
Para Mariotti, vencer este [[complexo de inferioridade]], reforçado pelos sucessivos [[escândalo]]s de [[corrupção]] nos quais o [[governo brasileiro]] esteve envolvido nas últimas décadas, só poderá ser satisfatoriamente resolvido através da [[educação]]. Todavia, contrariamente a outros, não encara a raiz do problema num alegado deslumbramento brasileiro perante a cultura estrangeira ([[França|francesa]] até as primeiras décadas do [[século XX]] e [[Estados Unidos|estadunidense]] daí em diante). Para Mariotti, a baixa [[auto-estima]] nacional provocaria uma reação contrária, de supervalorização da cultura nacional, que se encapsularia em si mesma, e rejeitaria o que vem de fora: "''No Brasil, e não só aqui, o [[nacionalismo]] cultural inclui a aversão à leitura, e sobretudo àquilo que muitos consideram a mais execrável de todas as atividades: pensar, refletir e discutir ideias com outros também dispostos a fazer isso.''"<ref name="Mariotti"/>
 
Mariotti conclui afirmando: "''Como todo [[reducionismo]], esse também produz resultados [[Obscurantismo|obscurantistas]]. Essa limitação nos leva, por exemplo, a imitar o que a cultura americana tem de pior (a [[massificação]], a competição predatória, o imediatismo) e a não procurar aprender e praticar o que ela tem de melhor (a pontualidade, a [[objetividade]], a pouca [[burocracia]])''".
 
=== Análise de Vicente Palermo ===
Em seu livro ''La alegría y la pasión: Relatos brasileños y argentinos en perspectiva comparada'' (2015),<ref>{{citar livro|título= La alegría y la pasión: Relatos brasileños y argentinos en perspectiva comparada|autor= Vicente Palermo|url= https://books.google.com.br/books?id=fUv_CgAAQBAJ&pg=PA39&lpg=PA39&dq=%22Darcy+Ribeiro%22;+%22Complexo+de+vira-lata%22&source=bl&ots=CJisz-jZlm&sig=OQLEjjytbFzqy9uPCUBB-glXPOM&hl=pt-BR&sa=X&ved=0ahUKEwiikff00NbZAhWIW5AKHWwgDLY4ChDoAQg5MAQ#v=onepage&q=%22Darcy%20Ribeiro%22%3B%20%22Complexo%20de%20vira-lata%22&f=false|página= 38–39|ano= 2015|publicado= Katz Editores|isbn= 9789874001009}}</ref> o [[Ciência política|cientista político]] e [[Ensaio (literatura)|ensaista]] argentino {{ill|es|Vicente Palermo}}, afirma que existe de certo modo, uma ambiguidade entre o conceito de inferioridade auto-atribuído pela sociedade em geral e a visão otimista dos governantes e classes mais abastadas. Citando o [[Sociologia|sociólogo]] [[Florestan Fernandes]] em sua análise, o ensaísta afirma que o ''complexo de vira-lata'' vem se desfazendo, como resultado da pluralidade social e a gradual diminuição do velado preconceito que sempre existiu na sociedade brasileira. Cita ainda o [[Antropologia|antropólogo]] e [[escritor]] [[Darcy Ribeiro]], que atribuía à sociedade brasileira "um [[Sincretismo|sincretismo cultural]] que valoriza a origem mestiça". Palermo, por fim, cita o [[jornalista]] e [[Diretor de cinema|cineasta]] [[Arnaldo Jabor]]:
 
{{cquote|Fisiológicos seculares, patrimonialistas, teimosos, arrogantes, malandros, ignorantes, prepotentes, apenas nos resta pensar: o que nos falta desaprender para chegar a um ideal de país? Como faremos para chegar ao futuro de uma desilusão? Quantas décadas levaremos para desaprender toda a estupidez que cultivamos durante 400 anos? <ref>''[[O Globo]]'', 20 de janeiro de 2001</ref>}}
 
== Reproduções extemporâneas ==