Pária com orgulho

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, vive no mundo da lua. Nas relações entre os países, há um sistema de trocas, interesses e acordos nos quais organismos como a ONU, por exemplo, ajudam a mediar conflitos. Mas o chanceler brasileiro dedica-se a enfrentar batalhas imaginárias.

Ao discursar na cerimônia de formatura de uma turma do Instituto Rio Branco (responsável pelo treinamento de diplomatas para o Estado brasileiro), o ministro, num esforço para defender o governo Jair Bolsonaro e a si mesmo, chegou a declarar que, se a política externa "faz de nós um pária internacional, então que sejamos esse pária" --ou seja, um banido da comunidade global.

Até hoje assombrado pela Guerra Fria, Araújo acredita que o objetivo de sua gestão é salvar o Brasil de uma certa ameaça comunista internacional.

Em seus delírios, o chanceler afirmou que o presidente Bolsonaro e seu colega e modelo norte-americano, Donald Trump, teriam sido "praticamente os únicos" líderes mundiais a falar em liberdade na ONU, em setembro.

O ministro parece não enxergar que o país tem colhido péssimos resultados na área externa. E justamente o Brasil, sempre reconhecido por seus pares pela diplomacia equilibrada, pela sua riqueza cultural e por seus esforços ambientais.

Araújo sabota o que deveria ser o seu objetivo número um de seu ministério: servir de facilitador para a conquista de novos mercados e ampliar a entrada do país no comércio global.

Exemplo claro disso é a recusa de países europeus em ratificar o acordo com o Mercosul. Caberia aqui perguntar se a culpa é da política ambiental desastrosa ou do suposto avanço comunista.

O presidente da República, Jair Bolsonaro, ao lado do ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, em evento no Palácio do Planalto - Alan Santos - 13.nov.19/PR

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.