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{{Candidato a bom}}
{{Nota:|Este artigo é sobre o navio tipo [[cruzador protegido]] Barroso de 1896; para outros navios, veja [[Barroso (desambiguação)]].}}{{Info/Navio
|nome = ''Barroso''
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|guarnição = 389 oficiais e praças
}}
'''''Barroso''''' foi um [[cruzador protegido]] operado pela [[Marinha do Brasil]] entre os anos 1896 e 1931. O cruzador fez parte do programa naval brasileiro do final do século XIX de aquisição emergencial de navios de guerra para a superação do enfraquecimento da armada. A embarcação foi construída na Inglaterra pela fabricante W. C. Armstrong Withworth & Co., sendo comissionada em 25 de agosto de 1896. O projeto do ''Barroso'' baseou-se no cruzador chileno ''Ministro Zenteno''. Teve dois outros navios irmãos, ''[[Almirante Abreu (cruzador)|Almirante Abreu]]'' e ''[[USS New Orleans (CL-22)|Amazonas]],'' que foram adquiridos pelos [[Estados Unidos]] antes de serem concluídas. Possuía 107,98 [[Metro|metros]] de [[cumprimento]], deslocava 3 437 [[Deslocamento (náutica)|toneladas náuticas]] e era armado com seis canhões de 152 milímetros como [[bateria principal]]. O ''Barroso'' foi o primeiro navio brasileiro a dispor de [[radiotelegrafia]].
 
O cruzador protegido realizou vários exercícios navais conjuntos e diversas missões diplomáticas durante toda a sua carreira. Em 1900, fez parte da chamada Divisão Branca, uma divisão de navios de guerra brasileiros em missão diplomática à [[Argentina]]. No ano de 1907, participou da famosa Revista Naval Internacional de Hampton Roads, no Estados Unidos. Durante a [[Revolta da Chibata]], em 1910, esteve aos lado dos legalistas. Em 1913 e 1914, realizou extensos exercícios navais em conjunto com alguns [[encouraçados]], [[Cruzador|cruzadores]] e [[Contratorpedeiro|contratorpedeiros]] brasileiros na costa dos estados de [[São Paulo (estado)|São Paulo]] e [[Santa Catarina]]. Foi inicialmente relacionado para rumar com a frota brasileira para [[Dacar|Dakar]], [[Senegal]], por ocasião da [[Primeira Guerra Mundial]]. Barroso enfrentou alguns navios de guerra tomados pelos rebeldes durante a [[Comuna de Manaus]] em 1924. Nos últimos anos, atuou como [[navio hidrográfico]] até ser aposentado em 28 de julho de 1931. Foi vendido para [[Demolição naval|demolição]] em 1948.
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=== Construção ===
[[Ficheiro:Ministro Zenteno - Brassey's Naval Annual 1897.png|esquerda|miniaturadaimagem|Desenho do ''Ministro Zenteno'']]
O ''Barroso'' foi construído nos estaleiros da [[Armstrong Whitworth|W. C. Armstrong Whitworth & Co.]], em Elswick, na [[Inglaterra]]. A [[Batimento de quilha|quilha foi batida]] em setembro de 1895 e o lançamento e incorporação ocorrendo em 25 de agosto de 1896. A construção foi supervisionada pelo engenheiro naval [[João Cândido Brazil]]. Foi a terceira embarcação a levar o nome ''Barroso'', em homenagem ao almirante [[Francisco Manuel Barroso da Silva|Francisco Manoel Barroso da Silva, Barão de Amazonas]]. O projeto da embarcação era o mesmo do cruzador chileno ''Ministro Zenteno'', navio de guerra originalmente construído para o Brasil que foi vendido para o Chile devido aos atrasos no pagamento. ''Barroso'' pertencia a mesma classe naval dos cruzadores ''[[USS New Orleans (CL-22)|Amazonas]]'' e ''[[Almirante Abreu (cruzador)|Almirante Abreu]]''. Devido à dificuldade brasileira em honrar o pagamento, as duas embarcações foram adquiridas pelos Estados Unidos, que as renomearam para ''USS News Orleans'' e ''USS Albany'' respectivamente.<ref name=":2" /><ref>{{Citar livro|título=Warships for export : Armstrong warships, 1867-1927|ultimo=Brook|primeiro=Peter|editora=World Ship Society|ano=199|local=Gravesend, Kent|páginas=83-85|isbn=0-905617-89-4|oclc=43148897}}</ref><ref>{{Citar web|url=https://www.marinha.mil.br/den/biografia|titulo=Resumo Biográfico do CA(EN) João Cândido Brazil Patrono do Corpo de Engenheiros da Marinha|acessodata=2023-01-28|website=www.marinha.mil.br|urlmorta=não}}</ref><ref name=":0">{{citar periódico |url=https://www.marinha.mil.br/dphdm/sites/www.marinha.mil.br.dphdm/files/BarrosoCruzador1898-1931.pdf |titulo=Barroso Cruzador |acessodata=08/06/2021 |jornal=[[Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha]] |publicado=[[Marinha do Brasil]]}}</ref><ref name=":1" />
 
== Características ==
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''Barroso'' foi a primeira embarcação brasileira a dispor de [[radiotelegrafia]], promovendo assim, as primeiras experiências com esse sistema no país. No ano de 1900, compôs a Divisão Branca junto com o encouraçado ''[[Riachuelo (encouraçado de esquadra)|Riachuelo]]'' e o cruzador ''[[Tamoio (cruzador torpedeiro)|Tamoyo]]'', responsável por levar o então presidente [[Campos Salles]] à Argentina em retribuição ao mesmo gesto do presidente [[Julio Argentino Roca|General Roca]]. No dia 2 de janeiro de 1901, ''Barroso'' fez parte da 1.ª Divisão de Evoluções em conjunto com os cruzadores-torpedeiros ''[[Tupi (cruzador torpedeiro)|Tupy]]'' e ''Tamoyo'', divisão sob comando do contra-almirante [[Carlos Frederico de Noronha]]. No ano seguinte, capitaneou a Divisão Naval do Norte. Entre algumas de suas comissões se destacam a ida ao Chile em 1903, em retribuição à vinda de navios dessa nação ao Brasil.<ref name=":0" /><ref name=":1">{{Citar web|url=https://www.naval.com.br/ngb/B/B019/B019.htm|titulo=NGB - Cruzador Barroso - C 1|acessodata=2023-01-18|website=www.naval.com.br}}</ref>
 
[[Imagem:A catastrophe da noite de 21, na bahia de Jacuecanga.jpg|thumb|O naufrágio de 21 de janeiro de 1906, na [[Baía de Jacuecanga]]: explosão e submersão do [[Aquidabã (encouraçado de esquadra)|''Aquidabã'']], à vista dos cruzadores ''Barroso'' e [[Cruzador Tiradentes|''Tiradentes'']] (gravura de [[Angelo Agostini]], publicada em ''[[O Malho]]'', 1906).]]
Em 1904, ainda como nau capitânia da Divisão Naval do Norte, em Manaus, atuou durante o período de tensão entre Brasil e Peru por questões fronteiriças. Quando do desastre do ''[[Aquidabã (encouraçado de esquadra)|Aquidabã]]'' em 1906, auxiliou no resgate dos náufragos, feridos e mortos. Por ocasião do desastre, estudava a instalação de um porto militar na mesma baía do afundamento do encouraçado. A partir de 1907, realizou comissões internacionais, acompanhando o encouraçado ''Riachuelo'' e o cruzador-torpedeiro ''Tamoyo''. A primeira parada foi na costa chilena. Posteriormente, passou por vários portos brasileiros. Depois, fundeou em [[Barbados]], Saint Thomas, Hampton Roads, onde participou da famosa Revista Naval Internacional de Hampton Roads, e por fim [[Nova Iorque]]. Essa frota estava sob comando do almirante [[Duarte Huet de Bacelar Pinto Guedes]]. Em 1908, trouxe os restos mortais dos almirantes Barroso e [[Luís Filipe de Saldanha da Gama|Saldanha da Gama]] do Uruguai.<ref name=":0" /> No dia 5 de janeiro de 1909 foi inaugurada a Escola de Aprendizes Marinheiros de [[Santos]]. O ''Barroso'' conduziu para o evento o então presidente do Brasil [[Afonso Pena]], o [[Ministro da Marinha do Brasil|Ministro da Marinha]], Almirante [[Alexandrino de Alencar]]; o [[Ministro da Guerra (Brasil)|Ministro da Guerra]] Marechal [[Hermes da Fonseca]] e várias outras autoridades brasileiras. A embarcação recebeu o suporte do cruzador-torpedeiro ''Tupy'' e dos contratorpedeiros ''[[CT Pará (CT-2)|Pará]]'' e ''[[CT Piauhy (CT-3)|Piauí]]''.<ref name=":1" /><ref>{{Citar livro|título=The Revolt of the Whip|ultimo=Love|primeiro=Joseph LeRoy|editora=Stanford University Press|ano=2012|local=Stanford, Calif.|páginas=30-31|oclc=787844594}}</ref><ref>{{Citar livro|título=Legacy of the lash: race and corporal punishment in the Brazilian Navy|ultimo=Morgan|primeiro=Zachary R.|editora=Indiana University Press|ano=2014|local=Bloomington|página=220|oclc=892699882}}</ref>
 
Em 1904, ainda como nau capitânia da Divisão Naval do Norte, em Manaus, atuou durante o período de tensão entre Brasil e Peru por questões fronteiriças.{{Nota de rodapé|Trata-se provavelmente do evento conhecido como [[Combate de Nuevo Iquitos]],<ref>{{citar periódico |url=http://memoria.bn.br/docreader/DocReader.aspx?bib=003581&pagfis=83085 |título=As duas metades do Acre |data=1952 |periódico=O Cruzeiro|número=48 |ultimo=Barroso|primeiro=Gustavo |pagina=82 |issn=}}</ref> travado nos dias 4 de 5 de novembro de 1904 entre cerca de oitenta soldados peruanos e 150 soldados e seringueiros armados brasileiros, motivado pela ação de cobradores de impostos do Peru ao seringal Minas Gerais (Brasil), que ficava na fronteira com a povoação de Nuevo Iquitos (Peru), exigindo tributos como se aquela região fosse peruana.<ref>{{citar livro|título=Dicionário das Batalhas Brasileiras|ultimo=Donato|primeiro=Hernâni|editora=IBRASA|ano=1996|local=São Paulo|edição=2|páginas=145, 532-533|isbn=9-788534-800341}}</ref>}} Quando do desastre do ''[[Aquidabã (encouraçado de esquadra)|Aquidabã]]'' em 1906, auxiliou no resgate dos náufragos, feridos e mortos. Por ocasião do desastre, estudava a instalação de um porto militar na mesma baía do afundamento do encouraçado. A partir de 1907, realizou comissões internacionais, acompanhando o encouraçado ''Riachuelo'' e o cruzador-torpedeiro ''Tamoyo''. A primeira parada foi na costa chilena. Posteriormente, passou por vários portos brasileiros. Depois, fundeou em [[Barbados]], Saint Thomas, Hampton Roads, onde participou da famosa Revista Naval Internacional de Hampton Roads, e por fim [[Nova Iorque]]. Essa frota estava sob comando do almirante [[Duarte Huet de Bacelar Pinto Guedes]]. Em 1908, trouxe os restos mortais dos almirantes Barroso e [[Luís Filipe de Saldanha da Gama|Saldanha da Gama]] do Uruguai.<ref name=":0" /> No dia 5 de janeiro de 1909 foi inaugurada a Escola de Aprendizes Marinheiros de [[Santos]]. O ''Barroso'' conduziu para o evento o então presidente do Brasil [[Afonso Pena]], o [[Ministro da Marinha do Brasil|Ministro da Marinha]], Almirante [[Alexandrino de Alencar]]; o [[Ministro da Guerra (Brasil)|Ministro da Guerra]] Marechal [[Hermes da Fonseca]] e várias outras autoridades brasileiras. A embarcação recebeu o suporte do cruzador-torpedeiro ''Tupy'' e dos contratorpedeiros ''[[CT Pará (CT-2)|Pará]]'' e ''[[CT Piauhy (CT-3)|Piauí]]''.<ref name=":1" /><ref>{{Citar livro|título=The Revolt of the Whip|ultimo=Love|primeiro=Joseph LeRoy|editora=Stanford University Press|ano=2012|local=Stanford, Calif.|páginas=30-31|oclc=787844594}}</ref><ref>{{Citar livro|título=Legacy of the lash: race and corporal punishment in the Brazilian Navy|ultimo=Morgan|primeiro=Zachary R.|editora=Indiana University Press|ano=2014|local=Bloomington|página=220|oclc=892699882}}</ref>
 
=== Revolta da Chibata ===
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=== Primeira Guerra Mundial ===
Ainda no ano de 1916, ''Barroso'' foi enviado à [[Ilha da Trindade (Trindade e Martim Vaz)|Ilha da Trindade]] para desembarcar uma força científica e militar e materiais necessários para que fosse instalada uma estação radiotelegráfica, depois de uma fracassada tentativa alemã de construir secretamente uma pequena base naval que fora impedida pela ação dos ingleses, em meio à [[Primeira Guerra Mundial]], no episódio conhecido como "Aa [[Batalha dade Trindade"]]. A ilha seria abandonada pelos brasileiros em setembro de 1919.<ref>{{Citar livro|título=Meso-Cenozoic Brazilian offshore magmatism : geochemistry, petrology and tectonics|ultimo=Santos|primeiro=Anderson Costa dos|ultimo2=Hackspacher|primeiro2=Peter Christian|editora=Academic Press|ano=2022|local=London, United Kingdom|página=341|isbn=9780128242414|oclc=1287921431}}</ref>
 
Em 1917, o Brasil entrou na Grande Guerra ao lado dos [[Aliados da Primeira Guerra Mundial|Aliados]]. Após várias indagações dos ingleses e americanos, o ministro da Marinha, vice-almirante Alencar, em 6 de maio de 1918, instruiu o alto comando naval a deslocar quatro dos dez contratorpedeiros brasileiros do Rio de Janeiro para Gibraltar no dia seguinte. ''Os'' cruzadores ''Bahia'', ''Rio Grande do Sul'' e o já obsoleto ''Barroso'', seguiriam no dia 11 de maio. O ''Barroso'' somente deveria marchar para a Europa se o ''Rio Grande do Sul'' não pudesse devido à alguma falha, para a qual as peças sobressalentes necessárias com urgência encomendadas nos EUA não fossem entregues. Em geral, os dois cruzadores mais modernos estavam em péssimo estado de conservação. O cruzador auxiliar ''[[Belmonte (cruzador auxiliar)|Belmonte]]'' (o ex-vapor alemão ''Valesia'') foi designado para ser o navio de suporte da divisão de contratorpedeiros e deveria ser equipado até 15 de maio. As embarcações necessitavam de treinamento antes de embarcar para guerra. Por isso, foi organizada exercícios navais na costa baiana. De fato, o ''Bahia'' e os quatro contratorpedeiros saíram do Rio de Janeiro no dia 11 de maio e chegaram à [[Bahia]] no dia 15. No dia 14, o ''Rio Grande do Sul'', capitânia do Contra-almirante Frontin e o ''Barroso'' deixaram o Rio de Janeiro para se encontrar com os demais navios da Bahia. O presidente [[Venceslau Brás]] se encontrou com o comandante antes de partir. Ambos os cruzadores chegaram à Bahia em 19 de maio. O ''Belmonte'' só saiu do Rio no dia 8 de julho. No dia 31 de julho de 1918, ao entardecer, os cruzadores ''Rio Grande do Sul'' e ''Bahia'', os contratorpedeiros ''Paraíba'', ''Santa Catharina'', ''Piauí'' e ''Rio Grande do Norte'', e o cruzador auxiliar ''Belmonte'' partiram de [[Fernando de Noronha]] para [[Serra Leoa]], onde chegaram em 9 de agosto. [[Dacar|Dakar]] acabou se tornando a base para a frota brasileira.<ref>{{Citar web|url=https://www.usni.org/magazines/proceedings/1936/december/brazilian-navy-world-war|titulo=The Brazilian Navy in the World War|data=1936-12-01|acessodata=2023-01-20|website=U.S. Naval Institute|lingua=en}}</ref>
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== Ver também ==
*[[Lista de navios descomissionados da Marinha do Brasil]]
*[[C Barroso (C-11)]]
 
{{Notas}}
{{Referências}}
 
Linha 107 ⟶ 110:
[[Categoria:Navios construídos pela Armstrong Whitworth]]
[[Categoria:Navios de guerra do Brasil na Primeira Guerra Mundial]]
{{Candidato aArtigo bom}}