Abstract: | Os textos produzidos na denominada América Portuguesa (1500-1822) abrangem os mais variados campos das letras ocidentais – lírica, épica, dramaturgia, historiografia, epistolografia, parenética, lexicografia, etc. – e seguem um modelo retórico-poético e teológico-político comum, próprio das Letras do Ancien Régime. Manuscritos e impressos escritos em várias línguas (português, principalmente, mas também em latim, castelhano, francês, italiano, tupi-guarani, língua geral, etc.), por um número de autores considerável (Pero Vaz de Caminha, José de Anchieta, Antônio Vieira, Francisco Manuel de Melo, Gregório de Matos, Manoel Botelho de Oliveira, Sebastião da Rocha Pita, Basílio da Gama, Antônio da Costa Peixoto, Francisco Alves de Sousa, etc.), corriam com avidez entre os leitores. São justamente esses textos, esses autores e esses leitores os que conformam o sistema cultural das Letras na América Portuguesa. A historiografia brasileira, portuguesa e inclusive internacional tem se debruçado há já vários decênios no estudo dos Estados do Brasil e do Maranhão e Grão-Pará, tanto de um ponto de vista micro-histórico como macro-histórico, salientando-se nos últimos tempos a sua relação com o resto do mundo, no âmbito próprio da global history. Nos últimos decênios, ao mesmo tempo, a literatura vem perdendo, paulatinamente, o seu poder de conhecimento legitimador das elites culturais de uma nação. Esse esquecido «Parnaso Brasileiro» mantinha, no entanto, um fluido diálogo cultural com Lisboa assim como com outras cidades europeias, diálogo esse que os processos de formação das literaturas exclusivamente nacionais, brasileira e/ou portuguesa, vieram apagar ou até mesmo ignorar. |