História da China: diferenças entre revisões

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{{artigo principal|[[Período dos reinos combatentes]]}}
 
Até o momento do [[Período dos Reinos Combatentes]], durante os séculos V e III a.C., havia sete poderosos [[Estado]]s [[Soberania|soberanos]] no que é agora é a atual China, cada um com seu próprio rei, ministério e exército.<ref>{{Citar web|url=http://www.sjsu.edu/faculty/watkins/warringstates.htm|título=The Warring States Period of Ancient China 480 BCE to 221 BCE|publicado=[[Universidade Estadual de San José]]|acessodata=22 de outubro de 2012}}</ref>
Após um processo de consolidação política, restavam, no final do [[século V a.C.]], sete Estados proeminentes. A fase durante a qual estas poucas entidades políticas combateram umas contra as outras é conhecida como o [[Período dos Reinos Combatentes]]. Durante a época dos Estados Combatentes. Os sete principados que disputaram a supremacia neste período eram: [[Zhao]], Wei, Han, Qin, Qi, Yan e Chu.
 
=== China Imperial ===
A figura de um rei zhou continuou a existir até [[256 a.C.]], mas apenas como chefe nominal, sem poderes concretos. A fase final deste período começou durante o reinado de [[Qin Shihuang|Ying Zheng]], rei de Qin. Após lograr a unificação dos outros seis Estados e anexar outros territórios nos atuais [[Zhejiang]], [[Fujian]], [[Guangdong]] e [[Guangxi]] em [[214 a.C.]], proclamou-se o primeiro [[imperador da China|Imperador]] (Qin Shi Huangdi).
[[Imagem:Terracotta pmorgan.jpg|thumb|Alguns dos milhares de [[Exército de terracota|guerreiros de terracota]] em tamanho real da [[dinastia Qin]] (ca. 210 a.C.)]]
 
{{Artigo principal|Império Chinês|Imperador da China}}
[[Ficheiro:Qinshihuang.jpg|thumb|140px|left|[[Qin Shihuang]], primeiro imperador da China.]]
O primeiro Estado unificado chinês foi estabelecido por [[Qin Shi Huang]], do [[Qin (estado)|Estado Qin]], em 221 a.C. Qin proclamou-se o "Primeiro Imperador" (始 皇帝) e impôs muitas reformas em toda a nação, principalmente a normalização forçada da [[língua chinesa|língua]], medidas, comprimento de eixos e da moeda chinesa. A [[Dinastia Qin]] durou apenas quinze anos, caindo logo após a morte de Qin Shi Huang, que com o duro [[Legalismo (filosofia chinesa)|legalismo]] e políticas autoritárias levou a uma rebelião generalizada no país.<ref name="Bodde1986">Bodde, Derk. (1986). "The State and Empire of Ch'in", in ''The Cambridge History of China: Volume I: the Ch'in and Han Empires, 221 B.C. – A.D. 220''. Edited by Denis Twitchett and Michael Loewe. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-24327-0.</ref><ref name=Lewis2007>{{cite book|title=The Early Chinese Empires: Qin and Han|first=Mark Edward|last=Lewis|publisher=Belknap Press|location=London|year=2007|isbn=978-0-674-02477-9}}</ref>
 
A subsequente [[Dinastia Han]] governou a China entre 206 a.C. e 220 d.C. e criou uma duradoura [[Han (etnia)|identidade cultural]] entre a população, fator que resiste até os dias atuais.<ref name=Bodde1986/><ref name=Lewis2007/> Essa dinastia [[História da Dinastia Han|expandiu consideravelmente o território do império]] através de campanhas militares que atingiram [[Coreia]], [[Vietnã]], [[Mongólia]] e [[Ásia Central]], além de também ter ajudado a criar a [[Rota da Seda]] no centro da Ásia. A China foi por grande parte dos últimos dois milênios a maior economia do mundo. No entanto, na parte final da Dinastia Qing, o desenvolvimento econômico chinês começou a declinar e o rápido desenvolvimento da [[Europa]] durante a [[Revolução Industrial]] permitiu-lhe ultrapassar a nação chinesa (ver [[Grande Divergência]]).<ref>{{Citar web|url=http://www.eric.ed.gov/ERICWebPortal/custom/portlets/recordDetails/detailmini.jsp?_nfpb=true&_&ERICExtSearch_SearchValue_0=ED460052&ERICExtSearch_SearchType_0=no&accno=ED460052 |título=Dahlman, Carl J; Aubert, Jean-Eric. ''China and the Knowledge Economy: Seizing the 21st century''|publicado=World Bank Publications via Eric.ed.gov|acessodata=22 de outubro de 2012}}</ref>
==China Imperial==
=== Dinastia Qin (221 — 206 a.C.) ===
{{artigo principal|[[Dinastia Qin]]}}
 
[[Imagem:The Great Wall of China at Jinshanling.jpg|thumb|esquerda|A [[Grande Muralha da China]] foi construída por várias dinastias ao longo de dois mil anos para proteger as regiões agrícolas sedentárias do interior chinês de incursões de [[pastor]]es [[Nomadismo|nômades]] das [[estepe]]s do norte.]]
Os historiadores costumam denominar de China Imperial o período entre o início da [[Dinastia Qin]] ([[século III a.C.]]) e o fim da [[Dinastia Qing]] (no começo do [[século XX]]). Em 230 a.C, o [[Estado Quin]] iniciou as várias campanhas que levaram à unificação da China. Os outros estados formaram alianças para tentarem impedir o seu avanço, e em 227 a.C. houve uma tentativa de assassinato do rei [[Zheng|Qin Shi Huangdi]]. Os esforços de resistência fraquejaram e em 221 a.C o rei Zheng do estado Qin assumiu o título de Qin Shi Huangdi, primeiro imperador da Dinastia Qin.<ref>Roberts, John A. G., ''History of China'' (título original), Palgrave MacMillan, 1999 (primeira edição), 2006 (segunda edição), ISBN 978-989-8285-39-3, pág 54</ref> Embora seu reinado sobre uma China unificada tenha durado apenas doze anos, o [[Qin Shihuang|imperador qin]] logrou subjugar grande parte do que se constitui no cerne das terras [[Etnia han|hans]] chinesas e uni-las sob um governo altamente centralizado com sede em Xianyang (a atual [[Xian]]). A doutrina do [[legalismo]], pela qual se orientava o imperador, enfatizava a observância estrita de um código legal e o poder absoluto do monarca. Tal filosofia, embora muito eficaz para expandir o império pela força, mostrou-se inservível para governar em tempo de paz. Os qins promoveram o silenciamento brutal da oposição política, cuja epítome foi o incidente conhecido como a [[Queima de livros e sepultura de intelectuais|queima de livros e o sepultamento de acadêmicos]] (vivos).
 
Após o colapso dos Han, um outro período de desunião seguiu-se, que incluiu a época chamada de [[Três Reinos]].<ref>Whiting, Marvin C., (2002). ''Imperial Chinese Military History.'' iUniverse. ISBN 0-595-22134-3</ref> Os Estados independentes chineses deste período, como o [[Wu Oriental]], estabeleceram relações diplomáticas com o [[Japão]],<ref>Jacques Gernet, (1996). ''A history of Chinese civilization.'' Cambridge University Press. ISBN 0-521-49781-7. p.198</ref> introduzindo o sistema de escrita chinês por lá. Em 581, a China foi reunificada sob o governo da [[Dinastia Sui]].<ref>Denis Crispin Twitchett, Michael Loewe, John King Fairbank, (1986). ''The Cambridge history of China, Volume 1.'' Cambridge University Press. ISBN 0-521-24327-0. p.375</ref> No entanto, essa dinastia recuou após sua derrota na [[Guerra Goguryeo-Sui]] (598-614).<ref>Ki-Baik Lee, (1984). ''A new history of Korea.'' Harvard University Press. ISBN 978-0-674-61576-2. p.47</ref><ref>David Andrew Graff, (2002). ''Medieval Chinese warfare, 300–900.'' Routledge. ISBN 0-415-23955-9. p.13</ref>
A Dinastia Qin é famosa por ter iniciado a [[Grande Muralha da China]], que foi posteriormente ampliada e aperfeiçoada durante a [[Dinastia Ming]]. Incluem-se entre as demais contribuições dos qin a unificação do [[direito]], da [[caracteres chineses|linguagem escrita]] e da [[moeda]] da China, bem-vindas após as tribulações dos períodos da Primavera e do Outono e dos Reinos Combatentes. Até mesmo algo tão prosaico como o comprimento dos eixos das carroças teve que ser uniformizado de modo a permitir um sistema comercial viável que abrangesse todo o império.
 
Durante as dinastias [[Dinastia Tang|Tang]] e [[Dinastia Song|Song]], a tecnologia e a cultura chinesa entraram em uma [[idade de ouro]].<ref>Adshead, S. A. M. (2004). ''T'ang China: The Rise of the East in World History''. New York: Palgrave Macmillan, ISBN 1-4039-3456-8</ref> O Império Tang esteve no auge do poder até meados do século VIII, quando a [[Rebelião de An Lushuan]] destruiu a prosperidade do reino.<ref>City University of HK Press, (2007). ''China: Five Thousand Years of History and Civilization''. City University of HK Press. ISBN 962–937–140–5. p.71</ref> A dinastia Song foi o primeiro governo na história do mundo a emitir [[papel-moeda]] e a primeira entidade política chinesa a estabelecer uma [[marinha]] permanente. Entre os séculos X e XI, a população da China dobrou de tamanho. Esse crescimento se deu por meio do cultivo de [[arroz]], expandido na China central e austral, e à produção de excedentes abundantes de alimentos.<ref name="Império Chinês">Paludan, Ann (1998). ''Chronicle of the Chinese Emperors''. London: Thames & Hudson, ISBN 0-500-05090-2. p. 136.</ref>
=== Dinastia Han (202 a.C. — 220 d.C.) ===
{{AP|Dinastia Han}}
{{VT|História da Dinastia Han}}
 
Dentro das suas fronteiras, a dinastia Song do Norte tinha uma população de cerca de 100 milhões de habitantes. O governo dessa dinastia foi um período culturalmente rico para a filosofia e as artes da nação. A [[pintura de paisagem]] e de [[retrato]] foram trazidas para novos níveis de maturidade e complexidade após o reinado dos Tang e as elites sociais se reuniram para apreciar e partilhar a sua própria arte, além de negociar obras preciosas. Filósofos como [[Cheng Yi]] e [[Zhu Xi]] revigoraram o [[confucionismo]], infundido ideais [[Budismo|budistas]], e destacaram uma nova organização de textos clássicos que levaram à doutrina central do [[neoconfucionismo]].<ref name="Império Chinês"/>
A Dinastia Han emergiu em [[202 a.C.]], como a primeira a adotar a filosofia do [[confucionismo]], que se tornou a base [[ideologia|ideológica]] de todos os regimes chineses até o fim da China Imperial. Durante esta fase dinástica, a China logrou grandes avanços nas artes e nas ciências. O [[Wudi|Imperador Wu]] consolidou e ampliou o império ao expulsar os ''[[xiongnu]]s'' (que alguns identificam com os [[hunos]]) para as [[estepe]]s do que é hoje a [[Mongólia Interior]], tomando-lhes o território correspondente às atuais províncias de [[Gansu]], [[Ningxia]] e [[Qinghai]]. Isto permitiu abrir as primeiras ligações comerciais entre a China e o [[Mundo ocidental|Ocidente]]: a [[Rota da Seda]].
 
Em 1271, o líder [[Mongóis|mongol]] e quinto [[Khagan]] do [[Império Mongol]], [[Kublai Khan]], estabeleceu a [[Dinastia Yuan]], com o último remanescente da Dinastia Song caindo para os Yuan em 1279. Antes da [[Invasão mongol da Ásia Central|invasão mongol]], as dinastias chinesas teriam tido cerca de 120 milhões de pessoas sob seu comando; após a conquista ter sido concluída em 1279, o censo de 1300 estimou cerca de 60 milhões de habitantes.<ref>Ping-ti Ho, "An Estimate of the Total Population of Sung-Chin China", in ''Études Song'', Series 1, No 1, (1970) pp. 33–53.</ref>
Entretanto, as aquisições de terras pelas elites gradualmente causaram uma crise tributária. Em [[9]] d.C., o usurpador [[Wang Mang]] fundou a breve [[Dinastia Xin]] ("nova") e deu início a um amplo programa de [[reforma agrária|reformas agrária]] e econômica. As famílias proprietárias de terras jamais apoiaram as reformas, que favoreciam os [[camponês|camponeses]] e a pequena nobreza, e a instabilidade causada por sua oposição levou ao caos e a rebeliões.
 
[[Imagem:L1020964.JPG|thumb|direita|A [[Cidade Proibida]], em [[Pequim]], foi o [[palácio]] imperial chinês desde meados da [[Dinastia Ming]] até ao fim da [[Dinastia Qing]]. Atualmente o local é considerado [[Patrimônio Mundial]] pela [[UNESCO]].<ref name="UNESCO">{{citar web|url=http://whc.unesco.org/en/list/439|titulo=UNESCO Lista do Património da Humanidade: Palácios Imperiais das Dinastias Ming e Qing em Pequim e Shenyang|publicado=[[UNESCO]]|acessodata=04 de maio de 2007}}</ref>]]
O Imperador [[Guangwu]] reinstituiu a Dinastia Han, sediada agora em [[Luoyang]], próximo a [[Xian]], com o apoio das famílias proprietárias e mercantis. Alguns denominam este período [[Dinastia Han Oriental]]. O poder dos hans declinou em meio a aquisições de terras, invasões e rixas entre clãs consortes (isto é, clãs a que pertenciam a consorte do imperador) e [[eunuco]]s. A Rebelião do Turbante Amarelo, protagonizado pelos camponeses, estalou em [[184]] e resultou numa era de chefes guerreiros. No caos subseqüente, três Estados buscaram a preeminência durante o chamado Período dos [[Três Reinos]].
 
Um camponês chamado [[Zhū Yuánzhāng]] derrubou a Dinastia Yuan em 1368 e fundou a [[Dinastia Ming]].<ref>{{Citar web|url=http://www.travelchinaguide.com/intro/history/ming.htm|título=Ming Dynasty|publicado=TravelChinaGuide.com|acessodata=9 de dezembro de 2012}}</ref> Sob essa dinastia, a China entraria em outra era de ouro, com o desenvolvimento de uma das mais fortes marinhas do mundo e uma economia rica e próspera em meio a um florescimento artístico e cultural. Foi durante este período que [[Zheng He]] liderou explorações em todo o mundo, chegando até ao [[África|continente africano]]. Nos primeiros anos da dinastia Ming, a capital da China foi transferida de [[Nanquim]] para [[Pequim]].<ref name="Ming">{{Citar web| url=http://www.guardian.co.uk/world/2010/jul/25/kenya-china | obra=The Guardian | primeiro=Xan | último=Rice | título=Chinese archaeologists' African quest for sunken ship of Ming admiral | data=25 de julho de 2010}}</ref>
=== Dinastia Jin ===
 
Durante a Dinastia Ming, pensadores como [[Wang Yangming]] criticaram e ampliaram o neoconfucionismo através dos conceitos do [[individualismo]] e da [[moralidade]] inata, o que teria um impacto enorme sobre o posterior pensamento japonês. A [[Dinastia Joseon|Coreia Joseon]] também se tornou um Estado [[Vassalagem|vassalo]] da China Ming e adotou a maior parte de sua estrutura burocrática neoconfucionista.<ref name="Ming"/>
Embora os três grupos tenham sido temporariamente unificados em [[278]] pela [[Dinastia Jin]], os [[grupo étnico|grupos étnicos]] não-[[etnia han|hans]] controlavam boa parte do país no início do [[século IV]] e provocaram [[migração|migrações]] de hans em grande escala para a margem sul do [[Rio Yangtzé|YangTzé]]. Em [[303]], o povo ''di'' revoltou-se, capturou [[Chengdu]] e estabeleceu o Estado de Cheng Han. Os ''[[xiongnu]]s'', chefiados por Liu Yuan, rebelaram-se também e fundaram o Estado de Han Zhao. Seu sucessor, Liu Cong, capturou e executou os dois últimos imperadores jins ocidentais. O Período dos Dezesseis Reinos assistiu a uma pletora de breves dinastias não-chinesas que, a partir de 303, governaram o norte da China. Os grupos étnicos ali presentes incluíam os ancestrais dos [[turcos]], [[mongóis]] e [[tibetano]]s. A maioria daqueles povos [[nômade]]s, relativamente pouco numerosos, já havia sido achinesada muito antes de sua ascensão ao poder. Na verdade, alguns deles, em especial os chiangs e os ''xiongnus'', já habitavam as regiões de fronteira no interior da [[Grande Muralha]] desde o final da [[Dinastia Han]], com o consentimento desta.
 
Em 1644, Pequim foi saqueada por uma coalizão de forças rebeldes lideradas por [[Li Zicheng]], um oficial Ming inferior que liderou a revolta camponesa. O último imperador Ming, [[Chongzhen]], cometeu suicídio quando a cidade caiu. A [[Dinastia Qing]], de origem [[manchu]], então aliou-se ao general Ming [[Wu Sangui]] e derrubou a dinastia Shun, de Li, e depois assumiu o controle de Pequim, que se tornou a nova capital dos Qing. No total, o custo da conquista manchu da China foi de mais de 25 milhões de vidas.<ref>John M. Roberts (1997). ''[http://books.google.cz/books?id=3QZXvUhGwhAC&pg=&dq&hl=en#v=onepage&q=&f=false A Short History of the World]''. Oxford University Press. p.272. ISBN 019511504X.</ref>
=== Dinastia Sui: reunificação ===
{{artigo principal|[[Dinastia Sui]]}}
 
=== Declínio dinástico e guerras ===
A Dinastia ''Sui'' logrou reunificar o país em [[581]], após quase quatro séculos de fragmentação política na qual o norte e o sul se desenvolveram independentemente. Do mesmo modo que os soberanos [[Dinastia Chin|qin]] haviam unificado a China após o Período dos Reinos Combatentes, os ''suis'' uniram o país e criaram diversas instituições que terminaram por ser adotadas por seus sucessores, os ''[[Dinastia Tang|tangs]]''. Da mesma forma que os qins, porém, os ''suis'' sobrecarregaram seus recursos e caíram.
[[Imagem:Destroying Chinese war junks, by E. Duncan (1843).jpg|thumb|esquerda|[[Junco (barco)|Juncos]] chineses sob bombardeio britânico durante a [[Guerra do Ópio]].]]
 
A [[Dinastia Qing]], que durou até 1912, foi a última dinastia imperial da China. No século XIX, essa linhagem adotou uma postura defensiva em relação ao [[Império colonial|imperialismo europeu]], embora estivesse envolvida em uma expansão imperialista particular para a Ásia Central. Neste momento, o país começou a perceber a importância do resto do mundo, em particular do [[Mundo ocidental|Ocidente]]. Como a China se abriu ao [[comércio exterior]] e à atividade [[missionária]], o [[ópio]] produzido pela [[Índia britânica]] foi forçado a entrar no Império Qing. Duas [[Guerras do Ópio]] com a [[Império Britânico|Grã-Bretanha]] enfraqueceram o controle do Imperador. O [[imperialismo]] ocidental revelou-se desastroso para o país:
=== Dinastia Tang: o retorno da prosperidade ===
 
{{quote2|O fim da Guerra do Ópio marcou o início do imperialismo ocidental na China. Tratados desiguais, impostos no final da guerra, forçaram a China a ceder Hong Kong, abrir 'Tratados dos Portos' para o comércio exterior, pagar indenizações a seus vencedores e permitir que os estrangeiros que vivessem e trabalhassem em solo chinês ficassem livres da jurisdição da lei local (extraterritorialidade). Ao longo dos anos, novas guerras com as potências ocidentais expandiram essas imposições sobre a soberania nacional da China, que culminou com o [[Tratado de Shimonoseki]], que encerrou o [[Primeira Guerra Sino-Japonesa|Guerra Sino-Japonesa de 1894-95]].|<ref>Ainslie Thomas Embree, Carol Gluck (1997). ''[http://books.google.cz/books?id=Xn-6yMhAungC&pg=&dq&hl=en#v=onepage&q=&f=false Asia in Western and World History: A Guide for Teaching]''. M.E. Sharpe. p.597. ISBN 1563242656.</ref>}}
Em [[18 de junho]] de [[618]], [[Gaozu]] tomou o poder e estabeleceu a [[Dinastia Tang]]. Iniciou-se então uma era de prosperidade e inovações nas artes e na tecnologia. O [[budismo]], que se havia instalado gradualmente na China a partir do [[século I]], tornou-se a [[religião]] predominante e foi adotada pela família imperial e pelo povo.
 
[[Imagem:Regaining the Provincial Capital of Ruizhou.jpg|thumb|280px|direita|Uma pintura do século XIX da [[Rebelião Taiping]] de 1850–1864.]]
Os ''tangs'', da mesma forma que os [[han]]s, mantiveram abertas as rotas comerciais para o [[mundo ocidental|Ocidente]] e para o sul; diversos comerciantes estrangeiros fixaram-se na China.
 
O enfraquecimento do regime Qing e a humilhação aparente dos tratados desiguais aos olhos do povo chinês levou à crescente desordem social doméstica. No final de 1850, o sul chinês entrou em ebulição com a [[Rebelião Taiping]], uma violenta [[guerra civil]] que durou até 1864. A rebelião foi liderada por [[Hong Xiuquan]], que foi parcialmente influenciado por uma interpretação [[Idiossincrasia|idiossincrática]] do [[cristianismo]]. Hong acreditava ser ele o filho de Deus e o irmão mais novo de [[Jesus]]. Embora as forças de Qing tenham sido vitoriosas, essa guerra civil foi uma das mais sangrentas da [[história da humanidade]], custando pelo menos 20 milhões de vidas (mais do que o número total de mortes da [[Primeira Guerra Mundial]]), com algumas estimativas chegando até 40 milhões de mortos. Outras rebeliões custosas seguiram a Rebelião Taiping, como Guerras do Clã Punti-Hakka (1855-1867), [[Rebelião Nien]] (1851-1868), Rebelião Miao (1854-1873), [[Revolta dos Panthay]] (1856-1873) e a [[Revolta Dungan]] (1862-1877).<ref>Jenks, R.D. Insurgency and Social Disorder in Guizhou: The Miao ‘Rebellion’, 1854–1873. Honolulu: University of Hawaii Press. 1994.</ref><ref>Cf. William J. Peterson, ''The Cambridge History of China Volume 9'' (Cambridge University Press, 2002)</ref>
A partir de cerca de [[860]], a Dinastia Tang começou a declinar, devido a uma série de rebeliões internas e de revoltas de Estados clientes. Um chefe guerreiro, [[Huang Chao]], capturou [[Guangzhou]] em [[879]] e executou a maioria dos seus 200.000 habitantes. Em [[880]], [[Luoyang]] caiu-lhe nas mãos e, em [[881]], [[Changan]]. O Imperador [[Xizong]] fugiu para [[Chengdu]] e Huang estabeleceu um governo que, embora posteriormente destruído por forças ''tangs'', lançou o país num novo período de caos político.
 
Cada uma dessas rebeliões resultou em uma perda estimada de vários milhões de vidas e teve um impacto devastador sobre a já frágil economia do país.<ref>Damsan Harper, Steve Fallon, Katja Gaskell, Julie Grundvig, Carolyn Heller, Thomas Huhti, Bradley Maynew, Christopher Pitts. Lonely Planet China. 9. 2005. ISBN 1-74059-687-0</ref><ref name=chineseciv>Gernet, Jacques. A History of Chinese Civilization. 2. New York: Cambridge University Press, 1996.</ref><ref>Perry, Elizabeth. Rebels and Revolutionaries in Northern China, 1845–1945 (Stanford, CA: Stanford UP, 1980).</ref> O fluxo do ópio britânico apressou ainda mais a queda do império. No século XIX, a era do [[colonialismo]] estava no auge e a grande [[diáspora]] chinesa começou, sendo que hoje cerca de 35 milhões de chineses vivem no [[sudeste da Ásia]].<ref>[http://www.managementtoday.co.uk/news/648273/ The world's successful diasporas]. Management Today. 3 de abril de 2007.</ref> As taxas de [[emigração]] foram reforçadas por catástrofes nacionais, como a Fome do Norte da China de 1876-1879, que custou entre 9 e 13 milhões de vidas.<ref>[http://www.fao.org/docrep/U8480E/U8480E05.htm Dimensions of need – People and populations at risk]. ''Food and Agriculture Organization of the United Nations'' (FAO).</ref> De 108 a.C. até 1911, a China passou por {{fmtn|1828}} períodos de fome<ref>{{citar web |url=http://press.princeton.edu/chapters/s8857.html |autor=Ó Gráda, C. |título=Famine: A Short History |editor=[[Universidade de Princeton]] |acessodata=14 de janeiro de 2013}}</ref> (um por ano) em algum lugar do território do império.<ref>{{citar web |url=http://www.jstor.org/pss/3014847 |título=China: Land of Famine |editor=Journal of the Royal Institute of International Affairs |acessodata=11 de janeiro de 2013}}</ref>
=== Cinco dinastias e dez reinos ===
{{artigo principal|[[Período das Cinco Dinastias e dos Dez Reinos]]}}
 
[[Imagem:Great Rear Attack by Our Second Army at Weihaiwei.jpg|thumb|230px|esquerda|Na [[Primeira Guerra Sino-Japonesa|Guerra Sino-Japonesa de 1894-1895]], que foi disputada pela influência na Coreia, as tropas japonesas derrotaram as forças da [[Dinastia Qing]].]]
Ao interregno entre a ''[[Dinastia Tang]]'' e a ''[[Dinastia Sung]]'', caracterizado pela fragmentação política, dá-se o nome de [[Período das Cinco Dinastias e dos Dez Reinos]]. Com duração de pouco mais de meio século, entre [[907]] e [[960]], esta fase histórica viu a China tornar-se uma pluralidade de estados. Cinco regimes sucederam-se rapidamente no controle do tradicional coração territorial do país, no norte, enquanto que dez regimes mais estáveis ocupavam porções do sul e do oeste da China.
 
Enquanto a China era destruída por contínuas guerras, o [[Era Meiji|Japão Meiji]] conseguia rapidamente modernizar suas forças armadas e definir suas ambições sobre a conquista da [[Coreia]] e da [[Manchúria]]. A pedido do imperador coreano, o governo Qing enviou tropas para ajudar a suprimir a Rebelião Tonghak em 1894. No entanto, o Japão também enviou tropas para a Coreia, levando à [[Primeira Guerra Sino-Japonesa]], o que resultou no fim da influência da China Qing na [[península coreana]], bem como a cessão de [[Ilha Formosa|Taiwan]] (incluindo as [[Ilhas Pescadores]]) para o Japão em 1895.<ref>{{Citar web|url=http://www.britannica.com/EBchecked/topic/546176/Sino-Japanese-War|título=Sino-Japanese War (1894-95)|obra=[[Encyclopaedia Britannica]]|acessodata=12 de novembro de 2012}}</ref>
=== Divisão política: os liaos, os sungs, os xias ocidentais, os jins ===
 
Após esta série de derrotas, [[Reforma dos Cem Dias|um plano de reforma]] para o império para se tornar uma moderna [[monarquia constitucional]] ao estilo Meiji foi elaborado pelo imperador [[Guangxu]] em 1898, mas encontrou resistência e foi parado pela imperatriz [[Tseu-Hi]], que colocou imperador sob [[prisão domiciliar]] em um [[golpe de Estado]]. O malfadado [[levante dos boxers]] de 1898-1901, cujo principal alvo eram os ocidentais em Pequim, resultou em cerca de 115 mil mortes.<ref>{{Citar web|url=http://rissc.jo/books/en/005-Body-Count-Violence-Civilizations.pdf|título=Body Count: a quantitative review of political violence across world civilizations|autor=Naveed S. Sheikh|ano=2009|publicado=RISSC|acessodata=29 de outubro de 2012}}</ref>
[[Ficheiro:East-Hem 1200ad.jpg|thumb|Mapa da [[Eurásia]] em cerca de 1200, anteriormente às [[invasões mongóis]].]]
 
No início do século XX, uma massiva desordem civil havia começado e apelos por reformas e revolução eram ouvidos em todo o país. O imperador Guangxu de 38 anos de idade morreu em prisão domiciliar em 14 de novembro de 1908, curiosamente um dia antes antes da morte da própria Tseu-Hi. Com o trono vazio, ele foi sucedido pelo herdeiro escolhido a dedo pela imperatriz, seu sobrinho de dois anos de idade [[Pu Yi]], que se tornou o imperador [[Xuantong]]. A [[Rainha consorte|consorte]] de Guangxu tornou-se a imperatriz viúva Longyu. Em outro golpe de Estado em 1912, [[Yuan Shikai]] derrubou Pu Yi e forçou Longyu a assinar o decreto de abdicação como regente, terminando mais de dois mil anos de domínio imperial na China. Longyu morreu, sem filhos, em 1913.<ref>{{Citar web|primeiro= |último= |autorlink= |coautores= |título=Pu Yi, Last Emperor of China And a Puppet for Japan, Dies. Enthroned at 2, Turned Out at 6, He Was Later a Captive of Russians and Peking Reds. |url=http://select.nytimes.com/gst/abstract.html?res=FA0E10F93E5B107B93CBA8178BD95F438685F9 |agency=Associated Press in [[New York Times]] |data=19 de outubro de 1967 |acessodata=21 de julho de 2007}}</ref>
Em 960, a [[Dinastia Sung]] (960-1279) logrou controlar a maior parte da China e escolheu [[Kaifeng]] para sua capital, dando início a um período de prosperidade econômica, enquanto que a [[Dinastia Liao]] dos khitans governava a [[Manchúria]] e a [[Mongólia]]. Em 1115, subiu ao poder a [[Dinastia Jin (1115-1234)]], dos jurchens<ref>Não confundir esta Dinastia Jin, dos jurchens, com as outras três homônimas que governaram a China em diferentes períodos.</ref> e, em dez anos, aniquilou a Dinastia Liao. Tomou a China setentrional e Kaifeng das mãos da Dinastia Sung, forçando-a a transferir sua capital para [[Hangzhou]] e a reconhecer os jins como soberanos. A China encontrava-se, então, dividida entre a Dinastia Jin, ao norte, a Dinastia Sung Meridional, ao sul e os xias ocidentais, a oeste. Os sungs meridionais passaram por um período de grande desenvolvimento tecnológico, possivelmente devido, em parte, à pressão militar que sofriam na sua fronteira setentrional.
 
=== República (1912-1949) ===
=== Os mongóis e a Dinastia Yuan ===
[[Imagem:Sun Yat-sen and Chiang Kai-shek.jpg|thumb|[[Sun Yat-sen]], o pai da China moderna (sentado à direita), e [[Chiang Kai-shek]], posteriormente o presidente da [[República da China (1912–1949)|República da China]].]]
{{artigo principal|[[Dinastia Yuan]]}}
{{Artigo principal|República da China (1912–1949)|História da República da China (1912 - 1949){{!}}História da República da China}}
{{Vertambém|Taiwan}}
 
Em 1 de janeiro de 1912, a [[República da China (1912–1949)|República da China]] foi estabelecida, anunciando o fim da China Imperial.<ref>Kenneth James Hammond, Kristin Eileen Stapleton, (2008). The Human Tradition in Modern China. Rowman & Littlefield, ISBN 9780742554665. p.viii.</ref> [[Sun Yat-sen]] do [[Kuomintang]] (Partido Nacionalista ou KMT) foi proclamado o presidente provisório da República.<ref>Eileen Tamura, (1997). China: Understanding Its Past, Volume 1. University of Hawaii Press, ISBN 0824819233. p.146.</ref> No entanto, a presidência foi dada mais tarde a [[Yuan Shikai]], um ex-general Qing, que tinha assegurado a deserção de todo o [[Exército de Beiyang]] do império Qing à revolução. Em 1915, Yuan proclamou-se [[Império da China (1915–1916)|Imperador da China]], mas foi forçado a abdicar e restabelecer a república em face da condenação popular, não só da população em geral, mas também do próprio Exército de Beiyang e de seus comandantes.<ref>Stephen Haw, (2006). Beijing: A Concise History. Taylor & Francis, ISBN 0415399068. p.143.</ref>
O [[Dinastia Jin (1115-1234)|Império Jin]] foi derrotado pelos [[mongóis]], que em seguida subjugaram os [[Dinastia Sung|sungs meridionais]] ao cabo de uma guerra longa e cruenta, a primeira na qual as [[arma de fogo|armas de fogo]] desempenharam um papel importante. Com isto, a China foi mais uma vez unificada, mas agora como parte de um vasto [[Império Mongol]]. Neste período, [[Marco Polo]] visitou a corte imperial em [[Pequim]]. Os mongóis dividiam-se então entre os que preferiam manter sua base nas estepes e aqueles que desejavam adotar os costumes dos chineses [[han]]s. Um destes era [[Kublai Khan|Cublai Cã]], neto de [[Gêngis Cã]] e fundador da [[Dinastia Yuan]], a primeira a governar toda a China a partir de Pequim.
 
Após a morte de Yuan Shikai em 1916, a China estava politicamente fragmentada, com um governo reconhecido internacionalmente, mas virtualmente impotente no âmbito doméstico e assentado em [[Pequim]]. [[Chefe militar|Senhores da guerra]] regionais exerciam controle real sobre seus respectivos territórios.<ref>Bruce Elleman, (2001). Modern Chinese Warfare. Routledge, ISBN 0415214742. p.149.</ref><ref>Graham Hutchings, (2003). Modern China: A Guide to a Century of Change. Harvard University Press, ISBN 0674012402. p.459.</ref> No final dos anos 1920, o Kuomintang nacionalista de [[Chiang Kai-shek]] foi capaz de reunificar o país sob seu próprio controle através de uma série de hábeis manobras políticas e militares, conhecidas popularmente como a [[Expedição do Norte]].<ref>Peter Zarrow, (2005). China in War and Revolution, 1895-1949. Routledge, ISBN 0415364477. p.230.</ref><ref>M. Leutner, (2002). The Chinese Revolution in the 1920s: Between Triumph and Disaster. Routledge, ISBN 0700716904. p.129.</ref>
=== Dinastia Ming: nova hegemonia dos hans ===
{{artigo principal|[[Dinastia Ming]]}}
[[Ficheiro:Ming foreign relations 1580.jpg|thumb|A [[China]] sob a [[Dinastia Ming]] (em 1580).]]
 
[[Imagem:Chinese civilians to be buried alive.jpg|thumb|esquerda|Civis chineses sendo enterrados vivos por soldados japoneses durante o [[Massacre de Nanquim]], na [[Segunda Guerra Sino-Japonesa]].]]
O forte sentimento popular hostil ao governo "estrangeiro" levou a rebeliões camponesas que terminaram por repelir os [[império Mongol|mongóis]] de volta às [[estepe]]s e a instituir a [[Dinastia Ming]] em [[1368]].
 
O Kuomintang mudou a capital do país para [[Nanquim]] e implementou a "[[tutela]] política", um estágio intermediário de desenvolvimento político delineado no programa San-min, de [[Sun Yat-sen]], para transformar a China em um Estado [[Democracia|democrático]] moderno. Efetivamente, a tutela política significou um governo [[Unipartidarismo|unipartidário]] comandado pelo Kuomintang, mas o partido dividiu-se politicamente em facções concorrentes.<ref>Hung-Mao Tien, (1972). Government and Politics in Kuomintang China, 1927-1937, Volume 53. Stanford University Press, ISBN 0804708126. pp.60-72.</ref><ref>Suisheng Zhao, (2000). China and Democracy: Reconsidering the Prospects for a Democratic China. Routledge, ISBN 0415926947. p.43.</ref> Esta divisão política tornou difícil para Chiang combater os [[Partido Comunista da China|comunistas]], com quem o Kuomintang guerreava desde 1927, na [[Guerra Civil Chinesa]]. Esta guerra continuou com êxito para o Kuomintang, especialmente depois que os comunistas se retiraram na [[Grande Marcha]], até que o [[Incidente de Xi’an]] e a agressão japonesa forçaram Chiang a enfrentar o [[Japão Imperial]].<ref>David Ernest Apter, Tony Saich, (1994). Revolutionary Discourse in Mao's Republic. Harvard University Press, ISBN 0674767802. p.198.</ref><ref>Jean Fritz, (1988). China's Long March: 6,000 miles of danger. Putnam, ISBN 0399215123.</ref>
Durante o governo mongol, a [[população]] havia sido reduzida em 40 por cento, para um total estimado em 60 milhões de pessoas. Dois séculos depois, a população dobrara de tamanho, o que deu causa a uma maior [[urbanização]] e à maior complexidade da [[divisão do trabalho]]. Surgiram pequenas [[indústria]]s, dedicadas à produção de [[papel]], [[seda]], [[algodão]] e [[porcelana]], em especial em grandes centros urbanos como [[Pequim]] e [[Nanquim]]. Prevaleciam, porém, as pequenas cidades com mercados que comerciavam principalmente comida mas também alguns itens manufaturados, como alfinetes e [[azeite]].
 
A [[Segunda Guerra Sino-Japonesa]] (1937-1945), uma parte da [[Segunda Guerra Mundial]], forçou uma aliança entre o Kuomintang e os comunistas. A "[[Sanko Sakusen|Política dos Três Tudos]]" do Japão no norte da China—"matar todos, queimar tudo e destruir tudo"—levou a inúmeras [[Crimes de guerra do Japão Imperial|atrocidades de guerra]] cometidas contra a população civil pelos soldados japoneses; ao todo, mais de 20 milhões de civis chineses morreram.<ref>[http://www.bbc.co.uk/history/worldwars/wwtwo/nuclear_01.shtml "Nuclear Power: The End of the War Against Japan"]. BBC&nbsp;— History.</ref><ref>Himeta, Mitsuyoshi (姫田光義) (日本軍による『三光政策・三光作戦をめぐって』) (''Concerning the Three Alls Strategy/Three Alls Policy By the Japanese Forces''), Iwanami Bukkuretto, 1996, Bix, ''Hirohito and the Making of Modern Japan'', 2000</ref> Estima-se que 200 mil chineses [[Massacre de Nanquim|foram massacrados]] apenas na cidade de Nanquim durante a ocupação japonesa.<ref>{{citar web |url=http://www.ibiblio.org/hyperwar/PTO/IMTFE/IMTFE-8.html |título=Judgement: International Military Tribunal for the Far East" |obra=Chapter VIII: Conventional War Crimes (Atrocities) |data=Novembro de 1948 |acessodata=14 de janeiro de 2013}}</ref> O Japão se rendeu incondicionalmente para a China em 1945. [[Ilha Formosa|Taiwan]], incluindo as [[Ilhas Pescadores]], foi colocada sob o controle administrativo da República da China, que imediatamente reivindicou sua soberania. A China emergiu vitoriosa, com o auxílio da invasão soviética em agosto de 1945,<ref>HALLIDAY, Jon e CHANG, Jung. "Mao: a história desconhecida". São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 351</ref> mas foi devastada e financeiramente drenada pela guerra. A desconfiança permanente entre o Kuomintang e os comunistas levou à retomada da guerra civil. Em 1947, a lei constitucional foi estabelecida, mas por causa da contínua agitação muitas disposições da Constituição da República da China nunca foram implementadas na China continental.<ref>Harvey Feldman, (1991). Constitutional Reform and the Future of the Republic of China. M.E. Sharpe, ISBN 0873328809.</ref><ref>Chih-Yu Shih, Zhiyu Shi, (1999). Collective Democracy: Political and Legal Reform in China. Chinese University Press, ISBN 9622018270. p.176.</ref><ref>Suisheng Zhao, (1996). Power by Design: Constitution-Making in Nationalist China. University of Hawaii Press, ISBN 0824817214.</ref>
Apesar da [[xenofobia]] e da introspecção intelectual característica do [[neo-confucionismo]], uma escola crescentemente popular, a China do início da Dinastia Ming não se isolara. O [[comércio exterior]] e outros contatos com o mundo externo, em especial com o [[Japão]], cresceram bastante. Mercadores chineses exploraram todo o [[Oceano Índico]] e atingiram a [[África Oriental]] com as viagens de [[Zheng He]].
 
=== República Popular (1949-presente) ===
[[Zhu Yuanzhang]] (ou Hongwu), fundador da Dinastia Ming, lançou as bases de um [[Estado]] menos interessado em [[comércio]] do que em extrair recursos do [[agricultura|setor agrícola]]. Talvez devido ao passado camponês do imperador, o sistema econômico ming enfatizava a agricultura, ao contrário do que fizeram as [[dinastia Sung|Dinastias Sung]] e [[dinastia Yuan|Mongol]], cujas finanças se baseavam no comércio. As grandes propriedades rurais foram confiscadas pelo governo, divididas e arrendadas. Proibiu-se a [[escravidão]] privada, o que fez com que os camponeses com a posse da terra predominassem na agricultura, após a morte do Imperador [[Yongle]]. Tais políticas permitiram aliviar a pobreza causada pelos regimes anteriores.
{{Artigo principal|História da República Popular da China}}
 
Os conflitos da [[Guerra Civil Chinesa]] terminam em 1949, quando o [[Partido Comunista da China|Partido Comunista]] tomou o controle da [[China continental]] e o [[Kuomintang]] recuou para o mar, reduzindo seu território para apenas [[Ilha Formosa|Taiwan]], [[Hainan]] e suas ilhas vizinhas. Em 1 de outubro de 1949, [[Mao Tsé-Tung]] proclamou a criação da República Popular da China,<ref name="Ref_c">[http://www.isop.ucla.edu/eas/documents/mao490921.htm The Chinese people have stood up]. UCLA Center for East Asian Studies. Acessado em 16 de abril de 2006.</ref> que ficou conhecida no ocidente como "China comunista" ou "China Vermelha" durante o período da [[Guerra Fria]]. Em 1950, o [[Exército de Libertação Popular]] (ELP) teve sucesso na recaptura de Hainan da República da China, ocupou o [[Tibete]] e derrotou a maioria das forças remanescentes do Kuomintang nas províncias de [[Yunnan]] e [[Xinjiang]], apesar de alguns redutos do Partido Nacionalista ainda tiverem sobrevivido por muito mais tempo.<ref name="Ref_d">Smith, Joseph; and Davis, Simon. [2005] (2005). The A to Z of the Cold War. Issue 28 of ''Historical dictionaries of war, revolution, and civil unrest''. Volume 8 of ''A to Z guides''. Scarecrow Press publisher. ISBN 0-8108-5384-1, ISBN 978-0-8108-5384-3.</ref>
A dinastia possuía um governo central forte e complexo que unificou o império. O papel do imperador passou a ser mais autocrático, embora Zhu Yuanzhang precisasse lançar mão dos chamados "Grandes Secretários" para auxiliá-lo a lidar com a enorme [[burocracia]], a qual mais tarde causaria o declínio da dinastia, por impedir o governo de se adaptar às mudanças sociais.
[[Imagem:China, Mao (2).jpg|thumbnail|direita|[[Mao Tsé-Tung]] proclama a criação da República Popular da China em 1949.]]
 
Mao encorajou o crescimento da população e, sob a sua liderança, a população chinesa quase duplicou, passando de cerca de 550 milhões para mais de 900 milhões de habitantes.<ref>{{Citar periódico|autor=Madelyn Holmes |url=http://books.google.com/books?id=lJK-GRriJAoC&pg=&dq&hl=en#v=onepage&q=&f=false |título=Students and teachers of the new China: thirteen interviews |editora=McFarland |acessodata=7 de novembro de 2011 |ano=2008 |paginas=185 |isbn= 0-7864-3288-8}}</ref> No entanto, o "[[Grande Salto Adiante]]" de Mao, um projeto de larga escala de reforma econômica e social, resultou em um número estimado de 45 milhões de mortes entre 1958 e 1961, principalmente por causa da [[fome]].<ref name="Akbar2010">{{Citar web|url =http://www.independent.co.uk/arts-entertainment/books/news/maos-great-leap-forward-killed-45-million-in-four-years-2081630.html |título= Mao's Great Leap Forward 'killed 45 million in four years'|acessodata=30 de outubro de 2010 |obra=The Independent |location=Londres |primeiro=Arifa|último=Akbar|data=17 de setembro de 2010}}</ref> Entre 1 e 2 milhões de proprietários de terra foram executados sob a acusação de serem "contra-revolucionários".<ref>Busky, Donald F. (2002). ''[http://books.google.com/books?id=Q6b0j1VINWgC&printsec=frontcover&source=gbs_navlinks_s#v=onepage&q=&f=false Communism in History and Theory]''. Greenwood Publishing Group, p.11.</ref> Em 1966, Mao e seus aliados lançaram a [[Revolução Cultural Chinesa|Revolução Cultural]], que duraria até a morte do líder comunista uma década depois. Essa Revolução, motivada por lutas de poder dentro do partido e pelo medo da [[União Soviética]], levou a uma grande reviravolta na sociedade chinesa. Em outubro de 1971, a República Popular da China substituiu a [[República da China]] na [[Organização das Nações Unidas]] e tomou seu lugar como membro permanente do [[Conselho de Segurança das Nações Unidas|Conselho de Segurança]]. No mesmo ano, pela primeira vez, o número de países que reconheciam a República Popular da China superou os que reconheciam a República da China, com sede em [[Taipei]], como o governo legítimo do país. Em fevereiro de 1972, no auge da [[ruptura sino-soviética]], Mao e [[Zhou Enlai]] encontraram o então presidente americano [[Richard Nixon]] em Pequim. No entanto, os [[Estados Unidos]] só foram reconhecer oficialmente a República Popular como o único governo legítimo da China em 1 de janeiro de 1979.<ref>Michael Y.M. Kao: "Taiwan's and Beijing's Campaigns for Unification" in Harvey Feldman and Michael Y.M. Kao (eds.): ''Taiwan in a Time of Transition'' (New York: Paragon House, 1988). p.188.</ref>
O Imperador Yongle procurou ampliar a influência da China além de suas fronteiras, ao exigir que outros governantes lhe enviassem embaixadores para pagar tributo. Construiu-se uma grande marinha, inclusive navios de quatro mastros com [[Deslocamento (náutica)|deslocamento]] de 1.500 [[tonelada|t]]. Criou-se um exército regular de um milhão de homens. As forças chinesas conquistaram parte do que é hoje o [[Vietnã]], enquanto que a frota imperial navegava pelos mares da China e o Oceano Índico, chegando até a costa oriental da África. Os chineses estenderam sua influência até o [[Turquestão]]. Diversas nações [[Ásia|asiáticas]] pagaram tributo ao imperador. Internamente, o [[Grande Canal da China|Grande Canal]] foi ampliado, com impacto positivo sobre o comércio. Produziam-se mais de 100.000 t de [[minério de ferro|ferro]] por ano. Imprimiam-se livros com o uso da [[tipografia]]. O palácio imperial da [[Cidade Proibida]] atingiu então ao seu atual esplendor. Enfim, o período ming parece ter sido um dos mais prósperos para a China. Também foi naquela época que o potencial do sul da China veio a ser totalmente explorado.
O período ming testemunhou a última ampliação da [[Grande Muralha da China]].
 
Após a morte de Mao em 1976 e a prisão do [[Bando dos Quatro]], que foram responsabilizados pelos excessos da Revolução Cultural, [[Deng Xiaoping]] rapidamente arrebatou o poder do sucessor de Mao, [[Hua Guofeng]]. Embora ele nunca tenha se tornado o chefe do partido ou do Estado, Deng foi o "[[Líder político da República Popular da China|líder supremo]]" de fato da China na época e sua influência dentro do Partido levou o país a [[Abertura econômica da China|importantes reformas econômicas]]. Posteriormente, o Partido Comunista afrouxou o controle governamental sobre a vida dos cidadãos e as [[Comuna popular (China)|comunas populares]] foram dissolvidas, sendo que muitos camponeses receberam múltiplos arrendamentos de terra, com o aumento de incentivos e da produção agrícola. Estes eventos marcaram a transição da China de uma [[economia planejada]] para uma [[economia mista]] com um ambiente de mercado cada vez mais aberto, um sistema chamado por alguns de "[[socialismo de mercado]]" e que o Partido Comunista da China oficialmente descreve como "socialismo com características chinesas". A China adotou a sua atual constituição em 4 de dezembro de 1982.<ref name="Ref_e">Hart-Landsberg, Martin; and Burkett, Paul. [http://www.monthlyreview.org/chinaandsocialism.htm "China and Socialism. Market Reforms and Class Struggle"]. Acessado em 30 de outubro de 2008.</ref> Outras fontes, no entanto, interpretam as reformas impostas pelo governo chinês como um abandono do sistema econômico socialista.<ref name=bbc1>{{citar web |url= http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-pacific-13017877 |publicado=BBC.co.uk |título= China Profile|data=18 de novembro de 2012 |acessodata=9 de janeiro de 2013 |língua= }}</ref><ref name=business>{{citar web |url=http://www.businessweek.com/stories/2005-08-21/online-extra-china-is-a-private-sector-economy|publicado=businessweek |obra= |autor= |título="China Is a Private-Sector Economy"|data=21 de agosto de 2005 |acessodata=9 de janeiro de 2013 |língua=en }}</ref>
=== Dinastia Qing ===
{{artigo principal|[[Dinastia Qing]]}}
 
A morte do oficial pró-reforma [[Hu Yaobang]] ajudou a desencadear o [[Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989]], durante o qual estudantes e outros civis fizeram campanha por vários meses, pedindo o combate contra a corrupção e uma maior reforma política, que incluísse os direitos [[Democracia|democráticos]] e a [[liberdade de expressão]]. No entanto, eles foram finalmente dispersos em 4 de junho, quando as tropas e veículos do [[Exército de Libertação Popular|ELP]] entraram à força e abriram a praça, resultando em várias vítimas. Este evento foi amplamente divulgado e trouxe condenação mundial e sanções contra o governo chinês.<ref name="Ref_f">Youngs, R. ''The European Union and the Promotion of Democracy.'' Oxford University Press, 2002. ISBN 978-0-19-924979-4.</ref><ref name="Ref_g">Carroll, J. M. ''A Concise History of Hong Kong.'' Rowman & Littlefield, 2007. ISBN 978-0-7425-3422-3.</ref> O incidente conhecido como "[[O Rebelde Desconhecido]]" tornou-se particularmente famoso na época.<ref name="re1">{{citar web |url=http://lens.blogs.nytimes.com/2009/06/03/behind-the-scenes-tank-man-of-tiananmen/ |título=Behind the Scenes: The Tank Man of Tiananmen |editor=The New York Times |data=3 de junho de 2009 |acessodata=3 de junho de 2009}}</ref>
A [[Dinastia Qing]] ([[1644]]-[[1911]]) foi fundada após a derrota dos [[Dinastia Ming|mings]], a última dinastia [[hans|han]] chinesa, pelas mãos dos [[manchu]]s. Estes, anteriormente conhecidos como ''jurchens'', invadiram a China a partir do norte no final do [[século XVII]]. Embora os manchus fossem conquistadores estrangeiros, adotaram rapidamente as tradicionais regras de governo [[confucianismo|confucianas]] e terminaram por governar na mesma linha das dinastias nativas anteriores.
[[Imagem:炫彩津门99海河夜景.jpg|thumb|esquerda|O [[centro financeiro]] de [[Tianjin]]]]
 
O presidente [[Jiang Zemin]] e o primeiro-ministro [[Zhu Rongji]], ambos ex-prefeitos da cidade de [[Xangai]], lideraram a nação na década de 1990. Sob os dez anos de administração de Jiang e Zhu, o desempenho econômico do país retirou cerca de 150 milhões de camponeses da [[pobreza]] e manteve uma taxa média anual de crescimento do [[produto interno bruto]] (PIB) de 11,2%. O país aderiu formalmente à [[Organização Mundial do Comércio]] (OMC) em 2001.<ref name="Ref_h">{{citar web |url=http://www.chinadaily.com.cn/en/doc/2003-07/11/content_244499.htm |título=Nation bucks trend of global poverty |data=11 de julho de 2003 |editor=''China Daily'' |acessodata=13 de janeiro de 2013}}</ref><ref name="Ref_i">{{citar web |url=http://english.people.com.cn/english/200003/01/eng20000301X115.html título=China's Average Economic Growth in 90s Ranked 1st in World |data=1 de março de 2000 |editor=People's Daily |acessodata=13 de janeiro de 2013}}</ref>
Os manchus obrigaram os hans a adotar o seu estilo de penteado e de vestimenta, sob pena de morte.
 
No entanto, o rápido [[crescimento econômico]] que tornou a [[Economia da República Popular da China|economia chinesa]] a segunda maior do mundo, também impactou severamente os [[recursos naturais]] e o [[meio ambiente]] do país.<ref>{{Citar web|url=http://www.nytimes.com/interactive/2007/08/26/world/asia/20070826_CHINA_GRAPHIC.html#|título=China’s Environmental Crisis|obra=[[New York Times]]|data=26 de agosto de 2007|acessodata=16 de maio de 2012}}</ref> Outra preocupação é que os benefícios do crescimento da economia não foram distribuídos uniformemente entre a população, resultando em uma ampla lacuna de desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais. Como resultado, com o presidente [[Hu Jintao]] e o primeiro-ministro [[Wen Jiabao]], o governo chinês iniciou políticas para abordar estas questões de distribuição equitativa de recursos, embora o resultado continue a ser observado.<ref name="Ref_j">[http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/asia-pacific/4913622.stm ''China worried over pace of growth'']. BBC. Acessado em 16 de abril de 2006.</ref> Mais de 40 milhões de agricultores foram deslocados de suas terras,<ref name="Ref_k">[http://migration.ucdavis.edu/mn/more.php?id=3166_0_3_0 ''China: Migrants, Students, Taiwan'']. Migration News. Janeiro de 2006.</ref> em geral para o desenvolvimento econômico, contribuindo para as 87 mil manifestações e motins que aconteceram por toda a China apenas em 2005.<ref name="Ref_l">[http://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2006/01/27/AR2006012701588.html ''In Face of Rural Unrest, China Rolls Out Reforms'']. ''Washington Post''. 28 de janeiro de 2006.</ref> Os [[Padrão de vida|padrões de vida]] melhoraram significativamente, mas os controles políticos se mantiveram estáveis.<ref>{{Citar web|url=http://www.pbs.org/wgbh/pages/frontline/tankman/etc/transcript.html | título=''Frontline'': ''The Tank Man'' transcript | acessodata=12 de julho de 2008 |data=11 de abril de 2006 |obra=Frontline |publicado=PBS }}</ref> Embora a China tenha, em grande parte, conseguido manter a sua rápida taxa de crescimento econômico, apesar da [[Grande Recessão|recessão no final da década de 2000]], sua taxa de crescimento começou a diminuir no início da década de 2010 e a economia continua excessivamente centrada no investimento fixo.<ref name=November2012>{{Citar web|url=http://www.bbc.co.uk/news/business-20263978|título=China economy: Latest numbers add to recovery hopes|publicado=BBC|data=9 de novembro de 2012}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://blogs.ft.com/gavyndavies/2012/11/25/the-decade-of-xi-jinping/#axzz2DQ0Yc2jM|título=The decade of Xi Jinping|obra=[[Financial Times]]|data=25 de novembro de 2012|acessodata=27 de novembro de 2012}}</ref><ref name=9Dec2012>{{Citar web|url=http://www.bbc.co.uk/news/business-20657311|título=China sees both industrial output and retail sales rise|publicado=BBC|data=9 de dezembro de 2012|acessodata=9 de dezembro de 2012}}</ref> Além disso, os preparativos para uma grande mudança de liderança no Partido Comunista no final de 2012 foram marcados por disputas entre facções e escândalos políticos.<ref>{{Citar web|url=http://www.bbc.co.uk/news/world-asia-china-17673505|título=Bo Xilai scandal: Timeline|publicado=BBC|data=5 de setembro de 2012|acessodata=11 de setembro de 2012}}</ref> Durante a mudança da liderança da China em novembro de 2012, Hu Jintao e Wen Jiabao foram substituídos como presidente e primeiro-ministro por [[Xi Jinping]] e [[Li Keqiang]], que assumem tais cargos em 2013.<ref name=XiJinpingLiKeqiang>{{Citar web|url=http://www.telegraph.co.uk/news/worldnews/asia/china/9679477/Xi-Jinping-crowned-new-leader-of-China-Communist-Party.html|título=Xi Jinping crowned new leader of China Communist Party|obra=The Daily Telegraph|data=15 de novembro de 2012|acessodata=15 de novembro de 2012}}</ref><ref>{{Citar web|url=http://www.stuff.co.nz/world/asia/7912682/New-China-leadership-tipped-to-be-all-male|título=New China leadership tipped to be all male|publicado=Stuff.co.nz|data=6 de novembro de 2012}}</ref>
O Imperador [[Kangxi]] ordenou a criação do mais completo [[dicionário]] de [[caracteres chineses]] até então. Durante o reinado do Imperador [[Qianlong]], compilou-se um catálogo das obras mais importantes sobre cultura chinesa.
 
Para evitar uma assimilação completa pela sociedade chinesa, os manchus estabeleceram um sistema de "oito estandartes" (ou "bandeiras"), divisões administrativas - oriundas de tradições militares manchus - nas quais as famílias manchus se distribuíam. Os manchus na China empregavam a [[língua manchu|sua própria língua]], mantinham suas tradições, como o [[tiro com arco]] e o [[hipismo]], e detinham privilégios econômicos e legais nas cidades chinesas.
 
Ao longo do meio século seguinte, os manchus consolidaram o seu controle sobre o território antes pertencente aos mings e ampliaram sua esfera de influência para incluir [[Xinjiang]], o [[Tibete]] e a [[Mongólia]].
 
O [[século XIX]] testemunhou o enfraquecimento do governo qing, em meio a grandes conflitos sociais, estagnação econômica e influência e ingerência [[mundo Ocidental|ocidentais]]. O interesse [[Reino Unido|britânico]] em continuar o comércio de [[ópio]] com a China colidiu com éditos imperiais que baniam aquela droga viciante, o que levou à [[Primeira Guerra do Ópio]], em [[1840]]. O [[Reino Unido]] e outras potências ocidentais, inclusive os [[Estados Unidos]], ocuparam "concessões" à força e ganharam privilégios comerciais. [[Hong Kong]] foi cedida aos britânicos em [[1842]] pelo [[Tratado de Nanquim]]. Também ocorreram naquele século a [[Rebelião Taiping]] ([[1851]]-[[1864]]) e o [[Levante dos Boxers]] ([[1899]]-[[1901]]). Em muitos aspectos, as rebeliões e os [[tratado]]s que os qings se viram forçados a assinar com potências [[imperialismo|imperialistas]] são sintomáticos da incapacidade do governo chinês em reagir adequadamente aos desafios que enfrentava a China no século XIX.
 
== O declínio da monarquia ==
 
{{artigo principal|[[Século da Humilhação (1839 - 1949)]]}}
 
As duas [[Guerras do Ópio]] e o tráfico daquela droga foram custosos para a [[Dinastia Qing]] e o povo chinês. O tesouro imperial quebrou duas vezes, por conta do pagamento de indenizações devidas às guerras e à grande evasão de [[prata]] causada pelo tráfico de [[ópio]]. A China sofreu duas fomes extremas vinte anos após cada uma das Guerras do Ópio nos [[década de 1860|anos 1860]] e [[década de 1880|1880]], quando a Dinastia Qing se mostrou incapaz de acudir a população. Tais eventos tiveram um profundo impacto ao desafiar a hegemonia de que os chineses gozavam na [[Ásia]] há séculos e mergulharam o país no caos.
 
Uma vasta revolta, a [[Rebelião Taiping]], fez com que cerca de um-terço do país passasse ao controle de um movimento religioso pseudo-cristão chefiado pelo "Rei Celestial" [[Hong Xiuquan]]. Somente ao cabo de catorze anos é que as forças qings lograram destruir o movimento, em [[1864]]. Estima-se que a rebelião teria causado entre vinte e cinqüenta milhões de mortos.
 
Os líderes qing suspeitavam da modernidade e dos avanços sociais e tecnológicos, que viam como ameaças ao seu controle absoluto sobre a China. Por exemplo, a [[pólvora]], que havia sido largamente empregada pelos exércitos das [[dinastia Sung|Dinastias Sung]] e [[dinastia Ming|Ming]], fora proibida pelos qings ao assumirem o controle do país. Por este e outros motivos, a dinastia encontrava-se despreparada para lidar com as invasões [[mundo Ocidental|ocidentais]]. As potências ocidentais intervieram militarmente para reprimir o caos doméstico, como nos casos da Rebelião Taiping e do [[Levante dos Boxers]].
 
Nos anos 1860, a Dinastia Qing logrou sufocar revoltas, com enorme custo e perda de vidas. Isto minou a credibilidade do regime qing e contribuiu para o surgimento de senhores da guerra locais. O Imperador [[Guangxu]] procurou lidar com a necessidade de modernizar o país por meio do Movimento de Auto-Fortalecimento. Entretanto, a partir de [[1898]], a Imperatriz regente [[Cixi]] manteve Guangxu preso sob a alegação de "deficiência mental", após um [[golpe militar]] por ela orquestrado com o apoio da facção conservadora, contrária às reformas. Guangxu faleceu um dia antes da imperatriz regente (segundo alguns, por ela envenenado). Os "novos exércitos" qings (treinados e equipados conforme o modelo ocidental) foram fragorosamente derrotados na [[Guerra Sino-Francesa]] ([[1883]]-[[1885]]) e na [[Guerra Sino-Japonesa]] ([[1894]]-[[1895]]).
 
No início do [[século XX]], o Levante dos Boxers, um movimento conservador anti[[imperialismo|imperialista]] que pretendia fazer o país regressar a um estilo de vida tradicional, ameaçou o norte da China. A imperatriz regente, provavelmente com o fito de garantir o seu controle sobre o governo, apoiou os boxers quando estes avançaram sobre [[Pequim]]. Em reação, a chamada Aliança dos Oito Estados invadiu a China. Composta de tropas [[reino Unido|britânicas]], [[Japão|japonesas]], [[Rússia|russas]], [[Itália|italianas]], [[Alemanha|alemãs]], [[França|francesas]], [[Estados Unidos|norte-americanas]] e [[Áustria-Hungria|austro-húngaras]], a aliança derrotou os boxers e exigiu mais concessões do governo qing.
 
== A República da China ==
{{artigo principal|[[História da República da China (1912 - 1949)]]}}
 
Frustrados com a resistência da corte [[Dinastia Qing|qing]] em reformar o país e a fraqueza da China, jovens funcionários, oficiais militares e estudantes - inspirados nas ideias revolucionárias de [[Sun Yat-sen]] - começaram a defender a derrubada da Dinastia Qing e a proclamação da [[república]]. Um levante militar, conhecido como [[Levante Wuchang]], iniciou-se em [[10 de outubro]] de [[1911]] em [[Wuhan]], e levou à formação de um governo provisório da [[República da China]] em [[Nanquim]], em [[12 de março]] de [[1912]]. Sun Yat-sen foi o primeiro a assumir a presidência, mas viu-se forçado a entregar o poder a [[Yuan Shikai]], que comandara o Novo Exército (tropas chinesas treinadas e equipadas à maneira ocidental) e fora primeiro-ministro durante a era qing, como parte do acordo para a abdicação do último monarca da dinastia. Nos anos seguintes, Shikai aboliu as assembleias nacional e Provinciais e declarou-se imperador em [[1915]]. Suas ambições imperiais encontraram forte oposição por parte de seus subordinados, de modo que terminou por abdicar, morrendo em [[1916]] e deixando um vácuo de poder na China. Com o governo republicano em frangalhos, o país passou a ser administrado por coligações variáveis de chefes militares provinciais.
 
Um evento pouco notado, ocorrido em [[1919]] - o [[Movimento do Quatro de Maio]] -, haveria de ter repercussões a longo prazo para o restante da história da China no [[século XX]]. O movimento teve início como uma resposta ao que teria sido um insulto imposto à China pelo [[Tratado de Versalhes]], que encerrara a [[Primeira Guerra Mundial]], mas tornou-se um movimento de protesto contra a situação interna do país. Entre os intelectuais chineses, a adoção de ideias mais radicais seguiu-se ao descrédito da filosofia liberal [[mundo Ocidental|ocidental]], o que resultaria no conflito irreconciliável entre a [[esquerda]] e a [[direita]] na China que dominaria a história do país pelo restante do século.
 
Nos [[década de 1920|anos 1920]], Sun Yat-sen estabeleceu uma base revolucionária no sul da China e lançou-se à unificação de seu fragmentado país. Com auxílio [[União Soviética|soviético]], ele aliou-se ao [[Partido Comunista da China]] (PCC). Após a sua morte em [[1925]], um de seus protegidos, [[Chiang Kai-shek]], assumiu o controle do [[Kuomintang]] (Partido Nacionalista, ou KMT) e logrou reunir sob seu governo a maior parte do sul e do centro da China numa campanha militar conhecida como a Expedição do Norte. Após derrotar os chefes guerreiros daquelas regiões, Chiang obteve a fidelidade nominal dos líderes do norte. Em [[1927]], voltou-se contra o PCC e expulsou os exércitos [[comunismo|comunistas]] e seus chefes de suas bases no sul e no leste da China. Em [[1934]], as tropas do PCC empreenderam a [[Longa Marcha]], através da região mais inóspita da China a noroeste, onde estabeleceram uma base guerrilheira em [[Yan'an]], na província de [[Shanxi]].
 
Durante a Longa Marcha, os comunistas reorganizaram-se sob um novo chefe, [[Mao Tse-tung]]. O conflito entre o KMT e o PCC continuou, aberta ou clandestinamente, ao longo dos catorze anos da invasão [[Japão|japonesa]], apesar da aliança nominal entre ambos os partidos para opor-se aos japoneses em [[1937]]. A [[Guerra Civil Chinesa|guerra civil chinesa]] continuou após a derrota do Japão na [[Segunda Guerra Mundial]] em [[1945]]. Em [[1949]], o PCC já ocupava a maior parte do país.
 
Chiang Kai-shek refugiou-se, com o resto de seu governo, em [[Taiwan]], onde declarou [[Taipé]] a capital provisória da [[República da China]] e afirmou seu propósito de reconquistar a China continental.
 
== A China do presente ==
{{artigo principal|[[História da República Popular da China]]}}
 
Com a proclamação da [[República Popular da China]] (RPC) em [[1 de outubro]] de [[1949]], o país viu-se novamente dividido entre a RPC, no continente, e a [[República da China]] (RC), em [[Taiwan]] e outras ilhas. Cada uma das partes se considera o único governo legítimo da China e denuncia o outro como ilegítimo. Desde os [[década de 1990|anos 1990]], a RC tem procurado obter maior reconhecimento internacional, enquanto que a RPC se opõe veementemente a qualquer envolvimento internacional e insiste na "[[Política de uma China]]".
 
Politicamente, o governo deixou de ser heterodoxamente comunista após a morte de Mao Zedong em 1976, apesar do Partido Comunista continuar no poder. [[Deng Xiaoping]], mesmo não sendo o presidente de direito, foi de fato quem comandou a China durante a década de 1980. Em 1991 [[Jiang Zemin]] assumiu a presidência do país, governando até 2003, quando entregou o poder ao seu sucessor, [[Hu Jintao]].<ref name="Quagio">Quagio, Ivan. [2009] (2009). Olhos Abertos - A História da Nova China. São Paulo: Editora Francis. ISBN 978-85-89362-95-5</ref>
 
Para a história da China após a [[Guerra Civil Chinesa]], ver ''[[História da República Popular da China]]'' e ''[[História de Taiwan]]''.
 
== Ver também ==