Jane Austen: diferenças entre revisões

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{{Mais notas|data=maio de 2017}}
{{Info/Biografia
|nome = Jane Austen
|imagem = CassandraAusten-JaneAusten(c.1810).jpg
|imagem_tamanho = 250px
|legenda = Único retrato oficial de Jane Austen, aos trinta e cinco anos em 1810; [[aquarela]] feita por sua irmã [[Cassandra Austen]].
|nome_completo =
|data_nascimento = {{dni|lang=br|16|12|1775|si}}
|local_nascimento =Steventon33 Steventon, [[Hampshire]],<br />[[Inglaterra]], [[Reino da Grã-Bretanha]]
|data_morte = {{morte|lang=br|18|7|1817|12|16|1775}}
|local_morte = [[Winchester]], Hampshire,<br />Inglaterra, [[Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda]]
|ocupação = [[EscritoraEscritor]]a, [[romancista]]
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|parentesco = {{Collapsible list |title=Lista|
{{Collapsible list |title=Lista|
|Cassandra Austen <small>([[1739]]-[[1825]]; mãe)</small>
|Cassandra Austen <small>([[1773]]-[[1845]]; irmã)</small>
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|James Austen <small>([[1765]]-[[1819]]; irmão)</small>
}}
|principais_trabalhos = =''[[Pride and Prejudice]]'', ''[[Sense and Sensibility]]'', ''[[Persuasion]]'', ''[[Emma]]''
|assinatura = [[File:Jane Austen signature from her will.svg|180px]]
|website =
|religião = [[Igreja Anglicana|Cristianismo anglicano]]
}}
'''Jane Austen''' (Steventon, [[Inglaterra]], [[16 de dezembro]] de [[1775]] [[Winchester]], Inglaterra, [[18 de julho]] de [[1817]]) foi uma proeminente [[escritor]]a [[Ingleses|inglesa]]. A ironia que utilizou para descrever as personagens dedos seus romances coloca-a coloca entre os clássicos, haja vista, a sua aceitação, inclusive na atualidade, sendo constantemente objeto de estudo [[academia|acadêmico]], e alcançando um público bastante amplo.<ref>{{Citar web |autor=“Jane Austen”, Gary Kelly, en ''Dictionary of Literary Biography'', Volume 116: British Romantic Novelists, 1789-1832. |url=http://people.brandeis.edu/~teuber/austenbio.html#AboutThisEssay |título=Pode encontrar-se aqui |língua= |obra= |data= |acessodata=}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://victorianweb.org/previctorian/austen/religion2.html|titulo=Jane Austen and Religion|acessodata=2022-12-23|website=victorianweb.org}}</ref>
 
Nascida em Steventon, [[Hampshire]], de uma família pertencente à nobreza agrária, sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da protagonista. A inocência das obras de Austen é apenas aparente, e pode ser interpretada de várias maneiras.
 
==Biografia==
Jane Austen nasceu em 16 de dezembro de 1775, em [[Steventon]], [[Hampshire]], [[Inglaterra]], sendo a sétima filha do reverendo George Austen, o pároco [[Igreja anglicana|anglicano]] local, e de sua esposa Cassandra (cujo nome de solteira era Leigh). O reverendo Austen era uma espécie de [[tutor]], e suplementava os ganhos familiares dando aulas particulares a alunos que residiam em sua casa. A família era formada por oito irmãos, sendo Jane e sua irmã mais velha, Cassandra, as únicas mulheres. Cassandra e Jane eram confidentes, e hoje se conhece uma série de cartas de sua correspondência.
 
Em 1783, Jane e Cassandra foram para a casa da Sra. Cawley, em [[Southampton]], para prosseguir a educação sob sua tutela; porém tiveram que regressar para casa, devido a uma enfermidade infecciosa em Southampton. Entre 1785 e 1786, ambas foram alunas de um internato em [[Reading]], lugar que pode ter inspirado Jane para descrever o internato da Sra. Goddard, que aparece no romance ''Emma''. A educação que Austen recebeu ali foi a única recebida fora do âmbito familiar. Por outro lado, sabe-se que o reverendo Austen tinha uma ampla [[biblioteca]] e, segundo ela mesma conta em suas cartas, tanto ela quanto sua família eram "ávidos leitores de romances, e não se envergonhavam disso". Assim como lia romances de [[Fielding]] e de [[Richardson]], lia também [[Frances Burney]]. O título de ''[[Orgulho e Preconceito]]'', por exemplo, foi retirado de uma frase dessa autora, no romance ''Cecilia''.
 
Entre [[1782]] e [[1784]], os Austen fizeram representações teatrais na reitoria de Steventon, que entre 1787-1788 foram mais elaboradas graças à colaboração de sua prima, Eliza de Feuillide, (a quem dedicou ''Love and Friendship''). Nos anos posteriores a 1787, Jane Austen escreveu, para o divertimento de sua família, ''Juvenilia'', que inclui diversas paródias da literatura da época. Entre 1795 e 1799 começou a redigir as primeiras versões dos romances que se publicariam sob os nomes ''[[Sense and Sensibility]]'', ''[[Pride and Prejudice]]'' e ''[[Northanger Abbey]]'' (que antes se intitulavam ''Elinor and Marianne'', ''First Impressions'', e ''Susan'', respectivamente). Provavelmente, também escreveu ''Lady Susan'' nesta época. Em [[1797]], seu pai quis publicar ''Orgulho e Preconceito'', mas o editor recusou.
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Em 1803, Jane Austen conseguiu vender seu romance ''[[Northanger Abbey]]'' (então intitulado ''Susan'') por 10 libras esterlinas, apesar de o livro ter sido publicado somente 14 anos depois. É possível, também, que nessa ocasião tenha começado a escrever ''The Watsons'', logo abandonando a ideia.
 
Em janeiro de 1805, morreuo seu pai veio a falecer, deixando a esposa e as filhas em situação economicamente precária, e elas passaram a depender de seus irmãos e da pequena quantia que Cassandra herdara de seu prometido.
 
Em 1806, os Austen se mudaram para [[Southampton]], perto da marina de [[Portsmouth]], o que permitia a eles visitar frequentemente seus irmãos Frank e Charles, que serviam na marinha, chegando a almirantes.
 
Em [[1809]], se mudaram para Chawton, perto de [[Alton]] e [[Winchester]], onde seu irmão Edward podia abrigá-las em uma pequena casa dentro de uma de suas propriedades. Esta casa tinha a vantagem de ser em [[Hampshire]], o mesmo condado de sua infância. Uma vez instaladas, Jane retomou suas atividades literárias revisando ''Sense and Sensibility'', que foi aceita por um editor em 1810 ou 1811, apesar de a autora assumir os riscos da publicação. Foi publicado de forma anônima, em outubro, como pseudônimo: "By a Lady". Segundo o diário de Fanny Knight, sobrinha de Austen, esta recebeu uma "carta da tia Cass pedindo que não fosse mencionado que a tia Jane era a autora de ''Sense and Sensibility''".<ref>{{Citar web |autor= |url=http://www.pemberley.com/janeinfo/brablt11.html#sep281811 |título=Cartas de Jane Austen, edição de Brabourne em |língua= |obra= |data= |acessodata=}}</ref> Teve algumas críticas favoráveis, e se sabe que os lucros para Austen foram de 140 libras esterlinas.
 
== Carreira literária ==
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== Morte ==
Austen começou ''Persuasion'' em agosto de 1815, mas um ano depois começou a se sentir mal. No início de 1817, começou ''Sanditon'', porém teve que abandonar a obra por seu estado de saúde. Para receber tratamento médico foi levada a Winchester, onde faleceu em 18 de julho dedo mesmo 1817ano.
 
Suas últimas palavras foram: "''Não quero nada mais que a morte''".<ref>''Biography of Jane Austen'' (1818), escrita por seu irmão Henry Austen. John Murray. Londres. Reimpressa em 1833.</ref> tinha 41 anos de idade.
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== Legado ==
 
[[Ficheiro:Jane Austen coloured version.jpg|thumb|esquerda|upright=1.39|Retrato a óleo de Jane Austen, feito em 1875, de autor desconhecido, baseado na aquarela feita pela irmã em 1810.]]
Seus romances ''Persuasion'' e ''[[Northanger Abbey]]'' foram preparados para publicação por Henry Austen, e foram publicadas em 1817, em uma edição combinada de quatro volumes. Da mesma forma que nas obras anteriores, seu nome não consta, mas é citado apenas que se trata da mesma autora das outras obras, e traz uma "nota biográfica sobre o autor", anunciando sua morte.
 
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O tratado de educação mais relevante para a época era o ''[[Emílio, ou Da Educação|Emilio]]'' de [[Jean-Jacques Rousseau|Rousseau]], que tem suas bases no [[Iluminismo]]. Rousseau propunha que todos os males de sua época se originavam na própria [[sociedade]], e que a única alternativa era provocar uma transformação no homem através da [[educação]]; uma educação que o permitisse libertar-se da corrupção que provoca a sociedade. A influência do Iluminismo fez com que se começasse a criar um sistema educativo fundamentado na [[razão]]. Sem dúvida, tanto em Rousseau, como em muitos outros pensadores do Iluminismo, a mulher estava excluída dessa necessidade educativa. Como exemplo, em ''Emilio'' se faz referência à educação da mulher através da sugestão para Sofía, a mulher destinada a casar-se com Emilio: a mulher deve ser educada para cumprir suas funções de esposa e mãe, e obedecer a seu marido.<ref>Emilio, ou Da Educação. Jean-Jacques Rousseau, Alianza editorial, ISBN 84-206-3504-9</ref> Sendo assim, não é de se estranhar que numerosos tratados de conduta para mulheres jovens se popularizaram no [[século XVIII]], ensinando doutrinas morais e enfocando a educação em aspectos domésticos, [[religião]] e "[[talento]]s", e separando-as de outros conhecimentos, que a tornariam pouco desejável aos olhos masculinos.
 
Há muitas passagens na obra de Jane Austen dedicadas aos "talentos", porém se há algo que todas as obras têm em comum é que nenhuma de suas heroínas está muito interessada por eles. Por talentos, então, se pode entender as diferentes habilidades que uma mulher que busca marido deve cultivar para atrair a atenção dele.<ref>[Republic{{Citar of Pemberley, página completa sobre Jane Austen httpweb|url=https://www.pemberley.com/janeinfo/pptopic2.html#educrev]|titulo=Jane Austen: Pride and Prejudice -- Notes on Education, Marriage, Status of Women, etc.|acessodata=2022-12-23|website=pemberley.com}}</ref>
 
{{Cita| "Acho incrível", diz Bingley, "como todas as jovens têm tanta paciência para cultivar todos esses talentos". (…) "Todas pintam, forram biombos e fazem bolsas. Não conheci uma que não saiba fazer tudo isso, e estou seguro de que jamais me falaram de uma jovem pela primeira vez sem referir-se a quão talentosa ela era". (…) "Uma mulher deve ter um amplo conhecimento de música, canto, desenho, dança, e línguas modernas para merecer essa palavra (talentosa); e, aparte de tudo isso, deve haver algo em seu ar e em sua maneira de andar, no tom de sua voz, em sua forma de relacionar-se com as pessoas, e em sua expressão que, se não for assim, não merecerá completamente a palavra".|Jane Austen, ''[[Pride and Prejudice]]''}}
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Sendo de uma família que promovia a aprendizagem, a leitura e as letras, Austen desenvolveu um talento especial que a levou ao desejo de compor textos, sempre representando neles os valores familiares que ela achava importantes.
 
Em sua concepção de [[educação]], tal como expressou em seus romances, o modelo dos pais exemplares era suficiente para moldar a boa conduta dos filhos. Não acreditava estritamente na figura de tutor, tão comum na época, para criar as crianças, e assim o manifestou nas palavras de Elizabeth, a protagonista de ''Pride and Prejudice'': "Não temos tutor, fazemos tudo por nós mesmos" (comentário dirigido à Lady Catherine de Bourgh, que reage surpresa). É evidente que Austen, apesar de seu isolamento literário, não era alheia às tendências de seu tempo, e assim o revela em suas obras, sobretudo com relação à figura feminina. Também em ''Pride and Prejudice'', surge um debate entre os personagens, quando Elizabeth discute com Mr Darcy, Mr e Miss Bingley, e Mrs Hurst em [[Netherfield]], sobre o que comumente era o protótipo de dama ideal. Para a aristocracia, um bom modelo era o de uma mulher culta, que saiba falar idiomas modernos, que entenda de música, de estilo, de vários temas, e que tenha certo carisma e expressão que a favoreçam. Frente a isso, Elizabeth põe em dúvida se existe uma mulher capaz de ter todas essas qualidades ao mesmo tempo, ao que responde: “Não duvido que conheçais apenas uma dezena; duvido que conheçais alguma”.
 
== Obras de Jane Austen ==
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*[https://periodicos.ufsc.br/index.php/literatura/article/view/2175-7917.2012v17n1p59/22482 Oliveira, Carmen Irene Correa de; Ribeiro, Leila Beatriz; Wilke, Valéria Cristina Lopes. "O livro e a leitura no espaço da performance: o caso de ''O clube de leitura de Jane Austen''". ''Anuário de Literatura''. 2012, vol. 17, n. 1, pp. 56-76.]
*[http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S1983-68212014000200010&lng=pt&nrm=iso Vasconcelos, Sandra Guardini. "O gume da ironia em Machado de Assis e Jane Austen". ''Machado Assis em Linha''. 2014, vol.7, n.14, pp.145-162].
*[http://www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/emtese/article/view/3731/3695Zardini, Zardini, Adriana Sales. "O universo feminino nas obras de Jane Austen". Em Tese, Vol. 17, n. 02.]
 
== Notas e {{referências ==}}
{{Ref-list}}
 
==Ligações externas==
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*{{Link||2=http://www.gutenberg.org/etext/17797 |3=''Memoir of Jane Austen'' |4=Memórias de Jane Austen, por seu sobrinho James Edward Austen-Leigh. Edição de 1871 no Projeto Gutenberg.}}
*{{Link||2=http://www.bl.uk/onlinegallery/themes/englishlit/janeausten.html |3=Biblioteca Britânica, onde se pode ver o manuscrito da ''História de Inglaterra'' segundo Jane Austen.}}
*{{Link||2=http://austen.letteraturaoperaomnia.org/index.html |3=''Sense and Sensibility'' e outras obras.}}
*{{Link|en|2=http://www.the-ledge.com/flash/ledge.php?prsn=48&lan=UK |3=Jane Austen 'Bookweb' on literary website The Ledge, with suggestions for further reading.}}
*{{Link|pt|2=http://www.jasbrajaneaustenbrasil.com.br |3=Jane Austen Sociedade do Brasil}}
 
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