Evaristo da Veiga: diferenças entre revisões
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'''Evaristo Ferreira da Veiga e Barros''' ([[
== Infância e adolescência ==
Filho de um português mestre-escola,
Quando concluiu os estudos, o pai já abrira uma livraria na [[Rua da Alfândega (Rio de Janeiro)|rua da Alfândega]] e os livros que trazia da [[Europa]] tinham em Evaristo o primeiro leitor, o mais curioso. Seu projeto frustrado de partir para a [[Universidade de Coimbra]] encontrou compensação na livraria do pai.
== Poeta ==
[[Ficheiro:ABL Evaristo da Veiga.jpg|thumb|Evaristo da Veiga.]]
Autor da letra do "[[Hino da Independência|Hino à Independência]]", cuja música se deve a [[D. Pedro I]]. Conta entre os precursores do [[Romantismo]] no Brasil.▼
▲Autor da letra do "[[Hino da Independência|Hino à Independência]]", cuja música se deve a [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]]. Conta entre os precursores do [[Romantismo]] no Brasil.
Em suas poesias mais antigas se sente a influência da escola arcádica e sobretudo de [[Bocage]]. Datam de [[1811]], tinha 12 anos. Um ano depois, em [[1812]], celebra os desastres militares dos franceses em Portugal. Aos 14 anos era um poeta português que refletia no Brasil com atraso de 20 anos o movimento da [[Nova Arcádia]] em que haviam excedido Bocage, [[José Agostinho de Macedo]], [[Curvo Semedo]]. ▼
▲Em suas poesias mais antigas se sente a influência da escola arcádica e sobretudo de [[Manuel Maria Barbosa du Bocage|Bocage]]. Datam de
Em [[1817]] era súdito fiel de [[D. João VI]], um luso no Rio de Janeiro: o malogro da revolução de Pernambuco o encheu de alegria. Seus versos cantaram o casamento de D. Pedro com [[Dona Leopoldina|D. Leopoldina]], os anos de S. Majestade em [[13 de maio]] de [[1819]], o aniversário da aclamação do rei. Diversas poesias são dedicadas a amigos, uma característica que se manterá: primou sempre nele o sentimento da amizade. Aos vinte anos começarm a aparecer Marílias, Nises, Lílias, Isbelas mas seus sonetos, cantigas e madrigais continuam arcádicos - com ligeira influência dos mineiros.▼
▲Em
Em [[1821]], porém, vivia-se no Rio de Janeiro «o ano do constitucionalismo português», como afirma [[Oliveira Lima]] em ''O Movimento da Independência''. Ninguém podia ficar indiferente. O elemento conservador, receoso de desordens, alimentava esperança de que a chegada das novas instituições não importaria em ruptura com Portugal, pois haveria uma monarquia dual, servindo a coroa como união. Era o pensamento de Evaristo da Veiga, ilusão de que participaram muitos brasileiros. Não tardaram os constitucionalistas de Portugal a demonstrar sua incompreensão das coisas do Brasil e foram aparecendo as resoluções das Cortes que tinham como propósito estabelecer a antiga submissão colonial, embora de outra forma. Foi nesse instante que nele despertou o patriota: um soneto em [[17 de outubro]] de [[1821]] é intitulado ''O Brasil''. Outro, de fevereiro de 1822, já estigmatizava «a perfídia de Portugal».▼
▲Em
Daí em diante vibrou com o movimento que se espalhava pelo país. Em [[16 de agosto]] de [[1822]], sem ser figura saliente em nenhum acontecimento, escreveu o ''Hino Constitucional Brasiliense'', o célebre «Brava Gente Brasileira / longe vá temor servil», etc. Compôs sete hinos, no total, entoados por milhares de bocas. O «Brava Gente» recebeu duas músicas, uma do maestro [[Marcos Portugal]], outra do próprio Príncipe Regente D. Pedro! E como Evaristo era tímido e o príncipe notoriamente melômano, logo se lhe atribuiu a letra... Só mais tarde, em 1833, Evaristo reivindicaria a letra (os originais estão na Seção de Manuscritos da [[Biblioteca Nacional]]). ▼
▲Daí em diante vibrou com o movimento que se espalhava pelo país. Em
O ato da aclamação do imperador lhe inspirou três sonetos - e outros dedicou à Liberdade, à instalação da Assembléia Constituinte, a [[lorde Cochrane]], à fuga do general Madeira. Mas teria papel obscuro e modesto nos sucessos da Independência. Seu nacionalismo era novo, faltava-lhe paixão, e ademais não tinha posição social, era um rapaz modesto e avesso a turbulências que trabalhava no balcão da livraria do pai. Em 1821, porém, assina com pseudônimo «O Estudante Constitucional» uma réplica a panfleto anônimo contra o Brasil, intitulado ''Carta do Compadre de Belém'', impresso em Portugal. ▼
▲O ato da aclamação do imperador lhe inspirou três sonetos
Cedo deixou de ser um espectador desenganado da ação do imperador. 1823 era o ano da instalação da Constituinte e o de sua dissolução por um golpe de força. Em 30 de maio ele já fala no «despotismo mascarado»... Deixou de fazer sonetos, fez hinos. Ainda publicaria em [[1823]] ''Despedida de Alcino a sua Amada'', pois Alcino foi seu nome poético. Mas era poeta bastante medíocre e disso teve convicção antes de que outros lhe dissessem. Sua atividade poética foi esmorecendo, subindo apenas em [[1827]], ano em que se casou. Sua vocação, logo descobriria estar na política, no serviço público, na imprensa, no parlamento.▼
▲Cedo deixou de ser um espectador desenganado da ação do imperador. 1823 era o ano da instalação da Constituinte e o de sua dissolução por um golpe de força. Em 30 de maio ele já fala no «despotismo mascarado»... Deixou de fazer sonetos, fez hinos. Ainda publicaria em
==Livreiro==▼
Morreu sua mãe em [[1823]] e o pai, que desejava casar-se de novo, escrupuloso e exato como era, entregou aos filhos a parte que lhes tocava na herança materna. Evaristo e João Pedro, seu irmão, abriram então uma livraria. Era empreendimento lucrativo. O país se europeizava e os livros e jornais eram os agentes dessa europeização. Em [[1821]] no ''Diário do Rio de Janeiro'' havia anúncios de oito lojas de livros. Datam de outubro de 1823 os primeiros anúncios da loja de Evaristo («João Pedro da Veiga & Comp»), 14 dias antes de [[D. Pedro I]] dissolver a Assembléia.▼
▲== Livreiro ==
Leu tudo que vendia, formou seu pensamento, fixou-se na posição da monarquia constitucional, pois a república lhe parecia um exagero e era moderado por temperamento. Vendendo livros e fazendo cada vez menos versos passou os anos até [[1827]], quando, econômicamente independente, se separou do irmão e estabeleceu livraria própria ao comprar a livraria e tipografia de João Batista Bompard na rua dos Pescadores nº 49.▼
▲Morreu sua mãe em
▲Leu tudo que vendia, formou seu pensamento, fixou-se na posição da monarquia constitucional, pois a república lhe parecia um exagero e era moderado por temperamento. Vendendo livros e fazendo cada vez menos versos passou os anos até
Em 1827 casou-se com D. Ideltrudes Maria d'Ascensão, começando nova vida.
== Jornalista ==
Em
Os fundadores foram um jovem brasileiro cedo falecido, [[José Apolinário de Morais]], o médico francês [[José Francisco Sigaud]] e [[Francisco Crispiano Valdetaro]]. Evaristo resolveu associar-se e passou em pouco tempo de colaborador a redator principal e finalmente único. Assinava seus artigos apenas como ''Evaristo da Veiga''.
A imprensa do Rio de Janeiro era então detestável, pasquineira. A
Os fundadores de ''A Aurora Fluminense'' queriam ''linguagem imparcial'', guiada pela razão e virtude, e havia para ''servir à liberdade constitucional'' um Evaristo da Veiga, imbuído de leituras francesas e inglesas, com o sonho de ver adotadas as instituições que seus autores prediletos preconizavam como indispensáveis à grandeza das nações. Uma quadrinha de versos pífios, composta por D. Pedro I, foi seu lema:
:''Pelo Brasil dar a vida / Manter a Constituição / Sustentar a Independência / É a nossa obrigação.''
E foi seu programa o devotamento ao país, o respeito pela sua liberdade, a manutenção de sua Constituição. Os seus temas, no jornal, foram a liberdade constitucional, o sistema representativo, a liberdade de imprensa. Por isso deu apoio ao Gabinete de
Quando do atentado ao jornalista [[Luís Augusto May]], redator da [[A Malagueta]], órgão liberal, repetição do que fora vítima em
== Político ==
Em
Aproximava-se de [[Bernardo Pereira de Vasconcelos]], pela coincidência da posição ideológica. Na nova Câmara abundavam adeptos do liberalismo e para formar a opinião liberal do Brasil ninguém concorrera mais que Evaristo, que jamais assinara um artigo sequer, e a Aurora Fluminense, que em 1830 fora aumentada para seis páginas.
Quando, trabalhado por intrigantes, D. Pedro I demitiu inopinadamente Barbacena da Fazenda, com os desenvolvimentos que se conhecem, os mais otimistas se foram convencendo de que o Brasil nunca seria um país livre com semelhante imperador. Precisamente nesse clima caiu como um raio a
Evaristo enfrentou com destemor os dias de atentados que precederam o Sete de Abril. Foi ele o autor da representação enérgica de
Evaristo anuiu ao golpe quando se esgotaram as possibilidades de uma solução menos violenta, como ele próprio declarou num discurso em
Aberta a Câmara a 3 de maio, Evaristo foi escolhido para a Comissão de criação da [[Guarda Nacional (Brasil)|Guarda Nacional]], a ´força cidadã´, como ele chamava, que teria o importante papel de manter a ordem em todo o período regencial. Elegeu-se a
;A Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional
Ao mesmo tempo, empenhou-se pela criação de um outro instrumento de ordem, de disciplina social, de orientação política, que foi a [[Sociedade Defensora da Liberdade e Independência Nacional]], instalada no Rio de Janeiro a 19 de maio de 1831. Inspirava-se em sua congênere paulista e teve por iniciador [[Antônio Borges da Fonseca]], o redator de ''O Repúblico''. Evaristo se tornou seu adepto mais fervoroso e de 1831 a 1835 a Aurora Fluminense, a tribuna da Câmara e a Sociedade se tornaram seu centro de ação diária.
Foi instrumento de ação dos moderados, e se disse, com algum exagero, que ´governou o Brasil pelo espaço de quatro anos´. [[Abreu Lima]] em ''História do Brasil'' acha que «foi em realidade outro Estado no Estado, porque sua influência era a que predominava no gabinete e nas Câmaras; e sua ação, mais poderosa que a do governo, se estendia por todos os ângulos do Império.» O grande elemento de ação da ´Defensora´ foram as representações à Câmara, ao governo, publicadas nos jornais do partido moderado desde
Evaristo vinculou-se também a diversas outras sociedades e agremiações, animando-as, procurando colocá-las sob sua orientação política. Foi um dos fundadores da Sociedade de Instrução Elementar, da Sociedade Amante da Instrução, da Sociedade Filomática do Rio de Janeiro. Sua luta foi incansável, em época propícia aos excessos, pois não era o simplista que acredita no milagre das leis. [[Joaquim Nabuco]] dele dirá, em ''Um Estadista do Império'', que quis exercer no Brasil a ditadura de sua opinião
Os Andradas haviam-se logo alistado entre os descontentes, Evaristo se tornou alvo de ataques e calúnias. Em julho de 1831 era profunda a divisão dos liberais. Nomeado Feijó para a Justiça, recebeu todo o apoio de Evaristo, na Câmara e pela ''Aurora Fluminense'' mas havia grandes embaraços ao governo com a indisciplina militar, a separação entre exaltados e moderados. Evaristo era já, por consenso, o chefe do partido moderado. Formigavam apodos: ´Farroupilhas´ e ´jurujubas´ seriam os exaltados, ´chimangos´ ou ´chapéus redondos´ os moderados, ´caramurus´ os restauradores. Era moço, tinha 32 anos. A ''Malagueta'' o achava feio e menoscabava sua profissão de livreiro.
A partir de 1832 os restauradores pareciam mais perigosos do que os exaltados, o ''Carijó'' e o ''Caramuru'' iniciaram ofensiva contra o governo. Uma grave crise foi a campanha de Feijó para destituir [[José Bonifácio de Andrada e Silva|José Bonifácio]] da tutoria dos filhos do
;A reforma constitucional e a eleição de Feijó
A
Sofreu um atentado em sua livraria mesmo, a 8 de novembro de 1832. Recebeu mais de mil visitantes, desde os regentes, ministros de Estado, senadores, ao povo miúdo. Atentado de um pobre sapateiro a mando de um certo coronel Ornelas, amigo de José Bonifácio. Evaristo confessou suspeitar mais do Sr. [[Martim Francisco Ribeiro de Andrada|Martim Francisco]], "cuja alma rancorosa todos conhecem". O certo é que os jornais restauradores, particularmente o ''Caramuru'', tinham seu quinhão de culpa na formação do ambiente de ódios.
Todo o ano 1833 se consumiu na expectativa do retorno do
A
A facilidade com que se votou a reforma tinha explicação no temor à volta de [[Pedro I do Brasil|D. Pedro I]].
A situação política do Brasil dava sinais de persistência de divisão e indisciplina. No [[Rio Grande do Sul]] começara a guerra que ia durar dez anos, havia
;O fim da ''Aurora Fluminense''
A eleição de Feijó foi a última demonstração do prestígio de Evaristo da Veiga. Estava afastado de Bernardo Pereira de Vasconcelos, de Honório Hermeto, de Rodrigues Torres, era combatido pelos caramurus e ainda teve a amargura de desavir-se com Feijó, regente único
Em
;Apreciação
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Segundo [[Octávio Tarquínio de Sousa]]: «Sua influência nos acontecimentos políticos se fez sentir desde o aparecimento da ''Aurora Fluminense'' e ninguém mais do que ele concorreu para criar o ambiente liberal que caracterizaria os primeiros anos da Regência. (...) Evaristo não fez mais do que conformar-se com a revolução, aceitá-la como uma fatalidade.» Caixeiro sem ancestrais ilustres, gordo e deselegante, sem a ajuda de poderosos, sem dons de sedução, que nunca esteve em qualquer universidade, sem deixar o Rio, sem mencionar seu nome do jornal que escrevia, foi eleito e reeleito deputado, assumindo papel de guia e conselheiro- sem improvisação, sem imposturas. Foi jornalista, deputado, político, orientando a opinião do país porque tinha um espírito sério, probidade moral, sinceridade e, sobretudo, uma inteligência lúcida, desapego aos altos cargos, um grande desejo de servir e de ser útil.
== Acadêmico ==
Membro do Instituto Histórico de [[França]] e da Arcádia de [[Roma]]. Patrono da cadeira n.º 10 da [[Academia Brasileira de Letras]], por escolha de seu fundador, [[Rui Barbosa]].
== Maçom ==
Iniciado na [[Maçonaria]] em 1 de junho de 1832 na Loja [[Esperança de Nictheroy]] n.° 0003 no Rio de Janeiro.<ref>ASLAN, Nicola. ''Pequenas Biografias de Grandes Maçons Brasileiros". Rio de Janeiro: Editora Maçônica, 1973.</ref>
{{Referências}}
==
*[http://www.academia.org.br/
*[https://web.archive.org/web/20070212194238/http://br.geocities.com/bravagentebrasileira/bravagente.html A música do Hino à Independência]
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